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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A VISITA DA VELHA SENHORA

Escrita por Friedrich Dürrenmatt, essa peça teatral – um libelo contundente sobre a hipocrisia e a falência dos valores humanos - já foi encenada em todo o mundo.
É a estória de Clara Zahanassían, a senhora que volta a sua cidade natal com sede de vingança e justiça contra aquele a quem se entregou por amor e que não cumpriu sua promessa de casamento. Grávida, Clara foi desprezada pela família e, menosprezada por todos, foi expulsa da cidade.
Clara volta à cidade com poder e muito dinheiro para expor a mesquinhez do caráter humano.
A peça virou filme com Ingrid Bergman e foi encenada no Brasil com Tônia Carrero no papel principal.
Jorge Amado se inspirou na peça para escrever Tieta do Agreste, abordando o caráter humano e sua falta de integridade moral com  personagens cômicos, trágicos e absurdos ambientados no nordeste brasileiro. Na TV Globo, virou telenovela da qual faz parte o diálogo reproduzido a seguir entre Tieta e sua irmã Perpétua. Outra telenovela da Globo inspirada na peça foi Fera Radical, escrita por Walter Negrão.

Lembrei da peça quando vi Dilma Rousseff discursando e aplaudida de pé no evento comemorativo dos 90 anos da Folha de São Paulo.
A mesma Folha que tanto a combateu e publicou uma ficha falsa dela na primeira página do jornal rendeu-lhe homenagem, recebendo-a como uma rainha.
Os hipócritas jornalistas que tanto a ofenderam e menosprezaram, qualificando-a como um “poste” e terrorista assassina, aplaudiram-na com entusiasmo. Tietaram-na. Nada a ver com a Tieta, mas sim com tiete.
Os blogs e sites de esquerda que eu sempre leio, porém, indignaram-se. Viram o ato de forma diferente. Afirmaram que a presidenta rendeu-se a um jornal criminoso, prestando homenagem à Folha de São Paulo com a sua presença. “Esta mesma Folha que, ainda na campanha de 2010, escalou um colunista para, imbuído de sutileza cavalar, chamá-la, e à atual senadora Marta Suplicy, de vadia e vagabunda” – disse um blogueiro.
Eu apenas vi a visita da velha senhora aos seus algozes. E que em seu discurso fez questão de lembrar que estava ali como presidenta da república, reafirmando o que sempre disse: “...todos nós devemos preferir um milhão de vezes os sons das vozes críticas de uma imprensa livre ao silêncio das ditaduras".
E quero vê-la no dia 7 de setembro sendo reverenciada com continência pelas tropas militares. Entre elas, espero que esteja pelo menos um daqueles que a torturaram.
Ou será que a Dilma Rousseff não deve comparecer ao desfile do Dia da Independência?

12 comentários:

Fábio disse...

Porra, só xingando!
Do caralho a comparação!!! Me escangalhei de rir assistindo a cena e refletindo sobre o diálogo de Perpétua-Estadão e Tieta-Dilma!
Desta vez você se superou. Demais!!!

LACERDA disse...

Fábio,

Muito obrigado.
Achei que fosse necessário esclarecer que a Perpétua era a imprensa, a Tieta a Dilma e o cajado o poder, mas pra você não foi preciso.
Volte sempre.

leila disse...

Lacerda,

Você foi inspirado nesta comparação, que não se aplica só para o caso da Dilma.

Meu Deus! Vi sua postagem e achei incrível, mas o melhor foi navegar pela net e ver as Perpétuas falando do governo municipal...

Ver o pessoal da patrulha da moral e dos preconceitos julgando os escolhidos do governo....

Anônimo disse...

O senhor fala muita coisa que me irrita, mas também muita coisa que me maravilha! Assim que é bom, pois faz pensar... Obrigada!

LACERDA disse...

Anônima,

Se é assim, querida leitora, estou atingindo o meu objetivo.
Eu é que te agradeço por ler o que escrevo.

Pensando XXI disse...

Muito bom, adorei o paralelo e ainda mais o vídeo!
Tenho que concordar com meu xará: do caralho!

LACERDA disse...

Pensando XXI

Que estória é essa, Fábio?
Um filho meu virar "fake"? Não posso admitir.

leila disse...

Lacerda,

Seu filho não é um fake! Só usa um codinome...

LACERDA disse...

Pô! Que alívio...
Leila, você me tranquilizou.
Já estava imaginando meu filho fazendo uma tatuagem e instalando um estúpido aparato de som no carro para tocar funk.

leila disse...

E sua nora "descendo até o chão....
daquele jeito!"

Fique tranquilo!

romeulourencao disse...

Se inspirou não, isso para mim e para qualquer um que tenha o mínimo de critério chama-se plágio.
A não ser que o J.A. tenha reconhecido publicamente (de preferência no próprio livro) sua "inspiração", é PLÁGIO.
Amanhã vou criar uma história sobre um homem ao mesmo tempo valente e sábio que derrota seus inimigos com um ardil muito bem bolado e tenta voltar para casa, mas é alvo de inúmeros perigos e tem que lutar bravamente para resgatar sua fiel esposa dos vários pretendentes que a cortejavam, calculando que meu herói já estava morto.
Darei o nome de Zeca do Sertão ao meu personagem e farão uma novela de sucesso usando o tema. Que bom, né? Ou pode-se tentar também Ramos, o filho de um industrial assassinado, que vê o fantasma do pai e fica sabendo por ele que o atual presidente da empresa assassinou o referido pai.
Puxa, eu e Jorge Amado temos muitas idéias. Vou faturar nessa.

romeulourencao disse...

1. Não diga presidenta porque não existe e ela não tem poderes pra alterar a nossa língua. È presidente, superintendente, assistente, etc. Se for homem também não é presidento etc. Só isso já dá idéia do ridículo.
2. Quem se rebaixa é ela. Como Lula (de quem gosto, por sinal) se rebaixou ao pedir benção ao "Dr." Roberto Marinho depois da nojeira jornalística que aquela múmia mandou produzir contra ele, Lula, e que pôde ter lhe custado a eleição em 89.
3. Postei anteriormente e acho melhor reiterar: Jorge Amado PLAGIOU a peça. Só porque já morreu e era baiano não pode ficar de bonzinho, não é? Plágio é plágio, não tem desculpa, e ele nem precisava disso. Ou precisava, não sei.
4. Então Dilma é a Tieta? Dilma não deve ter muito caráter, pq amigou-se com outro enquanto o marido continuava no pau-de-arara. Tem jeito de velha senhora, mas pode ser que tenha... hmmm... partes de Beth Faria. Quem sabe?
5. Chega, eheheh já falei demais pro meu tamanho, detesto novela, acho Jorge Amado medíocre e Dilma muito mais medíocre. Lula é ignorante, mas ao menos tem personalidade. Tchau e benção.