Total de visualizações de página

quinta-feira, 19 de abril de 2018

MELHOR IDADE?

Vou ao Banco Itaú mensalmente, apenas uma vez e somente para depositar o que recebo em cheques. Faço todo o resto pelo Itaú Bankline.
Este mês, havia gente pra cacete. As filas se confundiam. Identifiquei um senhor, cabelos brancos como os meus, que parecia ser o último de uma fila e perguntei: “Esta é a fila dos anciãos?”
O coroa não gostou e respondeu sério: “Aqui é a fila da melhor idade”.
Fiquei na minha, mas, de imediato, senti o que o politicamente correto faz com a mentalidade dessa gente. Não aceitam mais uma piada tão inocente e caseira. 
O politicamente correto faz com que levem a sério a sua própria seriedade e passem a crer naquilo que é contrário à realidade mas que é difundido impunemente.
Eu posso falar porque já passei dos oitenta. Minha melhor idade foi aí entre os 30 e 50 anos de idade.
Não existe melhor idade que essa. A não ser para os atletas. 
É quando a gente já sabe pra que veio ao mundo. Já superou todos os obstáculos, sabe o que quer e tem absoluta confiança em si próprio. Não faz mais tanta besteira. Não precisa mais tentar parecer o que não é de fato. Pode mostrar-se por inteiro, despido de vaidades e não se incomoda mais com as críticas.
Aos 50, porém, você percebe que é o começo do fim. Seu prazo de validade está se esgotando. Mas, quando passa dos 80 é maravilhoso: a gente tudo pode na idade que nos fortalece.
Considero, porém, que a propaganda enganosa da melhor idade até que favorece o famoso “pé-na-cova” oferecendo-lhe motivos para sorrir à beira da própria sepultura.
Algum mérito, portanto, possui esse tipo de politicamente correto. Mas, nem tudo que é politicamente correto tem méritos. Principalmente para mim que considero os apelidos algo genial e sou politicamente quase incorreto.
É dureza ter que falar do anão como um deficiente vertical, ele sempre será o pintor de rodapé; chamar o negão de afrodescente em vez de picolé de asfalto; o branco azedo de cidadão caucasiano desprovido de pigmentação mais evidente; não se pode dizer que a mulher feia nasceu pelo avesso, mas, sim, que ela tem um padrão de beleza divergente dos preceitos estéticos contemporâneos; o gordo – o famoso rolha de poço – e o magro – conhecido como pau de virar tripa – são cidadãos fora do peso ideal; o careca – ou pouca telha – passa a ser o indivíduo desprovido de pelos na cabeça.
Felizmente, a guerra contra o terror está mandando o politicamente correto para o brejo. Permitiu que voltássemos a pronunciar e escrever favela. Uma das palavras mais bonitas do idioma, além de ser fabulosamente poética.
A mídia e as autoridades parece que estão esquecendo do termo comunidade que é o politicamente correto.

OBS.: o antepenúltimo parágrafo foi lambido do http://www.dzai.com.br/blogdadad/blog/blogdaddad a minha professora de português.

3 comentários:

Núbia Cilense Luz disse...

Adorei sua sinceridade. Tento ser politicamente correta, mas dou cada escorregada. Aliás, escorregão de passar vergonha. Também ao gosto dessa história de "melhor idade". Como pode geralmente com problema de circulação, articulação, pressão alta, diabetes entre outros o cidadão estar na melhor idade? Pra mim a melhor idade foi dos 20 aos 35. Subia morro fazendo caminhada com a galera, não tinha medo de nada (só de escuro), nada doía no meu corpo, não precisava de óculos, tudo era belo. Hoje tenho 48, dói tudo.

LACERDA disse...

Casal que comenta unido no meu blog permanece unido.

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Boa tarde, Lacerda.

Acabei tornando minha esposa uma blogueira também. Não sei se chegou a visitar o site dela que se chama Cantinho da Núbia:

https://cantinhodanubia.wordpress.com

Um abraço.