No meu primeiro aniversário - contava minha mãe - eu me recusei a soprar a velinha do meu bolo mesmo após muito treinamento nos dias anteriores.
Já era um cara decidido que fazia apenas o que queria.
Meu pai sempre dizia que eu seria melhor que ele e fez de tudo para que eu fosse. E parece que fui, assim como meus filhos são bem melhores que eu.
A falta de minha mãe, porém, me tornou, às vezes, um tanto bárbaro, selvagem e rude. É preciso considerar que infelizmente não fui cultivado também por uma mulher.
Minha doce vingança é que meu netinho, que tem uma mulher afetuosa a transmitir-lhe a ternura que somente uma mãe pode transmitir a seu filho, será ainda melhor que o pai. Um pai que também foi premiado com uma mãe devotada, abnegada e meiga por toda a sua vida.
Será, claro, uma tarefa de aprimoramento muito mais árdua do que aquela a que me propus realizar, mas confio que ele conseguirá.
Sábado, verei se ele vai apagar a única velinha do seu bolo como fez o seu pai.
Espero que sim. Estarei lá para ver.
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