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domingo, 28 de novembro de 2010

A MELHOR IDADE

Vou ao Banco Itaú mensalmente, apenas uma vez e somente para depositar o que recebo em cheques. Faço todo o resto pelo Itaú Bankline.
Este mês, lá em Itaguaí, havia gente pra cacete. As filas se confundiam. Identifiquei um senhor de cabelos brancos que parecia ser o último de uma fila e perguntei: “Esta é a fila dos anciãos?”
O coroa não gostou e respondeu sério: “Aqui é a fila da melhor idade”.
Fiquei na minha, mas, de imediato, senti o que o politicamente correto faz com a mentalidade das pessoas. Não aceitam mais uma piada tão inocente e caseira. Faz com que elas levem a sério a sua própria seriedade e passem a crer naquilo que é contrário à realidade mas que é difundido impunemente.
Eu posso falar porque já passei dos setenta. Minha melhor idade foi aí entre os 30 e 50 anos de idade.
Não existe melhor idade que essa. A não ser para os atletas. É quando a gente já sabe pra que veio ao mundo. Já superou todos os obstáculos, sabe o que quer e tem absoluta confiança em si próprio. Não precisa mais tentar parecer o que não é de fato. Pode mostrar-se por inteiro, despido de vaidades e não se incomoda mais com as críticas.
Aos 50, porém, você percebe que é o começo do fim. Seu prazo de validade está se esgotando.
Considero, porém, que a propaganda enganosa da melhor idade até que favorece o famoso “pé-na-cova” oferecendo-lhe motivos para sorrir à beira da própria sepultura.
Algum mérito, portanto, possui esse tipo de politicamente correto. Mas, nem tudo que é politicamente correto tem méritos. Principalmente para mim que considero os apelidos algo genial e sou politicamente quase incorreto.
É dureza ter que falar do anão como um deficiente vertical, ele sempre será o pintor de rodapé; chamar o negão de afrodescente em vez de picolé de asfalto; o branco azedo de cidadão caucasiano desprovido de pigmentação mais evidente; não se pode dizer que a mulher feia nasceu pelo avesso, mas, sim, que ela tem um padrão de beleza divergente dos preceitos estéticos contemporâneos; o gordo – o famoso rolha de poço – e o magro – conhecido como pau de virar tripa – são cidadãos fora do peso ideal; o careca – ou pouca telha – passa a ser o indivíduo desprovido de pelos na cabeça.
Felizmente, a guerra contra o terror está mandando o politicamente correto para o brejo. Permitiu que voltássemos a pronunciar e escrever favela. Uma das palavras mais bonitas do idioma, além de ser fabulosamente poética.
A mídia e as autoridades esqueceram do termo comunidade que é o politicamente correto.

OBS.: o antepenúltimo parágrafo foi lambido do http://www.dzai.com.br/blogdadad/blog/blogdaddad a minha professora de português.

4 comentários:

leila disse...

Lacerda,

Você é um modificador de comentários!

Não penso que a vida é insossa ao ponto de termos que vigiar nosso humor ferino.

Mas, humor é humor e também sei que o políticamente correto é fazer da vida algo sem as diversidades.

Sempre gostei de contestar besteiras, como só se falar em sinônimos de algo que faz parte de nossa cultura.

O certinho é quase sempre falso, e o erradinho é quase sempre um preconceituoso.

E quanto a melhor idade, é deturpação para alienar as pessoas.

Minha mãe dizia, que ela jamais se submeteria a fingir que era menina, e que se exporia como em um circo de horrores.

E eu acrescento que com tanta coisa para se mostrar, como vivência, inteligência, domínio quanto a incapacidade alheia e capacidade de se inserir como formador de novas gerações, as pessoas optam por minimizar suas próprias vidas.

Marcia Olivieri... Superando... disse...

Adorei a frase tão verdadeira da Leila: "O certinho é quase sempre falso, e o erradinho é quase sempre um preconceituoso"...pois é... não ando nada certinha e até acho que ultimamente estou mais para erradinha que para qualquer outra coisa, no entanto, estou achando que isto é fruto da minha recente entrada na "melhor idade"!!!!!rsrsrsrs Tá aí uma das vantagens de ser anciã, coroa, velhinha, ou sei lá o quê... Já não temos mais muita obrigação de sermos politicamente corretos com os outros e sim com nós mesmos... Já fui rolha de poço e hoje para alguns sou folha seca e para outros magra acabada ( tá certo que foi uma frase escrita por quase mulher super invejosa)... O que acho que não podemos perder nunca, e não importa a idade, é o humor!!!!! Embora ache que, hoje, o meu, tenha ficado nos últimos tempos um pouco mais sarcástico!!!!! Amo vcs dois, Leila e Lacerda e espero sempre me lembrar de vcs dois como a dupla LELÊ e não LELÉ!!!!!! rsrsrsrs BJS

leila disse...

Márcia,

Eu já sou, faz tempo, a Lelé.

Mas, voltando ao politicamente correto. Eu acho uma chatice, só que isto por vezes se faz necessário.
Ao menos interiormente, tento segurar o monstro que tenta roubar o espaço da lindinha Lelé.

Anônimo disse...

Anonimo 2 para Anonimo 1
em resposta aos comentários inscrupulosos :


Não devemos temer os invejosos
porque enquanto você dorme pacificamente,
ele perde o sono quando pensa em você.

Você acorda e saúda o sol, ele olha o seu bronzeado.

Você sai para o trabalho, ele calcula o seu salário.

Você constrói sua casa, ele julga a cor das tintas.

Você estuda, tem boas notas, ele se preocupa com esses números.

Você conquista um diploma, ele vive o medo do seu sucesso futuro.

Você levanta um prédio, ele escolhe uma janela prá pular.

Você cura os doentes, ele adoece por conta disso.

Você ensina os seus alunos, ele tenta descobrir o que você não sabe.

Você tem a simpatia da chefia, ele prefere chamá-lo de puxa-saco.

Você recebe os aplausos, ele busca saber se alguém o vaia.

Você liga seu computador para serviço útil, ele coleciona programas de vírus ou invade seu correio com tolas agressões.

O que ele realmente faz - quando faz! - :

você cria , ele copia !

Você teme o invejoso?
Por que? ... Ele é um eterno espectador...