Para aqueles que somente viram suas
fotos depois que ela passou de sessenta, admirem a foto abaixo de 1981. Os dois
com João Gilberto.
Deveria ser lei: é obrigatório
que todo brasileiro, antes de chegar à maioridade, leia, pelo menos, uns dez
romances do Jorge Amado.
O mais
renomado e popular escritor brasileiro tem suas obras publicadas em 49
idiomas e em 55 países.
“Jorge Amado não escreveu livros, escreveu um país” – afirmou o escritor moçambicano Mia Couto
testemunhando a forte influência do banguense sobre os autores africanos.
Sim. Jorge Amado torcia pelo
Bangu. Foi mais ilustre dos banguenses.
A vida e a obra deste baiano
admirável foram marcadas por sua militância comunista. No início, seus livros foram
fortemente ideológicos.
“Capitães de Areia” foi um
livro queimado pela ditadura civil do Estado Novo, em 1937, em Salvador.
A fazenda de
cacau de Itabuna onde nasceu, os terreiros de candomblé, o sincretismo
religioso, a pobreza nas ruas de Salvador, a miscigenação, o racismo velado da
sociedade brasileira são alguns dos elementos que compõem o conjunto de sua
obra.
Por sua profunda identificação
com o povo brasileiro, Jorge Amado inseriu em suas histórias toda a pirâmide social
do país: a aristocracia arrogante, a elite política mais corrupta, a elite econômica
– principalmente os "coronéis" prepotentes – e o povo mais carente.
Seus heróis foram o negro, a
prostituta, o estivador, os bêbados e os boêmios, os meninos de rua, os aventureiros, os imigrantes árabes, os marinheiros, as mulheres
mais belas, voluptuosas e sensuais. A sexualidade esteve sempre presente nas páginas de sua
obra.
Eleito deputado federal em
1945 – seu slogan era “O Romancista do Povo” – foi cassado e exilado logo
depois quando o PCB foi colocado na ilegalidade.
Quando voltou ao país, em
1950, e os crimes de Stalin foram denunciados, rompeu com o partido e deu
início a uma nova fase em sua literatura, mais suave, sarcástica e
bem-humorada. Muito menos ideológica.
Seu objetivo, então, mais do que explorar novas linguagens literárias, era
conquistar leitores e alcançar o povo. Conquistou também a rejeição dos críticos
acadêmicos que sempre preferiram o assaz antiquado e pedante Machado de Assis. Aquele pseudo-francês
pernóstico que é um verdadeiro talismã contra a leitura.
“Jorge Amado foi quem mais escreveu,
mais foi traduzido, mais foi premiado. Se ele foi superlativo, a mostra também
tem que ser” - afirma Ana Helena Curti, a curadora da mostra
que comemora o centenário de Jorge Amado.
O baiano romântico nasceu em 10 de agosto de 1912 e publicou o primeiro livro aos 18 anos. Seu
título - "O País do Carnaval" –
já dizia pra que veio o autor.
Hoje, o blog também comemora o seu centenário.
Hoje, o blog também comemora o seu centenário.
4 comentários:
Merecidamente! Ele foi meu primeiro autor, depois que entrei na adolescência...antes dele, devorei a literatura de Monteiro Lobato.
Jorge Amado me carregou por viagens e me apresentou também Érico Veríssimo... com ele conheci a Bahia, a ditadura do Estado Novo e a identifiquei como a mãe da ditadura militar e seus requintes de tortura e perseguições. Foi com Jorge Amado que caminhei para as páginas de Zélia Gatai e foi por ele que me apaixonei por Dom Helder Câmara...
E não esqueço que foi minha mãe que me deu este presente tão caroem todos os aspectos... ela me deu em meu aniversário de treze anos a coleção inteira, comprada na porta de casa, pagando por meses as prestações tão altas.
Muito legal relembrar disto!
Você, então, cumpriu a minha lei imaginária e se tornou a mulher que é hoje.
Eu não citei no texto, mas você sabia que ele foi compositor, parceiro de Caimi em diversas canções praianas?
Um exemplo? "É doce morrer no mar,
nas águas verdes do mar."
Tb li/reli e tenho todos os livros do Jorge Amado, amo a todos e os meus preferidos são O Compadre de Ogum e o Sumiço da Santa, na minha compreensão nenhum escritor descreve uma cena com tanta minúcia como o Jorge além de nos alertar/ilustrar sobre as diferenças sociais, modelos políticos, preconceitos, folclore baiano , narrados nos seus romances com tanta graça e riqueza de detalhes
É isso aí, Severo.
Eu gosto mais de "Tieta do Agreste", embora não seja um romance original.
Sei que ele se baseou em "A Visita da Velha Senhora", de Friedrich Dürrenmatt, para escrever essa tremenda porrada na cara da hipocrisia.
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