Logo após o golpe militar que
derrubou a monarquia e expulsou Pedro II do país, Deodoro instituiu o primeiro
ministério republicano que prestou juramento perante a Câmara de Vereadores do
Rio de Janeiro. Era o única forma de dar legitimidade ao governo militar. A
Câmara foi depois dissolvida devido ao estado de decadência
Deodoro não ficou indeciso na
nomeação de seu ministro da fazenda como está a Dilma atualmente. Nomeou Rui
Barbosa e, também, lhe deu o posto de general com todos os direitos, soldos e
aposentadoria, sem que ele jamais tivesse vestido uma farda.
Pode até parecer que era uma
república bolivariana, mas não. Era apenas uma ditadura militar.
Pouco mais de um mês após, um
decreto ameaçava jornalistas de oposição, inclusive com fuzilamento, enquanto
forças militares fechavam ou empastelavam jornais, agrediam ou prendiam
jornalistas.
Ao mesmo tempo, o jornal do
general Rui Barbosa – o Diário de Notícias – lisonjeava os militares e senhores
absolutos do regime: “O exército tendo
tudo nas mãos, deu tudo ao povo - afirmava em um de seus artigos – após alcançar a vitória, depositou nas mãos
do povo os destinos da nação, demonstrando não ter ambição alguma”.
Enquanto isso, imperava a
censura e a repressão a jornalistas, intelectuais e quaisquer opositores que
ousassem levantar a voz contra as decisões do governo.
Deodoro aumentou em 50% o
soldo dos militares e conferiu a patente de general a todos os seus ministros,
além de promover todos os oficiais envolvidos na conspiração contra a monarquia.
O jornalista Eduardo Prado escreveu na época que “O Quinze de Novembro não foi um ato heróico, foi um bom negócio”.
Mas, voltemos ao general Rui Barbosa, como era chamado o nosso primeiro ministro da Fazenda, e a sua roda da
fortuna. O livro 1889 tem um capítulo inteiro sobre o tema onde descreve: “Nos primeiros meses de 1890, uma série de
editais curiosos começou a aparecer nos jornais do Rio de Janeiro. Anunciavam a
criação de bancos, fábricas, empresas de comércio e navegação, projetos de colonização
e transporte, ferrovias, companhias telefônicas, hotéis, restaurantes e outros
negócios. As pessoas eram convidadas a participar desses empreendimentos na
condição de acionistas”.
Com a expansão do crédito
fácil, houve a criação no papel de numerosas sociedades anônimas e a intensa especulação
com as ações. Havia grande expectativa de lucros astronômicos e a conquista de
rápida fortuna.
Quem não tinha dinheiro,
fazia um empréstimo bancário a juros baixos e investia nas empresas que estavam
sendo criadas. Todos em busca de dinheiro fácil.
O general Barbosa, com o seu
projeto, parecia estar erguendo um novo Brasil, uma nação ousada e
empreendedora.
Durou poucos meses a
expectativa de prosperidade geral. Com o tempo, porém, chegou-se à conclusão de
que tudo não passava de uma ciranda financeira. Gerou algumas poucas fortunas e
destruiu muitas economias.
A especulação passou para a
história com o nome de encilhamento. Uma espécie de pirâmide financeira dos
dias atuais estimulada por decreto do general Barbosa sem o conhecimento dos
outros ministros.
O general Barbosa havia
autorizado a criação de dez novos bancos que poderiam fazer emissões lastreadas
em títulos da dívida pública federal. Isto é, os bancos emitiam moeda e o
governo federal garantia. A inflação atingiu níveis altíssimos estimulada pela
emissão desenfreada de dinheiro sem lastro em ouro.
A maioria dos novos bancos quebrou e o governo teve que honrar o compromisso dos falidos, inclusive com seus empréstimos externos.
A maioria dos empreendimentos fracassou, muitos deles tratavam-se de um golpe no bolso de quem acreditou no projeto, e o encilhamento do general Barbosa causou a primeira crise de várias outras no governo levando a desavenças sérias entre os ministros e Deodoro. Chegou-se até ao desafio para um duelo entre Deodoro e Benjamin Constant.
Só mesmo lendo o livro de Laurentino
Gomes para entender os diversos meandros deste enredo infeliz cujo roteirista
foi o general Rui Barbosa. A maioria dos novos bancos quebrou e o governo teve que honrar o compromisso dos falidos, inclusive com seus empréstimos externos.
A maioria dos empreendimentos fracassou, muitos deles tratavam-se de um golpe no bolso de quem acreditou no projeto, e o encilhamento do general Barbosa causou a primeira crise de várias outras no governo levando a desavenças sérias entre os ministros e Deodoro. Chegou-se até ao desafio para um duelo entre Deodoro e Benjamin Constant.
Qualquer que seja o próximo ministro da fazenda da Dilma, ele não será pior nem mais desvairado que aquele primeiro.
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