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domingo, 16 de novembro de 2014

O GENERAL RUI BARBOSA

Logo após o golpe militar que derrubou a monarquia e expulsou Pedro II do país, Deodoro instituiu o primeiro ministério republicano que prestou juramento perante a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Era o única forma de dar legitimidade ao governo militar. A Câmara foi depois dissolvida devido ao estado de decadência
Deodoro não ficou indeciso na nomeação de seu ministro da fazenda como está a Dilma atualmente. Nomeou Rui Barbosa e, também, lhe deu o posto de general com todos os direitos, soldos e aposentadoria, sem que ele jamais tivesse vestido uma farda.
Pode até parecer que era uma república bolivariana, mas não. Era apenas uma ditadura militar.
Pouco mais de um mês após, um decreto ameaçava jornalistas de oposição, inclusive com fuzilamento, enquanto forças militares fechavam ou empastelavam jornais, agrediam ou prendiam jornalistas.
Ao mesmo tempo, o jornal do general Rui Barbosa – o Diário de Notícias – lisonjeava os militares e senhores absolutos do regime: “O exército tendo tudo nas mãos, deu tudo ao povo - afirmava em um de seus artigos – após alcançar a vitória, depositou nas mãos do povo os destinos da nação, demonstrando não ter ambição alguma”.
Enquanto isso, imperava a censura e a repressão a jornalistas, intelectuais e quaisquer opositores que ousassem levantar a voz contra as decisões do governo.
Deodoro aumentou em 50% o soldo dos militares e conferiu a patente de general a todos os seus ministros, além de promover todos os oficiais envolvidos na conspiração contra a monarquia. O jornalista Eduardo Prado escreveu na época que “O Quinze de Novembro não foi um ato heróico, foi um bom negócio”.
Mas, voltemos ao general Rui Barbosa, como era chamado o nosso primeiro ministro da Fazenda, e a sua roda da fortuna. O livro 1889 tem um capítulo inteiro sobre o tema onde descreve: “Nos primeiros meses de 1890, uma série de editais curiosos começou a aparecer nos jornais do Rio de Janeiro. Anunciavam a criação de bancos, fábricas, empresas de comércio e navegação, projetos de colonização e transporte, ferrovias, companhias telefônicas, hotéis, restaurantes e outros negócios. As pessoas eram convidadas a participar desses empreendimentos na condição de acionistas”.
Com a expansão do crédito fácil, houve a criação no papel de numerosas sociedades anônimas e a intensa especulação com as ações. Havia grande expectativa de lucros astronômicos e a conquista de rápida fortuna.
Quem não tinha dinheiro, fazia um empréstimo bancário a juros baixos e investia nas empresas que estavam sendo criadas. Todos em busca de dinheiro fácil.
O general Barbosa, com o seu projeto, parecia estar erguendo um novo Brasil, uma nação ousada e empreendedora.
Durou poucos meses a expectativa de prosperidade geral. Com o tempo, porém, chegou-se à conclusão de que tudo não passava de uma ciranda financeira. Gerou algumas poucas fortunas e destruiu muitas economias.
A especulação passou para a história com o nome de encilhamento. Uma espécie de pirâmide financeira dos dias atuais estimulada por decreto do general Barbosa sem o conhecimento dos outros ministros.
O general Barbosa havia autorizado a criação de dez novos bancos que poderiam fazer emissões lastreadas em títulos da dívida pública federal. Isto é, os bancos emitiam moeda e o governo federal garantia. A inflação atingiu níveis altíssimos estimulada pela emissão desenfreada de dinheiro sem lastro em ouro.
A maioria dos novos bancos quebrou e o governo teve que honrar o compromisso dos falidos, inclusive com seus empréstimos externos. 
A maioria dos empreendimentos fracassou, muitos deles tratavam-se de um golpe no bolso de quem acreditou no projeto, e o encilhamento do general Barbosa  causou a primeira crise de várias outras no governo levando a desavenças sérias entre os ministros e Deodoro. Chegou-se até ao desafio para um duelo entre Deodoro e Benjamin Constant.
Só mesmo lendo o livro de Laurentino Gomes para entender os diversos meandros deste enredo infeliz cujo roteirista foi o general Rui Barbosa. 
Qualquer que seja o próximo ministro da fazenda da Dilma, ele não será pior nem mais desvairado que aquele primeiro.

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