Total de visualizações de página

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

BERTHA LUTZ e ARACY GUIMARÃES ROSA

BERTHA LUTZ
Bertha Maria Júlia Lutz nasceu em São Paulo no dia 2 de agosto de 1894, filha da enfermeira inglesa Amy Fowler e do cientista e pioneiro da medicina tropical Adolfo Lutz. É conhecida como a maior líder na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras. A ela, as mulheres brasileiras devem a aprovação da legislação que lhes outorgou o direito de votar e serem votadas.
Educada na Europa, tomou contato com a campanha sufragista inglesa. Voltando ao Brasil, em 1918, formada em Biologia pela Sorbonne, ingressou por concurso público como bióloga no Museu Nacional. Foi a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro.
Bertha, ao lado de outras pioneiras, empenhou-se na luta pelo voto feminino. Criou, em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher que foi o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.
Em 1922, representou as brasileiras na assembléia-geral da Liga das Mulheres Eleitoras, nos Estados Unidos, sendo eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana.
Somente dez anos depois do ingresso das brasileiras na Liga das Mulheres Eleitoras, em 1932, por decreto-lei do presidente Getúlio Vargas, foi estabelecido o direito de voto feminino. Antes disso, as mulheres eram consideradas cidadãs de segunda classe: não podiam votar nem serem votadas.
Candidatou-se, então, e, após fracassar em duas eleições - quando o machismo da época a massacrou com ofensas e acusações infundadas - foi eleita primeira suplente de deputado federal em 1934. Em 1936, assumiu o mandato devido à morte do titular, Cândido Pereira. Em 1937, com o golpe do Estado Novo, perdeu o mandato.
Sua atuação parlamentar foi marcada por propostas de mudança na legislação referente ao trabalho da mulher e do menor, visando, além de igualdade salarial, a isenção do serviço militar, a licença de 3 meses para a gestante e a redução da jornada de trabalho, então, de 13 horas.
Com a implantação da ditadura civil, em novembro de 1937, e o fechamento das casas legislativas, Bertha Lutz permaneceu ocupando importantes cargos públicos como a chefia do setor de botânica do Museu Nacional, cargo no qual se aposentou em 1964.
No ano de 1975, Ano Internacional da Mulher, estabelecido pela ONU, Bertha foi convidada pelo governo brasileiro a integrar a delegação do país no primeiro Congresso Internacional da Mulher, realizado na capital do México. Foi seu último ato público em defesa da condição feminina.
Bertha Lutz - uma mulher de fibra - faleceu no Rio de Janeiro em 16 de setembro de 1976.

ARACY GUIMARÃES ROSA
A companheira de João Guimarães Rosa no período mais criativo de sua vida – nascida no Paraná, em 20/04/1908 - foi responsável pela salvação de centenas de vidas de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Burlando as leis do Estado Novo, ela conseguiu vistos para refugiados judeus que assim puderam entrar no Brasil (aqui você lê o texto completo).
“A Aracy, minha mulher, Ara, pertence este livro”. Com esta dedicatória, começa um dos maiores fenômenos da literatura mundial, Grande Sertão: Veredas, a obra-prima de João Guimarães Rosa. No entanto, ao se comemorar, em 2006, os 50 anos da sua publicação, pouco se falou sobre esta mulher. Mas há motivos de sobra para manter viva a chama da memória de Aracy.
Bonita, culta e corajosa - filha de pai português e mãe alemã - Dona Aracy, como é chamada, salvou judeus na Alemanha nazista, enfrentou as leis anti-semitas do Estado Novo e ainda escondeu perseguidos políticos durante a ditadura militar brasileira.
Enfrentou, portanto, três regimes autoritários reconhecidos por sua violência. Em Hamburgo, no final da década de 30, como funcionária do consulado brasileiro, ajudou refugiados judeus a saírem da Alemanha, conseguindo vistos para centenas de pessoas, apesar da lei que proibia a entrada de imigrantes judeus no Brasil.
Por isso, ganhou homenagens nos Museu do Holocausto de Jerusalém e de Washington e é conhecida pela comunidade judaica de São Paulo como o “Anjo de Hamburgo”. Para o judaísmo, quem salva uma vida salva a humanidade.
Depois, na década de 60, escondeu em seu apartamento de Copacabana o cantor e compositor Geraldo Vandré – compositor de Pra não dizer que não falei de flores - que foi perseguido pela ditadura militar depois do AI-5.
Aracy é a única mulher homenageada no Museu do Holocausto de Jerusalém como um dos 18 diplomatas (ou funcionários diplomáticos) que ajudaram a salvar vidas de judeus. É também o único nome de uma funcionária consular, e não de embaixador ou cônsul, o que só aumenta a dimensão do risco que correu. Ela enfrentou o nazismo sem gozar das imunidades garantidas aos outros diplomatas homenageados, todos de escalões mais altos.
Aracy de Carvalho Guimarães Rosa casou-se jovem com Johan von Tess, também descendente de alemães, ainda nos anos 30. Mas o casamento durou apenas cinco anos e terminou em desquite amigável.
No Brasil fortemente machista da época, não era fácil para uma mulher separar-se do marido. Por isso, foi para a Alemanha com o único filho do primeiro casamento, Eduardo Tess, morar com uma tia. Falava bem alemão, inglês e francês. Conseguiu uma nomeação para o consulado brasileiro em Hamburgo. Entre outras atribuições, era encarregada da seção de vistos.
Por coincidência, foi no mesmo ano em que entrou em vigor a tristemente célebre Circular Secreta 1.127 que restringia a entrada de judeus no Brasil. Getúlio Vargas, agora investido de plenos poderes com o Estado Novo, fora convencido pela propaganda nazista de que os judeus eram perigosos. Eram comunistas – como Olga Benário Prestes que ele entregou à Gestapo – ou capitalistas que manipulavam o poder econômico mundial. Em todo caso, indesejáveis na formação da nação brasileira.
Contrariando as ordens do Itamaraty, Aracy criou esquemas para burlar a atenção do cônsul geral, salvando assim a vida de centenas de judeus.
Guimarães Rosa sabia o que Aracy fazia com grande risco. “Como cônsul adjunto, ele não era responsável pelos vistos, mas sabia o que minha mãe estava fazendo. E apoiava” - diz o filho Eduardo - “os vistos eram assinados pelo cônsul geral”.

Hoje, dona Aracy, aos 102 anos, ainda vive em São Paulo. No Rio, uma creche municipal no Catete, na rua Bento Lisboa, tem o seu nome.
A história de Aracy é digna de um filme. Como o Lista de Schindler. Mas, ela é mulher...
Porém, está chegando o dia em que mulheres heróicas e todas as outras mulheres terão o devido reconhecimento. O machismo está chegando ao fim, principalmente entre os homens.
Dilma 13 é um voto a favor de todas as mulheres. E contra o machismo.

P.S.: “Se você é uma menina bonita, tem que conseguir 15 votos. Pegue a lista de pretendentes e mande um e-mail. Fale que quem votar em mim tem mais chance com você”, pediu o presidenciável tucano, José Serra, diante de simpatizantes em Uberlândia (MG), nesta quinta-feira (28).
http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/10/28/serra-pede-que-mineiras-conquistem-votos-de-seus-pretendentes.jhtm
Sem comentários.

Nenhum comentário: