"É um imenso preconceito sendo externado contra os cubanos que vêm ao Brasil trabalhar aonde médicos brasileiros formados aqui não querem ir”, disse Dilma Rousseff lamentando a postura de médicos brasileiros vaiando os cubanos, em Fortaleza.
"Foram atitudes truculentas, incitaram o preconceito e a xenofobia. Eles fizeram um verdadeiro corredor polonês da xenofobia, atacando médicos que vieram de outros países para atender a população apenas naqueles municípios onde nenhum profissional quis fazer atendimento", disse o Ministro da Saúde e futuro governador de São Paulo Alexandre Padilha.
“Que cena
infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!”
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!”
(Castro Alves, em Navio Negreiro)
É verdade, sim. Tanto horror
não é somente loucura, é mais uma pequena mostra da louca estupidez humana a
demonstrar que o grande
acontecimento do século – como disse Nelson Rodrigues - foi a ascensão
espantosa e fulminante dos idiotas. Brancos azedos e preconceituosos formados em
faculdades particulares medíocres, inocentes úteis demonstrando insanidade e vomitando
xenofobia contra um médico negro formado em Cuba. Lá onde estudam e se formam
com distinção médicos de todo o mundo, inclusive brasileiros.Os dois filhos do presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Rio Grande do Sul (Simers) - Paulo de Argollo Mendes, no poder há 15 anos e reeleito para mais um mandato (2013-2015) – por exemplo, cursaram medicina no Instituto Superior de Ciências Médicas de Camagüey, em Cuba, entre 1997 e 2004. Naquela época, ele só tinha elogios para Cuba e a medicina cubana. Hoje, o “banner” no luxuoso prédio do sindicato, em Porto Alegre, mostra a sua posição atual.
Falando pelo Simers, diz que “Somos frontalmente contrários à vinda de médicos estrangeiros, é enganação, pura demagogia. Se um médico estrangeiro cometer eventual barbaridade, quem vai pagar? É uma insegurança absoluta para o próprio paciente... São médicos de segunda classe para tratar pacientes de segunda, porque é assim que o governo enxerga os pacientes do SUS”.
Trata-se, portanto, de um preconceituoso, xenófobo e hipócrita como todos aqueles que vaiaram o médico negro em Fortaleza. Enquanto o hipócrita esbraveja expelindo seus dejetos mentais, cidades gaúchas na fronteira com o Uruguai enfrentam a falta de profissionais de saúde contratando médicos do país vizinho sem diploma revalidado. Municípios e hospitais ganharam na Justiça o direito de contar com médicos uruguaios e dependem deles para formar equipes mínimas.
Mas, serão de segunda classe os médicos que estão vindo para o Brasil? Serão seus pacientes no interior do país brasileiros de segunda classe?
Centenas
de profissionais de saúde cubanos trabalham em 40 centros em todo o Haiti desde
o terremoto de 1998, onde cuidaram de mais de 30 mil casos de cólera nos
últimos 10 meses. É o maior contingente estrangeiro tratando cerca de 40% de
todos os doentes de cólera.
Desde
1998, Cuba treinou 550 médicos haitianos gratuitamente na Escola Latino-Americana
de Medicina (ELAM). Outros 400 estão sendo treinados na escola
que oferece ensino gratuito. John Kirk é um professor de Estudos Latino-Americanos na Universidade Dalhousie, no Canadá, que pesquisa e avalia equipes médicas internacionais de Cuba. Ele disse: “A contribuição de Cuba, como ocorre agora no Haiti, é o maior segredo do mundo. Eles são pouco mencionados, mesmo fazendo muito do trabalho pesado”.
Esta tradição remonta a 1960, quando Cuba enviou um punhado de médicos para o Chile, atingido por um forte terremoto; em seguida, em 1963, foi enviada uma equipe de 50 médicos para a Argélia. Isso foi apenas quatro anos depois da Revolução Cubana.
O programa mais conhecido é a “Operação Milagre”, que começou com os oftalmologistas tratando os portadores de catarata em aldeias pobres venezuelanas em troca de petróleo. Esta iniciativa tem restaurado a visão de 1,8 milhão de pessoas em 35 países, incluindo a de Mario Terán, o sargento boliviano que matou Che Guevara em 1967.
Aliás, será por influência dele – o grande herói cubano, um médico formado na Argentina - que tantos cubanos se formaram médicos ou se dedicam à medicina sem o interesse financeiro dos mercenários médicos brasileiros?
A taxa de mortalidade infantil em Cuba, um dos índices mais confiáveis da saúde de uma nação, é de 4,8 por mil nascidos vivos – comparável com a da Grã-Bretanha e menor do que a dos EUA. Apenas 5% dos bebês nascem com baixo peso ao nascer, um fator crucial para a saúde a longo prazo, enquanto a mortalidade materna é a mais baixa da América Latina. É o que mostram os números da Organização Mundial de Saúde.
Existem atualmente 8.281 alunos de mais de 30 países matriculados na ELAM.
O governo cubano espera transmitir um senso de responsabilidade social para os alunos, na esperança de que eles vão trabalhar dentro de suas próprias comunidades pobres, pelo menos por cinco anos, como sanitarista e objetivando a prevenção de doenças.
Damien Joel Soares, 27 anos, estudante de segundo ano de New Jersey/EUA, é um dos 171 estudantes norte-americanos na ELAM; 47 já se formaram. Ele rejeita as alegações de que a ELAM é parte da máquina de propaganda cubana. E se fosse, qual seria o problema?
“É claro que Che é um herói, mas aqui isso não é forçado garganta abaixo” – diz o estudante americano.
Outros 49.000 alunos estão matriculados no “Novo Programa de Formação de Médicos Latino-americanos”, a ideia de Fidel Castro e Hugo Chávez, que prometeram em 2005 formar 100 mil médicos para o continente. O curso é muito mais prático, e os críticos questionam a qualidade da formação.
O professor Kirk discorda: “A abordagem "high-tech" para as necessidades de saúde em Londres e Toronto é irrelevante para milhões de pessoas no Terceiro Mundo que estão vivendo na pobreza. É fácil ficar de fora e criticar a qualidade, mas se você está vivendo em algum lugar sem médicos, ficaria muito feliz quando chegasse algum.”
Há milhões de brasileiros que certamente concordam com o professor canadense.
N.L.: CONTINUA AMANHÃ
14 comentários:
Muriqui Lacerda, aqui é o Malaquias. Realmente, chega a ser patética tal reação de pessoas que não sabem nem de longe o que é um pobre. E mais patético é perguntar quem vai pagar a conta de um erro médico. E quem pune o médico que assina o ponto e vai embora 10 minutos depois sem atender ninguém ? Ficam impunes como sempre.
Além do mais, piores que a maioria das faculdades de Medicina brasileiras com certeza as cubanas ou quaisquer outras do mundo não são.
Eu mesmo, quando fiz faculdade de Direito, convivi com estudantes de Medicina e te digo uma coisa: não deixaria que eles tratassem nem da madrasta má da Branca de Neve, pois os mesmos passavam o tempo todo jogando sinuca, bebendo cachaça e paquerando as meninas nos bares da vida, além de um bando de patricinhas, daquelas que dão um chilique daqueles porque quebrou um pedacinho da unha do dedo, e que pareciam entender mais de baladas e sexo do que de Medicina.
Além do mais, o que aquelas patricinhas com cara de micareteiras faziam ali vaiando o cubano ? Não tinham paciente para atender ? Ou também assinaram o ponto e foram embora ?
Esse é o retrato da nova sociedade brasileira, da nossa nova cultura. A cultura da futiidade, a cultura do status, a ditadura da moda, a ditadura da beleza que leva nossas meninas a morrer em cirurgias de implante de silicone mal sucedidas e nossos jovens a morrerem de paradas cardíacas depois de tomarem doses cavalares de anabolizantes em busca de um corpo perfeito e de um cérebro de minhoca.
Ler Jorge Amado, Ariano Suassuna, Nelson Rodrigues, Machado de Assis, Rui Barbosa, José de Alencar, Monteiro Lobato, Castro Alves, Paulo Coelho e outros escritores brasileiros ? Para esse nicho social, você vale de acordo com a quantidade de combos de vodka que compra em todas as baladas, de bolsas Louis Vitton que possui, pelo celular ultra moderno que possui ou pela quantidade de viagens á Disney feitas todos os anos para ver o inútil do Pateta. Como não dá status passar 5 anos em Juazeiro do Norte, por exemplo, cuidando de pessoas carentes, ninguém quer. Chique mesmo é sair com a atriz coadjuvante da Malhação ou a figurante da novela das oito.
No fundo essas patricinhas que vaiaram o cubano meu amigo são dignas de pena. Pena, sim, pois são nada mais do que um produto da mídia, fazem exatamente o que a Rede Globo e outras emissoras nefastas do nosso país querem. Elas querem é morar no bairro da novela do Manoel Carlos. São pessoas dignas de pena, pois são vítimas de uma moda, de um estilo de viver, não tem estilo próprio.
São pessoas que gostam de se fazer de superiores, mas que na verdade sofrem do pior tipo de inferioridade que pode existir: a inferioridade da alma. São inferiores ás pessoas que elas julgam inferiores por não serem livres para viverem como quiserem e fazerem o que quiserem de suas vidas. Só se sentem felizes se usarem a chuteira da moda, a blusa da moda, a bolsa da moda, a calça da moda, o boné da moda, o tênis da moda, a música da moda. Só conseguem ser felizes se namorarem o cara mais gostoso ou a menina mais gostosa da galera.
Eu mesmo sofri muito preconceito por gostar de música sertaneja, pagode, samba, forró e axé, pois, para aquelas que vaiaram o cubano, são músicas dos brasileiros inferiores, menos cultos, silvícolas, cafonas e bregas. Bregas são elas que copiam qualquer merda americana como se fosse a oitava maravilha do mundo.
Pobre dessa juventude, criada sem valores humanos decentes.
Valeu, Malaquias! Saudades de você!
Leila Castro saudades de você também. Já escolheram os médicos estrangeiros que virão para Mangaratiba ? Pelo que eu tenho lido por aí, faz-se necessário.
São tão alienadas,que não dá pra acreditar que são médicas!
E os N erros médicos ocorridos em todo o país,impunemente?
E vergonhosa esta reação deles...
Realmente é escandalosa a reação, mas é o retrato de uma juventude criada á margem do mundo. O retrato de uma juventude etnocêntrica, que acha a sua "cultura" superior ás outras.
É o retrato de uma cultura que produz pessoas como Mayara Petruso, que acha que nordestino morto é um favor feito ao Estado de São Paulo.
São pessoas que acham que de Mato Grosso para cima é só mato, que o Acre não existe e que nordestino é tudo paraíba cabeça chata.
Se essas pessoas não forem atendidas pelos estrangeiros, serão atendidas por quem ? Por uma patricinha da vida que terá ânsia de vômito ao olhar para a cara deles ? Por uma vazia da vida que reclamará se a cidade não tiver salão de beleza ou clínica de estética ?
Isso é o retrato da miséria nacional. É o retrato de um país em que, se você quiser aumentar seus glúteos, seus seios,suas coxas, terá um leque de cirurgiões para escolher, mas se precisar, por acaso, de um médico para atender no interior do Acre, terá que trazer um estrangeiro.
Qualquer médico cubano é melhor do que essas patricinhas, sabem porque ? Porque eles se dispõem a sair de seus países, ficar longe de suas famílias e seus amigos, para atender pessoas humildes em lugares distantes do Brasil e do mundo. Não são como essas princesinhas de merda que fazem um intercâmbio de merda nos Estados Unidos com tudo pago pelo papai e se acham adultas e muito cultas, e se acham melhores que aqueles nordestinos que saíram de seus Estados rumo ao eixo Rio-SP com pouco dinheiro no bolso e muitos sonhos na cabeça e no coração.
É melhor um cubano que te atenda na hora do que um brasileiro que marque sua cirurgia de emergência para daqui a 6 meses.
De que adianta ter estudado nos melhores colégios, ter pago 6 anos de uma faculdade cara, e não ter se formado em cidadania e respeito ao próximo ? Não ter aprendido a julgar os outros pela essência ao invés da aparência ?
Malaquias,
É você mesmo? Regenerou-se? Palmas, palmas, palmas, uma ovação entusiástica para o seu comentário.
Se me der o seu nome, vou colocar este comentário lá na frente do blog.
E o anônimo acima? É você também, não é?
Fiquei honrado com o seu comentário. Fez valer o que escrevi. Apareça sempre.
Muriqui Lacerda, aqui é o Malaquias. Me regenerei em termos, pois questões ideológicas são irrelevantes quando se tratam de vidas humanas. E o que atrapalha muito esse país é essa divisão esquerda-direita que perdura mesmo depois da Guerra Fria. Além do mais, a solidariedade jamais deve ser desprezada. O que está em jogo aqui são vidas humanas, que valem mais do que qualquer ideologia. Fidel Castro, Hugo Chávez, Obama, Lula, Dilma, Serra, FHC, Aécio, todos vão morrer, mas Venezuela, Cuba, Estados Unidos e Brasil vão continuar a existir.
O cubano infelizmente é só um bode expiatório. Vieram russos, portugueses, uruguaios, etc. para o Brasil. Ontem mesmo um uruguaio prestou atendimento no meio da rua em Pernambuco.
Além do mais, é melhor copiar a medicina cubana do que a sociedade americana, que importava 80% da cocaína produzida por Pablo Escobár na Colômbia, que tem uma imensa delinquência juvenil e a maior população carcerária do mundo, além dos graves problemas raciais que perduram até hoje.
O anônimo acima sou eu sim. Publique como Malaquias mesmo, se puder, pois esse assunto é muito espinhoso e já me rendeu muita dor de cabeça. Além do mais tenho amigos meus médicos e amigos de meus pais que são médicos, então prefiro que me identifique como Malaquias mesmo. Se puder faça isso pelo seu amigo aqui.
Malaquias,
Respeito a sua posição. Infelizmene, não poderei dar maior destaque ao seu comentário sem uma identificação.
Muriqui Lacerda, aqui é o Malaquias. Serve só o nome, porque não gostaria de dar sobrenome ?
Malaquias,
Diz somente o nome ou os nomes sem sobrenomes.
Muriqui Lacerda, lá vai então. Meu nome é Paulo.
Deu destaque ao meu comentário meu amigo ? Malaquias pergunta.
Acalme-se. Tudo tem seu tempo.
Tudo bem meu amigo eu aguardo. Um abraço
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