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quarta-feira, 27 de junho de 2012

UMA PASSEATA PORRETA

De todas as marchas, contra-marchas e passeatas ocorridas no Rio, prefiro a Marcha para Jesus, embora Ele não mais precise de marchas a Seu favor. Quando precisou, fizeram contra.
Agora, porém, vejo mais que uma passeata, um verdadeiro esculacho promovido pelo Levante Popular da Juventude na Rua Lauro Muller, 96, Praia Vermelha, onde no apartamento 1409 reside Dulene Aleixo Garcez. Um nazista torturador que durante o holocausto militar torturou e matou quem lutava por democracia.
Denominado escracho, este protesto é o mais legítimo movimento nascido nas últimas décadas. Não é uma passeata genérica, um protesto inútil sem objetivo determinado. Não é uma ingênua marcha ou passeata abstrata contra a tortura. Não é apenas um desfile de dondocas deslumbradas numa demonstração covarde de que não gostamos da tortura. É um valente esculacho contra um torturador, dando nome e endereço completos aos bois e desmascarando os safados.
Com a instituição da Comissão da Verdade, o escracho está ocorrendo em várias cidades. Este, ocorrido dia 19 deste mês, foi o maior protesto do gênero feito no país.
Colega de meu filho participou junto com mais de duas mil pessoas, a maioria absoluta de jovens que nem eram nascidos durante os anos de ditadura, filmou e fez este relato:
“Dulene, em 1970, tinha a patente de capitão de Infantaria e foi um dos responsáveis pelo assassinato de Mário Alves, jornalista e secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).
Os manifestantes portavam faixas, fotos de opositores mortos pela ditadura e cantavam estrofes assim: "eu só quero ser feliz podendo conhecer a história do país e poder me orgulhar e acabar com a impunidade do regime militar".
O protesto foi pacífico tendo os manifestantes se concentrado em frente a UNI-Rio, na Praia Vermelha, e caminhado cerca de 500 metros até a rua Lauro Muller.
Apesar da presença de contingentes da Polícia Militar, e até do BOPE, não se registrou nenhum incidente.
Mário Alves morreu empalado durante torturas no DOI-Codi da Rua Barão de Mesquita.”

Empalar é o suplício que consiste em espetar o indivíduo com uma estaca, através do ânus, deixando-o assim até morrer.
Nem Jesus Cristo sofreu tanto.

Um comentário:

Fábio disse...

Meu amigo Leôncio, que fez a filmagem, esteve exilado e agora, aposentado, se emociona ao participar dos escrachos, ao lado desses incontáveis jovens.