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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

QUANDO UM NEGRO CHEGOU AO STF

Esta é pra quem lê, acredita na Veja e crê que o Joaquim Barbosa é um herói nacional. Segundo a Veja, ele bate em mulher.
Na edição 1802, de 14 de maio de 2003 – clique aqui para ler no original - quando Lula indicou  Joaquim Barbosa para ministro do STF, Veja publicou: “Desde o início, Lula queria nomear um paulista, um nordestino e um negro. O nordestino escolhido é Carlos Ayres Britto, de Sergipe. O paulista é o desembargador Antonio Cezar Peluso, cujo perfil levemente conservador despertou resistência no ministro da Casa Civil, José Dirceu, para quem o ministro ideal era Eros Grau, jurista de formação à esquerda.”
Veja afirma que Joaquim Barbosa foi um dos primeiros escolhidos, pois sua biografia contemplava à perfeição os aspectos que Lula queria prestigiar: negro, de origem humilde e com boa formação acadêmica. Diz, também, que ele foi o primeiro a reconhecer o simbolismo de sua própria ascensão: "Vejo como um ato de grande significação que sinaliza para a sociedade o fim de certas barreiras visíveis e invisíveis"- e completou -"posso vir a ser o primeiro ministro reconhecidamente negro".
Diz a Veja que “a indicação de Joaquim Benedito Barbosa Gomes, 48 anos, que parecia ser a menos complexa, acabou sendo a mais trabalhosa” – e explica o porquê - “o ministro Márcio Thomaz Bastos, a quem coube ouvir os candidatos e apresentar os nomes ao presidente, foi informado de um episódio constrangedor da biografia de Joaquim Barbosa”.
Segundo a Veja, “muitos anos atrás, quando ainda morava em Brasília, Joaquim Barbosa estava se separando de sua então mulher, Marileuza, e o casal disputava a guarda do único filho Felipe”.
“Na ocasião, Joaquim Barbosa descontrolou-se e agrediu fisicamente Marileuza, que chegou a registrar queixa na delegacia mais próxima”.
A Veja vai mais além e diz que enquanto o governo decidia o que fazer, os comentários pipocaram no próprio Supremo.
- "Vai vir para cá um espancador de mulher?", perguntou a ministra Ellen Gracie ao colega Carlos Velloso, no intervalo entre uma sessão e outra.
- "Foi uma separação traumática", conciliou Velloso.
- "Mas existe alguma separação que não é traumática?", interveio o ministro Gilmar Mendes.
- "A mulher era dele", disse o ministro Nelson Jobim com uma brincadeira machista, a pretexto de justificar a agressão.
Indagado sobre o episódio pelo ministro da Justiça, Joaquim Barbosa explicou que fora um desentendimento árduo, mas superado. Dias depois, Joaquim Barbosa encaminhou ao Gabinete Civil da Presidência da República uma carta, assinada pela ex-mulher, reafirmando que tudo fora superado.
- "Na verdade, houve uma agressão mútua. Isso aconteceu num dia de ânimos acirrados. Somos amigos até hoje", disse Marileuza à Veja.
As palavras da mulher confirmam que houve de fato a agressão. Não importa se mútua, é injustificável a agressão.
- "Foi uma briga de família provocada por ressentimentos naturais numa separação", explicou Joaquim Barbosa à revista sem negar a agressão.
A reportagem foi assinada por Policarpo Júnior que, certamente, contou com a ajuda do Cachoeira para colocar escutas no STF e registrar as opiniões dos juízes sobre a nomeação.

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