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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

15 DE NOVEMBRO DE 1889

“Conheço os brasileiros, isso não vai dar em nada.”
Afirmava dom Pedro II, reunido com sua família e auxiliares, na tarde daquele dia, enquanto Benjamim Constant e Quintino Bocaiúva tramavam a queda da monarquia. Em meio à confusão reinante no palácio, dom Pedro II mantinha a calma e tentava tranquilizar a todos afirmando que tudo não passaria de fogo de palha.
Certamente confiava na absoluta lealdade de seu comandante de armas.
O marechal Deodoro era um monarquista convicto. Um ano antes, escrevera uma carta ao sobrinho anti-monarquista, aluno da Escola Militar de Porto Alegre, afirmando: “República no Brasil é coisa impossível, porque será uma verdadeira desgraça... Os brasileiros estão e estarão muito mal educados para republicanos. O único sustentáculo do nosso Brasil é a Monarquia; se mal com ela, pior sem ela”. Em outra carta ao sobrinho, recomendou: “Não te metas em questões republicanas, porquanto República no Brasil e desgraça completa é a mesma coisa; os brasileiros nunca se prepararão para isso, porque sempre lhes faltarão educação e respeito”.
Manoel Deodoro da Fonseca, tido atualmente como o fundador da República, não tinha a mais leve inclinação pelo regime que se pretendia fundar. É o que assegura seu biógrafo Raimundo Magalhães Junior, sugerindo que ele se converteu ao projeto republicano forçado pelas circunstâncias, e a contragosto, ao perceber que a mudança de regime se tornara inevitável.
Deodoro voltou da guerra do Paraguai com o peito repleto de medalhas. Promovido a brigadeiro, posto equivalente ao de General na atual hierarquia militar,  foi nomeado comandante de armas da província do Rio Grande do Sul. Lá começaram suas divergências com o estancieiro Gaspar Silveira Martins, também conselheiro imperial e a mais importante figura da política gaúcha.
O historiador Hélio Silva afirma que a briga dos dois tinha origem na disputa por uma formosa mulher: a baronesa de Triunfo, viúva bonita e elegante, fazendeira e filha do general Andrade Neves. Deodoro levou a pior e Silveira Martins conquistou a bela baronesa.
Ao fim da tarde daquele dia, dom Pedro II se convenceu de que era necessário compor um novo ministério. Cometeu o erro de nomear o senador Silveira Martins para comandar a reforma ministerial.
À noite, Deodoro tomou ciência da nomeação. Enfermo, prostrado na cama, parecia não ter forças para sobreviver até o dia seguinte, somente aderiu à mudança do regime na madrugada do dia 16 de novembro.
A notícia da nomeação de Silveira Martins para chefiar o novo ministério de dom Pedro II, na noite de 15 de novembro de 1889, foi o que levou o relutante Deodoro a apoiar os republicanos, assinar a proclamação e tornar-se o primeiro presidente da República.
Pois é, na verdade, devemos a proclamação da República a uma mulher: Maria Adelaide Andrade Neves Meireles, a Baronesa de Triunfo.

N.L.: postagem baseada no livro 1889 de José Laurentino Gomes.

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