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segunda-feira, 28 de abril de 2014

OS FATOS IMPORTAM?

É muito fácil fazer um blog sem utilizar a cabeça e empregando apenas as teclas Ctrl-C e Ctrl-V, reproduzindo o que vomita a imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta ou as fofocas de botequim. É como escrever no feissibuque como faz aquele público inocente útil sempre contra o PT.
Prefiro formar uma opinião própria antes de publicar seja lá o que for. Hoje, porém, revoltado com a pequena evolução intelectual de quem é manipulado pela mídia e joga lama no adversário, sou obrigado a reproduzir o artigo que segue.

“Não houve qualquer pagamento para o Labogen do doleiro Youssef na gestão Padilha. Nem no governo Lula, nem no governo Dilma. Foi só no governo FHC. Esses são os fatos."
http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/138056/Os-fatos-importam.htm

"Que importa o fato de não ter havido convênio ou contrato entre o ministério da Saúde e o laboratório Labogen – a não ser em tempos mais remotos, lá nos idos do segundo mandato de FHC, quando o ministro era José Serra, pré-candidato oficial à presidência?
Mas ouvindo os telejornais, ou lendo os jornalões impressos, a mensagem captável é bem diferente. A mídia quer fazer crer que o PT teria escancarado o governo à influência do doleiro. E os fatos, importam?
O ex-ministro foi citado em conversa de terceiros? É um indício, algo que merece ser investigado, para verificar se houve, ou não, alguma ilicitude nos procedimentos do ministério.
Mas a conversa entre terceiros não é apresentada como indício. É tratada como prova irrefutável, destruidora da candidatura ao governo de São Paulo. A reputação do ex-ministro é arremessada às favas de forma implacável, como fosse sacola de entulho.
Todos os dias a onipotente máquina midiática, do alto de sua soberba indignação seletiva -  inquieta com tantos anos de governo petista - jorra manchetes acusatórias orquestradas, em plena jornada eleitoreira. Manchetes que, por sinal, depois poderão ser usadas como material de campanha eleitoral.
O fundamento da acusação é a mera suposição, de alguém dentro da Polícia Federal, de que um funcionário do laboratório teria sido indicado pelo ex-ministro Padilha, pré-candidato ao governo de São Paulo. A partir da suposição, foi dada largada à guerra suja em alta escala na pré-campanha eleitoral paulista.
"Se, como diz a PF, envolvidos se preocupavam com autoridades fiscalizadoras, só poderiam se referir aos mecanismos de controle criados por mim no Ministério da Saúde. A prova maior disso é que nunca existiu contrato com a Labogen e nunca houve desembolso por parte do Ministério da Saúde", disse Alexandre Padilha em postagem nas redes sociais.
No blog Tijolaço, o jornalista Fernando Brito lança holofotes relevantes para a compreensão dos fatos. "Esta história não fecha", diz Brito. Acontece que o executivo que o ex-ministro Padilha teria indicado, segundo os jornais publicam irresponsavelmente, ocupou apenas um cargo de quinto escalão no Ministério da Saúde, e por pouquíssimo tempo.
Marcus Cesar Moura foi nomeado assessor de eventos (salário de R$ 4 mil) em 17 de maio de 2011, e exonerado em 1º de agosto também de 2011. Ficou no inexpressivo cargo por dois meses e meio, nem esquentou a cadeira.
Por que os imparciais jornais tampouco contam que a data da suposta indicação, segundo o documento vazado através da PF, foi 28 de novembro de 2013, mais de dois anos depois da exoneração?
Por que os jornais não contam esta história como ela é? Será que não sabem? Ou será, por acaso, que se julgam imbuídos do dever cívico-partidário, do poder quase divino de caluniar petistas até o último suspiro de resistência?

LUIZ CLAUDIO PINHEIRO - Jornalista

Um comentário:

LACERDA disse...

Publicado hoje pelo 247:

"Ao entrevistar o empresário Leonardo Meirelles, um dos sócios do Labogen, o jornal Estado de S. Paulo obteve uma revelação crucial: ao contrário do que disse o deputado André Vargas (sem partido-PR) num torpedo, o executivo Marcus Cezar Moura não foi indicado para o cargo pelo ex-ministro Alexandre Padilha (acima), mas sim pelo empresário Pedro Paulo Leoni Ramos (abaixo), outro sócio do laboratório; no entanto, entre escolher este ângulo, favorável ao pré-candidato do PT em São Paulo, e outro que, embora frágil, poderia prejudicá-lo, qual foi a escolha dos Mesquita? A de que Marcus Moura foi contratado para ser a ponte com a saúde, o que, na prática, não significa nada demais."