Quando a imprensa orgulhosamente noticiou que o Brasil era o campeão mundial na reciclagem de latinhas de cervejas e refrigerantes, eu fiquei muito triste. Significava também que havia uma infinidade de desempregados catando latinhas para sobreviver. Hoje, são poucos os catadores na praia e o país deve ter perdido o “honroso” título de campeão da reciclagem de latinhas.
Agora, leio a última postagem do blog da Leila (aqui) e fico alegre e feliz. Escreveu a minha ilustre, radical e desconhecida amiga e blogueira que na favela (sic) do Vigário Geral foi implantado o Projeto Reciclagem & Cultura que visa transformar embalagens plásticas de refrigerantes em móveis. Disse ela:
“A proposta no início do projeto era de que as pessoas levassem de 75 a 250 garrafas até a cooperativa e as trocassem por um pufe ou poltrona nova. Foram tantas as pessoas que se interessaram que os idealizadores tiveram que restringir a quantidade de pufes a um por família. O projeto estipulou metas para quem quisesse trabalhar na cooperativa. No começo do projeto eram necessárias, no mínimo, 900 garrafas e facilmente a meta era batida, com o tempo, diminuiu para 750 a quantidade de garrafas necessárias para os trabalhos e ainda assim, a dificuldade em encontrar o material é grande. Dessa forma, os catadores tiveram que passar a buscar embalagens em outras comunidades.”
Vejam vocês, uma das comunidades mais carentes do Rio de Janeiro está se fartando de refrigerante como gente grande. Beleza, é sinal que está sobrando grana nos bolsos mais carentes.
Lembrei-me, então, do meu tempo de criança pobre: no almoço e no jantar, bebia água da moringa. Aos domingos – que maravilha! – minha mãe até servia uma laranjada bem aguada ou um refresco de grosélia que a gente chamava de "grosel".
Na década de sessenta – naquele tempo em que eu amava os Beatles e nem ligava para os Rolling Stones – quando meu primeiro filho era criança, a bebida era Q-suco: o refrigerante em pó da classe média. Bastava misturar com água e adoçar. Até nas festinhas de aniversário era servido.
Coca-Cola era coisa de rico.
Somente nos anos setenta, quando nasceu meu outro filho, foi que pudemos, enfim, beber refrigerante de garrafa. Foi quando eu finalmente pude me fartar de Grappete, o meu verdadeiro trauma de infância.
O Q-suco sumiu do mercado, o Grappete não é mais o mesmo. Meus filhos cresceram e podem até oferecer sucos de frutas a meus netos.
Felizmente, o pobre atualmente pode tomar refrigerante todo santo dia - adotar outros traumas de infância - e juntar 750-900 garrafas pet para participar da cooperativa de reciclagem.
E tem gente que ainda sente nostalgia pelo passado.
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5 comentários:
Meu amigo,
Sou um pouquinho mais recente que você e refrigerante em minha infância, se resumia a uns dois Domingos do mês, enquanto meu pai ainda morava conosco. Depois disto, neca de neca!
Mineirinho, só conseguia quando vinha para Muriqui ou para região dos Lagos. Guaraná era Antártica ou Princesa. Isto em férias polpudas.
Sou fã do Grappete que comprava na escola, quando conseguia dar calote no ônibus. E era delicioso com pão doce!!!!!
Só que a tecnologia fez a oferta crescer, barateou o refrigerante e temos preços para todos os tamanhos de "bolsos".
Então, com Q-suco ou o meu Ki suco, já que sou mais recente, fui muito, mas muito mais feliz que minhas crianças foram e outras ainda serão com seus refrigerantes em garrafas pet, latinhas, marcas diversas e sabores para todos os gostos.
Até hoje, não resisto em pegar um creme de leite e jogar o pozinho do Ki suco, misturar bem e comer aquela delícia. Se quiser ainda encontra o Ki suco, na padaria da orla.
Grappete, Q-suco, Bésame mucho...
Acho que temos algo em comum.
Até o Mineirinho que eu também bebi, depois de grande, em Muriqui.
No Rio não se vendia Mineirinho.
Vendia Guará, lembra:
"Guará, Guará, Guará, Guará...
Melhor refrescante não há."
Lacerda,
O Guará, guará.....não lembro, mas tem uma coisa de minha infância que era show...
Meu pai nos levava a praia, na Ilha do Governador (acredite!) e no caminho tinha um senhor que vendia "raspadinha de groselha", era tudo de bom!
O homem faturava com os seis filhos de meu pai que não se contentavam com uma "raspadinha" somente.
Agora, fico imaginando com que água era feita aquela raspadinha...
E já que entrei na onda.... tinha uma delícia que vai denunciar minha cronologia física....
Sou do tempo do leiteiro na porta de casa, e leite em garrafa de vidro. O melhor era o da CCPL e gostava de abrir o lacre de alumínio, para passar o dedo na nata que se acumulava no gargalo. Ainda fazia isto nas garrafas dos vizinhos que eram deixadas na porta bem cedo.
Coisas de menina suburbana com irmãos mais velhos, que ensinavam os menores a serem aprendizes de moleques.
Tomei muita raspadinha de groselha.
E quando saía do clube, às 4 da manhã, tomava muito leite daquelas garrafas que tinham um gargalo bem largo para facilitar a nossa molecagem.
A garrafa larga, era do leite Vigor...
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