Total de visualizações de página

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A MILÉSIMA POSTAGEM

Vez em quando, crio um personagem para minhas estórias e sempre me inspiro em alguém que realmente existe.
Quando criei o Malaquias (AQUI), inspirei-me nos comentários oligofrênicos de um leitor do blog da Leila e o temperei com outras deficiências intelectuais.
O ilustre comentarista assumiu o personagem e me deu a honra de manter uma polêmica comigo aqui neste humilde blog. Foi no final do ano passado que ele me desejou Feliz Natal e eu respondi aos votos desejando-lhe um ano-novo sem preconceito e repleto de novos e racionais conceitos. Ainda  desejei ao final: “que em 2013, você caia na real”.
Vejam só, agora tive a surpresa de vê-lo regressar ao blog. Regenerado, sem preconceito, com novos e racionais conceitos. Até me disse seu primeiro nome: Paulo. A razão da volta triunfal foram minhas postagens sobre o avião negreiro.
O Paulo – será mesmo este o nome? - fez um comentário que merece maior destaque. Neste dia em que comemoro a milésima postagem do blog, festejo também a volta dele e reproduzo a sua opinião sobre o programa Mais Médicos, a reação da máfia de branco e a vaia nos cubanos. Homenageando-o, também, homenageio todos os leitores que têm me aturado e/ou comentado em meu humilde blog.
Vamos ao comentário do Paulo:
“Realmente, chega a ser patética tal reação de pessoas que não sabem nem de longe o que é um pobre. E mais patético é perguntar quem vai pagar a conta de um erro médico. E quem pune o médico que assina o ponto e vai embora 10 minutos depois sem atender ninguém? Ficam impunes como sempre.
Além do mais, pior que a maioria das faculdades de medicina brasileiras, com certeza, as cubanas ou quaisquer outras do mundo não são.
Eu mesmo, quando fiz faculdade de direito, convivi com estudantes de medicina e te digo uma coisa: não deixaria que eles tratassem nem da madrasta má da Branca de Neve, pois os mesmos passavam o tempo todo jogando sinuca, bebendo cachaça e paquerando as meninas nos bares da vida; além de um bando de patricinhas, daquelas que dão um chilique daqueles porque quebrou um pedacinho da unha do dedo, e que pareciam entender mais de baladas e sexo do que de medicina.
Além do mais, o que aquelas patricinhas com cara de micareteiras faziam ali vaiando o cubano? Não tinham paciente para atender? Ou também assinaram o ponto e foram embora ?
Esse é o retrato da nova sociedade brasileira, da nossa nova cultura. A cultura da futilidade, a cultura do status, a ditadura da moda, a ditadura da beleza que leva nossas meninas a morrer em cirurgias de implante de silicone mal sucedidas e nossos jovens a morrerem de paradas cardíacas depois de tomarem doses cavalares de anabolizantes em busca de um corpo perfeito e de um cérebro de minhoca.
Ler Jorge Amado, Ariano Suassuna, Nelson Rodrigues, Machado de Assis, Rui Barbosa, José de Alencar, Monteiro Lobato, Castro Alves, Paulo Coelho e outros escritores brasileiros? Para esse nicho social, você vale de acordo com a quantidade de combos de vodka que compra em todas as baladas, de bolsas Louis Vitton que possui, pelo celular ultra moderno que possui ou pela quantidade de viagens à Disney feitas todos os anos para ver o inútil do Pateta. Como não dá status passar cinco anos em Juazeiro do Norte, por exemplo, cuidando de pessoas carentes, ninguém quer. Chique mesmo é sair com a atriz coadjuvante da Malhação ou a figurante da novela das oito.
No fundo essas patricinhas que vaiaram o cubano são dignas de pena. Pena, sim, pois são nada mais do que um produto da mídia, fazem exatamente o que a Rede Globo e outras emissoras nefastas do nosso país querem. Elas querem é morar no bairro da novela do Manoel Carlos. São pessoas dignas de pena, pois são vítimas de uma moda, de um estilo de viver, não tem estilo próprio.
São pessoas que gostam de se fazer de superiores, mas que na verdade sofrem do pior tipo de inferioridade que pode existir: a inferioridade da alma. São inferiores às pessoas que elas julgam inferiores por não serem livres para viver como quiserem e fazer o que quiserem de suas vidas. Só se sentem felizes se usarem a chuteira da moda, a blusa da moda, a bolsa da moda, a calça da moda, o boné da moda, o tênis da moda, a música da moda. Só conseguem ser felizes se namorarem o cara mais gostoso ou a menina mais gostosa da galera.
Eu mesmo sofri muito preconceito por gostar de música sertaneja, pagode, samba, forró e axé, pois, para aquelas que vaiaram o cubano, são músicas dos brasileiros inferiores, menos cultos, silvícolas, cafonas e bregas. Bregas são elas que copiam qualquer merda americana como se fosse a oitava maravilha do mundo.
Pobre dessa juventude, criada sem valores humanos decentes.”

3 comentários:

Anônimo disse...

Meu amigo Muriqui Lacerda, é o Malaquias. Jamais poderia ser preconceituoso, pois fui muito vítima de preconceito, não só pelo meu gosto musical, mas também por não fazer o tipo físico que a Globo nos obriga a ter para sermos "aceitos" na sociedade.

Não é fácil não ter o biotipo do galã da novela das oito, então sei muito bem o que as pessoas do eixo Norte-Nordeste-Centro Oeste sofrem principalmente no eixo Rio-São Paulo. Desde o meu tempo de escola e na faculdade, muitas meninas sequer me davam bom dia, e riam da minha cara por eu escutar Leandro e Leonardo, por exemplo.

Não é fácil viver em um bairro em que as pessoas acham Grand Siena carro de mendigo e que avaliam sua roupa pelo que ela custou. Tem que lutar muito para não ser contaminado por aquela mentalidade.

Não é fácil viver em um bairro em que as pessoas acham chique usar uma camisa do Shaktar Donetsk, que nunca ganhou nada, mas acham brega usar camisa do São Paulo, que já ganhou 3 Libertadores e 3 Mundiais.

Apesar de ser conservador, não sou tapado a ponto de achar que tudo que vem do outro lado é uma merda.

Não quero que a Dilma traga apenas médicos estrangeiros. Poderia trazer em outras profissões também.

LACERDA disse...

Você diz que “jamais poderia ser preconceituoso, pois foi muito vítima de preconceito por não fazer o tipo físico que a Globo nos obriga a ter para sermos "aceitos" na sociedade”.
E insiste dizendo que “não é fácil não ter o biotipo do galã da novela das oito. Por isso, no meu tempo de escola e na faculdade, muitas meninas sequer me davam bom dia”.
Você pode estar regenerado, mas naquela polêmica no blog da Leila foi preconceituoso sim. Releia o que você disse seguindo o link abaixo:
http://leila-castro.blogspot.com.br/2012/12/os-meninos-de-muriqui-os-alijados-por.html
1 – “Betinho? Puta que o pariu. Esse lixo entrou na discussão? Sou leitor de Olavo de Carvalho minha filha, então não discuto com pessoas que citam Betinho como exemplo, senão daqui a pouco você vai elogiar Paulo Freire, o responsável pela nossa miséria educacional. Se começar a falar de Betinho e Paulo Freire, eu me retiro na hora, pois não estou acostumado a debates em níveis tão ralos ...”
2 – “Católico de verdade e de honra jamais pode ser socialista.”
3 – “Betinho, Paulo Freire, Cristovão Buarque, Ariano Suassuna, Darcy Ribeiro, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Frei Beto, Gustavo Gutierrez... fazem minha cabeça!". Pelo amor de Deus. Isso é a "nata" brasileira, imagino o que são a ralé.”
4 – “Bolsa Família, PROUNI, cotas, enquanto o Governo dá esses lixos... o país é um lixo.
5 – “Puta que pariu, quem cita Cuba como exemplo de desenvolvimento ainda se acha com moral de criticar alguma coisa.”
Tenho certeza que você, agora regenerado, vai se envergonhar de muita coisa que disse antes denegrindo a imagem do país e de seu povo. Mas, não fique triste, a coerência é uma virtude própria dos imbecis. Somente os sábios são capazes de mudar de opinião. Você mudou.
Leia novamente a polêmica, veja o que a Leila disse com a propriedade de uma psicóloga:
“...você se ufana o tempo todo... tem algum problema...ou é muito complexado, ou é o chato do meio social em que vive, ou é feio demais!”
É o que demonstra, hoje, os seus lamentos por não ter o biótipo de um galã da Globo.

Anônimo disse...

Muriqui Lacerda, é o meio em que a gente vive que acaba nos contaminando. Realmente já escutei muitos vídeos do Olavo, como já li Jorge Amado, Lênin, Trotski, Gramsci, Hobsbawn, ou seja, leio o mais variado leque de autores.

Não sou contra o Bolsa Família para superar os anos de miséria de nosso país, ele, na minha visão, só não pode se eternizar, mas disso o desenvolvimento do país vai se tratar.

No calor da discussão acabei me excedendo sim, e me envergonho por causa disso, e acabei denegrindo os maiores escritores brasileiros, coisa da qual me envergonho.

Não me acho feio, o que eu disse é que eu era discriminado por não ter o biotipo de galã sarado da novela das oito.

Realmente, só os sábios podem mudar de opinião. Mas isso é uma característica também de nossos governantes, que governam apenas para as áreas nobres da cidade, e abandonaram a Zona Norte, a Zona Oeste e a Baixada Fluminense, por exemplo.

Por isso eu gosto tanto de Mangaratiba, porque esse lugar me ensina muito. Aqui eu sou respeitado pelo que eu sou, aqui eu fiz amizades sem interesse, sem ninguém olhar minha roupa de cima a baixo. Aqui eu sou livre para ser o que eu quiser.

Um abraço, meu amigo.