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sexta-feira, 5 de abril de 2013

MEU CONTO DE FADA

Tomei um banho de loja, me embrulhei pra presente.
Bordei um sorriso no rosto e me declarei a ela.
(Quando me apego, sou cego, me entrego, não nego.)
Convidei a lua cheia, derramei-a em sua janela
Com um luar da cor de prata...
Fiz comício, passeata, serenata só pra ela.
No início, uma fogueira, sempre acesa a noite inteira,
Pernas entrelaçadas, ternas...
(Tinha as mais belas pernas do pedaço)
Nossos corpos, num abraço, contestavam a ciência,
Ocupando o mesmo lugar no espaço.
(Quanto mais amor pra nós era ainda pouco)
De dia, as flores na janela me espiando,
Odores na panela transpirando,
Sabores como os dela só provando...
De repente, pinta um racha entre nós:
Um drama atroz de filme barato, final de novela...
(Ela jogou tudo fora pela janela)
O sonho foi só meu, nunca foi dela
Aproveitou-se da minha mais-valia, abusou da regalia.
Hoje vivo duro, no bagaço, o Ibope dela comigo só tem traço.
Mas, já ando sofrendo normalmente
(E vou me dando bem com a tristeza)
Abri de vez com a solidão, fiquei de bem comigo.
Pra não perder a razão, perdi o seu juízo
(Se eu tinha que te perder tão cedo, por que você chegou tão tarde?)
Dei-lhe anel, assinei papel, jurei amor eterno,
Ela prometeu-me o céu e me levou pro inferno.
O meu conto de fada deu em nada foi em vão.

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