Qualé Serra? Chega de hipocrisia.
O Correio do Brasil publica (leia aqui) a reportagem abaixo com o testemunho de pessoas responsáveis e com a devida credibilidade.
"Alunas da então professora de Psicologia do Desenvolvimento aplicada à Dança, no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Monica Serra, confirmaram nesta quinta-feira estar presentes à aula em que a mulher do presidenciável tucano, José Serra, relatou ter sido levada a interromper a gravidez, no quarto mês da concepção. A coreógrafa Sheila Canevacci Ribeiro revelou o fato após o debate realizado domingo, na Rede Bandeirantes de TV, em sua página na rede social Facebook.
Colega de Sheila Ribeiro, a professora de Dança de um instituto federal de Brasília, que preferiu não ter o seu nome citado “por medo do que essa gente pode fazer”, afirmou, lembra que no primeiro semestre de 1992, no segundo período que cursava na Unicamp, o depoimento de Monica Serra a impressionou. Ela estava sentada no chão em uma sala de dança, onde não há móveis e apenas um grande espelho e a barra de exercícios, ao lado das colegas Kátia Figueiredo, que mora atualmente na Suécia, Ana Carla Bianchi, Ana Carolina Melchert e Érika Sitrângulo Brandeburgo, entre outras estudantes, residentes aqui no país.
– Eu confirmo aqui o depoimento da Sheila Ribeiro. Foi aquilo mesmo. A professora Monica Serra nos relatou que havia feito um aborto em um período difícil da vida do casal, durante a ditadura militar. Foi um fato tocante, que marcou a todas nós. Lembro-me que o assunto surgiu quando ela falava sobre a dissociação do corpo e a imagem corporal, que até hoje dirige meu comportamento – disse.
Pressão
Sheila Ribeiro, após o protesto consignado em sua página, disse nesta quinta-feira que, apesar da pressão dos meios de comunicação e de eleitores de todo o país que passaram a visitá-la no Facebook, não se arrepende de ter relatado a sua indignação ao perceber a mudança de atitude da professora que, em 1992, revelava às alunas um episódio marcante na vida de qualquer mulher, como o aborto realizado diante o exílio iminente, ao lado do marido, e a possível primeira-dama que, em uma campanha política, acusa a adversária do casal de “matar criancinhas”.
– Pior do que isso foi o silêncio do Serra, que deveria ter saído em defesa da mulher, fosse qual fosse a situação em que se encontrava ali, diante das câmeras – emendou a ex-aluna de Monica Serra.
Coreógrafa e doutoranda em Comunicação e Semiótica, na PUC de São Paulo, Sheila Ribeiro mora em uma “praia linda” e, apesar de estar no centro de uma discussão que mobiliza o país, faz questão de seguir a sua rotina de estudos e de trabalho.
– Procuro me manter leve. Respiro – diz, emocionada.
Sheila tem recebido, ao lado de agressões de partidários dos dois candidatos, o apoio dos amigos e “mesmo de estranhos que entenderam a minha indignação”, afirma. Das colegas que estavam ao seu lado, na oportunidade em que a mulher do presidenciável tucano optou por revelar um momento difícil da vida, também recebe a solidariedade e o apoio.
– Estou aliviada por ter visto a Sheila questionar toda essa hipocrisia que permeia a sociedade brasileira. Ela foi muito corajosa e só merece nosso aplauso – conclui a colega que, hoje, mora em Brasília e se destaca pelo trabalho também na área da coreografia e da dança.
Sem resposta
Com as novas entrevistas realizadas pelo Correio do Brasil, nesta quinta-feira, a reportagem voltou a procurar o presidenciável tucano na tentativa de ouví-lo acerca dos depoimentos das ex-alunas da mulher dele, Monica Serra. O CdB o procurou, novamente, no Twitter, às 12h41:
“@joseserra_ Senhor candidato. Três outras ex-alunas confirmaram o relato sobre o aborto feito por sua esposa. O sr. poderia repercutir isso?”
Da mesma forma, foram encaminhados e-mails à assessoria de imprensa que, por intermédio de uma das assessoras, acusou o contato do CdB e ponderou que, se até o fechamento desta matéria, às 15h04, não houvesse qualquer resposta do candidato, como de fato não ocorreu, o fato deveria ser interpretado como sua recusa em tocar no assunto, em linha com a decisão tomada durante o debate."
5 comentários:
Estou tentando não entrar neste assunto.....
Concordo que é uma p... hipocrisia.
São situações como esta que levam a população a repudiar políticos.
Um aborto, não pode ser encarado como leviandade da mulher, e nem deveria ser motivo de debate político.
A questão não é ser favorável ao aborto ou não. Penso que a maior polêmica, são todos os participantes renegarem suas convicções em um determinado momento de suas vidas e negá-las veementemente como se nunca existissem.
Quem pensa que coerência é ter as mesmas convicções por toda uma vida, está totalmente enganado.
Ninguém é a mesma pessoa ao longo da jornada e isto sim, é ser coerente e aprendiz do viver.
Que titica esta história de discussões sobre aborto, quando um país é muito mais do que legalização de práticas que são consequências de falhas em outras áreas que atingem toda a sociedade.
Senhora Serra, Senhora Dilma, não se exponham ao ridículo de negarem a si mesmas e assim, não acrescentarem nada a mulheres que por motivos diversos, optam ao aborto.
Estamos chegando a um acordo sobre a coerência?
Coerência é estudar história do Brasil e limar de uma vez por todas qualquer possibilidade de votar em PSDB, DEM e assemelhados.
Lacerda,
Eu sempre pensei assim, eu não quero deixar de ser coerente sempre.
E isto nunca significou para mim, ficar sempre com minhas convicções anteriores.
Você é que de vez em quando, descreve a coerência como uma qualidade dos "desprovidos" de inteligência ou de hipócritas.
Fábio,
partidos são pessoas agrupadas, cujo objetivo é levar alguma vantagem. Assim, penso que se a coerência estivesse envolvida no partidarismo, não sobraria nenhum.
"Diz hoje com toda a convicção o que hoje pensar e amanhã diz, com a mesma convicção, o que amanhã pensar, mesmo que contradiga tudo o que disse antes."
"A coerência é uma virtude própria dos imbecis."
Não sou eu quem o diz. A primeira afirmação é do filósofo inglês Emerson. A segunda é de Carlos Lacerda.
E não é somente porque eles o disseram que eu acho correto. É porque concordo com as afirmações desde muito antes de conhecê-las.
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