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terça-feira, 28 de outubro de 2008

PRAXITELES


Praxiteles, o mais famoso dos escultores gregos, viveu no século IV antes de Cristo.
Sua única obra integralmente preservada é a estátua em mármore de Hermes com Dionísio ainda criança reproduzida aí ao lado. Hermes é o deus dos viajantes, do comércio e, até, dos ladrões, na mitologia grega, o equivalente ao deus Mercúrio na mitologia romana. Sua escultura mais famosa é a Afrodite de Cnido, o primeiro nu feminino em tamanho natural na arte grega. Sua perfeição foi reconhecida e exaltada, inspirando a era helenística. A representação nua da deusa foi uma ousada inovação para a época.
Mas, por que estou falando sobre isto?
Porque acabo de ler o Informe da Fundação Mário Peixoto que reproduz parte do prefácio escrito por Arnaldo Jabour para o livro editado com o roteiro de A alma segundo Salustre, de autoria de Mário Peixoto. Outro filme que o renomado artista não realizou.
Jabour escreveu o seguinte: «Mário é um poeta que não se contenta com a metáfora, quer mais, mais, mais longe, quer filmar a essência, filmar o ar, e consegue: por isso o filme fica em estado de roteiro, que é quando a câmera não surgiu ainda com seus ruídos e limites e o roteiro é a metáfora da metáfora, o plano de trabalho, a antecena, a esperança da imagem, a luz sem forma. A forma limita. A forma é sonho grego. E Mário é pré-helênico, é louco, é feto, não tem nada a ver com estes praxíteles(sic) ou algo assim
Entenderam? Isso é elogio? Quer dizer, é como aquele inverossímel jogador de futebol inventado pelos abalizados comentaristas esportivos: o fabuloso craque que joga sem a bola. Até eu jogo...
Agora, quando o Jabour diz que o Mário queria filmar o ar é verdade. Em Limite, ele filmou o vento. Esse mesmo vento do qual falo na postagem anterior.
Já vi Limite duas vezes. Tentei me sensibilizar com o filme e não consegui. Perdoem a minha falta de sensibilidade. Mas, deixando a minha iconoclastia de lado, quero ver Limite pela terceira vez.
Dia 23, às 20 horas, estarei no Centro Cultural Cary Cavalcanti para vê-lo com outros olhos. Olhos de autista.
A definição de Mário Peixoto para ele próprio há de me ajudar: A realidade para mim não tem importância, não me modifica, não adianta, o que hei de fazer? A imaginação sim, substitui tudo e convence. É só o que existe para mim... É questão de sentir ou não sentir... Eu sofro uma dor física, mas isso não impede que eu viva fora da realidade....
Com isso em mente, tentarei ver o espectro autista de Limite.
E quem sabe? Poderei me sensibilizar dessa vez.

O TREM E O VENTO...

Muriqui é o paraíso do vento... e dos quebra-molas. Nunca vi tantos quebra-molas em tão pouco espaço. Mas, eu quero falar é do vento.
Há dias que venta o dia inteiro. Não é uma brisa qualquer, é um vento impetuoso e contínuo. Uma ventania, quase um ciclone tropical. Começa pela madrugada e passa o dia assoviando e levantando as barracas da praia. Tem até nome: chamam-no “vieira”.
Digo o porquê. Conta a lenda que um corpo estava sendo velado quando, pela madrugada, veio uma ventania tão forte que derrubou o caixão de cima da mesa. O morto, que se chamava Vieira, rolou pelo chão. Duro feito pedra, pesava mais do que vivo. Foi uma dificuldade para recolocá-lo no caixão. A partir desse dia, apelidaram o vento de “vieira”.
As mulheres odeiam o “vieira” que as descabelam e levantam suas saias. Pior quando saem do cabeleireiro e encontram o “vieira” pelo caminho de casa ou da festa.
De onde vem esse vento? Alguém sabe?
Seria proveniente das explosões solares? Ou seria devido ao aquecimento do solo e do mar que, por sua vez, aquecem o ar e o faz subir, deixando um vazio para ser ocupado pelo ar frio que vem acelerado da mata atlântica?
De qualquer forma, é impossível controlar o vento. A prefeitura nada pode fazer.
Mas, por que ela nada faz com o trem de minério que passa durante toda a madrugada apitando de forma estridente e obsessiva, acordando a todos em Muriqui?
E quanto aos sacrificados moradores do Axixá que tentam dormir a menos de dez metros da linha do trem? Já não basta a repercussão do ranger das rodas sobre os trilhos?
Não existe uma Lei que proíbe a circulação dos trens durante a madrugada? Por que ela não é cumprida?
Cada trem de minério tem cerca de 140 vagões e maquinistas que insistem em acionar a buzina incessante e desnecessariamente. Devem pensar assim: eu aqui dando duro e esses vagabundos dormindo. E tome buzina.
Existe um maquinista que buzina ainda mais que todos – dizem – somente para avisar à mulher, amante ou namorada – sei lá – que é ele que está passando em Muriqui.
Só espero que algum maquinista conquiste uma namorada lá em Apara e desperte o nosso vereador mais votado toda madrugada.
Tenho certeza que ele dará um jeito nisso.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

VELOX EM MURIQUI

Após tantos anos, abruptamente, não mais que de repente, na calada da noite, eis que implantaram a Velox em Muriqui. Parece mentira, mas olha eu aqui internetando através da Velox.
Parece que alguém lá na Oi - uma boa alma - apertou um botão qualquer que estava esquecido e pronto: todos os telefones foram conectados em banda larga. Adeus Nexlink.
Mas, não esperem grande coisa. Assinei uma conexão de 600MB que não possui a velocidade da Velox que eu tinha no Rio. Somente hoje, a conexão caiu seis vezes.
Espero que a Oi melhore a conexão e que a Velox esteja implantada, também, em todos os outros distritos de Mangaratiba. Ou aquele texto - VELOX EM MANGARATIBA -que postei em março continuará valendo.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

GRAÇAS A DEUS!

Deus que me perdoe, mas eu nunca digo Graças a Deus.
Primeiro, porque o segundo mandamento é um dos poucos que eu respeito.
E, também, porque não acredito nesse deus que os humanos criaram. Eu acredito somente no Deus que criou os humanos e todo o universo. Aquele que me deu a vida e o livre arbítrio. Aquele que vive dentro de mim e não tem nada a ver com o mal causado pelos humanos.
Já ouvi motorista embriagado causar acidente que matou toda uma família inocente dizer: Graças a Deus, nasci de novo! Já ouvi político safado dizer quando reeleito: Graças a Deus, mais quatro anos! Já ouvi criminoso irrecuperável ser absolvido e dizer: Graças a Deus, estou livre! O avião cai e salva-se apenas o empresário sonegador, corrupto e explorador, que diz: Graças a Deus, estou vivo!
Hitler sofreu 42 (quarenta e dois) atentados contra a sua vida. Nenhum conseguiu matá-lo. Ele sempre afirmou ter sido salvo pela providência divina.
O jogador de futebol dá Graças a Deus! por ter feito o gol da vitória. Então, Deus fez o outro time perder? Desde quando Deus é torcedor de futebol?
Isso me revolta. É tomar o Seu Santo Nome em vão. O que Deus tem a ver com as injustiças desse mundo?
Agora, mesmo, vejam este caso da menina Eloá assassinada friamente por um louco esquizofrênico com o consentimento da polícia paulista. Apenas quinze anos. Querida por todos, saudável e feliz. Cheia de vida e amor para dar. Não teve tempo para fazer mal a ninguém.
A família doou seus órgãos. Aquela que recebeu seu coração, antes mesmo da cirurgia, já dizia que foi um presente de aniversário que Deus lhe deu. Seus familiares e amigos, agora em festa, elevam as mãos para o céu e dizem: Graças a Deus!
A mãe do assassino também deve estar pensando: Graças a Deus, a polícia não matou meu filho! Ela nem faz idéia dos demônios que o esperam na cadeia.

sábado, 18 de outubro de 2008

GABEIRA OU EDUARDO PAES? TANTO FAZ...

Se eu ainda fosse eleitor carioca, teria que fazer agora algo impensável: anular o voto.
Será dureza para os meus conterrâneos escolher entre a criatura que abomina o seu criador, cuspindo no prato em que comeu, e o torturado que exalta os seus hediondos torturadores.
A criatura largou o cargo que exercia como secretário municipal para – a mando de seu criador – assumir o mandato de deputado e, na tribuna da câmara federal, execrar o presidente, afirmando que uma quadrilha havia tomado de assalto o palácio do planalto. A criatura fazia dupla com ACM Neto, aquele anão que, da tribuna, afirmou que iria dar porrada no Lula e que os baianos repudiaram nesta eleição. Os dois, qual abutres, atacavam o presidente que julgavam morto.
O torturado, em sua sanha preconceituosa e oposicionista, teve a desfaçatez de afirmar o seguinte, em texto publicado pela Folha de São Paulo, em 18 de junho de 2005.

Ditadura e governo Lula compartilham o mesmo desprezo pela democracia...
Os militares batiam, davam choques e me insultavam na sessão de tortura, mas vi muitos dizendo que me respeitavam porque deixei um bom emprego para combatê-los com risco de vida... Eles viam ideais no meu corpo arrasado pelo tiro e pela cadeia... O PT queria que eu abrisse mão exatamente da minha alma e me tornasse um deputado obediente... Os militares jamais pediriam isso. Desde o princípio, disseram que eu era irrecuperável e limitaram-se à tortura de rotina... Jamais imaginei que seria grato aos torturadores por não me pedirem a alma
.”

Se não foi a sua mente, o seu espírito, o seu aplauso, a sua opinião, a sua alma, o que foi, então, que os torturadores queriam de você Gabeira?
A criatura, por oportunismo, mudou de lado, cuspiu no prato em que comeu durante mais de dez anos e foi pedir perdão a Lula. E hoje se promove ao lado dele na TV, nas rádios, nas ruas.
O torturado não tem a humildade de reconhecer que apenas ladrava enquanto a caravana seguia incólume às suas ofensas. Com toda a sua soberba, agora, afirma que, sendo eleito, o presidente que ele tanto desonrou terá que tratá-lo com igualdade e respeito.
Lá do alto de seu prestígio político mundial, Lula deve estar pensando: «quanto mais elevado é o meu vôo, mais pequenos me parecem aqueles que tentaram aviltar-me naquela campanha odiosa, preconceituosa, abjeta, nefasta e frustrada».
Amigos, no dia 26, aquele que conquistar a merecida derrota nas urnas me proporcionará imensa alegria e há de me compensar a tristeza e a decepção de ver a vitória do outro.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

TRE EM MANGARATIBA



Parece galhofa e é a mais pura verdade. Tudo pode acontecer na eleição de Mangaratiba. Até um cidadão em pleno gozo de seus direitos políticos para poder se candidatar, fazer campanha e não poder exercer o sagrado direito de votar em si próprio. Isso é notícia para os grandes veículos da imprensa. É a história do candidato que foi votado e não pôde votar em Mangaratiba.
Vejam a reprodução acima do site do Tribunal Superior Eleitoral - podem ir lá ver em Divulgação de Candidaturas, vereadores, Mangaratiba - o cidadão Joaquim Barbosa Batista, título eleitoral nº 027.380.750.302, da 43ª seção, da 54ª ZE, candidato a vereador, sob o número 70.170, da coligação PDT/PTB/PTdoB, estava apto para ser votado, tendo o seu registro deferido pelo TRE de Mangaratiba no processo/protocolo nº 163/08/399/08. Portanto, estava em pleno gozo de seus direitos políticos, não é verdade?
Não, é mentira.
Ele fez sua campanha, gastou seus poucos recursos, absolutamente de acordo com a lei eleitoral, e no dia 5 de outubro foi votar com seus amigos e familiares.
Passou a maior vergonha, foi motivo de chacota: não pôde votar. O TRE em Mangaratiba não o relacionou entre os eleitores aptos para exercer o direito do voto.
Parece galhofa, repito, mas não é. Vejam o documento expedido pela presidente - Fabiane Rodrigues Lima - da seção 043 da 54ª Zona Eleitoral de Mangaratiba. É uma declaração de comparecimento sem voto e com o título retido para encaminhamento à citada zona eleitoral.
A verdade é que o candidato Barbosinha teve o título eleitoral cancelado, em 11 de abril de 2008, no processo 248/07 da 54ª ZE. Como, então, foi considerado apto como candidato em julho de 2008, no processo citado anteriormente?
Foi grande o número de eleitores recadastrados, moradores do município, que também não puderam votar. Sei lá porquê. Há mais mistérios na eleição de Mangaratiba do que pode sonhar a nossa vã filosofia.
Porém, este caso do Barbosinha é excepcional e injustificável. E o pior de tudo - atenção TSE - os votos que ele recebeu foram considerados válidos.
Fica uma dúvida: será que esse fato lastimável aconteceu somente com o Barbosinha? Se aconteceu com outros candidatos, o cálculo do quociente eleitoral pode não estar correto e os eleitos pelas sobras de legenda podem sofrer modificações.
Com a palavra o cartório da 54ª ZE de Mangaratiba que teve o Juiz Eleitoral substituído às vésperas da eleição.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

MINHOCAS DA TERRA?!


A xenofobia de parte da elite dominante de Mangaratiba criou a alcunha “minhocas da terra” para designar os habitantes nascidos ou que vivem há muito tempo no município. Enquanto chamam de forasteiros aqueles que vieram algum tempo depois.
Esquecem que tudo começou com índios tupiniquins baianos e padres jesuítas portugueses que para cá vieram construir um povoado. Esquecem que o crescimento da cidade se deveu principalmente àqueles que vieram de longe e a escolheram para residir há cerca de 10, 20 anos ou mais.
Por que chamar de forasteiros aqueles que escolheram investir e morar em Mangaratiba?
Esse preconceito com o lumpemproletariado não pode atingir a todos indiscriminadamente.
Estou falando isso porque ninguém é mais cidadão dessa cidade do que eu que vim morar há cinco anos, mas sempre tive casa aqui em Muriqui.
E ninguém é mais cidadão de Mangaratiba do que José Luiz do Posto, o vereador mais bem votado do município com 1.127 votos.
Parodiando o nosso presidente: nunca na história desse município um candidato a vereador havia ultrapassado os mil votos.
Parabéns, José Luiz. Foi uma grande vitória.
Como eu lhe disse, você não precisava de mim para obter essa tempestade de votos e dar um banho nos “minhocas da terra”.
Sua eleição, porém, me fez lembrar de um discurso de Maurício Azêdo - hoje presidente da Associação Brasileira de Imprensa - na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Ele foi o vereador mais atuante da Câmara. Um vereador extremamente dedicado aos trabalhos legislativos e sempre preocupado em exercer um digno mandato. Seu carro era um fusquinha bem surrado. Era tão digno que a maioria se livrou dele indicando-o para conselheiro do Tribunal de Contas do Município. Tive a honra de conviver cordialmente com Maurício Azêdo quando ele passou a presidência da Comissão de Justiça e Redação para o vereador Jorge Felippe
Maurício Azêdo tinha sido eleito com o menor número de votos entre todos os vereadores cariocas. Logo no início da legislatura, ele subiu à tribuna para dizer, em resumo, exatamente o seguinte: "Quero afirmar aos meus nobres colegas que ninguém aqui, absolutamente ninguém, é mais vereador do que eu."
Lembre-se disso Zé. Sua votação vai lhe permitir sonhar um vôo mais alto. Mas, na Câmara, ninguém será menos vereador do que você.

domingo, 12 de outubro de 2008

BOCA-DE-URNA


A boca-de-urna que eu conheci constituía-se na arregimentação de famílias da comunidade residentes próximas aos locais de votação para tentar conquistar o voto de seus amigos e conhecidos ainda indecisos no dia da eleição.
Os “boqueiros”, como eram chamados, tinham que ser eleitores de uma daquelas seções existentes no local em que iam trabalhar. No dia anterior à eleição, eles recebiam uma camisa do candidato, uma sacola com “santinhos” e começavam o trabalho às oito horas da manhã do dia seguinte. Às treze horas, recebiam uma merenda – sanduiches, frutas e refresco – e trabalhavam até às dezessete horas quando terminava a votação. Durante todo esse tempo eram controlados pelos fiscais do candidato que colhia, em um caderno, a assinatura dos “boqueiros” três a cinco vezes por dia. Era a prova de que o trabalho havia sido feito.
O dia da eleição era uma festa cívica. Bandeiras tremulando, as ruas transformavam-se em uma colcha de retalhos coloridos de papel. Um dia inteiro de alegria. Ninguém se sentia prejudicado.
Terminada a eleição, encaminhavam-se todos para um local determinado a fim de receber o pagamento pelo trabalho, desde que suas assinaturas constassem dos cadernos da fiscalização. A família, com quatro ou cinco pessoas, levava para casa no mínimo duzentos reais. A festa para eles continuava na segunda-feira no supermercado.
Essa boca-de-urna que ajudava no sustento de muitas famílias foi proibida. A Lei Eleitoral (Lei 9504/97), em seu artigo 39, § 5º, inciso II, estabeleceu que é crime –punível com detenção de seis meses a um ano e multa de quinze mil UFIRs - a propaganda de boca-de-urna. E a verdadeira boca-de-urna não aconteceu.
Nesta eleição de 2008, conheci a “boca-de-urna” de Mangaratiba. Ela é feita na semana anterior até a véspera da eleição.
Não tem santinho, merenda, controle nem alegria nas ruas.
O que chamam aqui de “boca-de-urna” é o seguinte: pouco antes da eleição, alguns espertos tiram xerox dos títulos de amigos e conhecidos de sua comunidade. Fazem uma lista com 30, 50, 100 títulos xeroxados e os negociam com o candidato como voto certo a R$ 50 cada um. Cerca de 20% desses títulos pertencem a eleitores de outras cidades, geralmente, de Nova Iguaçu, Itaguaí, Seropédica, etc. O otário do candidato compra a lista e as xerox porque não sabe ou não tem mais tempo de ver no site do TRE onde votam aqueles eleitores. O vendedor recebe, então, R$ 1.500, R$ 2.500 e até R$ 5.000, garantindo ao candidato aqueles votos.
O vendedor ainda mais esperto, porém, possui cópia daquela lista e dos títulos. E vai vendê-los para outro candidato e mais outro. O candidato mais “esperto” sabe disso e, então, oferece R$ 70 por cada voto para mudar a “consciência” do vendedor que nem quer saber em quem o eleitor vai votar.
Vendedores “honestos” até que se preocupam com o voto da sua lista e pagam R$ 30 ao eleitor, ficando com o troco.
Essa é a “boca-de-urna” feita no atacado. Tem ainda a “boca-de-urna” feita no varejo, no dia da eleição. Começa bem cedinho. É quando o eleitor é arregimentado - um a um - para receber um santinho com o desenho de uma onça pintada das próprias mãos de um assecla do candidato em quem deve votar.
A festa ocorre, então, no supermercado no próprio dia da eleição. O Costa Verde nunca vendeu tanto em um domingo nublado e chuvisquento como o dia 5 de outubro.
Nessa suposta “boca-de-urna” não há controle.
Nem fiscalização do TRE. Como dar o flagrante? Como provar?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

ELEIÇÃO EM MANGARATIBA: SOMENTE PARA DOUTORES E AUTORIDADES


Quando comecei a me interessar por política – e lá se vão mais de cinquenta anos – eu também pensava que vereador, deputado, prefeito, governador, presidente, eram cargos para gente formada com curso superior. Naquele tempo, votávamos em advogados, médicos, dentistas, professores, engenheiros e em autoridades civis e militares.
Minha mentalidade, porém, evoluiu.
As câmaras e assembléas legislativas têm que ser um espelho do povo ao qual representam. Povo que não é constituído apenas por autoridades e indivíduos com formação superior. Estes são minoria na sociedade, por que deveriam ser maioria na representação popular?
E passei a escolher verdadeiros representantes das classes sociais.
Passei a votar em candidatos que eu conhecia de fato e com os quais mantinha contato pessoal. Ou em candidatos que demonstraram dedicação na luta pelo progresso do país, do estado, da cidade ou da minha comunidade. Podiam ter curso superior ou não. Tinham, porém, que demonstrar capacidade para lutar pela melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade ou mesmo de uma classe social em particular.
Cheguei a votar no cacique Juruna que Leonel Brizola, com seu prestígio, levou à Câmara Federal somente para lembrar a todos a existência de uma nação indígena sacrificada e em processo de extinção.
Tive a honra de votar sete vezes – eu disse sete vezes – no Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Desprezei sempre os doutores PHDs que disputaram com ele aquelas sete eleições.
Contudo, o exemplo da bem sucedida administração federal desse operário que tem apenas o ensino fundamental ainda não sensibilizou o eleitor de Mangaratiba.
Aqui, foram eleitos apenas doutores e autoridades. O homem do povo, o legítimo representante popular, não terá vez nos próximos quatro anos em nossa Câmara Municipal.
Nem mesmo o vereador que demonstrou ser o mais autêntico representante do povo, aquele que permaneceu fiel ao contato diário com a população e que pôde mostrar serviço, foi reeleito. Ficou apenas como primeiro suplente.
Gente do povo como Manoel da Padaria, Reginaldo do Quiosque, Xikinho da Rádio e muitos outros não receberam os votos esperados. O quociente eleitoral não permitiu que André Banana fosse eleito. E até a Kelly, com todo o apoio do prefeito reeleito, ficou aquém das expectativas.
Faltou um Dr. à frente de seus nomes? Ou nosso povo ainda não aceita que um igual seja elevado ao nobre cargo de vereador?
No Rio, porém, um jornaleiro, feirante e palhaço de festa infantil, vai agora virar excelência.

GATONET OU MURIQUI FM

A Polícia Federal deixou a gatonet livre e fechou a Rádio Muriqui FM, a única rádio que tínhamos com sintonia perfeita e uma programação musical de alto nível.
Esqueceram que a gatonet é considerada crime e a rádio é apenas uma contravenção que levava alegria e prestação de serviços à comunidade.
Agora, vivemos sem a boa música da Muriqui FM. Até quando? É imprescindível regularizar a Rádio Muriqui FM para que ela volte ao ar o mais rápido possível.
Nesta eleição, o povo de Mangaratiba, que demonstrou eleger apenas doutores e autoridades, também preferiu a gatonet. Mas, talvez, nem tenha conhecimento da escolha que fez.
Entendem o que eu digo?