A DITADURA DEMOCRÁTICA

Sob os auspícios do Poder Judiciário, está sendo implantada uma ditadura na Costa Verde fluminense.
Uma ditadura democrática para durar, no mínimo, 32 anos. Dezesseis anos já se foram. Os próximos dezesseis serão inevitáveis.
Essa incrível façanha de permanecer mais de trinta anos no poder, somente Stroessner (1954-1989) conseguiu em toda a América do Sul. E conseguiu à custa da força das armas. Nem as ditaduras militares na Argentina, Brasil e Chile conseguiram tal proeza.
O nosso herói vai consegui-la pelo voto livre do povo e à custa apenas de duas laranjas titulares, um laranja regra três e inúmeros bananas.
Aprecio a inteligência e a estratégia do cara que afirmou na convenção: “Mentira tem pernas curtas. Ela, hoje, é candidata”.
De fato, uma verdade absoluta: ela, uma das laranjas, hoje, é candidata. Se amanhã não mais puder ser, o laranja regra três assume o seu lugar. Mas, se for cassada depois de eleita, o regra três não assumirá.
Isto, em Mangaratiba, onde o nosso herói já permaneceu no poder por oito anos. Lá em Itaguaí, onde está completando mais oito anos no poder, o seu laranja tem a eleição garantida.
E ambos os laranjas, com o apoio da grande maioria dos bananas, vão se reeleger em 2016.
Serão, portanto, 32 anos no poder. Uma ditadura democrática na Costa Verde. Se o nosso herói quiser, pode até, ele próprio, pegar mais 16 anos nas duas cidades e chegar junto ao recorde do Fidel (49 anos).
Uma proeza que, segundo o Aurélio, significa também um ato censurável ou escandaloso.
Eu diria obsceno.