Esses doentios, também, são facilmente identificados nos consultórios. O médico nunca diz que o paciente não tem nada, prescreve um ansiolítico ou o encaminha com uma receita incompreensível para a farmácia de manipulação que lhe paga uma comissão. Lá, geralmene, o paciente pagará caro para receber placebo.
Não duvido que existam boas farmácias de manipulação que consigam até manipular um ou meio miligrama de qualquer susbstância e que não paguem comissão a ninguém, mas, esta semana conheci uma jovem que já trabalhou num desses estabelecimentos. Quando faltou um princípio ativo qualquer, ela reclamou a falta com o proprietário que lhe disse para substituí-lo por placebo. Uma forma farmacêutica sem qualquer atividade, cujo aspecto é idêntico ao de qualquer outra substância farmacologicamente ativa.
O placebo é sempre empregado como comparação em estudos clínicos com o medicamento que está sendo avaliado. O placebo promove algum resultado benéfico de natureza psicológica em cerca de 30 a 40% dos pacientes avaliados. Sejam eles doentios ou não.
A maioria dos afetados pela somatização, porém, não é doentia, não liga para os sintomas e jamais procura o médico. Prefere encher a cara com os amigos e se divertir para esquecer seus problemas, suas angústias.
Já cerca de 30% das outras “doenças” ficam curadas apesar dos médicos e dos remédios. Quem já trabalhou ou trabalha em laboratório farmacêutico sabe disso. Sabem ainda melhor os proprietários de farmácias de manipulação. Sabem também que pagarão por isso no dia do juízo final como dizia um companheiro de trabalho na indústria farmacêutica.
Restam apenas 20% de doentes que necessitam de médicos e/ou de medicamentos. Estes não vão para as farmácias de manipulação, mas quase sempre são manipulados nas outras. O que eu considero, aí sim, um crime.
Em Muriqui, por exemplo, não é sempre fácil encontrar um medicamento original de um grande laboratório que foi receitado pelo médico, mas sempre se encontrará uma cópia de origem desconhecida nem sempre com as quantidades corretas de princípios ativos.
Os balconistas sempre oferecem uma marca diferente daquela receitada. Oferecem a chamada guelta dizendo ser igual, que faz o mesmo efeito e é mais barata.
Guelta é uma gíria utilizada pelos balconistas e vendedores/propagandistas da indústria farmacêutica para designar determinados medicamentos fabricados em fundo de quintal que oferecem elevados descontos – e grandes bonificações como dúzias de quinze - quando são vendidos às farmácias. Estes medicamentos são empurrados pelos balconistas que recebem comissão pela “empurroterapia”.
Neste artigo AQUI veja como é a indústria da venda de doenças – manipulando e convencendo as pessoas de que elas estão doentes e precisam de tratamento médico. Verá que este é um dos motivos pelo qual jamais teremos um serviço de saúde de qualidade.
Manipulação, como se vê, não é privilégio da nossa grande mídia.
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