O último capítulo da Revista Veja
20 de setembro de 2010 às 15:03
Até o último sábado a matéria mais fantasiosa que já havia lido tinha sido a dos dólares cubanos.
Talvez o leitor não se lembre. Segundo a Veja, haviam sido enviados em garrafas de uísque 12 anos para a campanha de Lula, em 2002.
A testemunha do fato era um morto.
Mas agora Veja se superou.
Na capa desta semana ela conta a história de um pagamento de propina de 200 mil reais.
1) Diz que o dinheiro foi achado numa gaveta de um assessor do Planalto.
2) Conta que ele ao chegar gritou: Caraca, que dinheiro é esse.
3) Revela que um colega lhe informou do que se tratava à frente de todos.
Se um estagiário da Fórum chegasse com uma história dessas e dissesse que o caso se passou no Palácio dos Bandeirantes (veja bem, Bandeirantes) eu o demitiria por estupidez e falta de respeito com a inteligência alheia.
Explico.
Qualquer pessoa ao entrar no Palácio do Alvorada se submete a uma inspeção igual a existente nos aeroportos. Passa pelo detector de metais e coloca seus pertences para serem observados numa máquina de raio x.
Se tiver com um computador ou qualquer eletrônico, precisa apresentá-lo para registro.
E segundo a reportagem, vários assessores receberam os 200 mil.
Ou seja, a pessoa deve ter entrado com 1 milhão ou algo próximo.
Como nossas notas de maior valor são as de 100 reais. Para alguém entrar com 1 milhão precisaria no mínimo estar com 10 mil notas.
Isso não cabe nem em 50 meias como a da turma do Arruda. A pessoa precisaria estar com algumas maletas, que passariam pelo Raio X.
Afora isso, o mais inocente jornalista de Brasília sabe que nem o mais amador dos corruptores manda entregar dinheiro numa repartição pública para um assessor.
E ainda deixa recado com o seu colega de trabalho.
Antes as histórias, mesmo inventadas, ainda buscavam ser razoáveis.
Mas até isso acabou no anti-jornalismo de Veja.
Não leia a Veja.
Se ler, não acredite.
Se acreditar, relinche.
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