Animadamente, atendi.
- Alô!
Uma voz feminina respondeu:
- Pai, fui seqüestrada. Estou com medo.
- Helena! É você? Onde você está?
Tomaram-lhe o aparelho e uma voz de bandido falou:
- É a Helena, sim. Ela está comigo.
Ao fundo, ouvia-se um choro feminino.
- Por favor, não lhe faça mal. Diga o que você quer.
- Eu quero grana ou vou mandar pra você uma orelha dela.
- Diga quanto você quer.
- Quero vinte mil.
- Não tenho esse dinheiro. Somos pobres.
- Dez mil, então.
- É muito ainda.
- Cinco mil tá bom?
- Nem mil eu tenho, cara. Tô mais duro que um coco.
- Pô! Cara... Assim não dá, preciso ganhar a vida. Quanto você pode dar pela sua filha?
- Houve um tempo em que daria tudo por uma filha, mas só tive filhos.
- Seu FDP, tomando meu tempo, pô!
- Valeu, cara! Tava testando meu celular.
- Vai pra PQP...
- É onde você está agora?
- ...
Desligou.
N.L: Foi exatamente assim o diálogo com o "sequestrador" da filha que não tive.
Um comentário:
Muitas vezes esses golpes partem de dentro de um presídio...
No ano passado, minha esposa atendeu uma chamada em que o bandido dizia ser o primo dela ujo carro teria quebrado na Dutra e precisava de um reboque que lhe cobraria R$ 1.000,00. O dinheiro teria que ser previamente depositado na conta do suposto dono da empresa.
Felizmente tive a ideia de sugerir a ela que fizesse contato com seus familiares em Araraquara e então descobrimos que tudo não se passava de uma fraude. Também achava estranho o fato da ligação ter sido originada de um número com DDD 062, o que corresponderia ao estado de Goiás e não ao interior paulista.
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