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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A CASSAÇÃO QUE AINDA NÃO HOUVE

Houve festejos, foguetório, a notícia correu em toda Mangaratiba, anunciaram e garantiram que a candidatura da laranja ia se acabar.
Logo de manhã, juraram pra mim que a Andréia do Charlinho tinha sido cassada e que teria apenas três dias para indicar um substituto.
Quem seria? O Leleco? Quem mais? Foram várias as sugestões.
Houve gente até tirando as placas de suas casas e jurando ser Capixaba desde criancinha.
Como sempre, duvidei. Fiquei na minha até saber oficialmente o que de fato aconteceu.
Foi apenas o primeiro passo para a cassação do mandato da deputada e a declaração de sua inelegibilidade por oito anos.
Nada mais do que isto: o relator da Ação Cautelar nº 128.284, Ministro Gilson Dipp, em decisão monocrática de ontem, negou provimento ao recurso da deputada contra a cassação de seu mandato pelo TRE-RJ.
O Ministro Gilson Dipp ao final de sua relatoria decidiu: “Pelo exposto, nos termos do artigo 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, nego seguimento à ação cautelar, tornando sem efeito a liminar deferida nestes autos, prejudicados os pedidos de fls. 1.462-1.474 e 1.501-1.510”.
Foi a decisão do relator que agora vai a julgamento pelo colegiado do TSE. Igualzinho como o relator do “mensalão” – Joaquim Barbosa - apresentou sua decisão e agora está sendo avaliada pelos ministros do STF. A diferença é que lá existe a pressão da imprensa por uma decisão final.

No caso em questão, não existe pressão e o julgamento pelo colegiado do TSE pode demorar. Pode ficar pendente de decisão até depois da eleição.
O importante é saber que pelo Parágrafo Único do Art. 136 da Lei 9504/97 “A validade dos votos dados a candidato cujo registro esteja pendente de decisão, assim como o seu cômputo para o respectivo partido ou coligação, ficará condicionada ao deferimento do registro”.
A cassação ainda não ocorreu, mas é inevitável. E se acontecer após a eleição com a deputada sendo eleita - o que eu duvido - assumirá o segundo colocado no pleito.

sábado, 25 de agosto de 2012

SITUAÇÃO DOS CANDIDATOS EM MANGARATIBA

Andréia do Charlinho teve o registro de sua candidatura a prefeito indeferido pelo TRE mas interpôs recurso contra a decisão. Como informamos anteriormente, sua candidatura já tinha sido impugnada pelo juiz eleitoral de Mangaratiba.
Emília Colonese, Capixaba e Madeira obtiveram o deferimento do TRE para o registro definitivo de suas candidaturas a prefeito.
Dos 136 candidatos a vereador:
- cinco tiveram a candidatura indeferida Dra. Ana (PDT), David Morais (PCdoB), Cida da 3ª. Idade (PRB), Maria de Fátima (PRP) e Natinho do Serrado (DEM);
- quatro renunciaram à candidatura Nizinha, a guerreira (PSC), João Marcos (PRTB), Henrique (PV) e Senhor Manoel do Forró (PT);
- oito candidatos estão na mesma situação que a candidata a prefeito - indeferidos com recurso - André Banana (PSL), Edinho (PMDB), Fernandão Ferroviário (PMN), Scott de Jacareí (PTN), Brandão do Trânsito (PSB), Silvana (PMDB), Soninha (PPS) e Verônica (PPS);
- os outros 119 tiveram o registro deferido.
É o que informa hoje o DivulgaCand.
O deferimento indica que o candidato está regularmente registrado com dados e documentação completos já apreciados pelo juiz eleitoral. Apto a ser votado e que os votos recebidos serão válidos.
O candidato indeferido não reuniu as condições necessárias para o registro. Não está habilitado para receber o voto.
O indeferido com recurso é o candidato julgado não regular por não atender as condições necessárias para o deferimento do registro e que interpôs recurso contra essa decisão do TRE, aguardando julgamento por instância superior.
Ainda não tivemos nenhuma candidatura cassada.
Os candidatos deferidos e indeferidos com recurso constarão da urna eletrônica e estarão habilitados para serem votados.
Porém, o Parágrafo Único do Art. 136 da Lei 9504/97 determina que “A validade dos votos dados a candidato cujo registro esteja pendente de decisão, assim como o seu cômputo para o respectivo partido ou coligação, ficará condicionada ao deferimento do registro”.
É o caso da candidata a prefeito de Mangaratiba, idêntico ao da Rosinha Garotinho, em Campos, que teve o seu registro indeferido e interpôs recurso. Poderão continuar a campanha e serem votadas, porém...
É o caso, também, dos oito candidatos a vereador com registro indeferido e com recurso interposto.

N.L.: André Banana (PSL), Edinho (PMDB), Brandão do Trânsito (PSB) e Verônica (PPS) tiveram o recurso aceito e a candidatura deferida.
Os recursos de Fernandão Ferroviário (PMN), Scott de Jacareí (PTN),  Silvana (PMDB) e Soninha (PPS) ainda não foram julgados.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

PERIGUETES

Jovem, insinuante, sedutora,
Pouca roupa, possessa, sensual.
É promessa extravagante de uma transa
Voluntária e redentora.
Predadora necessária e decidida,
Bem resolvida ela venceu afinal.
Pecadora selvagem libidinosa
De bem consigo mesma, gloriosa
Fêmea alucinante, profissional.
Escrava sexual dominante,
Vítima todo-poderosa.
Personagem rodriguiana,
Heroína literária, transar é sua sina.
Libertina ordinária e caliente,
Semente a germinar no mundo
Pintou na realidade:
Objeto de desejo de quem manda na favela,
Tá na novela, até na CPMI,
Na capa da Veja e aqui em Muriqui... 
Na publicidade da cerveja,
É celebridade da vez, essência dos BBBs.
Líder de audiência na balada,
Leviana vadia que me acende e arrepia,
Desafio da madrugada.
Suburbana assim no cio, tô a fim...
Só quero uma pra mim.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

NELSON RODRIGUES, CEM ANOS

Mais um centenário de outro ídolo meu: Nelson Rodrigues que se auto-definiu como um anjo pornográfico. Um anjo que foi além do limite para transgredir os padrões estabelecidos pela elite cínica e farisaica.
Contraditório, desvendou o mais íntimo da vida de homens e mulheres, fulminando a hipocrisia humana.
O mais libertário e sarcástico gênio da literatura é nomeado hoje o santo padroeiro deste blog.
A minha homenagem se completa com algumas de suas frases geniais.
- Toda coerência é, no mínimo, suspeita.
- Se os fatos me desmentem, pior para os fatos.
- Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos...
- Sou um pobre nato e, repito, um pobre vocacional. Ainda hoje o luxo, a ostentação, a jóia, me confundem e me ofendem.
- Sou um suburbano. O único lugar onde ainda há o suicídio por amor, onde ainda se morre e se mata por amor, é na Zona Norte”.
- Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.
- Em nosso século, o "grande homem" pode ser, ao mesmo tempo, uma besta.
- O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota.
- O povo é um débil mental. Digo isso sem nenhuma crueldade. Foi sempre assim e assim será, eternamente.
- O brasileiro é mais forte que a fatalidade. Ele não se entrega, não capitula. Uma crioulinha favelada tem o ímpeto de uma Joana D’Arc.
- O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte.
- Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos.
- O homem de bem é um cadáver mal informado. Não sabe que morreu.
- Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista.
- Os defeitos existem dentro de nós, ativos e militantes, mas inconfessos.
- O dinheiro compra até o amor verdadeiro.
- Qualquer um de nós já amou errado, já odiou errado.
- Todo amor é eterno. Se não é eterno, não era amor.
- O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.
- Toda mulher bonita é a namorada lésbica de si mesma.
- Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de prata.
- Não existe família sem adúltera.
- Perdoa-me por me traíres.
- O marido não pode ser o último a saber. Ele não deve saber nunca.
- Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.
- Os homens mentiriam menos se as mulheres fizessem menos perguntas.
- A mulher ideal deve ser uma dama na mesa e uma puta na cama.
- O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.
- As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal acabado.
- Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.
- Os heróis morrem em combate. Não dão tempo ao destino de flagrá-los na cama ou na cadeira de balanço.
- Fiz grandes investigações nos prostíbulos e nunca encontrei uma prostituta triste, uma prostituta que não tivesse a maior, a mais absoluta, a mais plena satisfação profissional.
- Nunca vi suicídio de prostituta. Já vi suicídio de mulher honestíssima, mas de prostituta nunca.
- Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

ROTEIRO DAS CENAS DE LIMITE

Pra quem não teve saco suficiente para assistir ao filme nem imaginar o imaginário do diretor, aqui vai um roteiro das cenas de Limite.
Não há cronologia na exibição das cenas, não se sabe quando é antes, durante ou depois da cena da canoa à deriva com um homem e duas mulheres que me parece sempre um flash back.
“O que eu quis provar em Limite é que o tempo não existe. Acho que consegui” – disse Mário Peixoto sobre o filme.
Não existe no roteiro uma trama, um enredo, uma história para contar. São apenas passagens mostrando “o inútil de cada um”. É preciso ultrapassar o limite da compreensão para tentar entender o que se passa.
Vamos ao prolongado roteiro das cenas que, talvez, o leitor tenha saco para ler. Será a mais longa postagem que faço no blog, mas é a prova de que eu tive saco para assistir ao filme e para tentar imaginar o imaginário do patrono da cultura de Mangaratiba.
COMEÇA O FILME
- a primeira cena reproduz um cartaz que o diretor viu em Paris e que lhe inspirou a realização do filme. É o rosto de uma mulher envolta pelos braços algemados de um homem. Algemas absurdas como aquelas de prender os escravos pelas pernas;
- surge, então, uma canoa à deriva em alto mar com três náufragos melancólicos. Sugere a desolação, o desalento e a certeza da morte próxima;
N.L.: até os dez minutos do filme, nada acontece naquela canoa com um homem e duas mulheres. Uma parece morta. Talvez, seja aqui que o espectador desista de assistir ao filme.
- a partir dos onze minutos, um casal que parece brigar sai de casa. Não se veem os rostos. O homem segura a mulher pelos braços. Ela se solta e vai caminhando pelo casario antigo de Mangaratiba;
- ela anda, anda, anda, até surgir a copa das árvores. E surge a mulher parada num caminho de terra. Ainda não se vê o rosto dela que continua a caminhar;
- a caminhar, a caminhar, a caminhar. Toda de preto, vê-se apenas a paisagem que ela vê. A seguir as rodas de uma locomotiva. Será que ela pegou o trem?
- aos dezessete minutos, a mão de uma mulher gira a manivela de uma máquina de costura e finalmente o rosto da costureira. A seguir veem-se botões, fita métrica, tesoura, carretel de linha. Será a mesma mulher?
- finalmente, algo acontece: a linha sai da máquina e a costureira tem que colocá-la novamente. Ela volta a costurar, a costurar, a costurar. Agora ela chuleia, chuleia, chuleia. E passa a admirar e acariciar uma tesoura. Ela deve estar pensando em matar alguém. O homem com quem brigou?
- após longo tempo, muda a cena. Os pés de outra mulher. Ou será da mesma? A câmera sobe e a mostra lendo um jornal. O rosto somente de relance. O jornal fala de uma fugitiva da prisão com a cumplicidade de um carcereiro. Ela matou, foi presa e fugiu da prisão?
- novamente os pés e as pernas da mulher. Agora mostra a meia desfiada. Antes não estava. O diretor tem fixação em pés e sapatos;
- a sujeira na rua levada pelo vento quase entra numa casa. E voltamos à canoa no mar. Será um flash back? Ou não?
N.L.: já são 25 minutos de filme e nada, absolutamente nada aconteceu.
- a fita está um pouco deteriorada pelo tempo mas vê-se perfeitamente o homem no barco brincando com dois gravetos na mão. Há um pequeno trecho que foi perdido;
- logo após, a mulher que parecia morta ressuscita. Come alguma coisa, levanta-se, troca de lugar e põe a mão no homem. A outra está na proa da canoa como a Kate Blanchet em Titanic;
- muda a trilha sonora, surge um peixe agonizando. Um pescador na praia limpa sua canoa. Mais peixes em um cesto. E outra canoa balançando à beira do mar;
- uma outra mulher lavando roupas em casa. Patos e galinhas. Uma fonte verte água na rua. Telhados, diversos telhados, muitos telhados;
- a praia novamente. Acho que é a praia do Saco. Algumas pessoas compram algo na canoa. Uma mulher sai com um cesto com abóboras. No momento seguinte há outras coisas no cesto, inclusive peixe. Notem que, às vezes, o cesto está cheio e outras não;
- e ela caminha, caminha, caminha pelas ruas de Mangaratiba;
- ela chega em casa e encontra um homem de chapéu sentado no alto da escada. Parece bêbado. Ela olha para a aliança em sua mão esquerda e para. Fica ali parada no primeiro degrau da escada durante bastante tempo e volta para a rua;
- a caminhar, caminhar, caminhar, e, enfim, encontra alguém na rua. Um homem com quem fala um pouco e volta a caminhar, caminhar, caminhar. Acaricia uma criança e segue seu caminhar;
- repentinamente, surge um enorme rochedo e a mulher lá em cima. Ela admira a paisagem, o mar, a praia. A câmera gira e faz girar a paisagem. Faz sugerir um suicídio da mulher;
- muda a cena e surge o teclado de um piano. Alguém aciona as teclas e não se ouve o som. Um homem. Seus calçados rotos. Uma taça vazia. Alguém coloca uma bebida e toma;
- o mar novamente, o rochedo e a mulher olhando o mar. Ela não se suicidou? Uma árvore torta, o mar e a mulher no alto do rochedo;
- escurece. Surge o homem de chapéu na rua. Pega uma ferradura no chão. A peça deve simbolizar algo que não consigo imaginar. Será a minha incapacidade de compreensão? 
- ele caminha pela rua escura. Está também com um sobretudo. Entra no cinema. Tira o sobretudo, tira o chapéu. Coloca-os numa cadeira. O filme que está passando é “Carlito encrencou a zona”. O som do filme vem do piano que o homem toca. Sorrisos na platéia;
- e voltamos à canoa no mar. A mulher que parecia morta fala com o homem, mas não há legendas. Ela está muito triste. Assim como a outra. Assim como eu que, após cinquenta minutos de filme, ainda não vi nada de interessante. Apenas “o inútil de cada um”;
- a mulher da proa decide remar. Mas, ela não sabe remar. A canoa não sai do lugar e ela se cansa. Deita-se de bruços na proa com as mãos na água e assim fica por longo tempo. O homem continua brincando com os gravetos;
- agora, um casal bem vestido caminha na praia. É a praia do Saco. Somente se veem as pernas e os sapatos. Caminham, caminham, caminham por longo tempo como demonstram as pegadas;
- mãos dadas do homem e da mulher. E as nuvens, troncos de árvore, pedras, capinzal, o vento, plantas parasitas nos galhos das árvores. Novamente o casal. Árvore de galhos secos;
-  o casal está tirando a roupa (opa! melhorou...) algo vai acontecer. Que nada! Tiraram só os sapatos para molhar os pés no mar;
- o mato, um coqueiro, um poste de energia com vários fios e diversos pontos de fixação. O mar;
- roupas do casal na relva. Ele volta do mar com ela no colo. Outra árvore seca;
- a canoa continua à deriva no mar. Nunca saberemos o que o homem dos gravetos fala para as duas mulheres. Até que são bonitas. Chegam-se pra perto do homem;
N.L.: sessenta minutos de filme. Pô! Vai ter que acontecer alguma coisa.
- aconteceu: mudou a trilha sonora. Surgem as pegadas na praia, troncos de árvore, o mato dançando ao vento. Acho que é o “vieira”. Troncos de árvores, mais plantas parasitas;
- novas árvores secas. Àrvores refletidas no mar. O mato não mais balança ao vento. Aquele mesmo coqueiro que não dá coco e aquele mesmo poste agora em negativo;
- árvores secas, velhas construções deterioradas. Pegadas na praia sendo apagadas pelas ondas;
- os pés de uma mulher na porta de casa e de frente para um homem com os pés sobre um capacho de ferro. Ele lhe beija a mão. Ela entra e fecha a porta. Os pés do homem sobre o capacho. O homem sai e fica o capacho;
- muda o cenário: surge um homem de terno e chapéu. Vem caminhando e, desajeitado, passa por cima da câmera;
- segue caminhando, caminhando, caminhando. Só se veem os pés. Que fixação, heim! Agora o vemos por cima caminhando. Caminhando, caminhando, caminhando;
- dois coqueiros com as palmas levadas pelo vento. Só pode ser o “vieira”. E o cara caminhando, caminhando. O mato, o vento e os pés caminhando;
- surge o homem de frente e sem chapéu. Acende um cigarro e continua caminhando. O cigarro apaga. Tenta reacendê-lo e não consegue. O "vieira" não deixa. Joga o cigarro fora e continua seu caminho. Caminhando, caminhando, caminahndo. 
- agora está em frente a um portão de ferro. Nuvens negras no céu. É um cemitério;
- há um homem sentado em um túmulo. Segura uma aliança e parece meditar;
- o nosso caminhante abre o portão de ferro e entra no cemitério. Tem uma flor na mão e a coloca no mesmo túmulo;
- nosso caminhante de pé fica em frente ao homem sentado no túmulo. Um tem os cabelos esvoaçantes, o outro tem os cabelos com Gumex repartidos ao meio;
- é o próprio Mário Peixoto ainda novinho com 22 anos;
- ele olha a aliança e sorri para o outro que se vira e quer ir embora. Ainda sentado, segura-o pelo palitó;
- imagino que vai dar merda. Mas, não, Mário Peixoto apenas pede que acenda o seu charuto. O dos cabelos esvoaçantes acende um cigarro e se abaixa para acender o charuto. E joga o cigarro fora;
- ficam se encarando interminavelmente;
- o jovem Mário Peixoto diz: “Você vem da casa da mulher que não é sua” – e, apontando para o túmulo, continua – “supondo que ela seja minha como esta foi sua e lhe disser que ela é morfética?”  Foi a única e absolutamente inútil legenda do filme;
- voltamos à canoa. De novo os dois no cemitério. O do chapéu o põe na cabeça e volta a caminhar, agora, com passos firmes;
- para, põe as duas mãos na boca e parece gritar como o Tarzan;
- embrenha-se no mato. Parece um canavial. Tropeça e cai sentado. Continua pelo mato. Às vezes, para e grita como Tarzan. A cena se repete inúmeras vezes;
- agora, ele está parado e recostado visto de cima. Continua a caminhada e surge num atracadouro à beira mar. Recosta-se numa pilastra. Parece passar mal;
- surge por trás dele os pés de uma mulher. Sempre os pés. Ela toca em suas costas. Ele se vira e vê a mulher comendo um salgadinho;
- acho que é a mesma mulher com quem ele caminhou na praia de mãos dadas. Aquela que o Mário Peixoto disse ser morfética. Ele a afasta de si e vai embora;
- depois disso, o mato, o mato, o mato. Dessa vez, parece uma plantação de aipim. Ou será de maconha?
- agora ele está de costas para o mar e diante de uma cerca baixa de arame farpado. Parece chamar alguém que não responde e vai embora. Caminha mais um pouco e cai;
- a câmera mostra por longo tempo os locais por onde ele caminhou e o céu sem nuvens. A praia, a montanha ao fundo. E volta a ele. Mostra apenas a mão imóvel. Um túmulo, a montanha, o céu escuro. As cruzes do cemitério. A praia entre as rochas;
- pescadores, redes e um barco de pesca saindo pro mar. Muitas redes. Redes e mais redes. Um barraco feito de barro e bambu. Barcos ancorados na areia;
- o mar lambendo a praia. Pescadores costurando redes. O mar lambendo a praia. Lambendo, lambendo, lambendo;
N.L.: perdoem-me se estou sendo repetitivo. É o filme. E não estou me repetindo tanto quanto o próprio.
- barcos no mar. As cruzes do cemitério. Pessoas caminham na praia. Como sempre, só aparecem as pernas do joelho para baixo. Surge um personagem novo: um cachorro;
- e o homem volta a caminhar. Dá para reconhecê-lo pelos sapatos. Uma carroça puxada a burro. Outro cachorro. Diversas pessoas caminham pela praia. E voltam os pés do homem de chapéu. Vê-se que é ele mesmo quando aparece em plano americano;
- resolveu comprar passagem de trem. Não se sabe pra onde vai. O trem parte e voltamos à canoa. Será que ele entrou no trem?
- uma hora e quarenta minutos de filme e voltamos ao início;
- o mar se apresenta mais revolto, mas a canoa nem se mexe. Está imóvel como se estivesse em terra. Um galão vazio na canoa é mostrado várias vezes. Parece que acabou a água potável;
- avistam algo no mar. O homem resolve verificar e mergulha. Agora, a canoa balança;
- a mulher observa interminavelmente o mar e, logo após, vê que vaza água para dentro da canoa. Tentativa de suspense. É muita água entrando;
N.L.: lembro o suspense criado por Eisenstein, em “O Encouraçado Potenkim”, de 1925: o carrinho com o bebê descendo a escadaria de Odessa entre os tiros trocados por marinheiros revolucionários que enfrentam a repressão violenta da guarda do Czar russo. Filmada seis anos antes de Limite, esta cena de verdadeiro suspense já foi lembrada em outros filmes modernos. Inclusive foi copiada por Brian de Palma em “Os Intocáveis”;
- voltando ao roteiro, a mulher parece querer avisar a outra. Esta a empurra e aquela cai de costas. A primeira parece chorar. Ora surge o rosto de uma, ora de outra. Ora de uma, ora de outra. Ora de uma, ora de outra;
- o mar revolto, o homem sumiu. Ondas se debatem. E batem nos rochedos. E batem e batem e batem umas nas outras;
- após cinco minutos de mar revolto, as águas se acalmam. Surge uma das mulheres agarrada em um pedaço da canoa;
- e o filme termina com a cena inicial de uma mulher envolta pelos braços de um homem com as mãos algemadas;
- a outra mulher agarrada em parte da canoa ainda aparece. Será que ela sobreviveu?
- na derradeira cena, um bando de urubus que se fartava com uma carniça levanta voo.

F I M
Prometo. Juro que jamais voltarei a tocar no assunto.
Cheguei ao meu limite.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

LIMITE, DE MÁRIO PEIXOTO

A obra prima desconhecida inteirinha aqui no computador de quem se dispuser a acessar o blog.

Como muito poucos viram Limite, apresento acima o filme completo com uma hora, 56 minutos e 18 segundos. Há um pequeno defeito no início da exibição, mas basta adiantar um pouco. Falta apenas uma cena que nenhuma falta faz.
Todos, em Mangaratiba, já ouvimos falar de Mário Peixoto. Sabemos que ele realizou um filme considerado, por alguns diretores, como o melhor filme brasileiro de todos os tempos.
Não é bem assim. Na verdade, o seu “making of” é muito melhor e mais importante que o filme.
Mário Peixoto e seu fotógrafo Edgar Brazil, com sua inventividade e talento, criaram técnicas de fotografia e inventaram meios de filmagens que foram uma ousada inovação para a época. Revolucionaram a cinematografia mundial com malabarismos de câmera de uma forma artesanal sem os recursos técnicos que somente muito mais tarde foram introduzidos.
Foram invenções extraordinárias para a época, por exemplo, a grua para elevar a câmera e o carrinho para levá-la imóvel acompanhando o casal pela praia. Limite é o imaginário de Mario Peixoto transformado em filme pela criatividade de Edgard Brazil. É também uma nova linguagem cinematográfica, metafórica, que abusa do fade in e fade out.
Não é cinema para o espectador comum que precisa atingir o limite de sua capacidade de compreensão para tentar entendê-lo. É filme para os cinéfilos mais aplicados nos estudos cinematográficos. É cinema para os iniciados na sétima arte.
Como afirmou o cineasta Arnaldo Jabour: «Mário é um poeta que não se contenta com a metáfora, quer mais, mais, mais longe, quer filmar a essência, filmar o ar, e consegue: por isso o filme fica em estado de roteiro, que é quando a câmera não surgiu ainda com seus ruídos e limites e o roteiro é a metáfora da metáfora, o plano de trabalho, a antecena, a esperança da imagem, a luz sem forma. A forma limita. A forma é sonho grego. E Mário é pré-helênico, é louco, é feto, não tem nada a ver com estes praxiteles ou algo assim
Talvez Limite tenha sido o primeiro filme a mostrar as pernas de uma mulher até quase a calcinha. Mas não pense que é um filme erótico. Muito menos é um filme de amor e paixão. É um filme nostálgico com personagens angustiados e uma câmera atormentada que é a figura principal do roteiro.
A definição de Mário Peixoto para ele próprio e para o filme talvez ajude na sua compreensão: “A realidade para mim não tem importância, não me modifica, não adianta, o que hei de fazer? A imaginação sim, substitui tudo e convence. É só o que existe para mim... É questão de sentir ou não sentir... Eu sofro uma dor física, mas isso não impede que eu viva fora da realidade... O que eu quis provar em Limite é que o tempo não existe. Acho que consegui”.
Cultuado como obra se arte maravilhosa, é necessário ultrapassar o limite da compreensão para entendê-lo. Digamos que é a historia do inútil de cada um dos personagens.
Quando assistir ao filme, tente ver o seu espectro autista. Tente imaginar o que Mário Peixoto concebeu com o seu roteiro e linguagem quase incompreensíveis. Pense que aqueles angustiados personagens na canoa à deriva em alto mar estão à espera da morte inexorável e que tudo aquilo que ocorre em terra firme são lembranças de sua atormentada vida.
Saiba ainda que o homem do cemitério que está sentado no túmulo manuseando uma aliança e que mereceu a única legenda do filme é o próprio Mário Peixoto com 22 anos.
Ele diz para o outro homem que levou uma flor para o mesmo túmulo: “Você vem da casa da mulher que não é sua” – e continua, apontando para o túmulo – “supondo que ela seja minha como esta foi sua e lhe disser que ela é morfética?”

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

75 ANOS

De repente, 75. Tô meio murcho, com pouca telha, mas tô numa boa. De bem com a vida.
Daqui pra frente, vou vivendo a minha morte morrendo um pouco a cada dia e cada vez mais sobrevivendo.
Sei que fiquei velho pra sempre; porém, sou, agora, aquilo que sempre quis ser quando crescesse: va-ga-bun-do e sem dever nada a ninguém. Casa própria, carro novo, algum no banco e, todo mês, aquela merreca que a Dilma manda depositar na minha conta.

De lambuja, ainda tenho uma “véia” bonita, gostosa e muito cômica que dorme comigo há quase 50 anos e que me adora.
É a melhor "véia" da Costa Verde. Uma mulher “top de linha”. Ganha mais que eu pra ficar à toa e que, vista por trás, até parece uma adolescente. Ótima cozinheira, vive fazendo quitutes e gostosuras pra mim. Não assiste novela nem freqüenta o Facebook. Nunca soube o que é TPM.
“Deve ser coisa de mulher fresca”, diz ela que até criou um novo significado para a sigla: “Tudo Pelo Marido”.
Não vou a médico desde que tinha 40 anos quando pagaram pra que eu fizesse um “check up”. O relatório clínico – ou teria sido cínico? - apontou um único problema comigo: pé de atleta, vulgarmente conhecido como chulé.
Desde então, médico pra quê? Quer dizer, somente tive que enfrentar um oftalmologista para me operar a catarata. Porém, acho que não devemos considerar um oftalmologista como médico. Ele é mais ou menos assim como um dentista.
Ainda sou aquele garotinho pobre e sadio que se fartava de jamelão e bucho no feijão.
Não sou idoso, sou usado, muito bem usado, uma verdadeira relíquia humana. Não me chamem para grupos de terceira idade. Na verdade, mentalmente, ainda tenho uns 35 anos.
Como e bebo de tudo. Prefiro a picanha com bastante gordura e a cachaça. Tomo café o dia inteiro. Fumo, desde os 12 anos, um maço por dia. Isto significa que já fumei cerca de 550.000 cigarros.
Sou um mandrião convicto. Levo uma vida sedentária. Exercício somente intelectual. Acordo bem cedo pra ficar mais tempo sem fazer porra nenhuma. Não existe nada que me faça deixar de dormir. Sonho toda noite. Sonhos que se repetem ou que continuam na noite seguinte. Não conheço ninguém capaz de sonhar em capítulos como eu. Às vezes, sofro sonhando que estou no trabalho e tudo dá errado. Pior ainda é quando sonho que sou ajudante de pedreiro e acordo cansado, mas sempre feliz por estar vivo.
Sei que tenho muito mais passado que futuro, mas minha memória é excelente e, quando quero, revivo todas as emoções que vivi. As batalhas que venci, os amores que tive. Onde acaba a lembrança? Onde começa a ficção? Não sei. Felizmente, esqueci as derrotas e os fracassos. Arrependimento apenas pelo que deixei de fazer.
Não sou daqueles que gostam de dar bons conselhos, prefiro os maus exemplos. Como nunca me vacinar contra a gripe e afirmar que se houvesse vacina eficaz a gripe já teria sido erradicada como foram a varíola e a paralisia infantil.
Políticos ainda me procuram para oferecer emprego e muito trabalho. Sempre recuso, mas eles não desistem. Não entendem que eu preciso de toda a liberdade para fazer, falar e escrever o que penso. Se aceitasse, a minha liberdade seria apenas uma cela dourada e bem menor do que aquela em que vivo agora.
Ao completar 75 anos – entre os centenários de meus dois ídolos literários - estou em muito boa companhia: Roberto Carlos, Pelé, Gil, Caetano, Paulinho da Viola, Ney Lopes, Veríssimo, Brigitte Bardot, Paul McCartney, Monarco. Gente que passou de setenta e soube envelhecer. Assim como eu. E que tem Sílvio Santos, Fernando Pamplona e João Gilberto, que já ultrapassaram oitenta, como padroeiros.
Estou aposentado há mais de 25 anos e já consegui recuperar em dobro tudo que me foi descontado para o INSS e pelo imposto de renda.
Sei que sou um elemento nocivo para as finanças públicas e vou me preservar assim até, pelo menos, a Copa de 2014. Será minha décima sétima copa e, talvez, a última.
Depois disso, só quero votar para a reeleição da Dilma. Ou pela volta do Lula. Vou conseguir.
Eu tudo posso na idade que me fortalece.
O Todo-Poderoso Se amarra em mim.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

OLIMPÍADA CHINESA

Subir ao pódio de uma olimpíada e receber uma medalha de ouro, de prata ou de bronze, é uma conquista para super-humanos. Uma glória para quem superou uma caminhada de quatro anos ou mais enfrentando imensos sacrifícios e privando-se dos muitos prazeres da vida. Excluam-se deste comentário os nossos craques do futebol privados apenas de testosterona.
Em Londres, foram mais de dez mil atletas que viveram o sonho de honrar seus pais e seu país com a conquista. Entre eles, apenas alguns poucos que se acostumaram a superar a todos e a si próprios cobrindo o peito de medalhas a cada olimpíada.
Não foram poucos, porém, aqueles muito mais sacrificados que todos. Diria que estes foram torturados durante muitos anos para corresponder ao anseio alienado de um povo sedento por demonstrar superioridade.
Muitos chineses, ainda na infância, são capturados e internados em fábricas de medalhistas onde são treinados para disputar as olimpíadas.
Vale tudo nessa faina árdua e diuturna, inclusive a privação da liberdade e do contato com a família.
Encarceradas em centros de treinamento, crianças sofrem uma tortura absurda como demonstrado nas fotos do  “Global Times”, site ligado ao partido comunista que publica notícias da China.
O regime opressor chinês quer atingir a hegemonia mundial não somente através da economia. Quer também hegemonia esportiva. Para isto, não se importa em escravizar seus trabalhadores e atletas que são considerados propriedade do Estado.
O pai de Li Xueying, vencedora do ouro na categoria até 58 quilos no levantamento de peso, declarou após a vitória da filha: "Aceitamos que ela não nos pertence. Nem ouso pensar em coisas como desfrutar a felicidade em família. Só quero vê-la agora. Nós não nos vemos há dois anos".
E tem mais: para os chineses somente o outro é que vale. Os atletas pedem desculpas quando conquistam a medalha de prata ou de bronze.

domingo, 12 de agosto de 2012

A DEUSA DOS ORIXÁS

Agosto é o mês de nascimento de três ídolos meus: Jorge Amado, Nelson Rodrigues e Clara Nunes que completaria hoje 70 anos.
Quando criança, ficava muito triste se falavam que agosto, o mês em que nasci, era o mês do desgosto. 
Hoje, tão bem acompanhado, creio que agosto é o mês do bom gosto.
Salve Iansã, Salve Xangô, Salve Ogum...
Salve Clara Guerreira e todos os orixás.
Saravá!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

SALVE! JORGE...

Amado Jorge com quem aprendi a ler e a escrever. Com quem tive a honra de estar pessoalmente e ainda conhecer sua linda esposa, a também escritora, Zélia Gatai.
Para aqueles que somente viram suas fotos depois que ela passou de sessenta, admirem a foto abaixo de 1981. Os dois com João Gilberto.
Deveria ser lei: é obrigatório que todo brasileiro, antes de chegar à maioridade, leia, pelo menos, uns dez romances do Jorge Amado.
O mais renomado e popular escritor brasileiro tem suas obras publicadas em 49 idiomas e em 55 países.
“Jorge Amado não escreveu livros, escreveu um país” – afirmou o escritor moçambicano Mia Couto testemunhando a forte influência do banguense sobre os autores africanos.
Sim. Jorge Amado torcia pelo Bangu. Foi mais ilustre dos banguenses.
A vida e a obra deste baiano admirável foram marcadas por sua militância comunista. No início, seus livros foram fortemente ideológicos.
“Capitães de Areia” foi um livro queimado pela ditadura civil do Estado Novo, em 1937, em Salvador.
A fazenda de cacau de Itabuna onde nasceu, os terreiros de candomblé, o sincretismo religioso, a pobreza nas ruas de Salvador, a miscigenação, o racismo velado da sociedade brasileira são alguns dos elementos que compõem o conjunto de sua obra.
Por sua profunda identificação com o povo brasileiro, Jorge Amado inseriu em suas histórias toda a pirâmide social do país: a aristocracia arrogante, a elite política mais corrupta, a elite econômica – principalmente os "coronéis" prepotentes – e o povo mais carente.
Seus heróis foram o negro, a prostituta, o estivador, os bêbados e os boêmios, os meninos de rua, os aventureiros, os imigrantes árabes, os marinheiros, as mulheres mais belas, voluptuosas e sensuais. A sexualidade esteve sempre presente nas páginas de sua obra.
Eleito deputado federal em 1945 – seu slogan era “O Romancista do Povo” – foi cassado e exilado logo depois quando o PCB foi colocado na ilegalidade.
Quando voltou ao país, em 1950, e os crimes de Stalin foram denunciados, rompeu com o partido e deu início a uma nova fase em sua literatura, mais suave, sarcástica e bem-humorada. Muito menos ideológica.
Seu objetivo, então, mais do que explorar novas linguagens literárias, era conquistar leitores e alcançar o povo. Conquistou também a rejeição dos críticos acadêmicos que sempre preferiram o assaz antiquado e pedante Machado de Assis. Aquele pseudo-francês pernóstico que é um verdadeiro talismã contra a leitura.
“Jorge Amado foi quem mais escreveu, mais foi traduzido, mais foi premiado. Se ele foi superlativo, a mostra também tem que ser” - afirma Ana Helena Curti, a curadora da mostra que comemora o centenário de Jorge Amado.
O baiano romântico nasceu em 10 de agosto de 1912 e publicou o primeiro livro aos 18 anos. Seu título - "O País do Carnaval" – já dizia pra que veio o autor.
Hoje, o blog também comemora o seu centenário.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O ALCORÃO, AS MULHERES E OS CAVALOS

Para ser um aiatolá, além de conhecimento e discernimento, ele deve ser descendente direto de Maomé que, analfabeto como dizem, ditou o Alcorão para seus escribas. Aiatolá significa "sinais de Alá" ou "sinais de Deus"; isto é, o aiatolá é o expoente do conhecimento dentro do Islã Xiita.
Imam Khomeini, um homem com educação refinada, enfatizou a performance das tarefas religiosas e a observância das doutrinas islâmicas, tornando-se uma autoridade em teologia e leis canônicas.
Fundamentado no Alcorão, o aiatolá Khomeini – que foi o mais alto dignitário na hierarquia religiosa islâmica - afirmou que, de duas maneiras, a mulher pode pertencer legalmente a um homem: pelo casamento contínuo e pelo casamento temporário. No primeiro caso, não é preciso determinar a duração do casamento. No segundo caso, deve-se indicar se a duração será de uma hora, um dia, um mês, um ano ou mais.
A mulher que contratou um casamento contínuo não está autorizada a sair de casa sem a permissão do marido. Deve estar a disposição do marido para todos os seus desejos e não pode se recusar a ele sem um razão religiosamente válida.
Se a mulher for inteiramente submissa, o marido terá que lhe garantir o alimento, a roupa e o alojamento.
É proibido a um homem desposar a mãe, a avó materna ou paterna ou as bisavós da esposa mesmo que o casamento não tenha sido consumado.
O homem que cometer adultério com a sua tia não deve casar com as filhas dela. O marido que mantiver relações sexuais durante o período menstrual da esposa pagará uma multa de até três gramas de ouro aos pobres.
Sodomizar a mulher mentruada não torna necessário o pagamento da multa.
Se o homem sodomizar o filho, o irmão ou o pai de sua esposa após o casamento, este permanecerá válido.
O marido deverá ter relações sexuais com a esposa, pelo menos, uma vez em cada quatro meses.
O homem que ejaculou após ter tido relações com uma mulher que não é sua e que, logo depois, ejacula com a sua esposa legítima, não tem o direito de fazer as suas orações se estiver suado; porém, se for o contrário, ele poderá fazer suas orações mesmo se estiver suado.
Se uma criança morrer dentro da barriga da mãe e for perigoso deixá-la lá, deve-se extraí-la da maneira mais fácil: pode-se cortá-la aos pedaços se for preciso. Isto deve ser feito pelo marido ou por uma parteira.
Se, por motivos médicos, um homem ou uma mulher forem obrigados a olhar as partes genitais de outrem, deverão fazê-lo indiretamente, através de um espelho, alvo em caso de força maior.
É aconselhável ter pressa em casar uma filha púbere (N.L.: Maomé ficou noivo de uma menina de seis anos de idade). Um dos motivos de regozijo dos pais está em que sua filha não tenha a primeira menstruação na casa paterna, mas sim na casa do marido.
Qualquer comércio de objetos de prazer, como os instrumentos musicais, por menores que sejam, é estritamente proibido.
É proibido olhar para uma mulher que não a sua, para um animal ou uma estátua de maneira sensual ou lúbrica.
O testemunho de uma mulher vale apenas metade do testemunho de um homem. A Sura 2:282 do Alcorão diz: “E tomai duas testemunhas dentre vossos homens. E, se não houver dois homens, então tomai um homem e duas mulheres dentre quem vós aceitais como testemunhas, pois, se uma delas se descaminha da lembrança de algo, a outra a fará lembrar”.
O Profeta disse: ”Não é que o testemunho de uma mulher equivale à metade do testemunho de um homem?” As mulheres disseram, “Sim,” e, então, ele disse, “Isso é por causa da deficiência da mente feminina.
E para encerrar esta, SMJ, já prolongada postagem, um último ensinamento do Aiatolá:
“Não é recomendável o consumo de carne de cavalo, de mula e de burro. Fica estritamente proibido consumi-la se o animal tiver sido sodomizado, quando vivo, por um homem”.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

A GROSSERIA DO SUPERINTENDENTE

“Acho que o sr como professor fala muitas asneiras!!...”

Com tal ausência absoluta de urbanidade, o Sr. João Luiz – Superintendente de Trânsito de Mangaratiba – iniciou seu comentário no blog do Professor Lauro – NOTÍCIAS DE ITACURUÇÁ – sobre a sua negativa de colocação de redutores de velocidade solicitada pelo Professor quando era presidente da Associação de Moradores da Brasilinha.
O Professor Lauro respondeu com toda a dignidade e, SMJ, isto é, salvo melhor juízo, aniquilou a argumentação do superintendente, tal como o advogado de defesa do José Dirceu destruiu as acusações do Roberto Gurgel.
A grosseria com o Professor me faz acreditar que o superintendente não tem mesmo qualquer preparo para lidar com o cidadão que, com seus impostos, paga o salário dele, como eu apenas supus quando relatei o que disse a Karolina Rocha.
Em comentário de ontem neste meu humilde e sarcástico blog, o superindentente não foi tão grosseiro e até tentou escrever corretamente; entretanto, iniciou afirmando que “Minha (N.L.: a dele) capacidade vai muito além da sua, ainda que o senhor tentasse achar o grau do meu QI no Alcorão sua capacidade ainda seria de se lamentar”.
Devo dizer que se formos julgar pela sua escrita no blog do Professor Lauro que é, no momento, o único termo de comparação existente entre nós, a sua capacidade e o seu QI são deploráveis.
Quanto à citação do Alcorão, confesso que não entendi, mas vamos ao que interessa e tornar visível o seu comentário como faço sempre com todos aqueles que recebo.
João Luiz disse...
SR Lacerda, é com grande satisfação que venho respondê-lo.
Minha capacidade vai muito além da sua, ainda que o senhor tentasse achar o grau do meu QI no Alcorão sua capacidade ainda seria de se lamentar.
Vamos ao que interessa, sou morador de Mangaratiba há 53 anos onde na década de 90 houve uma invasão desenfreada de ônibus de turistas e farofeiros cuja reputação não foi bem vista.
Devo lembrar que em 1993 foi aprovada na câmara dos vereadores e sancionada pelo então prefeito, José Miguel Olímpio Simões, lei que proíbe ingresso de ônibus e alterada pela lei 571/2007 com ênfase no seu artigo 6º (deverá ler) que rege e ampara os cidadãos mangaratibenses e rede hoteleira e pousadas onde as permissões para o ingresso estão contidas nos cumprimentos da lei.
Ademais quero lembrar que enquanto for superintendente de trânsito jamais vou deixar de cumprir o que regem as normas, sejam elas municipais, estaduais ou federais.
A título de observação, a maioria dos grupos que tentam adentar aos nossos distritos são apenas para explorar o que temos de melhor, praias, montanhas, cachoeiras etc, sendo seus impostos recolhidos integralmente nos municípios vizinhos e nós ficamos com nossas ruas, praças e calçadas quebradas pelos seus mega ônibus de turistas vindo de outros hotéis sem falar na grande quantidade de lixo que deixam nas embarcações que são descarregadas posteriormente em nosso cais. Quanto a meu descontentamento com meu salário, realmente eu ganho pouco, porém, quanto a meus bens, tenho muito mais que podem imaginar para meu sustento e de minha família sem tocar nos bois e cavalos que tanto comentam.
Talvez o senhor devesse usar suas críticas para ajudar nosso município (que tanto parece gostar) ou o senhor é mais um dos que só querem criticar por não ter nada mais a oferecer?
Não creio que o senhor seja uma dessas pessoas, que só estão ocupando espaço e fazendo peso na terra.
Quanto as criticas direcionadas a mim pela citada senhora, não leve em conta haja vista que essas pessoas que representam grupos turistas, vem em busca do lucro fácil, como já disse antes, o ônus fica para o mangaratibense e o bônus para Angra dos Reis!
E não será diferente receber desses, dessa ou daqueles, críticas similares. Cumpro religiosamente as leis que amparam o nosso município e seus munícipes.
Quanto ao que foi relatado por ela, há muita fantasia em seu relato mas não vou me estender nem me me justificar, pois não acho necessário. SMJ para aqueles que compreendem.
6 de agosto de 2012 15:31”

Sem mais comentários.

domingo, 5 de agosto de 2012

ENTRETANTOS E FINALMENTES

Hoje, dia 5 de agosto, pelo calendário do TSE para as eleições/2012, pensei que fosse um dia de finalmentes.
Isto é, como diz o calendário, seria a “data em que todos os pedidos originários de registro, inclusive os impugnados, deverão estar julgados e publicadas as respectivas decisões perante o juízo eleitoral”.
Entretanto, o DivulgaCand2012  continua mostrando apenas que os candidatos estão cadastrados e aguardando julgamento. As candidaturas não foram julgadas nem publicadas as respectivas decisões, e não creio que os mandriões do TRE o farão até à meia-noite.
Quando isso ocorrer será ainda um dia de entretantos. Há uma outra data no calendário que poderá ser, enfim, o dia do finalmente.
É 23 de agosto: “Último dia para os tribunais regionais eleitorais tornarem disponíveis ao Tribunal Superior Eleitoral as informações sobre os candidatos às eleições majoritárias e proporcionais registrados, das quais constarão, obrigatoriamente, a referência ao sexo e ao cargo a que concorrem, para fins de centralização e divulgação de dados (Lei nº 9.504/1997, art. 16)”.
É também a “data em que todos os recursos sobre pedido de registro de candidatos deverão estar julgados pela Justiça Eleitoral e publicadas as respectivas decisões (Lei nº 9.504/1997, art. 16, § 1º)”.
Até lá, vamos ter que aguardar para saber quem é e quem não é, de fato, candidato.
Ou candidata.

sábado, 4 de agosto de 2012

ANDRÉIA DO CHARLINHO É IMPUGNADA

O título da postagem também poderia ser O DIA EM QUE A CAMPANHA PAROU.
Ontem, às 18 horas, a terra parou: carros de som desapareceram e ainda agora somente se ouve o carro do gás tocando Cidade Maravilhosa; caminhadas ficaram imobilizadas; corpo-a-corpo nem pensar; placas voltaram para os barracões e até candidatos fizeram reuniões com cabos e soldados eleitorais de adversários.
A notícia correu velozmente e, para isso, o Facebook finalmente apresentou alguma utilidade.
O pedido de registro da candidatura de Andréia do Charlinho foi impugnado pelo Juiz Eleitoral da 54ª. Zona Eleitoral – Mangaratiba, Sr. Dr. Milton Delgado Soares. O texto completo da sentença  pode ser lido AQUI.
Em sua argumentação, o douto magistrado se referiu até à entidade do prefeito itinerante do qual falamos ontem. Afirmou o Juiz: “Frize-se ainda que se não bastasse a existência de causa suficiente para o indeferimento do registro da candidatura da requerente, o Supremo Tribunal Federal acabou de decidir (RE637485), como bem relatado pelo parquet em seu parecer final, atento ao princípio democrático que exige a alternância de Poder no Estado Democrático de Direito, que deve ser rechaçada pela Justiça Eleitoral a figura que ficou conhecida como “Prefeitos Itinerantes”, já que a Constituição permite apenas uma reeleição, vedando um terceiro mandato de prefeito.
Por outro lado, é certo que a vedação se aplica aos cônjuges do cargo eletivo que já foi reeleito para o cargo de prefeito, seja no mesmo município ou em municípios limítrofes”.
Pois é, cansei de avisar aos bananas que, por falta de discernimento e inteligência política, se deixaram ser comandados por uma laranja estragada.
Agora, a decisão final caberá ao Colegiado do TRE que já a condenou antes por sete a zero e até cassou o seu mandato de deputado.
Será quando "deixaremos os entretantos e vamos direto aos finalmentes".

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

FIM DO PREFEITO ITINERANTE?

STF veta prefeito itinerante e impede mandatos consecutivos em municípios distintos.
Em sessão plenária de quarta-feira, dia 1, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que torna inelegível ao cargo de prefeito o cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos da mesma natureza em município diferente.
Os ministros reconheceram que essa questão constitucional tem repercussão geral, isto é, passa a valer para todos.
Entretanto, o STF também decidiu que "apesar de entender que é correto declarar inelegível o cidadão que exerceu dois mandatos consecutivos em município diverso, não se pode retroagir para incidir sobre diploma regularmente concedido.”
Isto é, o Supremo bateu o martelo e determinou: quem comeu comeu; quem não comeu não come mais.
Será o fim do prefeito itinerante? Acho que não. O político profissional sempre arranjará um jeitinho de continuar no poder, mesmo após quatro mandatos de prefeito em dois municípios diferentes.
Basta eleger um laranja em seu lugar. Ou, então, uma laranja.