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segunda-feira, 18 de abril de 2011

HISTÓRIAS DO BRASIL

Alguns detalhes da história do Brasil foram censurados e não são apresentados em salas de aula. Para conhecê-los é necessário muita pesquisa em museus e livros antigos não didáticos. Felizmente, o Laurentino Gomes – jornalista e escritor – fez para nós uma pesquisa de dez anos e escreveu dois livros: 1808 e 1822. O primeiro ganhou o Prêmio Jabuti, considerado o mais tradicional prêmio literário brasileiro. Ganhou também o prêmio na categoria livro-reportagem e livro do ano de não ficção.
Em 1808, o autor mostra “Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil”. O outro livro conta “Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado”.
Acabei de ler 1822 e tomei conhecimento da verdadeira história da independência brasileira com alguns detalhes incríveis.
Por exemplo, D. Pedro vestia roupas emprestadas por um plebeu e montava uma mula – a forma correta e segura de subir a Serra do Mar - e não o belo cavalo alazão da pintura de Pedro Américo. O grito jamais existiu, nem foi um brado retumbante. Foi apenas uma declaração proferida em conversa de D. Pedro com seus acompanhantes que não eram tantos como demostra a pintura.
O local do acontecimento, um pequeno riacho em São Paulo – hoje, apenas um canal de esgotos - ficava perto de uma venda onde a comitiva parou para descansar.
D. Pedro, na ocasião, sofria uma tremenda diarreia, tendo que parar por diversas vezes para evacuar no mato. Nesse dia, 7 de setembro, mandou a comitiva se adiantar e ficou na casa de Domitila, a futura marquesa de Santos, a 600 metros do riacho. Somente à tarde foi se encontrar com seus acompanhantes.
Até a declaração da independência, houve uma guerra longa e desgastante de 21 meses em que milhares de brasileiros e portugueses perderam a vida. E mesmo depois, inúmeras batalhas foram travadas para que a independência fosse imposta sem prejuízo da unificação do país. Portanto, não foi uma independência pacífica.
Uma dessas batalhas foi a Confederação do Equador, na qual Pernambuco e Ceará queriam formar um país republicano nos moldes dos Estados Unidos. O Frei Caneca foi um de seus líderes. Derrotado, foi condenado à forca. Três carrascos se recusaram a executá-lo. O comando da junta militar responsável pela execução de Frei Caneca decidiu, então, pelo seu fuzilamento. Esse comandante que ordenou o fuzilamento de Frei Caneca foi Francisco de Lima e Silva, pai do futuro Duque de Caxias.
Tem o título de “A Marquesa” o melhor capítulo do livro 1822. Nele, o autor aborda o romance de D. Pedro com Domitila de Castro Canto e Melo, uma mulher medíocre, semi-analfabeta e nada bonita que se tornou uma espécie de eminência parda do império. Domitila, que levou facadas do marido traído, teve 14 filhos de três homens diferentes, incluindo D. Pedro, e mandou matar a própria irmã Maria Benedita que também engravidou com o imperador. O romance somente terminou quando D. Pedro, viúvo da imperatriz Leopoldina, foi obrigado a casar-se com uma linda pseudo-princesa italiana de 17 aninhos.
Um dos bilhetes de Domitila ao imperador diz - ipsis litteris - o seguinte:
“Sinhor. Perdoe-me que le diga isto eu não preciso de conçelhos não sou como Vossa Majestade as minhas respostas ção nascidas do meu coração.”
Não deixem de ler 1822. Agora, vou ler 1808. Depois, eu conto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu também gostei muito desse capítulo sobre a Marquesa do Laurentino, e por isso comprei o livro "Titília e o Demonão" que tem 90 cartas inéditas do Pedro para a marquesa de Santos. Cara, o livro é muito bom! Ele aprofunda muito o relacionamento dos dois. O Laurentino mata a pau a história do Brasil, mas, depois de ler o Titília e o Demonão, achei que ele fez uma análise meio superficial do romance.