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sexta-feira, 30 de março de 2012

A AMNÉSIA DO JUIZ E OS SECOS E MOLHADOS

“Jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados.”
Millôr Fernandes

“Confio na Justiça”, diz o juiz Rafael Fonseca em manchete no alto da primeira página do jornal O Foco, especialista no jornalismo de secos e molhados.
E lá na 9ª. página, o jornal apresenta uma entrevista exclusiva com o juiz, afirmando que “Juiz Rafael Fonseca explica tudo”.
Não explicou nada, pois em várias respostas, que ele teve todo o tempo necessário para prepará-las - a entrevista foi feita através de e-mails – o juiz demonstra sofrer de amnésia. Não lembra de quase nada.
Contudo, ele teve a dignidade de afirmar que “Entendo que meu afastamento é justo para a credibilidade do Judiciário”.
Disse apenas o óbvio, mas teve a coragem de afirmar que a credibilidade do Judiciário depende do afastamento dele.
Não somente dele – afirmo eu - mas de muitos outros juízes. A começar pelo Gilmar Dantas.
Nas perguntas enviadas por e-mail, O Foco enfatiza sempre que as acusações ao juiz foram reproduzidas segundo denúncias do jornal O Globo. Esquece que a fonte de O Globo foi justamente o Órgão Oficial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que recebeu representações encaminhadas à Corregedoria do TJ-RJ contra o juiz Rafael Fonseca.
Isto é, O Globo não inventou denúncia nenhuma, apenas publicou uma matéria jornalística que provou ser a mais pura verdade com o afastamento do juiz.
Então, por que O Foco manipula a notícia? Logo o jornal que em sua propaganda afirma que “aqui não tem (sic) conchavo, não tem (sic) politicagem. Leia O Foco. Jornalismo de verdade”. A propaganda sugere que há – há, viu? – conchavo e politicagem em seus concorrentes caipiras.
A frase de Millôr no alto desta postagem é atribuída, também, a editores ingleses e norte-americanos segundo os quais “notícia é denúncia, o resto é secos e molhados”.
Entretanto, pertence somente a Millôr este conceito: “A imprensa brasileira sempre foi canalha. Eu acredito que se a imprensa brasileira fosse um pouco melhor poderia ter uma influência realmente maravilhosa sobre o País. Acho que uma das grandes culpadas das condições do País, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa. Repito, apesar de toda a evolução, nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu pusilânime”.
Eu concordo.

Um comentário:

Anônimo disse...

É verdade, lamentavelmente um juiz de FATOS e direito DIZ QUE confia na justiça, mas que justiça, seria a que prega com sua toga covarde, injusta e tendenciosa, fazendo parte da banda pobre do judiciário. Agora entendo porque o ministro celso de mello e outros não queriam a fiscalização do CNJ, pois sabia que o CNJ chegaria até ele, como chegou ao de mangaratiba de forma exemplar. Foi só a ministra do CNJ ELIANA CALMON falar que viria visitar o TJ do RJ que logo logo a corregedoria do órgão tratou de mostrar o que a sociedade já está careca de saber, o envolvimento de magistrados com o crime politico organizado. PARABENS CNJ, que venha sempre ao RJ.