“Senhoura
por quem me aflijo,
Eu
vos peço permitais
Que
vos ponha o com que mijo
No
por onde vós mijais.”
Esses versos imortais foram escritos por Apparício Torelly, também conhecido como Apporelly, que se auto-intitulava o Barão de Itararé. Jornalista e publicitário, pioneiro do humorismo político brasileiro, inspirou gente como Luiz Fernando Veríssimo, Stanislaw Ponte Preta, Jô Soares, Chico Anísio e muitos outros.
Chico Anísio dizia que ele foi o melhor humorista de todos os tempos. Debochado, anárquico e sarcástico, enfrentou a ditadura de Getúlio Vargas, espezinhou os integralistas e os políticos corruptos de sua época e zombou da elite conservadora. Para Jorge Amado, ele foi o Dom Quixote brasileiro.
Foi preso várias vezes, apanhou da polícia secreta do estado novo, sem nunca perder o humor. Depois de ter a redação de seu jornal humorístico A Manha invadido e apanhar dos fascistas, colocou uma placa na porta: Entre sem bater.
Foi preso e torturado pela polícia política de Vargas. Depois de solto e sempre perseguido, viveu refugiado em Bangu a convite de Guilherme da Silveira, o pai, proprietário da Fábrica Bangu que foi ministro da fazenda no governo Dutra.
Morava em uma chácara junto ao local que se transformaria, na década de 60, em concentração do time do Bangu – a Víla Hípica – e que hoje é um condomínio de casas populares.
Um sobrinho de meu pai era o caseiro da chácara e muitas vezes fomos visitá-lo para pegar laranjas. Eu devia ter quatro para cinco anos quando conheci aquele senhor brincalhão que me dava balas e me contava histórias engraçadas. Ele adorava crianças e eu gostava muito dele. Ainda me lembro.
Somente depois de adulto vim a saber que aquele senhor de quase cinqüenta anos que me pegou no colo era o Barão de Itararé.
Com a queda de Getúlio, que foi seu colega de colégio em Porto Alegre, o Barão elegeu-se vereador, em 1947, com o lema: Mais água! Mais leite! Menos água no leite! Mas, foi cassado em 1948 quando o PCB caiu na ilegalidade.
No vídeo abaixo, Ancelmo Góis, em seu programa da TV Brasil – De lá pra cá – apresenta o Barão. Mas, não fala do tempo em que ele viveu em Bangu.
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