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domingo, 8 de agosto de 2010

DIA DOS PAIS

Eu prestei uma homenagem ao meu pai no Dia Internacional da Mulher e, hoje, vou prestar uma homenagem a mim mesmo com um texto do meu filho Fábio.
Ele o escreveu em resposta a um anônimo que me acusou de falso e preconceituoso em um comentário neste blog. Ninguém me conhece melhor que meu filho, resultado da convivência constante durante 38 anos.

Anônimo, meu caro, tens razão. Meu pai dá vazão a todos os seus defeitos aqui neste blog. Como diria uma amiga minha, entregar-se a um blog é como ficar pelado em plena Av. Rio Branco, se não, não vale a pena tê-lo.
E ele se expõe. Mostra quem é, o que pensa, onde mora, além de respeitar, publicar e dialogar com as mais diferentes opiniões. Isso na terra livre da internet, onde as pessoas se escondem no anonimato até pra fazer um simples comentário discordante. Mal sabe você que ele gosta mais das opiniões divergentes.
Ele realmente não é humilde mas não é soberbo. Parece, mas não é. E preconceituoso muito menos. Suas idéias só podem ser confundidas com preconceito por um idiota, pense nisso. E, apesar dessa falta de humildade, perturbadora mesmo pra mim, ele é um cara muito simples que conversa por horas a fio com qualquer um, qualquer um mesmo. Ele seria capaz de defender, por exemplo, a democracia com um ditador, ouvindo e rebatendo seus argumentos. Eu não faria isso nunca. Lá em casa, ele às vezes chegava do exterior, após ter dado uma palestra, e reunia amigos da favela para rodas de samba que duravam todo o fim de semana.
O fato é que todo ser humano tem defeitos às vezes inconfessáveis, e os esconde atrás de um moralismo falso que nem jornal, e sai apontando o dedo pros outros. Difícil é encontrar quem encare de frente e assuma seus próprios defeitos.
É difícil, para muitos, ter e expressar opiniões sem levar para o lado pessoal. Aqui, ele demonstra exatamente como se faz isso. E quem vê não compreende como isso é possível.
Para lutar por uma posição, para tentar convencer alguém de que isto ou aquilo é certo ou errado, não é preciso brigar com esta pessoa.
Pai, eu sou seu filho e já vi você estender a mão e ajudar com vontade quem me parecia ser seu inimigo. Aos poucos fui compreendendo a diferença.
Também já vi você brigar feio com um amigo da família, vi vocês resolverem as diferenças e logo depois manterem-se amigos até hoje.
Anônimo, concordo com meu pai no fato de que ele dá a cara a bater quando fala publicamente suas opiniões.
Nesta época de Big Brother (o da Globo, não o de Sir Arhtur Blair), é moda taxar os outros de falso ou sincero. Mas para compreender a real diferença é preciso cultura. E talvez isto lhe falte.
Se alguém chamar Lacerda de chato, implicante, até grosso, além de vários outros defeitos, posso vir a concordar, mas falsidade não é um deles. Pelo contrário, um pouco de falsidade lhe faria até bem e pouparia a mim e a minha mãe de algumas chateações.
Assim, lhe agradeço pelas palavras que demonstram exatamente essa grande qualidade que ele tem de conseguir expressar com coragem suas fortes opiniões sem se envolver emocionalmente, sem sentir raiva quando alguém lhe faz algo que desgoste ou lhe faça mal. É uma qualidade que falta a muitos homens e que poderia nos tornar mais pacíficos.
Em última análise, trata-se de política de verdade. Política de transformar pelo debate franco e não pela guerra.
Que todos os pais tenham filhos que se orgulhem deles é o que desejo neste dia.

2 comentários:

leila disse...

Parabéns amigo!

Tenha um gostoso dia. Seu filho é prova viva do quanto vale ser pai.

marcia superando disse...

Eu teria orgulho também de ter um pai como vc! Tive dois pais: o biológico que jogou 20 no veado e sumiu na poeira e meu pai amado do coração, com ele aprendi várias coisas e a mais latente em mim que é a minha capacidade de doação. Minhas sinceras homenagens a todos os pais e principalmente a vc e aos meus dois pais.