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sexta-feira, 3 de abril de 2015

GETÚLIO

O filme. Passou ontem na TV (Telecine). Gostei. Merece ser visto.
Fez-me lembrar de como eu fui manipulado quando tinha 16 para 17 anos.
Getúlio foi traído pelos filhos, pelos ministros, pelo seu anjo negro protetor. Somente lhe restou a filha Alzira.
A imprensa e os militares, na ânsia de conquistar o poder, acabaram com ele que de nada sabia sobre o atentado contra Carlos Lacerda, em que morreu o major Vaz, nem da lama que escorria nos porões do Catete.
Getúlio foi acusado dos crimes, mas de nada sabia. Fez-me lembrar do Lula e da Dilma acusados de crimes dos quais nada sabiam. Assim como um pai pode não saber o que fazem seus filhos.
Os acusadores queriam a renúncia de Getúlio. Conseguiram um pedido de licença até que o crime fosse completamente esclarecido.
Foi quando Alzira lhe disse que o Ministro da Guerra tinha declarado numa reunião com os outros ministros que a licença era para sempre.
Getúlio foi dormir já com a carta-testamento por ele mesmo manuscrita:
“Deixo à sanha dos meus inimigos, o legado da minha morte. Levo o pesar de não ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia. A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa.
Acrescente-se a fraqueza de amigos que não defenderam nas posições que ocupavam à felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras e mercês, à insensibilidade moral de sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país contra a minha pessoa.
Se a simples renúncia ao posto a que fui levado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria.
Mas tal renúncia daria apenas ensejo para, com mais fúria, perseguirem-me e humilharem-me.
Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas.
Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes.
Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos.
Que o sangue dum inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus.
Agradeço aos que de perto ou de longe me trouxeram o conforto de sua amizade.
A resposta do povo virá mais tarde...”
Na manhã do dia seguinte, 24 de agosto de 1954, Getúlio deu um tiro no coração, cumprindo sua palavra de que somente morto sairia do Palácio do Catete.
Foi sua vingança. Acabou com a festa dos traidores. Colocou o povo nas ruas. Uma multidão carregando o seu caixão. Os jornais oposicionistas (O Globo e a Tribuna da Imprensa) foram empastelados.
Getúlio venceu a sanha de seus inimigos com a sua morte. 
Faz-me lembrar a ressurreição de Jesus que estragou a festa pascal dos judeus seus inimigos.
Hoje, a Páscoa é uma festa cristã.

N.L.: publico a carta manuscrita e não a datilografada por seu ghost writer que fala em sair da vida para entrar na história. As duas cartas podem ser lidas aqui.

Um comentário:

Eduardo,o imbecil disse...

Fez-me lembrar do Lula e da Dilma acusados de crimes dos quais nada sabiam.
Sério?