Acabei de ler as quase 500
páginas da biografia de Apparício Torelly, o Barão de Itararé. Fui lendo aos
poucos com muita pena de chegar ao final. O autor do livro Entre sem bater – Cláudio Figueiredo – escreveu mais que uma
biografia. Na verdade, ele fez um documentário da vida social, política e
jornalística do Brasil, nos anos 20, 30 e 40, tendo como cenário o Rio de
Janeiro e o Barão como personagem principal.
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Com Vargas no poder, o Barão foi perseguido, preso e torturado. O livro conta a temporada que ele passou refugiado em Bangu.
Com o fim da guerra, e a ditadura Vargas em seus estertores, foi homenageado pelos jornalistas independentes, escritores e políticos, com um almoço na ABI.
Samuel Wainer assim descreveu o evento em Diretrizes: “Foi a maior consagração que o jornalismo, honesto, democrático e decente já recebeu em toda a história e ninguém melhor que o Barão para representar esse jornalismo. Festejar o Barão era festejar o espírito brasileiro, o riso de independência e inteligência que há vinte anos vem exaltando a liberdade, atacando o fascismo e defendendo o povo”.
O auditório da ABI botava gente pelo ladrão e inúmeros telegramas foram recebidos durante o evento. Alguns foram lidos, como aquele enviado pelo Ginásio Bangu, a escola em que eu estudava o primário, isto é, o atual ensino fundamental. O professor Vale – diretor do Ginásio Bangu - grande no tamanho e na capacidade de ensinar, enviou o telegrama e, quando dois anos depois, o partido comunista caiu na ilegalidade, foi preso e teve que fechar a escola.
O livro me fez lembrar da minha primeira professora – Dona Lili, um anjo – esposa do professor Vale. Com ela, eu aprendi raiz quadrada na segunda série primária. Na terceira, quando estava começando a resolver raiz cúbica, a escola fechou.
Tive que mudar de escola e enfrentar a mediocridade da minha nova classe. Sei que teria sido alguém na vida se não mudasse de escola.
2 comentários:
Já leste? Se quiser te empresto o livro. Ida e volta.
Bom demais o seu texto.... ainda não li!
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