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terça-feira, 17 de maio de 2011

A DITADURA DERROTADA III

Continuando com "A Ditadura Derrotada", de Elio Gaspari:
Página 435
“No Rio Grande do Sul, Geisel desatou um nó de caciquias interessando-se no jovem deputado Sinval Guazzelli. Pediram sua ficha ao SNI.Geisel leu o seguinte:
“Em 1956, vice-prefeito de Vacaria. Comunista. Quando estudante era um dos líderes do movimento comunista na Faculdade de Direito de Porto Alegre. (Informe sem classificação). Segundo informação 87ssp de 14 de março de 1956, em outubro de 1958, em suas palestras, passou a fazer proselitismo da doutrina comunista. [...] É comunista atuante. [...] Em 1960, convidado pelo primeiro-ministro Fidel Castro, seguiu para Cuba a fim de assistir aos festejos do segundo aniversário da Revolução Cubana.”
A primeira reação de Geisel foi esquecê-lo. Em seguida, como Heitor Ferreira argumentasse que em 1960 os barbudos cubanos ainda estavam envoltos no romantismo da época, o presidente voltou-se contra o fichário do SNI:
"É falência. [...] Não tem ninguém que se aproveite. Não pode, não tem jeito. Você tinha que pegar vinte mil sujeitos e fuzilar. Vamos começar de novo”.
"Inclusive o pessoal que faz as fichas", rebateu Heitor.
"Então vamos acabar com o SNI. Qual é a solução? [...] Eu acho que a primeira providência que a gente devia tomar no SNI era uma providência de maluco. É dizer: incinera todas as fichas e começa tudo de novo.”
Aquilo que parecia ser uma verificação dos antecedentes das pessoas cogitadas para cargos públicos revelava-se como uma tentativa de manipulação política.
O SNI encrencara com Armando Falcão e Azeredo da Silveira, com o novo líder na Câmara, Célio Borja, por liberal, e com um de seus diretores na Petrobrás, por comunista. As informações entravam nas fichas muito mais pela vontade dos inimigos dos fichados do que pela investigação do serviço.
No caso de Guazelli, verificou-se que ele era esquerdista no arquivo do Rio. No de Porto Alegre era “democrata convicto”.O Geisel queria incinerar tudo e até fuzilar aqueles que, hoje, sobrevivem para ofender a democracia em que vivemos.
N.L.: Quanta incompetência, heim? Mas, o que esperar de um serviço de “inteligência militar” assessorado por civis alienados (na verdade, dedos-duros) e sem qualquer conscientização política?

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