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quarta-feira, 29 de julho de 2009

AARÃO CONTINUA PREFEITO

Após fazer diversas considerações jurídicas, o desembargador Luiz Felipe Francisco aceitou a ação cautelar N° 249, proposta pelo ex-prefeito de Mangaratiba, e concedeu a liminar até o julgamento pelo TRE. Leiam abaixo a íntegra da decisão do desembargador.
No caso concreto, o imediato afastamento do Chefe do Poder Executivo de Mangaratiba e de seu Vice-Prefeito, poderá trazer insegurança aos cidadãos da Municipalidade, a resultar na alteração quanto ao exercício dos mandatos eletivos, até mesmo com a realização de possíveis novas eleições para o comando da máquina estatal, em razão de decisão prolatada pelo Juiz Eleitoral singular, sem apreciação pela Corte Eleitoral, tudo a caracterizar a supressão do duplo grau de jurisdição, ferindo de morte o princípio do devido processo legal e do acesso à justiça, com visível prejuízo ao principio da ampla defesa, mormente quando submetidos tais procedimentos ao talante da Lei nº 9.504/97, cuja rigidez de prazos curtos muitas vezes impede maior aprofundamento nos procedimentos por ela abrangidos.
Por outro lado, a atribuição de efeito suspensivo a recurso interposto com o objetivo de impugnar sentença prolatada em sede de investigação judicial eleitoral, vem sendo admitida como medida de cautela, de forma a preservar, inclusive, a segurança jurídica.
Verdade é que, no caso concreto, a espécie está a recomendar o deferimento da liminar para a concessão de efeito suspensivo, uma vez que o pedido se mostra juridicamente plausível, até mesmo porque necessário um exame mais aprofundado das provas constantes do processo.
Com efeito, segundo a orientação adotada no âmbito do TSE, se o exame dos fatos tidos como ilícitos, submetidos ao conhecimento da Corte por intermédio da Ação Cautelar, autorizam a inferência da probabilidade de êxito do próprio recurso, presente se encontra a plausibilidade do alegado, tudo a justificar o deferimento do efeito suspensivo ao recurso eleitoral interposto.
Por tudo isso, vê-se que os argumentos dos requerentes apresentam razoabilidade jurídica, motivo pelo qual defiro a liminar requerida, para emprestar efeito suspensivo ao recurso eleitoral a ser interposto contra a referida sentença, até o seu julgamento por esta Corte.
Oficie-se ao Juízo Eleitoral da 54° Zona Eleitoral - Mangaratiba, para ciência da medida liminar deferida, encaminhando-se-lhe cópia da presente decisão.
Oficie-se, outrossim, com urgência, ao Exmo. Sr. Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Mangaratiba, para que se abstenha da prática de qualquer ato relacionado com o afastamento dos representados, ora recorrentes.
Ultimadas as providências a tanto necessárias, dê-se ciência à douta Procuradoria Regional Eleitoral.
Publique-se.

Portanto, até a decisão final do TRE, o prefeito continua no cargo. Como disse o desembargador: para que não haja insegurança entre nós cidadãos de Mangaratiba.

O PRIMEIRO A DAR AS ÚLTIMAS

Nem todas, é claro! Não somos o Repórter Esso nem temos compromisso com a notícia.
Mas, como disse o Mota - em um dos comentários - demos um grande furo em toda a mídia da internet. Fui o primeiro a noticiar a cassação do prefeito de Mangaratiba.
Postamos a notícia às 17 horas e 4 minutos e publicamos a sentença do juiz às 19 horas e 12 minutos. Vejam a data e a hora no final de cada postagem. Somente depois, às 19h51m, o Dia deu a notícia em seu site. E bem depois, às 20h21m a Globo deu a informação no site G1.
Como fomos os primeiros, o Google - durante quase três horas - encaminhou todas as solicitações de informações sobre a cassação para o nosso blog.
Foram mais de 150 visitas por hora oriundas de todo o país até às 21 horas do dia 27. De lá p´ra cá, recebemos mais de mil visitas.
É demais para quem não tem qualquer compromisso com a informação.
Como diria o Ibrahim Sued: "Sorry, periferia!"

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A SENTENÇA DE CASSAÇÃO DO PREFEITO DE MANGARATIBA

A sentença de cassação assinada, hoje, pelo Juiz Eleitoral da 54a. Zona Eleitoral - Dr. Márcio da Costa Dantas - foi a seguinte:
Os efeitos desta sentença atingem o Prefeito, o Vice-Prefeito e sua coligação, pois evidentemente todos foram beneficiados com as práticas abusivas aqui reconhecidas, incidindo, assim, o efeito unitário de decisum.
Posto isso, JULGO PRECEDENTE o pedido formulado na AIME para, com base no artigo 14, § 10, da Constituição Federal, DESCONSTITUIR os registros e os diplomas conferidos aos senhores AARÃO DE MOURA BRITO NETO e MARCELO TENÓRIO, nas eleições do ano de 2008,
respectivamente Prefeito e Vice-Prefeito da Cidade de Mangaratiba, tornando insubsistentes seus mandatos, e, com base no artigo 1°, I, h, da Lei Complementar 64/90, DECLARAR a inelegibilidade de ambos pelo
prazo de três anos a contar da última eleição.
Por conseguinte, com arrimo no artigo 224 do Código Eleitoral, deverão ser realizadas novas eleições em data a ser indicada pelo Egrégio Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro.
Com base no que dispões artigo 257 do Código Eleitoral e configurada a hipótese do artigo 41-A da Lei 9.504/97, a execução desta sentença deverá ser imediata, devendo o Presidente da Câmara dos Vereadores do Município de Mangaratiba assumir interinamente as funções de Chefe do Poder Executivo Municipal até a realização de novo pleito, no prazo de 24 horas, a contar da intimação dos impugnados desta sentença.
Como consequência lógica da declaração de inelegibilidade nesta demanda, na AIJE n° 789/08 e do reconhecimento do abuso de poder, captação ilícita de sufrágio e uso indevido dos meios de comunicação em favor dos impugnados, não poderão os mesmos participar das novas eleições.

VALE-OBRAS

O trabalhador comum tem o Vale-Refeição, o Vale-Transporte, o Vale-Social, o Vale-Cultura e o vale adiantamento quando fica duro no meio do mês. Os deputados têm o Vale-Moradia fora de seu reduto eleitoral, no Rio e em Brasília. O sul fluminense tem o Vale do Paraíba que muitos pensam tratar-se de uma ajuda financeira aos porteiros de edifícios da zona sul carioca. A TV tem o Vale-Tudo para quem aprecia a violência.
Há, porém, um outro vale que só quem possui é a Prefeitura de Mangaratiba: o Vale-Obras.
A mineradora Vale faz as obras e a Prefeitura leva a fama, editando jornais e folhetos para promovê-las como sendo exclusivamente suas.
Vejam a relação das obras que vêm sendo realizadas pela Vale:
1. Revitalização, construção e reforma do campo de futebol de Itacuruçá;
2. Revitalização do bairro do Sahy (acesso, quiosque, capela, quadra poliesportiva e peixaria);
3. Construção da Escola Estadual Municipalizada Antônio Cordeiro Portugal, na Serra do Piloto;
4. Acréscimo e reforma da Escola Municipal Adalberto Pereira Pinto, em Itacurubitiba;
5. Ampliação da ponte Benedito Lopes, em Brasilinha/Itacuruçã;
6. Reforma da praça Robert Simões, no centro de Mangaratiba;
7. Pintura e reforma do Colégio Estadual João Paulo II, na praia do Saco;
8. Revitalização e reforma da praça de Junqueira;
9. Revitalização e contrução de quiosque e quadra na praça Professora Olinda Bertino Maciel, em Muriqui;
10. Reforma e construção da praça do Evangelho, em Muriqui;
11. Construção de calçada na rua Cândido Jorge, em Muriqui;
12. Construção do posto de saúde no Centro Comunitário São Sebastião, em Muriqui;
13. Pavimentação e reparo da rede de águas pluviais da praia Pequena;
14. Obras na rede de águas pluviais da rua Evelina e das avenidas Itaguaí e do Canal, em Itacuruçá;
15. Obras de pavimentação e drenagem da rua Araribóia, em Muriqui;
16. Revitalização e reforma da praça do bairro Bela Vista;
17. Construção de 29 quebra-molas.
Dessa forma, fazendo cortesia com o chapéu dos outros, enganando os servidores com um plano de cargos e salários que, depois, não seria sancionado, foi fácil ganhar a eleição.
Mas, o prefeito não durou muito tempo no cargo: foi cassado.

CASSADO O PREFEITO AARÃO

O prefeito de Mangaratiba perde na Justiça Eleitoral todas as ações movidas contra ele e é cassado. A Polícia Federal encontra-se agora na sede do governo para destituí-lo. Com Aarão, também sairá o vice-prefeito Marcelo Tenório.
O presidente da Câmara Municipal - Sidinho - vai substituí-lo ainda hoje.
Aarão terá direito a apelar da decisão, mas fora do cargo.
Uma nova eleição deverá ser marcada pelo Tribunal Regional Eleitoral.

domingo, 26 de julho de 2009

ASSIM NÃO VALE

Tenho em mãos outra picaretagem jornalística mangaratibana, dessas feitas para levar uma grana municipal em troca de elogios exacerbados ao governo e a alguns vereadores. Tem o nome de ABCdiário e apresenta as obras realizadas pela prefeitura de Mangaratiba. "Sempre com recursos próprios", afirma a publicação picareta.
Com um texto rudimentar de períodos extremamente prolongados, enfadonhos e incompreensíveis, com péssima pontuação e sem qualquer revisão - estilo medieval que me faz identificar o limitado redator - a publicação tenta influenciar o leitor incauto.
Diz que o atual prefeito transformou Mangaratiba em um canteiro de obras e relaciona algumas já concluídas ou em andamento.
Acontece que essa relação das obras da Prefeitura é absolutamente – eu disse: absolutamente – idêntica à relação das obras apresentadas pela Vale como sendo suas, em parceria com as prefeituras, no folder que distribuiu na região.
O ABCdiário apenas reproduziu o folder da Vale. Foi incapaz de alterar a ordem de apresentação das obras.
Assim não vale. Eu fico sem saber quem, de fato, realizou as obras citadas. Quem, afinal, reformou o campo de futebol do Itacuruçá? Quem revitalizou o bairro do Sahy? Quem construiu ou reformou escolas e postos de saúde? Quem revitalizou, reformou ou pavimentou praças e ruas? Quem realizou obras na rede de águas pluviais? Quem construiu o posto de saúde no Centro Comunitário do Morro São Sebstião, em Muriqui?
Quem construiu os mal projetados 29 quebra-molas para perturbar a vida dos pacatos motoristas do Município?
Quem pode me esclarecer? Quem? Foi a Prefeitura ou foi a Vale?
Quem tem razão, afinal? As picaretas do ABCdiário que dizem ser exclusivamente da Prefeitura as obras relacionadas ou a Vale que afirma tê-las executado em parceria com as prefeituras?

sábado, 25 de julho de 2009

CHAPA AZUL 266 X 104 CHAPA VERDE

Foi uma vitória esmagadora. Uma derrota a-ca-cha-pan-te. Mais que um capote, um verdadeiro sobretudo. Os associados, em sua imensa maioria, votaram livremente pela reeleição do Cledson para mais três anos como comodoro do Iate Clube de Muriqui.
De nada adiantou o factóide da interdição do clube nem as acusações de má gestão.
Parabéns ao meu amigo Cledson. Ainda há muito o que fazer pelo Iate, mas tenho que reconhecer o muito que ele já fez.
Votei nele. Agora, com a experiência de sua primeira gestão, ele saberá como desenvolver ainda mais o nosso Iate Clube.
A campanha terminou, é hora de união. Vamos respeitar a decisão da maioria.

SERVIDORES 1 X 0 PREFEITURA

Os servidores municipais ganham sua causa na justiça. A Prefeitura terá que validar o Plano de Cargos e Salários cuja lei, aprovada pela Câmara, havia sido vetada pelo Poder Executivo.
Os primeiros processos julgados foram indeferidos porque a Prefeitura informou à Justiça que a Câmara havia emendado a lei aumentando a despesa, o que é vedado constitucionalmente. Com os depoimentos colhidos nas outras ações - essas eleitorais - e com a resposta do presidente da Câmara que negou o fato, o Juiz reformulou o entendimento e está concedendo as medidas requeridas pelos servidores.
A sentença que terá de ser cumprida foi a seguinte:
Processo nº: 2009.030.000887-5
Movimento: 16
Tipo do Movimento:Conclusão ao Juiz
Sentença:

Posto isso, JULGO PROCEDENTES os pedidos formulados no mandamus, o que faço com base no artigo 269, I, do CPC, e, por consequência, CONCEDO A SEGURANÇA para determinar que a parte Impetrada promova o reenquadramento dos Impetrantes na forma indicada nos ANEXOS III e IV da Lei Complementar nº 06/2008, publicada em 10 de julho de 2008, com a aplicação dos patamares salariais ali constantes, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00, em relação a cada Demandante, sem prejuízo da multa prevista no artigo 14, V, parágrafo único, do CPC e da caracterização, em tese, de ato de improbidade administrativa.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

PALAVRAS DA BÍBLIA

Segundo o Evangelho de Mateus (6), assim ordenou Jesus:
"Tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele, Que vê o oculto, recompensar-te-á. Nas vossas orações, não sejais como os gentios que usam de vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós Lho pedirdes."
É uma ordem, me enquadro,
Tô com Jesus e não abro...
Se é com Deus que falo,
Eu fico só - obedeço -
Me calo, medito e agradeço.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

DIPLOMA DE JORNALISTA

P´ra quê? Perguntariam Carlos Lacerda, Irineu Marinho, Mário Rodrigues, Assis Chateaubriand... E também perguntariam seus filhos Roberto Marinho, Mário Filho, Nelson Rodrigues. David Nasser e tantos outros importantes jornalistas perguntariam: p´ra quê?
Esses e milhares de outros grandes jornalistas jamais cursaram uma faculdade de comunicação. Apesar de não ter diploma de jornalista, o ministro da comunicação – Hélio Costa - exerceu a profissão: foi repórter dos jornais Estado de Minas e Diário da Tarde, em Minas Gerais, e implantou a sucursal da Rede Globo nos Estados Unidos onde foi seu correspondente internacional.
E, também, pergunto eu que não sou jornalista, sou publicitário: diploma p´ra quê?
Eu cursei uma faculdade de comunicação. E, como nunca suportei a mediocridade, abandonei-a no meio do curso. Os professores dessas faculdades são aqueles jornalistas e publicitários que jamais podem abandoná-las porque não conseguem emprego em outro lugar. Falta-lhes talento para exercer a profissão na qual foram graduados.
É preciso talento, não de diploma para exercer muitas profissões. A de vendedor, por exemplo.
Já viram alguma faculdade de vendas para diplomar vendedores? E corretores de imóveis, músicos, escritores, pintores?
Além de talento, é preciso saber escrever para ser jornalista. Além de talento, uma voz bonita para ser radialista. E na TV, é preciso talento, voz bonita e muito boa aparência. Talento vem do berço, p´ra que diploma?
A melhor escola de jornalismo é o próprio jornal, a revista, o rádio ou a televisão. E quantas outras profissões se aprende exclusivamente na prática? Por acaso é preciso ser formado em administração para dirigir uma empresa? Nunca me exigiram diploma para exercer a profissão de publicitário em um agência de publicidade.
A obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista tem origem na ditadura. Mais exatamente no famigerado AI-5, de 13 de dezembro de 1968, que também exigiu diploma para os professores de jornalismo. Tratava-se, portanto, de uma herança dos generais, uma aberração como a Lei de Imprensa que acaba de ser banida pelo STF junto com a exigência do diploma de jornalista.
Então por que a discussão em torno de algo tão inútil e dispensável? Por que estudantes de comunicação, professores e sindicalistas realizaram ato público em favor da obrigatoriedade do diploma de jornalista no Centro da cidade do Rio de Janeiro?
Logo após o AI-5, proliferaram as faculdades de comunicação. Hoje, existem cerca de 470 escolas de jornalismo que formam quase 12.000 jornalistas anualmente. Quantidade absolutamente desnecessária que desvaloriza o salário do profissional. Existem, também, inúmeros sindicatos da categoria, além da Federação Nacional de Jornalistas.
Imaginem a grana que rola para esses donos de faculdades e diretores de sindicatos.
Para Suzana Blass, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, “o diploma profissionalizou o jornalismo que, hoje, é bem mais ético e comprometido com a responsabilidade social". Bem mais ético e comprometido? Tá de brincadeira, só pode ser. O compromisso é com a opinião do dono do jornal. Isso é ética?
O jornalista atualmente é a voz do dono. Se for convocado para escrever sobre Jesus Cristo na véspera do Natal, o redator vai perguntar ao editor: “escrevo contra ou a favor?”
Para Carmen Pereira – diretora do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo – a exigência do diploma serve como garantia de qualidade das informações transmitidas. Tá, de brincadeira, também. Ela disse, ainda, que a profissão subiu um patamar quando surgiu a exigência do diploma. Só se foi o patamar da censura do AI-5.
Fica claro que elas não têm argumentos para defender o diploma. O deputado Paulo Pimenta, defendendo a exigência do diploma, foi mais sincero na tribuna da Câmara Federal: “Isso significará um desastre para as faculdades de jornalismo de todo o Brasil”. Acrescentaria eu que será um desastre também para os inúmeros sindicatos.
Mas, para o estudante das boas faculdades, não. Esse pode ficar tranquilo, pois, essas faculdades continuarão a existir, ajudando em sua formação e expedindo diplomas. E um diploma é sempre uma vantagem sobre quem não o possui,
O que acabou foi apenas a exigência do diploma para exercer a profissão de jornalista. E isso é absolutamente correto.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

FUTEBOL NA TV

Eu amo o futebol e pago R$ 59,90 mensais para ver o campeonato brasileiro pelas transmissões da SKY. Isso significa que não sou simpatizante da GATONET que custa muito menos para se ver tudo que é transmitido, inclusive os canais pornográficos, mas é roubo.
Há coisas que me irritam nessas transmissões. De uma delas, eu me livrei hoje e digo seu nome com todas as letras: Carlos Alberto Parreira, o incompetente. Só espero que ele não seja substituído por algo tão irritante e tão incompetente como Renato gaúcho.
Muitas outras coisas me irritam. Por exemplo, ver a absurda numeração das camisas dos jogadores. Até bem pouco tempo, eram numeradas de 1 a 11. Simples, simples assim. E os “regra três” eram numerados de 12 a 16. Podíamos até fazer um bolo para ver quem acertaria o autor do primeiro gol. Bastava sortear os números 7 a 11. Atualmente, isso é impossível.
Não sabemos nunca qual será a numeração dos onze atletas. Eles entram em campo com as camisas 27, 33, 34, 46, 68, 74, 99. Por quê? Você sabe? Qual a razão para isso? Não existe a mínima racionalidade nisto.
Há coisas ainda mais irritantes. Como as entrevistas com jogadores ofegantes e apressados que nunca têm nada de útil ou de interessante a dizer. Sempre coçando a orelha, dizem apenas que vão trabalhar para consertar os erros cometidos, como se isso fosse possível. Ou coçando o nariz, agradecem a Deus pelo resultado, como se Deus torcesse pelo time deles. E as inúteis entrevistas coletivas? Felizmente, contra isso, eu tenho uma arma: o controle remoto.
Como é irritante a torcida organizada entoando um cântico incompreensível com uma melodia sofrível e idêntica a da torcida adversária. Claro que não irrita tanto quanto as cornetas africanas, mas que irrita, irrita. Também, não é tão irritante quanto o Galvão Bueno.
Mas, as perguntas dos internautas... Que coisa mais imbecil e dispensável.
E as palhaçadas feitas para festejar um gol... Por que não festejam com a dignidade com que Pelé, Zico, Reinaldo, festejavam? Ou com a dignidade do Ronaldo sorrindo e abrindo os braços para a torcida.
A criançada entrando em campo de mãos dadas com os atletas, para quê? É mais inútil que o hino nacional antes de todos os jogos em São Paulo. Estão banalizando um símbolo nacional que, de tão executado, já não transmite a mínima emoção a ninguém.
Entretanto, não há nada mais irritante que os abalizados comentaristas esportivos. Sabem tudo de futebol. Conhecem todos os esquemas táticos numéricos: 4-4-2, 3-4-2-1, 3-5-2, 4-3-1-2, 4-5-1. Por que não vão treinar um time da terceira divisão? Eles fingem identificar o esquema durante o jogo no qual todos os atletas correm atrás da bola em menos de um terço do espaço do campo. Acreditam que o time em campo é o mesmo time teórico que viram no papel, como se a partida fosse de futebol totó. Complicam o que é tão simples e não conseguem reconhecer jamais que o que define o esquema tático é a linha da bola.
Esses idiotas do subjetivismo inventaram o elemento surpresa. Surpresa para quem se o elemento está em campo desde o início do jogo com o mesmo uniforme do adversário? Elemento surpresa é o juiz chutar em gol, é o bandeirinha evitar que a bola saia de campo e dar um passe de curva para um atacante.
Lembro da copa de 70 quando eles inventaram o craque que jogava sem a bola. Pô! Sem a bola até eu. Tostão atuava mal e disseram que ele jogava sem a bola. Aquilo foi uma ofensa para o craque que abalou a Inglaterra, driblou toda a defesa inglesa, mais a rainha, o primeiro-ministro, e deu o passe açucarado para Jairzinho fazer o gol da vitória.
Essa irritação me fez escrever para a SKY dizendo que pagava para ver o futebol e tinha o direito de exigir que a participação dos pretensiosos comentaristas esportivos fosse a mínima possível. E que eles se abstivessem de comentar os esquemas táticos numéricos.
Parece que me atenderam. Nas últimas transmissões ninguém mais tem falado em tática.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

FLATULÊNCIA

Para mostrar que nosso blog não vive somente de críticas – mas, também é cultura – vamos falar sobre o, digo, sobre a flatulência.
Vamos tentar informar tudo o que você queria saber sobre o, digo, sobre a flatulência e não tinha coragem de, nem a quem, perguntar. O, digo... Bem, é melhor chamá-lo de flato (do latim flatus, sopro).
O flato é uma ventosidade anal que pode ser ruidosa ou não e geralmente tem um cheiro fétido. Tem origem nos gases que são ingeridos juntamente com a comida e, também, dos gases acumulados durante o processo de digestão e na decomposição dos resíduos orgânicos no intestino. Um desses processos é a fermentação de carboidratos por bactérias.
O mau cheiro dos flatos vem do sulfeto de hidrogênio e do enxofre livre na mistura. Quanto mais rica em enxofre for a dieta, mais flatos serão produzidos pelas bactérias no intestino e vão feder mais. Repolho, couve-flor, ovos cozidos são notórios por produzirem flatos fedidos e, muitas vezes, asfixiantes.
O interessante do mau cheiro flatulento é que não suportamos o alheio e até gostamos do nosso. A ciência ainda não sabe a causa dessa predileção.
O som dos flatos são causados pela vibração da abertura anal. Depende da velocidade na expulsão do gás e do diâmetro da abertura anal. Pelo volume do som, podemos medi-los como traques ou trovões. Há também o do tipo metralhadora que é composto de vários flatos diminutos expelidos ininterruptamente. Contudo, a fetidez independe do som produzido.
Em média, uma pessoa pode produzir até 15 flatos diários, nem todos com uma sonoridade audível. Mesmo dormindo, todo ser vivo produz flatos. Alguns soam como um despertador no meio da madrugada. Alguns são capazes de produzir flatos até mesmo horas após a morte.
Mulheres produzem tantos ou mais flatos que os homens. As mulheres se envergonham disso, mas há homens que se orgulham e fazem questão de acionar uma espécie de amplificador anal para que todos ouçam os seus flatos.
O flato não tem nada a ver com o arroto. O arroto vem do estômago e pode vir acompanhado de resíduos estomacais; o flato é oriundo dos intestinos, tem uma diferente composição química e somente pode vir acompanhado de fezes líquidas. É o chamado flato úmido que é desesperador quando estamos em público. Quem já passou por isso sabe como é triste ter as nádegas umedecidas por dejetos anais. O arroto geralmente tem um cheiro azedo e o flato tem um fedor nauseante característico que varia de pessoa para pessoa.
O cheiro do flato do rico é diferente do fedor do flato do pobre devido à alimentação. Notem, que eu estabeleço uma distinção: cheiro do flato do rico e fedor do flato do pobre. Rico vive de dieta e não come – como nós simples mortais - repolho, ovo cozido, caranguejo, sopa de entulho nem prato feito de boteco. E só bebem “perfumarias”, não bebem cachaça.
Os gases que expelimos pelo ânus podem pegar fogo, produzindo chamas azuis e amarelas porque os flatos contêm metano e hidrogênio, facilmente inflamáveis. Mas, não tente fazer isso em casa. É muito perigoso, o fogo pode se introduzir em seu canal retal e causar estragos.
Esses gases que expelimos também são reconhecidamente capazes de destruir a camada de ozônio que protege o planeta e contribuem 20 vezes mais que o dióxido de carbono para o efeito estufa. Mas, você não pode evitá-los. Portanto, não se preocupe com isso, você já tem outros compromissos muito mais importantes com a ecologia.
Você pode, sim, tranquilamente adiar um flato. Você sabe que ele vem vindo, fecha o esfincter anal e ele volta para o intestino, aguardando uma ordem posterior. Você poderá soltá-lo depois em recinto e ocasião apropriados. Evite sempre soltá-los no elevador ou dentro do carro quando acompanhado de namorada nova. Também, pode evitar a sua ressonância controlando o esfincter anal para soltá-lo de mansinho, discretamente. Mas, cuidado, é preciso ter uma técnica profissional para fazê-lo. Já quebrei a cara, certa vez em uma reunião de trabalho, quando pensei que estava no total controle do som e, de repente, foi aquele PUM.
Aí está, portanto, tudo o que eu sei e que você gostaria de saber sobre o peido – ih! falei o nome dele – e não tinha coragem de perguntar.
Ia me esquecendo, o Aurélio diz que flatulência também significa vaidade pretensiosa; bazófia, jactância. É, portanto, uma palavra bem adequada para qualificar quem se orgulha de seus peidos estrepitosos.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

ADERJ INFORMA: SAI SARNEY, ENTRA CPI DA PETROBRÁS

Anote aí: semana que vem a mídia não mais dará destaque aos atos secretos do Senado.
O assunto, agora em pauta, será a CPI da Petrobrás.
Os virgílios, os agripinos, os maias, os torres, os dias – a oposição que tem espaço no Jornal Nacional – concluíram que a suposta crise, como disse Sarney, não era do Senado, mas sim dos senadores.
O fato é que todos seriam atingidos pelo fogo cruzado das denúncias, algo ruim não somente para Sarney, mas, também, para todo senador que vai disputar mandato em 2010, ou sejam, dois terços dos vestais que compõem a Casa.
É sempre melhor retomar os ataques e pseudo-investigações contra o governo do que dar a cara a tapa. Eles sabem que todos têm algum esqueleto escondido em seus gabinetes.
O que eles não sabem é que vão dar um outro tiro no próprio pé.
E o povo que se indignou com a campanha contra os atos secretos, agora que se dane.

PITBULLS E ROTTWEILLERS

Teve início uma nova temporada de ataques de pitbulls e rottweillers a crianças e idosos. A semana passada, foi em São Paulo: um menino de 12 anos foi atacado brutalmente por um rottweiller e quase foi morto. Ontem, foi em Foz do Iguaçu: um pitbull atacou ferozmente uma criança de 10 anos e um senhor de 76 que tentou defendê-lo. Os cachorros estavam soltos na rua sem focinheira.
Qualquer dia, essa desgraça sempre anunciada ocorrerá também em Muriqui.
Há pouco tempo, vi passeando na praia um pitbull sem focinheira.
Chamado a atenção, o irresponsável jovem dono do cão disse apenas que o bicho era manso, que não mordia.
Pô! Quem não morde sou eu, cara!
Pitbull – esse cruzamento de dragão de Komodo com demônio da Tanzânia – foi feito para atacar, morder e matar. É da sua índole covarde atacar crianças e idosos.

Assim como o rottweiller que é a própria encarnação do demônio.
São dois animais esquizofrênicos. Em um momento, parecem tranquilos. De repente, partem para a agressão. Falta-lhes o auto-controle que qualquer vira-latas possui. Só mesmo imbecis, cruéis e sanguinários como os próprios cães, podem manter essas feras como animais de estimação. Se é para proteger-se ou para defender a propriedade, saibam que eles sempre darão muito mais prejuízo ao bolso do que nossos domesticados arrombadores de veranistas.
E por falar em cachorros, quem será que deu fim aos vira-latas de Muriqui? Não se vê mais nenhum dos antigos na praia. Ainda bem. Mas, estão surgindo novos.
É mais trabalho para o exterminador de vira-latas que poderia acabar também com os pitbulls e rottweillers da nossa comunidade.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

MAIS UM BLOG EM MANGARATIBA

Fico sempre muito feliz quando descubro um novo blog criado por nossa gente de Mangaratiba. E faço questão de promovê-lo aqui.
Este é de uma educadora muito bonita e comprometida com o que faz. Que procura dedicar-se ao máximo a tudo aquilo que se propõe a realizar e que, acima de tudo, acredita na possibilidade de promover a mudança através da educação.
No blog, ela divulga as atividades do GESTAR II em Mangaratiba e em outros municípios.
GESTAR II é um programa de formação continuada para professores de português e matemática das séries finais do ensino fundamental. É objetivo do Gestar II colaborar para a melhoria do processo ensino-aprendizagem dos alunos. E, também, contribuir para o aperfeiçoamento da autonomia do professor na sua prática pedagógica e permitir o desenvolvimento de um trabalho baseado em habilidades e competências.
Se você é professor, não deixe de ir lá.
http://gestar2lpmangaratiba.blogspot.com/

domingo, 5 de julho de 2009

FREI CHICO E A TORTURA


Acabei de ler “Lula, o Filho do Brasil”, um livro com mais de 520 páginas, bem grosso como os livros que eu gosto. Nele, a autora – Denise Paraná – reproduz as entrevistas que fez com Lula – antes que se tornasse presidente – seus irmãos, parentes e amigos. O livro foi roteirizado para um projeto internacional de cinema e televisão. Como disse Antônio Cândido na apresentação, o livro é um panorama do comportamento e dos sentimentos das classes oprimidas.
Entre os diversos depoimentos, destaco o de Frei Chico, o irmão mais conscientizado politicamente e que nunca foi padre. Frei é apenas um apelido devido a sua careca.
“A nossa prisão foi um negócio em que todo mundo caiu. Todo mundo. Se você era amigo de alguém, você era preso também. Aconteceu muito disso. Pegavam, levavam o cara lá para o DOI-CODI; o cara era feirante que coincidentemente era vizinho de um comunista. Isso foi nos desmoralizando, porque prendiam todo mundo.
O ridículo de tudo isso é que os caras torturavam mesmo. Torturavam mulheres. Mulher perante homem (...) Pegavam e torturavam a mulher perante o marido. Mandavam vir um cara colocar a vassoura na vagina da mulher. Isso nós assistimos. O cara estuprava com objetos. Tinha um bastão elétrico. Enfiava o bstão na mulher, na frente do marido.
Desmoralizavam as pessoas, o negócio era desmoralizar as pessoas. Não era chegar ao ponto de matar. A morte do Herzog foi um acidente de trabalho deles. Foi pancada errada que eles deram e mataram o rapaz. Mas eles tentavam destruir você como ser humano. Esse era o objetivo.
A cadeira do dragão era como essa aqui, com braços, onde estou sentado. Eles amarram seus braços nos braços da cadeira e suas pernas aqui, nas pernas da cadeira, e colocam um pau no meio, entre os pés da cadeira. Aí, eles te aleijam as tuas mãos com pancadas. Usam cassetete, palmatória. E um pau... Eles dão pancadas na mão, de um jeito que ela fica toda inchada. Dão pancada na sola dos pés também. Às vezes quebram alguns dedos, mas não é p´ra quebrar, não. É bem científica a coisa deles. Você fica de um jeito que você não pode pegar um maço de cigarros. Você não consegue dobrar, movimentar a mão. Ela fica completamente dura. Você só pega as coisas juntando uma mão na outra. Com o pé, você não consegue andar. Fica tudo inchado debaixo dos pés. Isso te aleija, e pronto. Você fica aleijado por um bom tempo. Isso eles fizeram com todos que passaram por ali. Não se salvou ninguém.
(...) Tinha uma menina lá que era arquiteta, ela era sobrinha do D`Ávila Mello (NL: Ednardo d´Ávila Mello, general-comandante do II Exército). Eu lembro dessa menina arquiteta – não só ela, mas outras foram presas – eu lembro que torturavam p´ra diabo, mesmo ela sendo sobrinha, parente do cara. Ele não estava nem aí (...)
E o vandalismo dos caras... Um cara tortura você, aí ficam dois olhando, ficam três olhando. E um médico que vem, tira a sua pressão para ver como é que você está. Se reage, se não reage. Se vai continuar.
(...) Os caras da PM eram soldados jovens ainda. Na época, com 20, 22 anos, se sujeitaram a ficar ali dando porrada na gente em troca de um salário extrazinho, em troca de alguma ajuda econômica extra. Tinha um adicional.
(...) Eles tiravam todos os presos da cela (...) e levavam para uma sala de aula com cadeira de escola. E chegava lá, o que faziam? Você botava um saco plástico na cara com um calor insuportável – tinha velhinho assim de 70 anos, ali não tinha idade, não tinha nada – e ficava ali. Sentado e com o saco plástico na cara, sem dormir.
Além disso, tinha um crioulo jovem que ficava a noite inteira batendo. Não deixava ninguém cochilar. Cochilava e ele dava uma porrada. Era p´ra não deixar ninguém cochilar.
Tinha um japonês que era coronel, capitão, tenente, não sei o que é que ele era, só sei que ele era do Exército. Esse japonês fazia a parte escrita do depoimento (...) era um depoimento que você fazia mas com o cara dizendo o que deveria escrever. Era esse japonês canalha. Você ia dizer alguma coisa e ele falava: “Tá errado”. Aí, depois, quando chegava na Justiça Militar, você tinha que desmentir aquilo.
Chegou na Justiça Militar e eu tive que desmentir tudo o que eu tinha dito para eles. Disse diferente. Mas eu reconheci o “Frei Chico” como apelido. Aí o juiz, um tal de Nelsinho, que até hoje está por aí, ele dizia que eu então reconhecia que o meu codinome de partido era Frei Chico. Ele disse que então estava certo o meu depoimento no DOI-CODI.
(...) Não faz sentido dizer que eu fui menos torturado porque eu era irmão do Lula, não tem nada a ver. Durante dois dias fizeram isso direto: ficaram me interrogando para saber da ligação do Lula com o “partidão”. Era uma forma para tentar incriminar o Lula. Mas não teve jeito.
(...) Detalhes da tortura, por exemplo. Além deles aleijarem você nos pés e nas mãos, eles davam choques. Eles davam um banho d´água em você, metiam sal na sua boca, você era amarrado e eles davam choque. E no pênis, então? Adoravam dar choque no pênis.
(...) No período em que você está sendo torturado dá vontade de se matar. Se você tiver chance, você se mata. É por isso que eles deixavam a gente sem cinto, sem nada. Não podia usar cadarço no sapato. Qualquer coisa que pudesse se tranformar em corda, eles não deixavam. Coisa cortante nem pensar. Teve mais gente que morreu lá. Mas não foi suicídio. Não tinha condições de ninguém se suicidar.
Quando dizem que o Herzog se matou, é uma grande sacanagem.”

Essa é apenas uma parte da entrevista com o tranquilo Frei Chico, exemplo de comunista que não come criancinhas e grande responsável por cooptar Lula para a luta de classes em defesa dos metalúrgicos do ABC de São Paulo.

sábado, 4 de julho de 2009

APOSENTADORIA

Quase todos nós sonhamos com a aposentadoria. Mesmo aqueles que nunca pegaram no pesado, nem contribuiram com qualquer merreca para a previdência social, sonham com o dia em que farão jus a um salãrio mensal sem ter que fazer nada em troca.
Entre esses, muitos tentam aplicar um golpe no INPS para realizar o seu sonho. Alguns até conseguem. Em compensação, meu pai contribuiu a vida inteira, faleceu antes de se aposentar e não pôde nem deixar pensão para ninguém. Assim como milhões de mulheres que contribuiram durante mais de dez anos e sonhavam apenas com o casamento. Casaram, largaram o emprego e a previdência ficou com a grana.
Há, porém, alguns que não sonham com a aposentadoria. Pensam que se pararem de trabalhar vão perecer na inutilidade. Não sabem como é bom ser inútil. Não saber que horas são nem que dia é hoje. Ler, computar, escrever, comer, beber, dormir, sem ter que dar satisfação a ninguém. É o autêntico livre-arbítrio, afinal. É como estar no mundo a passeio. E todo mês aquele troco na conta-corrente. E ainda ter direito ao décimo-terceiro.
Eu contribuí, durante muito tempo, sobre 20 salários. Depois, a lei baixou a contribuição máxima e passei a pagar sobre dez. Quando via aquele desconto no meu salário, todos os meses, durante 30 anos, sonhava com o dia em que receberia tudo de volta.
Hoje, 23 anos depois, ao contrário de meu pai, vejo que já recebi em dobro – talvez mais do que triplicado – tudo que me descontaram. E, dentro da lei, sou mais prejudicial ao INPS do que a grande maioria dos fraudadores.
O meu sonho de aposentadoria se realizou. Sou um inútil e orgulhoso vagabundo. Sou pago para não fazer nada. A não ser trocar lâmpadas, ir ao mercado, dirigir para minha mulher, pegar coisas onde ela não alcança e outras coisinhas sem importância. Quando ela me pede algo mais complicado, deixo para fazer somente nos feriados. Sábados e domingos, eu tiro para descansar.
E estou vivo. Como castigo, porém, tenho outros sonhos de aposentadoria. São, na verdade, pesadelos terríveis. Quase todas as noites, sonho que estou trabalhando. Dou um duro danado a madrugada inteira e nada dá certo no que faço.
Acordo revoltado, cansado e nada nem ninguém consegue me desviar da mais completa inutilidade.