Tira o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor.
Todos conhecem a composição
imortal A Flor e o Espinho, que tem
mais de sessenta anos, e foi gravada por inúmeras cantoras. Talvez, alguns
poucos conheçam seu outro grande sucesso - Notícia -
gravado por Roberto Silva que pode ser ouvido abaixo.
Além de poeta e compositor,
Alcides Caminha era a identidade secreta de Carlos Zéfiro, o grande professor
de educação sexual nas décadas de 50, 60 e 70. O famoso escritor que povoou os
sonhos eróticos da minha e, talvez, também da sua puberdade.
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Viveu incógnito por mais de quarenta anos para não perder o emprego no Ministério do Trabalho. Temia a lei que previa a demissão e a suspensão da aposentadoria de funcionários públicos envolvidos em escândalos.
Dono de uma das mais criativas e censuradas carreiras literárias no país, Zéfiro foi autor de mais de 600 revistas erótico-pornográficas, algumas com tiragem de 30 mil exemplares, produzidas de forma artesanal, vendidas dissimuladamente pelos jornaleiros e lidas em segredo, com fervor incontido, pela garotada onanista que as colecionavam e as passavam de mão em mão. Mãos, diziam pais e mães, onde podiam crescer pêlos, enquanto os religiosos afirmavam ser pecado.
Na década de setenta, para tristeza de seus leitores, após o episódio em que sofreu uma rigorosa revista policial, Zéfiro parou com sua literatura. Além disso, um general de Brasília se indignou com as revistinhas e mandou investigar. Chegou até Hélio Brandão, o responsável pela edição das revistas. Hélio jamais revelou que Carlos Zéfiro era um pacato funcionário público federal. Após reinar no terreno fértil da sacanagem em plena ditadura militar, Alcides acabou desistindo do Zéfiro.
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Alcides Caminha foi identificado em 1991 pela revista Playboy. Um homem modesto e humilde que somente se revelou devido a pressão de seus filhos.
Ganhou algum dinheiro, deu entrevista até no Jô Soares. Foi premiado com o Troféu HQ Mix pela importância de sua obra na Bienal de Quadrinhos.
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Marisa Monte usou a arte do mestre na capa de seu álbum “Barulhinho Bom”, de 1997 e a MTV até criou uma vinheta totalmente inspirada nos “catecismos”. Em 1999, em Anchieta, foi inaugurada a Lona Cultural Carlos Zéfiro, com show de Marisa Monte.
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Diversos autores já escreveram livros sobre Carlos Zéfiro que faz parte importante da história cultural do país. O antropólogo Roberto da Matta escreveu textos analisando seus quadrinhos e já se declarou fã dos “catecismos”.
A sem-vergonhice de um homem de família deixou muitas marcas na cultura nacional. Está por merecer uma homenagem da Academia Brasileira de Letras, cujos membros certamente foram também onanistas e devem ter saciado sua púbere excitação sexual com aqueles românticos “catecismos”.
N.L.: Veja o “catecismo”
intitulado A Filha da Lavadeira AQUI.
4 comentários:
Bem lembrado.Confesso minha saudade das revistinhas dele.Juventude né!?
Pai, tem outros na rede. Há algum tempo achei esse site: http://www.carloszefiro.com/capas3.php
Eles tentam compilar todos os catecismos dele e já tem vários que podem ser lidos online.
Bjs!
Pai, que engraçado você postar o Léo Russo. Ele é filho de um amigão meu aqui do trabalho.
Filho, tive que retirar o Leo Russo porque o vídeo foi retirado do YouTube. Coloquei o vídeo com o Roberto Silva.
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