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"A professora Maria da Conceição Tavares ia para Santiago do Chile, sede da Comissão Econômica para a América Latina, organismo das Nações Unidas do qual era funcionária. Assistente do professor Octávio Gouvêa de Bulhões, lecionava no curso de pós-graduação de economia da Fundação Getulio Vargas. Era respeitada no meio acadêmico por seu trabalho intitulado "Auge e declínio do processo de substituição de importações no Brasil". Cáustica e interminável, era respeitada em todos os meios por ter previsto, em 1971,o colapso da bolsa de valores.
Conceição achegou-se ao balcão da Polícia Federal suspeitando de algo. Uma amiga lhe contara que, durante um interrogatório, em São Paulo, haviam-lhe mostrado sua fotografia. Fora ao aeroporto com a filha. Na hipótese de um imprevisto, ela deveria buscar um contato com o ministro
"A senhora tem que me acompanhar", disse-lhe o funcionário da Polícia Federal a quem entregara o passaporte.
Maria da Conceição tinha desaparecido do aeroporto, fora levada ao prédio da Polícia Central, na rua da Relação. No fim da tarde, encapuzada, estava deitada no chão de um automóvel, a caminho do DOI da Barão de Mesquita.
Já na primeira noite dormiu nua numa das frias, brancas e iluminadas celas inglesas.Teve de limpar a própria urina. Tomou alguns cachações.
Durante um interrogatório, mencionou sua condição de professora e relacionou o ministro Reis Velloso entre seus ex-alunos. O oficial respondeu:
"Pode ser professora até do Geisel, que daqui você não sai".
Nesse momento Maria da Conceição assustou-se."
N.L.: Hoje, a Polícia Federal persegue corruptos, fraudadores, bandidos, contrabandistas, sonegadores. Sejam eles políticos eleitos ou não, juízes, militares, gente do governo ou da oposição.
A Polícia Federal não é mais uma linha auxiliar dos torturadores para perseguir uma mulher indefesa.
A Polícia Federal nunca trabalhou tanto quanto agora porque tem toda a liberdade para combater a fraude, a corrupção, o contrabando, a sonegação, que sempre existiram e existirão sempre.
E a Rede Gloebbels e os torturadores dizem que nunca houve tanta corrupção quanto agora.
Não! Nunca houve tanta corrupção combatida, descoberta e, até, punida como agora quando os doutos mandriões do judiciário permitem.
Um comentário:
Lacerda,
Que leitura gostosa!
Te agradeço pelos trechos e por seus comentários.
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