Encontrei essa expressão, que é minha, no blog da Leila onde dizem que somos vítimas de assaltos, seqüestros, tráfico ostensivo, assassinatos e guerra de bandidos armados pela disputa do poder em Muriqui.
Dizem também que estamos sendo invadidos pela bandidagem oriunda das favelas cariocas que está implantando o terror na outrora tranqüila Muriqui; que estamos vivendo o pior pesadelo que uma comunidade pode viver que é a invasão de nosso cotidiano por bandidos que se instalam e implantam o governo paralelo do crime organizado; que a Cachoeira II vive o horror da falta de luz para a entrada de bandidos... vive o toque de recolher imposto por criminosos, vive o horror de ficar à beira da estrada sem poder entrar em suas casas por não termos um efetivo policial para garantir a segurança dos moradores, vive o pânico, vive o medo e o silêncio; vive a hora marcada para o tiroteio.Dizem ainda no blog que Muriqui está dominada pelo crime. Que se as autoridades não tomarem providências, esses criminosos perceberão a fragilidade e a facilidade que existe e não hesitarão em dominar outros distritos ou bairros. PRECISAMOS DE SEGURANÇA URGENTE!!!
Voltando à expressão que criei numa conversa com amigos – terrorismo suicida – e que vejo reproduzida em comentário no referido blog, penso que não preciso explicá-la como pediu a Leila ao comentarista anônimo.
“Vamos parar com esse terrorismo suicida” – pede o anônimo com toda razão diante do exposto acima.
Gostaria de avisar à bandidagem que a coisa não é bem assim. Não estamos dando mole, não. Que não acreditem nesse terrorismo suicida porque até o BOPE já subiu a Cachoeira II para pegar alguns poucos egressos das favelas de Santa Cruz que foram invadidas pela polícia neste verão. Enquanto o BOPE passava o rodo nos prirralhos aprendizes de bandidos, moradores tiveram que ficar à beira da estrada para a sua própria segurança.
Estive lá e está tudo muito tranqüilo depois das incursões do BOPE, enquanto a PM continua de olho no local.
Conversei ontem com o Antônio Carlos – presidente do Conselho Comunitário de Segurança – que não me demonstrou qualquer temor em relação ao fato ocorrido e que foi imediatamente controlado pela polícia. Que os egressos foram presos ou se evadiram morro acima pela mata.
Antônio Carlos convida a todos para participar da reunião do Conselho que será realizado no próximo dia 21, às 18 horas, no Centro Cultural Cary Cavalcanti, em Mangaratiba. A reunião contará com o Secretário de Segurança, com o Comandante do DPO de Muriqui, com a Delegada da 165ª DP ou seus representantes que prestarão esclarecimentos sobre as ações policiais na Cachoeira II e em todo o Distrito.
Estarei lá para ouvi-los e questioná-los. Você, que se sentiu aterrorizado, não pode faltar.
Seqüestros: soube apenas de um, há cerca de cinco anos, na Fazenda Muriqui; assaltos: são todos realizados pelos nossos delinqüentes domésticos nas casas de veraneio vazias e há bastante tempo não vemos quiosques arrombados pela madrugada; assassinatos: o último que soube foi o do vereador dentista quando Aarão ainda era prefeito; guerra de bandidos armados: nunca houve nem haverá pois não temos grande mercado em disputa; tráfico ostensivo: não existe, apenas sabemos dos pontos ocultos na própria Cachoeira II, na Palha, na Bela Vista e na praia de Muriqui pela madrugada, coisa normal que sempre existiu.
Afinal, nossos viciados precisam satisfazer as suas necessidades.
5 comentários:
Lacerda,
O email publicado é de pessoa que vive na Cachoeira, é profissional que não posso identificar, mas que talvez você consiga perceber de que área ela é...
Já teve sua casa revistada por pessoas com capuzes e já recebeu o aviso de toque de recolher.
Quanto aos sequestros, assaltos e assassinatos, não é preciso morar na Cachoeira, basta estar atento e não fingir que isto não está ocorrendo. Poderemos enumerar os diversos casos, somente em Muriqui.
Então não percebo o terrorismo suicida... tente ser menos cético e mais participativo...talvez seu mundo não interaja com o dos simples mortais que chegam do trabalho mais tarde, que estudam á noite ou que acordam cedo demais para trabalhar... não diminua o viver alheio.
Sabe, o BOPE subiu? Ninguém sabe, ninguém viu! Então posso dizer que o inverso do terrorismo suicida seria o passivismo de conveniência, que minimiza uma realidade quando não se possui visão ampla e projetada ou quando somente se quer satisfazer o espírito polêmico.
Lacerda, posso te dizer que tudo que está no blog é real. Algumas situações eu mesma vi, outras me são relatadas por quem viveu e te digo...o horror da Cachoeira me atinge mesmo. Eu não minimizo, nem ironizo os temores alheios.
INTERTEXTO
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
Bertold Brecht
E o de Eduardo Costa? Ah! Esse não se aplica a vc, mas em boa parte do povo daqui...
Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
A Inteligência a serviço do nada, não é nada! Mesmo que a pessoa ache que já está no interstício entre a produtividade e o final da corrida.
Vc diz que seu universo é Muriqui, e que se importa com que acontece em Muriqui...o resto de Mangaratiba, não te interessa... até entendo, pois vc não cria filhos aqui, não ganha seu pão por aqui e não convive com pessoas, somente se relaciona 'socialmente' com muitos... isto te permite este jogo da polêmica instigante, mas por vezes altamente desprezível.
A Cachoeira é Muriqui... vá dar umas voltas por lá ou converse na boa com as pessoas.... elas já estão até repetindo as falas das comunidades cariocas..."eles não incomodam"..."eles vão acabar com os bandidinhos e não vão atrapalhar trabalhador"...
Ah! Esqueci....
Quer um tráfico mais ostensivo do que o que sempre tivemos por aqui? Só que agora, eles estão armados...
E vc poderia tentar entender o que está acontecendo bem no seu nariz... quem está brigando contra quem, ao invés de afirmar que não acontece.
Se quiser te passo tudo por email e vc vai entender...ou então pergunte para qualquer pessoa que não tenha interesse em minimizar os fatos.
Estarei sendo participativo comparecendo à reunião do Conselho de Segurança para ouvir e questionar as autoridades de segurança. Espero vê-la por lá. Espero, também, que você convoque seus terroristas suicidas para relatar o que comentam em seu blog.
A minha inteligência está a serviço do que penso ser correto, não para atemorizar nem para exorbitar nos limites do razoável.
Não creio que o presidente do Conselho tenha interesse em minimizar os fatos. Eu o conheço, sem quem ele é. Não se trata de um anônimo qualquer sem qualquer responsabilidade em seus comentários.
Não sabia que o BOPE subiu a Cachoeira atrás dos aprendizes de feiticeiro?
Subiu sim. Não é polêmica instigante, por vezes, altamente desprezível.
Por favor, retire o altamente desprezível. Não tenho nem quero cargo no governo nem na câmara. Já recusei por diversas vezes, embora tenha sobrinhos para colocar lá como laranja. Comigo não ocorre o que disse Brecht: “Primeiro vem o estômago, depois a moral.”
Sou independente conforme se vê para dizer o que penso. Para criticar quem quer que seja ou para louvar o que merece ser louvado. Não radicalizo.
E, por favor de novo, me explique o que significa isto: "Mesmo que a pessoa ache que já está no interstício entre a produtividade e o final da corrida."
Mais um pouco de Brecht que eu já tinha publicado aqui no blog;
"Só acredite no que os seus olhos vêem e seus ouvidos escutam.
Não acredite nem no que os seus olhos vêem e seus ouvidos escutam.
E saiba que não acreditar ainda é acreditar."
Parodiando Brecht:
SUBTEXTO
Primeiro, achincalharam o Aarão
Nem me importei com isso
Até critiquei também
Em seguida, aviltaram um banguense
Eu me importei e o defendi
Embora sendo Fluminense
Depois, ofenderam o novo prefeito
Chamaram-no cachaceiro
Mas, eu também gosto da pinga
Depois, reelegeram o prefeito
E passaram a reclamar do emprego
Não me importo, sou vagabundo
Agora, defendem vereadores
Não seria ainda cedo?
Eu que não dependo de nenhum
Posso falar o que quero.
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