O livro pretende ser um manual com centenas de dicas de como se perpetuar um mandato político.
Algumas dicas incluem:
1 – no seu gabinete, priorize os cabos eleitorais e os financiadores de campanha;
2 - pegue os dados de todos que forem pedir algo no gabinete, inclusive para que time de futebol torcem e que religião seguem;
3 – visite obras, use o capacete, dê entrevista mesmo que seja para o seu site na internet e sempre leve alguém para chamar a atenção dos moradores. O parlamentar deve organizar visitas a obras e registrar o evento em fotos e vídeo.
O livro ensina que no gabinete há que existir escalas de preferência para o atendimento dos eleitores. Em primeiro lugar, vêm os cabos eleitorais: “Fazem parte do gabinete. Todos os assuntos deles são de relevância – diz o deputado - depois, a prioridade são representantes de redutos e, em seguida, financiadores".
Doutor Ubiali é neurocirurgião e está no segundo mandato. Diz que saber montar um gabinete é primordial: tem que misturar militante com técnico. “Quem opta por um prato só, se dá mal”.
E recomenda que todo parlamentar contrate um advogado para ajudar os eleitores. “Todos têm problemas com a Justiça: pensões alimentícias, despejos, dívidas, parentes presos, enfim, uma gama enorme de pedidos. Um gabinete também precisa de um assessor que conheça hospitais públicos ou filantrópicos, para arrumar consulta, mesmo em consultórios particulares com médico conhecido ou até pagando. E também um dentista, a fim de auxiliar aquele que precisa de dentes para poder sorrir.”
Os autores dizem que dos pedidos que chegam alguns devem ser atendidos e outros não.
“Carne para churrasco, remédios, conta de telefone, dinheiro emprestado, viagens para visitar parentes doentes, etc.
No meio deste inferno de coisas, se você começar a atender alguns pedidos não poderá deixar de atender a outros. E sua fama correrá pela cidade como clientelista, e a partir daí seu mandato será um toma lá dá cá. Impossível de controlar e vai perder mais votos que ganhar”.
Os autores comparam a política ao comércio: eleição é “venda”; o mandato é “pós-venda”; e o eleitor é “cliente”. E, para “fidelizar” o cliente, ou seja, manter os eleitores para a eleição seguinte, valem frases feitas para usar em discursos:
- para os idosos: não há maior injustiça que esquecer de quem fez o progresso que temos hoje;
- para as mulheres: não há desenvolvimento social e econômico sem a mulher;
- para os deficientes: se perfeitos sentimos o peso da vida, imagine aqueles que possuem deficiência.
O deputado federal Doutor Ubiali - na foto, autografando seu livro - certamente dá outras dicas que o Globo Online não ressaltou. Dicas que todos conhecemos da velha forma de fazer política.
O deputado federal Doutor Ubiali é do PSB, aquele partido que vem defendendo um jeito novo de fazer política.
Este deputado, porém, ninguém poderá chamá-lo de fariseu.
Um comentário:
Minha preocupação é com a sociedade – a causa – não com a classe política que é a conseqüência.
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