Quando escrevi aqui sobre isso, ninguém ligou (ver ICONOCLASTIA e, também, LITERATURA PRESTA DESSERVIÇO À LEITURA, em setembro/08). Nenhum comentário recebi. Nem contra, nem a favor.
Mas, agora, foi Zuenir Ventura quem falou e, logo, O Globo abriu espaço para discutir o assunto: se os livros indicados pelas escolas como leitura obrigatória são culpados pelo desinteresse dos alunos pela leitura.
E quando um grande jornal abre espaço para discutir um tema - fingindo imparcialidade - é porque concorda com ele.
Zuenir levantou o debate com a pergunta: “a leitura obrigatória de clássicos, como "Iracema" ou "Senhora", é capaz de incentivar um aluno a ler ou vai afastá-lo da literatura?”
No mês passado, sua coluna em O Globo levou o seguinte título: "Como (não) formar leitores", na qual o escritor e jornalista Zuenir Ventura criticou uma lista de livros cobrados no ensino médio por uma escola que incluía obras "de discutível qualidade estética ou literariamente datadas" como "Senhora" e "Iracema". Questionou se não seria mais interessante adotar autores mais palatáveis como Fernando Sabino e Rubem Braga.
Diante dos comentários que recebeu de professores, Zuenir esclareceu que não é contra os clássicos. “Lê-los e relê-los é fundamental. Mas tentar impor a um leitor iniciante Lima Barreto e, até mesmo Machado de Assis, é querer afastá-lo do prazer da leitura. Primeiro é preciso dar textos mais agradáveis para, depois, aumentar o nível de complexidade” - disse Zuenir Ventura.
Foi o que afirmei neste blog quando disse que “o texto e o estilo de Machado de Assis estão completamente ultrapassados. E ninguém tem a coragem de dizer. Atualmente, após cem anos de sua morte, colégios e professores ainda indicam Machado de Assis como leitura obrigatória. Talvez, por isso, os estudantes, em sua maioria, não adquirem o salutar hábito da leitura.”
O Globo entrevistou alunos e relacionou os livros cobrados como leitura obrigatória em alguns colégios do Rio de Janeiro. Vejo que o São Bento continua cobrando a leitura de Machado de Assis, mas em compensação exige a leitura de Jorge Amado, Graciliano Ramos e Clarice Lispector.
Para mim, a melhor lista de livros obrigatórios é a do Pedro II que inclui autores como Mário de Andrade, Clarice Lispector, Ariano Suassuna, Dias Gomes, Guarnieri, Chico Buarque/Ruy Guerra/Paulo Pontes, Rubem Fonseca e até Kafka.
Isso é que é leitura obrigatória, embora também incluam Machado de Assis e José de Alencar.
Entre as opiniões dos alunos, destaco a de Luiz Fernando Magalhães, de 16 anos, fã de Dan Brown (autor de O Código Da Vinci, Anjos e Demônios, O Símbolo Perdido): “Vamos ter que ler "Dom Casmurro". Vai ser tenso. Machado de Assis não deveria ser cobrado. Tinham que ver nosso interesse e explorá-lo. Prefiro ficção.”
Não sei o que é exigido nas escolas de Mangaratiba, mas, com certeza, “Dom Casmurro” está entre os livros de leitura obrigatória.
E os alunos daqui continuarão a dizer: “não tenho saco pra ler.”
quarta-feira, 31 de março de 2010
segunda-feira, 29 de março de 2010
TRIBUNAL DO JÚRI
No Brasil, compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes dolosos contra a vida consumados ou tentados: o homicídio doloso, simples, privilegiado ou qualificado; o induzimento, instigação ou auxílio a suicídio; o infanticídio; o aborto provocado pela gestante ou por outro com o seu consentimento. O latrocínio e o seqüestro com morte são da competência exclusiva do juiz e não do Tribunal do Júri.
O Conselho de Sentença será constituído, em cada sessão de julgamento, de apenas sete jurados com mais de 21 e menos de 60 anos, com notória idoneidade e cidadania brasileira.
Após todos os procedimentos prévios com a apresentação das evidências e inquiridas as testemunhas e os réus, acusação e defesa terão a palavra para os seus libelos com réplica e tréplica se assim desejarem.
Depois de tudo, o juiz lerá os quesitos que serão postos em votação na sala secreta e declara encerrados os debates. O juiz convida os jurados, escrivão, oficiais de Justiça, promotoria e defesa a se dirigirem com ele à sala secreta. Como se vê, a sala não é tão secreta assim.
Lá, distribui-se a cada jurado uma cédula "sim" e uma cédula "não"; o juiz lê o quesito a ser votado; o oficial de justiça recolhe o voto de cada um em uma urna; faz-se a conferência se há sete votos na urna e conta-se e anuncia-se o resultado. E repete-se a operação para cada quesito elaborado pelo juiz.
Os jurados não podem ficar juntos e isolados nem discutir o processo nem tirar dúvidas entre si. Aliás, eles nunca poderão nem conversar um com o outro. E terão que dar uma resposta maniqueísta aos quesitos. Quer saber mais? Clique aqui ou aqui ou aqui .
Parece algo medieval diante do processo americano. Lá, são 12 jurados que, após todo o processo, ficarão isolados - em sala secreta mesmo - pelo tempo que for necessário, discutindo entre si, para chegar a um veredicto final por unanimidade. Se apenas um votar pela absolvição, isto é, se não for convencido pelos outros onze que votam pela condenação, o réu será absolvido. Ou vice-versa.
E se o júri não conseguir chegar a um veredicto, o julgamento será anulado. E outro julgamento será realizado.
Será também realizado um novo julgamento se o juiz considerar que o veredicto foi absolutamente contrário às provas dos autos. Isto evitará que um jurado – apenas um – seja subornado e, dessa forma, responsável pela absolvição do réu.
É um processo de julgamento muito mais racional para aplicar penas muito rigorosas que vão até a prisão perpétua.
Aqui, onde a pena máxima é de trinta anos e o condenado estará livre após, no máximo, doze anos de reclusão, contentamo-nos em responder sim ou não a perguntas capciosas como “O crime foi cometido de forma cruel?
O Conselho de Sentença será constituído, em cada sessão de julgamento, de apenas sete jurados com mais de 21 e menos de 60 anos, com notória idoneidade e cidadania brasileira.
Após todos os procedimentos prévios com a apresentação das evidências e inquiridas as testemunhas e os réus, acusação e defesa terão a palavra para os seus libelos com réplica e tréplica se assim desejarem.
Depois de tudo, o juiz lerá os quesitos que serão postos em votação na sala secreta e declara encerrados os debates. O juiz convida os jurados, escrivão, oficiais de Justiça, promotoria e defesa a se dirigirem com ele à sala secreta. Como se vê, a sala não é tão secreta assim.
Lá, distribui-se a cada jurado uma cédula "sim" e uma cédula "não"; o juiz lê o quesito a ser votado; o oficial de justiça recolhe o voto de cada um em uma urna; faz-se a conferência se há sete votos na urna e conta-se e anuncia-se o resultado. E repete-se a operação para cada quesito elaborado pelo juiz.
Os jurados não podem ficar juntos e isolados nem discutir o processo nem tirar dúvidas entre si. Aliás, eles nunca poderão nem conversar um com o outro. E terão que dar uma resposta maniqueísta aos quesitos. Quer saber mais? Clique aqui ou aqui ou aqui .
Parece algo medieval diante do processo americano. Lá, são 12 jurados que, após todo o processo, ficarão isolados - em sala secreta mesmo - pelo tempo que for necessário, discutindo entre si, para chegar a um veredicto final por unanimidade. Se apenas um votar pela absolvição, isto é, se não for convencido pelos outros onze que votam pela condenação, o réu será absolvido. Ou vice-versa.
E se o júri não conseguir chegar a um veredicto, o julgamento será anulado. E outro julgamento será realizado.
Será também realizado um novo julgamento se o juiz considerar que o veredicto foi absolutamente contrário às provas dos autos. Isto evitará que um jurado – apenas um – seja subornado e, dessa forma, responsável pela absolvição do réu.
É um processo de julgamento muito mais racional para aplicar penas muito rigorosas que vão até a prisão perpétua.
Aqui, onde a pena máxima é de trinta anos e o condenado estará livre após, no máximo, doze anos de reclusão, contentamo-nos em responder sim ou não a perguntas capciosas como “O crime foi cometido de forma cruel?
domingo, 28 de março de 2010
NARDONI: AS PERGUNTAS DO JUIZ
Encerrado o debate entre a promotoria e a defesa, os sete jurados - quatro mulheres e três homens - reuniram-se, em sala secreta onde receberam perguntas, elaboradas pelo juiz Maurício Fossen, sobre o crime de homicídio triplamente qualificado e sobre fraude processual por terem tentado alterar a cena do crime.
Resolvi responder as perguntas, algumas delas repetitivas e sem qualquer racionalidade. Outras facciosas que conduziram os jurados para a condenação dos réus.
1) Ela (Isabella) foi lançada pela janela? Não sei, pode ter-se jogado.
2) Alexandre deixou de socorrê-la durante a esganadura? Não sei. Somente eles - o pai e a madrasta - podem saber.
3) Foi ele que a jogou desmaiada pela janela? Talvez, sim. Talvez, não.
4) O jurado absolve o réu? Sim, porque não há evidências convincentes do crime.
5) O crime foi cometido de forma cruel? Não sei se houve crime. Pergunta facciosíssima.
6) Houve emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima durante a esganadura? Não. Como uma menina de 5 anos pode se defender de dois adultos?
7) E no lançamento pela janela? Mesma resposta.
8) O crime foi cometido para esconder a esganadura? Respondo com outra pergunta: como esconder as marcas da esganadura?
9) O crime foi cometido contra menor de 14 anos? Pô! a resposta é óbvia, a menina tinha 5 aninhos.
10) Mexeram no local do crime? Sim. Como evitar?
11) Eles lavaram a roupa para impedir a coleta de provas? Se encontraram marcas da grade plástica na camisa do pai, é claro que não.
12) Os jurados absolvem o réu? De novo a mesma pergunta?
13) Ele fez isso para eximir-se da culpa? Isso o quê?
Como podem ver, eu não sirvo para ser jurado. Eu raciocino, não tenho medo de juiz e não deixo a emoção me dominar.
Resolvi responder as perguntas, algumas delas repetitivas e sem qualquer racionalidade. Outras facciosas que conduziram os jurados para a condenação dos réus.
1) Ela (Isabella) foi lançada pela janela? Não sei, pode ter-se jogado.
2) Alexandre deixou de socorrê-la durante a esganadura? Não sei. Somente eles - o pai e a madrasta - podem saber.
3) Foi ele que a jogou desmaiada pela janela? Talvez, sim. Talvez, não.
4) O jurado absolve o réu? Sim, porque não há evidências convincentes do crime.
5) O crime foi cometido de forma cruel? Não sei se houve crime. Pergunta facciosíssima.
6) Houve emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima durante a esganadura? Não. Como uma menina de 5 anos pode se defender de dois adultos?
7) E no lançamento pela janela? Mesma resposta.
8) O crime foi cometido para esconder a esganadura? Respondo com outra pergunta: como esconder as marcas da esganadura?
9) O crime foi cometido contra menor de 14 anos? Pô! a resposta é óbvia, a menina tinha 5 aninhos.
10) Mexeram no local do crime? Sim. Como evitar?
11) Eles lavaram a roupa para impedir a coleta de provas? Se encontraram marcas da grade plástica na camisa do pai, é claro que não.
12) Os jurados absolvem o réu? De novo a mesma pergunta?
13) Ele fez isso para eximir-se da culpa? Isso o quê?
Como podem ver, eu não sirvo para ser jurado. Eu raciocino, não tenho medo de juiz e não deixo a emoção me dominar.
sexta-feira, 26 de março de 2010
NARDONI: INOCENTE OU CULPADO?
Creio que a pergunta não seja esta. A pergunta é: existem provas ou evidências suficientemente indiscutíveis para condenar o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima?
Depois de tanto ler e ouvir sobre o caso, permanece em minha consciência de pai a dúvida cruel. Quem e por quê matou aquela menininha linda e dócil? Não posso acreditar que um pai possa ter cometido tamanha barbaridade nem permitido que a madrasta o cometesse. É preciso considerar que se trata de um casal bem formado e com nível superior que não estava bêbado nem drogado.
E depois de dois anos, quando o amor entre os dois já se deteriorou, por que um não fala a verdade e acusa o outro? Ao contrário, continuam juntos clamando inocência sem demonstrar qualquer sentimento de culpa.
Posso estar errado. Sei lá por quê podem ter trucidado a garotinha. Mas, mesmo assim, a dúvida é inquestionável. Não existe a certeza do crime pelo qual são acusados. Nâo existe a certeza de nada, nem da culpa nem da inocência dos réus. Como condená-los?
Nos Estados Unidos, eles estariam absolvidos porque “in dubio pro reo”. Lá, são doze os jurados e para condenar é necessário que todos, sem exceção, votem pela condenação. Se apenas um dos jurados votar pela absolvição, o réu será considerado inocente.
Aqui, são apenas sete jurados e o réu pode ser condenado por qualquer placar: 6x1, 5x2 ou 4x3. Como pode também ser absolvido pelos mesmos escores.
Seja qual for o resultado - mesmo que seja 7x0 - não saberemos o que de fato aconteceu naquele dia fatídico.
Mas, certamente haverá recurso e, talvez, um novo julgamento. Aí, o circo estará armado novamente e os meios de comunicação gozarão de mais um capítulo dessa trágica novela para aumentar sua audiência.
Quem sabe nos próximos capítulos saberemos com certeza quem é de fato culpado.
Depois de tanto ler e ouvir sobre o caso, permanece em minha consciência de pai a dúvida cruel. Quem e por quê matou aquela menininha linda e dócil? Não posso acreditar que um pai possa ter cometido tamanha barbaridade nem permitido que a madrasta o cometesse. É preciso considerar que se trata de um casal bem formado e com nível superior que não estava bêbado nem drogado.
E depois de dois anos, quando o amor entre os dois já se deteriorou, por que um não fala a verdade e acusa o outro? Ao contrário, continuam juntos clamando inocência sem demonstrar qualquer sentimento de culpa.
Posso estar errado. Sei lá por quê podem ter trucidado a garotinha. Mas, mesmo assim, a dúvida é inquestionável. Não existe a certeza do crime pelo qual são acusados. Nâo existe a certeza de nada, nem da culpa nem da inocência dos réus. Como condená-los?
Nos Estados Unidos, eles estariam absolvidos porque “in dubio pro reo”. Lá, são doze os jurados e para condenar é necessário que todos, sem exceção, votem pela condenação. Se apenas um dos jurados votar pela absolvição, o réu será considerado inocente.
Aqui, são apenas sete jurados e o réu pode ser condenado por qualquer placar: 6x1, 5x2 ou 4x3. Como pode também ser absolvido pelos mesmos escores.
Seja qual for o resultado - mesmo que seja 7x0 - não saberemos o que de fato aconteceu naquele dia fatídico.
Mas, certamente haverá recurso e, talvez, um novo julgamento. Aí, o circo estará armado novamente e os meios de comunicação gozarão de mais um capítulo dessa trágica novela para aumentar sua audiência.
Quem sabe nos próximos capítulos saberemos com certeza quem é de fato culpado.
quinta-feira, 25 de março de 2010
SAÚDE PÚBLICA II
Uma vez na vida – juro! – foi uma única vez em toda a minha já por demais prolongada existência que fui atendido na emergência de um hospital. Foi em hospital público estadual, o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, devido a um acidente gravíssimo.
Isto porque jamais procurei atendimento em hospitais e postos de saúde, nem para mim nem para meus filhos. Não contribuí para a superlotação dos hospitais com gripes, resfriados, terçol, dor de barriga, dor de cabeça, dores em geral, joelhos ralados, bicho de pé, espinhela caída, pulso aberto, frieira, unha encravada, perebas e outras enfermidades imaginárias. Sempre cuidei da minha saúde, deixando os médicos livres para cuidar das doenças e dos doentes que, de fato, necessitam de assistência médica.
Tinha eu pouco mais de 25 anos quando, após preparar um suco de mangas colhidas no quintal, fui fazer a limpeza do liquidificador. Não notei que o copo de vidro estava rachado e, ao desatarraxá-lo, ele se quebrou e causou um profundo corte no meu pulso esquerdo cortando todos o tendões.
Enrolei um pano de prato no pulso e corri para o posto do SAMDU que havia perto de casa. Examinaram-me e fui levado de ambulância para o Carlos Chagas.
Chegando lá, vi a sala de espera superlotada de alegres adultos levando um animado papo e crianças absolutamente saudáveis brincando e correndo de um lado para o outro. Parecia mais um parque de diversões. Levaram-me direto para a emergência e colocaram meu braço esquerdo numa tipóia de alumínio, dessas que se usam em exames de sangue.
Ali na emergência vi coisas incríveis: gente esfaqueada ou com o braço quebrado ou com a mão esfolada por fogos de artifício ou com cortes na face, muito sangue já coagulado. O que mais me marcou foi um paciente que, além de escoriações pelo corpo, tinha o couro cabeludo superior despregado do crânio e preso apenas na parte de trás. Um enfermeiro levantou-o com as mãos nuas e chamou o outro para ver como estava cheio de terra. Os dois riram daquele que deveria ser um motociclista acidentado.
O mesmo enfermeiro veio examinar o meu pulso com a mesma mão nua. Não deixei. Ele insistiu dizendo que eu poderia morrer ali se não me examinasse. Eu lhe disse: “faço questão de morrer aqui se um médico não vier me examinar”.
O médico veio imediatamente. Viu a gravidade da lesão profunda, viu que eu não tinha nenhum movimento na mão e nos dedos e me levou para a cirurgia.
Aplicaram-me uma anestesia troncular. Aquela que é aplicada na “saboneteira” bem junto da clavícula esquerda com uma agulha que não tinha tamanho. O médico me disse: “quando sentir um choque me avisa”. Ele acabou de falar e eu estremeci. Não foi preciso dizer que senti um choque.
Na sala de cirurgia havia um espelho redondo convexo na parede onde eu podia ver toda a cirurgia. Mas, para isso, tinha que mexer a cabeça e acionava os tendões que o cirurgião tentava pegar para emendá-los. “Aplica um Demerol nele”, disse o cirurgião para a enfermeira muito bonita que segurava minha mão direita com carinho.
Não sei quanto tempo após acordei com a mão e o pulso esquerdos imobilizados com uma tala. Disseram-me para tirá-la somente depois de quinze dias. A ambulância que me transportou para o hospital me levou de volta para casa.
Quinze dias depois, voltei ao hospital para retirar a tala e os pontos. Minha mão, meus dedos estavam perfeitos e com todos os movimentos.
Como estão até hoje, quase 50 anos depois.
Isto porque jamais procurei atendimento em hospitais e postos de saúde, nem para mim nem para meus filhos. Não contribuí para a superlotação dos hospitais com gripes, resfriados, terçol, dor de barriga, dor de cabeça, dores em geral, joelhos ralados, bicho de pé, espinhela caída, pulso aberto, frieira, unha encravada, perebas e outras enfermidades imaginárias. Sempre cuidei da minha saúde, deixando os médicos livres para cuidar das doenças e dos doentes que, de fato, necessitam de assistência médica.
Tinha eu pouco mais de 25 anos quando, após preparar um suco de mangas colhidas no quintal, fui fazer a limpeza do liquidificador. Não notei que o copo de vidro estava rachado e, ao desatarraxá-lo, ele se quebrou e causou um profundo corte no meu pulso esquerdo cortando todos o tendões.
Enrolei um pano de prato no pulso e corri para o posto do SAMDU que havia perto de casa. Examinaram-me e fui levado de ambulância para o Carlos Chagas.
Chegando lá, vi a sala de espera superlotada de alegres adultos levando um animado papo e crianças absolutamente saudáveis brincando e correndo de um lado para o outro. Parecia mais um parque de diversões. Levaram-me direto para a emergência e colocaram meu braço esquerdo numa tipóia de alumínio, dessas que se usam em exames de sangue.
Ali na emergência vi coisas incríveis: gente esfaqueada ou com o braço quebrado ou com a mão esfolada por fogos de artifício ou com cortes na face, muito sangue já coagulado. O que mais me marcou foi um paciente que, além de escoriações pelo corpo, tinha o couro cabeludo superior despregado do crânio e preso apenas na parte de trás. Um enfermeiro levantou-o com as mãos nuas e chamou o outro para ver como estava cheio de terra. Os dois riram daquele que deveria ser um motociclista acidentado.
O mesmo enfermeiro veio examinar o meu pulso com a mesma mão nua. Não deixei. Ele insistiu dizendo que eu poderia morrer ali se não me examinasse. Eu lhe disse: “faço questão de morrer aqui se um médico não vier me examinar”.
O médico veio imediatamente. Viu a gravidade da lesão profunda, viu que eu não tinha nenhum movimento na mão e nos dedos e me levou para a cirurgia.
Aplicaram-me uma anestesia troncular. Aquela que é aplicada na “saboneteira” bem junto da clavícula esquerda com uma agulha que não tinha tamanho. O médico me disse: “quando sentir um choque me avisa”. Ele acabou de falar e eu estremeci. Não foi preciso dizer que senti um choque.
Na sala de cirurgia havia um espelho redondo convexo na parede onde eu podia ver toda a cirurgia. Mas, para isso, tinha que mexer a cabeça e acionava os tendões que o cirurgião tentava pegar para emendá-los. “Aplica um Demerol nele”, disse o cirurgião para a enfermeira muito bonita que segurava minha mão direita com carinho.
Não sei quanto tempo após acordei com a mão e o pulso esquerdos imobilizados com uma tala. Disseram-me para tirá-la somente depois de quinze dias. A ambulância que me transportou para o hospital me levou de volta para casa.
Quinze dias depois, voltei ao hospital para retirar a tala e os pontos. Minha mão, meus dedos estavam perfeitos e com todos os movimentos.
Como estão até hoje, quase 50 anos depois.
domingo, 21 de março de 2010
SEGUNDO ANIVERSÁRIO
Este blog completa hoje seu segundo aniversário com 300 postagens. Tudo começou com uma tentativa de linchamento de um amigo meu que guardava eletrodomésticos, adquiridos licitamente em leilão do Ponto Frio, em um depósito quase ao lado do DPO de Muriqui.
Dois PMs do 35º Batalhão de Itaboraí acusaram o meu amigo e seu filho de receptação de carga roubada. Os dois elementos ameaçaram chamar um caminhão para apreender todo o material e propuseram: “Digam logo o que há de errado, pois podemos resolver tudo agora”.
Felizmente, chegou uma guarnição do 33º Batalhão de Angra dos Reis e encaminhou todos à 165ª DP, de Mangaratiba. Lá, a ocorrência foi registrada sob o nº 361/2008, foi tomado o depoimento de todos os envolvidos, depois foram fotografados e relacionados os eletrodomésticos encontrados. E anexadas ao processo as respectivas notas fiscais do Ponto Frio e do leiloeiro. O meu amigo ficou como fiel depositário dos bens. Saímos da delegacia depois das quatro horas da manhã.
No dia seguinte, terça-feira 11 de março, a Band News divulgou a notícia alarmante: “Estourado depósito de carga roubada em Muriqui”. Quem teria sido o infeliz e cretino dedo-duro que passou a falsa notícia para a Band?
Na quarta-feira 12, um vereador, na tribuna da Câmara Municipal de Mangaratiba, acometido de um acesso de furor corporativista e, na ânsia do elogio gratuito a seus pares, exaltou a ação policial que foi, verdadeiramente, um simulacro de investigação.
No dia 14, o jornal Atual, de Itaguaí, estampou em manchete de primeira página: "Arsenal da roubalheira estourado em Muriqui". Fui à redação do panfleto difamador, falei com o chefe, pedi para desmentir a notícia. De nada adiantou. Nada fizeram.
Foi assim que este blog começou. Para defender um amigo e divulgar a injustiça que tentaram fazer com ele.
Digo tentaram porque no dia 10 de abril o Dr. Cláudio Ferreira Rodrigues - Juiz da Comarca naquela época - declarou a nulidade do auto de apreensão e determinou que a polícia civil promovesse a devolução de todos os bens apreendidos no prazo de 24 horas, sob pena de responsabilidade penal.
Decidi não repetir o nome de todos os policiais e do vereador envolvidos na tentativa de linchamento do meu amigo. Mas, se quiserem saber quem foram basta ler a postagem intitulada "SIMULACRO DE INVESTIGAÇÃO EM MURIQUI", do dia 20 de março de 2008.
Dois PMs do 35º Batalhão de Itaboraí acusaram o meu amigo e seu filho de receptação de carga roubada. Os dois elementos ameaçaram chamar um caminhão para apreender todo o material e propuseram: “Digam logo o que há de errado, pois podemos resolver tudo agora”.
Felizmente, chegou uma guarnição do 33º Batalhão de Angra dos Reis e encaminhou todos à 165ª DP, de Mangaratiba. Lá, a ocorrência foi registrada sob o nº 361/2008, foi tomado o depoimento de todos os envolvidos, depois foram fotografados e relacionados os eletrodomésticos encontrados. E anexadas ao processo as respectivas notas fiscais do Ponto Frio e do leiloeiro. O meu amigo ficou como fiel depositário dos bens. Saímos da delegacia depois das quatro horas da manhã.
No dia seguinte, terça-feira 11 de março, a Band News divulgou a notícia alarmante: “Estourado depósito de carga roubada em Muriqui”. Quem teria sido o infeliz e cretino dedo-duro que passou a falsa notícia para a Band?
Na quarta-feira 12, um vereador, na tribuna da Câmara Municipal de Mangaratiba, acometido de um acesso de furor corporativista e, na ânsia do elogio gratuito a seus pares, exaltou a ação policial que foi, verdadeiramente, um simulacro de investigação.
No dia 14, o jornal Atual, de Itaguaí, estampou em manchete de primeira página: "Arsenal da roubalheira estourado em Muriqui". Fui à redação do panfleto difamador, falei com o chefe, pedi para desmentir a notícia. De nada adiantou. Nada fizeram.
Foi assim que este blog começou. Para defender um amigo e divulgar a injustiça que tentaram fazer com ele.
Digo tentaram porque no dia 10 de abril o Dr. Cláudio Ferreira Rodrigues - Juiz da Comarca naquela época - declarou a nulidade do auto de apreensão e determinou que a polícia civil promovesse a devolução de todos os bens apreendidos no prazo de 24 horas, sob pena de responsabilidade penal.
Decidi não repetir o nome de todos os policiais e do vereador envolvidos na tentativa de linchamento do meu amigo. Mas, se quiserem saber quem foram basta ler a postagem intitulada "SIMULACRO DE INVESTIGAÇÃO EM MURIQUI", do dia 20 de março de 2008.
SAÚDE PÚBLICA
O estudante levou um tiro na cabeça e foi atendido em UTI de hospital público da rede municipal carioca. Para se proteger, o cérebro reagiu com uma inflamação tão intensa que forçou os médicos a retirar parte do crânio do rapaz, visando dar mais espaço ao cérebro inflamado e dilatado.
Os médicos, então, para manter a parte do crânio retirada em seu estado natural – recebendo a necessária irrigação sanguínea - implantaram-na no interior do rapaz nos tecidos subcutâneos. Enquanto isso, trataram-no com antiinflamatórios até que o cérebro reagisse e respondesse ao tratamento, controlando a inflamação.
Cerca de trinta dias após, contido o processo inflamatório e a dilatação do cérebro, extraíram a parte do crânio de onde estava implantada e a colocaram novamente no local devido, reconstruindo a cabeça do paciente.
Após quase três meses, o rapaz foi liberado e deu entrevistas à televisão esta semana.
Esta semana, também, foi preso na baixada fluminense um falso médico – na verdade, um farmacêutico - que se dizia clínico geral e cardiologista. Acontece que o falso médico atuou durante mais de 16 anos em diversos hospitais públicos da baixada.
Durante esses anos todos, quantos pacientes o falso médico atendeu? Digamos que atendeu a 20 pacientes por dia durante 250 dias por ano. Daria um total de cerca de 80 mil consultas. Desses, quantos necessitavam realmente de atendimento médico? Talvez, nenhum. E, por isso mesmo, o falso médico tenha enganado a todos durante todo o tempo.
São dois exemplos de pacientes dos nossos serviços de saúde pública. Mas, não vou radicalizar. Sei que os hospitais vivem superlotados e sei que alguns até necessitam mesmo de médico e podem não ser devida e criteriosamente atendidos.
Estes são as exceções que ganham manchetes nos jornais e TVs. Os que são muito bem atendidos somente ganham as manchetes em casos extremos como o daquele rapaz.
Os médicos, então, para manter a parte do crânio retirada em seu estado natural – recebendo a necessária irrigação sanguínea - implantaram-na no interior do rapaz nos tecidos subcutâneos. Enquanto isso, trataram-no com antiinflamatórios até que o cérebro reagisse e respondesse ao tratamento, controlando a inflamação.
Cerca de trinta dias após, contido o processo inflamatório e a dilatação do cérebro, extraíram a parte do crânio de onde estava implantada e a colocaram novamente no local devido, reconstruindo a cabeça do paciente.
Após quase três meses, o rapaz foi liberado e deu entrevistas à televisão esta semana.
Esta semana, também, foi preso na baixada fluminense um falso médico – na verdade, um farmacêutico - que se dizia clínico geral e cardiologista. Acontece que o falso médico atuou durante mais de 16 anos em diversos hospitais públicos da baixada.
Durante esses anos todos, quantos pacientes o falso médico atendeu? Digamos que atendeu a 20 pacientes por dia durante 250 dias por ano. Daria um total de cerca de 80 mil consultas. Desses, quantos necessitavam realmente de atendimento médico? Talvez, nenhum. E, por isso mesmo, o falso médico tenha enganado a todos durante todo o tempo.
São dois exemplos de pacientes dos nossos serviços de saúde pública. Mas, não vou radicalizar. Sei que os hospitais vivem superlotados e sei que alguns até necessitam mesmo de médico e podem não ser devida e criteriosamente atendidos.
Estes são as exceções que ganham manchetes nos jornais e TVs. Os que são muito bem atendidos somente ganham as manchetes em casos extremos como o daquele rapaz.
domingo, 14 de março de 2010
ROYALTIES, RUÍNAS E RANCORES
Fiquem todos tranquilos. Não será o caos e Mangaratiba não se transformará em uma grande ruína devido a uma emenda demagógica e rancorosa ao projeto de lei do Poder Executivo sobre a exploração do pré-sal. Nem daqui a cento e cinquenta anos que é a idade das belas ruínas aqui existentes e que reproduzo nesta postagem.
Parte dos royalties do petróleo pertencem constitucionalmente à Mangaratiba que recebeu, em 2009, exatos R$ 22.722.490,42. E vai receber muito mais, apesar dos políticos insanos que, em ano eleitoral, aprovam projetos e emendas demagógicas para a conquista de eleitores, embora sabendo que sua insensatez não seguirá adiante.
Isto porque o § 1º do art. 20 da Constituição Federal assegura e a Lei nº 7990/89 estipula percentuais de compensação financeira pela exploração de petróleo e minérios aos estados e municípios produtores do produto. Não será uma emenda demagógica que mudará o que está legalmente disposto.
E não vai mudar, também, porque o Executivo tem o poder de vetar essas insanidades ilegais e anticonstitucionais. O projeto original do Poder Executivo não altera a divisão de royalties para os estados e municípios produtores. Portanto, Lula jamais pensou em mudar a divisão nem deixará os royalties sairem do Rio de Janeiro como dizem com rancor. Rancores injustificáveis ainda afirmam que este é o Brasil do PT e da Dilma e que Lula não merece vir aqui pedir votos para ela. Como se Lula não fosse o presidente que mais investiu no Rio de Janeiro, redimindo o governo federal de uma dívida com o nosso estado. Negar essa realidade é demonstrar um rancor absurdo contra o presidente.
Devo dizer ainda que dos 46 deputados federais do Rio de Janeiro, apenas três faltaram à sessão e não votaram a emenda irracional e nefasta.
Rodrigo Maia (DEM) participava de evento na Alemanha; Vinícius Carvalho (PtdoB) estava em missão na Antártida; Marina Magessi (PMDB) justificou sua falta por doença.
Todos os cinco deputados do PT do Rio de janeiro lá estavam e votaram contra a emenda.
O único deputado federal fluminense que votou a favor da emenda e contra o Rio de Janeiro foi o irmão do pastor R.R. Soares da Igreja Internacional da Graça de Deus Adilson Soares(PR).
PR é a sigla do Partido da República, o partidinho da Rosinha, do Garotinho e do Xikinho.
Parte dos royalties do petróleo pertencem constitucionalmente à Mangaratiba que recebeu, em 2009, exatos R$ 22.722.490,42. E vai receber muito mais, apesar dos políticos insanos que, em ano eleitoral, aprovam projetos e emendas demagógicas para a conquista de eleitores, embora sabendo que sua insensatez não seguirá adiante.
Isto porque o § 1º do art. 20 da Constituição Federal assegura e a Lei nº 7990/89 estipula percentuais de compensação financeira pela exploração de petróleo e minérios aos estados e municípios produtores do produto. Não será uma emenda demagógica que mudará o que está legalmente disposto.
E não vai mudar, também, porque o Executivo tem o poder de vetar essas insanidades ilegais e anticonstitucionais. O projeto original do Poder Executivo não altera a divisão de royalties para os estados e municípios produtores. Portanto, Lula jamais pensou em mudar a divisão nem deixará os royalties sairem do Rio de Janeiro como dizem com rancor. Rancores injustificáveis ainda afirmam que este é o Brasil do PT e da Dilma e que Lula não merece vir aqui pedir votos para ela. Como se Lula não fosse o presidente que mais investiu no Rio de Janeiro, redimindo o governo federal de uma dívida com o nosso estado. Negar essa realidade é demonstrar um rancor absurdo contra o presidente.
Devo dizer ainda que dos 46 deputados federais do Rio de Janeiro, apenas três faltaram à sessão e não votaram a emenda irracional e nefasta.
Rodrigo Maia (DEM) participava de evento na Alemanha; Vinícius Carvalho (PtdoB) estava em missão na Antártida; Marina Magessi (PMDB) justificou sua falta por doença.
Todos os cinco deputados do PT do Rio de janeiro lá estavam e votaram contra a emenda.
O único deputado federal fluminense que votou a favor da emenda e contra o Rio de Janeiro foi o irmão do pastor R.R. Soares da Igreja Internacional da Graça de Deus Adilson Soares(PR).
PR é a sigla do Partido da República, o partidinho da Rosinha, do Garotinho e do Xikinho.
sexta-feira, 12 de março de 2010
FESTIVAL DA BANANA
Li no blog do Sidney Rezende e passo adiante.
Mangaratiba - um dos maiores produtores de banana no estado - vai realizar um evento em homenagem à fruta: o I Festival da Banana de Mangaratiba e Coisas da Terra.
Acontecerá durante a Semana Santa, de 1 a 4 de abril. Terá prêmios para o maior cacho de banana, para o cacho mais pesado e para o cacho com maior quantidade de bananas. Também contará com shows de artistas locais, exposições, culinária - espero que tenha peixe com banana - e bebidas feitas à base de banana.
O evento que será realizado no Centro de Mangaratiba, terá cerca de 40 tendas. A maioria com agricultores locais comercializando derivados da banana: doces, salgados, cachaças, e, inclusive, cestas, sandálias e tapetes feitos com a fibra da bananeira.
Haverá também venda de outros produtos agrícolas, queijos, mel e peças de artesanato. Além de palestras e oficinas, o evento terá o concurso Miss Beleza Caiçara que reunirá moradoras da cidade entre 18 a 25 anos. Para os turistas, estão previstos pacotes promocionais em hotéis, pousadas e restaurantes do município.
Eu vou prestigiar. E você?
Mangaratiba - um dos maiores produtores de banana no estado - vai realizar um evento em homenagem à fruta: o I Festival da Banana de Mangaratiba e Coisas da Terra.
Acontecerá durante a Semana Santa, de 1 a 4 de abril. Terá prêmios para o maior cacho de banana, para o cacho mais pesado e para o cacho com maior quantidade de bananas. Também contará com shows de artistas locais, exposições, culinária - espero que tenha peixe com banana - e bebidas feitas à base de banana.
O evento que será realizado no Centro de Mangaratiba, terá cerca de 40 tendas. A maioria com agricultores locais comercializando derivados da banana: doces, salgados, cachaças, e, inclusive, cestas, sandálias e tapetes feitos com a fibra da bananeira.
Haverá também venda de outros produtos agrícolas, queijos, mel e peças de artesanato. Além de palestras e oficinas, o evento terá o concurso Miss Beleza Caiçara que reunirá moradoras da cidade entre 18 a 25 anos. Para os turistas, estão previstos pacotes promocionais em hotéis, pousadas e restaurantes do município.
Eu vou prestigiar. E você?
quinta-feira, 11 de março de 2010
RELIGIÃO
Diz-se que religião não se discute. E quem sou eu – um quase ateu, graças a Deus - para discutir religião? Respeito todas elas e todas as doutrinas. O que eu discuto – e gosto de criticar – é o comportamento dos religiosos e seus adeptos.
Será pecado seguir o exemplo de Jesus Que combateu os religiosos judeus? Ele próprio - um Judeu - não aceitava o comportamento dos sacerdotes e pastores de Sua época nem de seus seguidores.
Portanto, discutir o comportamento religioso não pode ser passível de censura, repreensão ou castigo.
Veja o que aconteceu, agora, na Nigéria, um país dividido entre cristãos e muçulmanos. Estes massacraram 500 daqueles em represália ao massacre, em janeiro, de 200 muçulmanos pelos cristãos.
Na Irlanda, a permanente guerra civil, em que dezenas de milhares já morreram, é compartilhada por católicos e protestantes.
Hoje, mesmo, no Mato Grosso, foram presos dois pastores da Igreja Mundial do Poder de Deus - os quais deduraram um terceiro - com potente armamento contrabandeado da Bolívia para ser entregue aos traficantes de São Gonçalo. Enquanto isso, o único deputado federal fluminense a votar contra o Rio de Janeiro na divisão dos royalties do petróleo foi Adilson Soares (PR). Ele é irmão do pastor RR Soares da Igreja Internacional da Graça de Deus.
Quando critiquei o comportamento dos protestantes que invadiram a praia de Muriqui, com apoio oficial e potente aparelhagem de som para sobrepujar o cântico dos umbandistas em louvor à Iemanjá, fui acusado de preconceito religioso contra a fé cristã e que estaria cometendo um crime (ver comentários na postagem “Protestantes festejam Iemanjá” de 1/01/2009).
Respondi à acusação dizendo que são muitas e variadas as doutrinas cristãs e que todas são válidas e importantes para impor limites ao ser humano.
O pastor que me repreendeu disse que Jesus é o único caminho que leva a Deus. Como sou cristão, concordei. Mas, afirmei que são inúmeros os caminhos que levam a Jesus. E pedi-lhe para não ser egocêntrico porque somos apenas uma minoria no mundo.
E é exatamente por isso que escrevo agora: somos uma minoria no mundo. Descobri um site (clique aqui) com estatísticas sobre o número de adeptos das diversas religiões existentes.
• Cristianismo: 2 bilhões e 100 milhões
• Islã: 1 bilhão e 500 milhões
• Ateus/agnósticos/sem religião: 1 bilhão e 100 milhões
• Hinduísmo: 900 milhões
• Religiões tradicionais chinesas: 394 milhões
• Budismo: 376 milhões
• Religiões tradicionais africanas: 100 milhões
• Sikhismo: 23 milhões
• Judaísmo: 14 milhões
• Espiritismo: 15 milhões
• Fé Baha´i: 7 milhões
• Jainismo: 4 milhões e 200 mil
• Outras: 15 milhões e quinhentos mil
Somos como a torcida do Flamengo, a maior. Porém, somos minoria, apenas 30% da população mundial.
E não me perguntem por que eles não incluíram o Espiritismo entre as outras doutrinas cristãs.
Eu não sei.
Será pecado seguir o exemplo de Jesus Que combateu os religiosos judeus? Ele próprio - um Judeu - não aceitava o comportamento dos sacerdotes e pastores de Sua época nem de seus seguidores.
Portanto, discutir o comportamento religioso não pode ser passível de censura, repreensão ou castigo.
Veja o que aconteceu, agora, na Nigéria, um país dividido entre cristãos e muçulmanos. Estes massacraram 500 daqueles em represália ao massacre, em janeiro, de 200 muçulmanos pelos cristãos.
Na Irlanda, a permanente guerra civil, em que dezenas de milhares já morreram, é compartilhada por católicos e protestantes.
Hoje, mesmo, no Mato Grosso, foram presos dois pastores da Igreja Mundial do Poder de Deus - os quais deduraram um terceiro - com potente armamento contrabandeado da Bolívia para ser entregue aos traficantes de São Gonçalo. Enquanto isso, o único deputado federal fluminense a votar contra o Rio de Janeiro na divisão dos royalties do petróleo foi Adilson Soares (PR). Ele é irmão do pastor RR Soares da Igreja Internacional da Graça de Deus.
Quando critiquei o comportamento dos protestantes que invadiram a praia de Muriqui, com apoio oficial e potente aparelhagem de som para sobrepujar o cântico dos umbandistas em louvor à Iemanjá, fui acusado de preconceito religioso contra a fé cristã e que estaria cometendo um crime (ver comentários na postagem “Protestantes festejam Iemanjá” de 1/01/2009).
Respondi à acusação dizendo que são muitas e variadas as doutrinas cristãs e que todas são válidas e importantes para impor limites ao ser humano.
O pastor que me repreendeu disse que Jesus é o único caminho que leva a Deus. Como sou cristão, concordei. Mas, afirmei que são inúmeros os caminhos que levam a Jesus. E pedi-lhe para não ser egocêntrico porque somos apenas uma minoria no mundo.
E é exatamente por isso que escrevo agora: somos uma minoria no mundo. Descobri um site (clique aqui) com estatísticas sobre o número de adeptos das diversas religiões existentes.
• Cristianismo: 2 bilhões e 100 milhões
• Islã: 1 bilhão e 500 milhões
• Ateus/agnósticos/sem religião: 1 bilhão e 100 milhões
• Hinduísmo: 900 milhões
• Religiões tradicionais chinesas: 394 milhões
• Budismo: 376 milhões
• Religiões tradicionais africanas: 100 milhões
• Sikhismo: 23 milhões
• Judaísmo: 14 milhões
• Espiritismo: 15 milhões
• Fé Baha´i: 7 milhões
• Jainismo: 4 milhões e 200 mil
• Outras: 15 milhões e quinhentos mil
Somos como a torcida do Flamengo, a maior. Porém, somos minoria, apenas 30% da população mundial.
E não me perguntem por que eles não incluíram o Espiritismo entre as outras doutrinas cristãs.
Eu não sei.
quarta-feira, 10 de março de 2010
JOSÉ SARAMAGO
Quando eu crescer, quero ser José Saramago. Já quis ser Che Guevara, Jorge Amado e Nelson Rodrigues, mas eles me abandonaram. Jamais quis ser Charles Chaplin porque sabia ser impossível. Tentei ser Chico Buarque e não consegui.
Agora, eu quero ser José Saramago: 88 anos, ateu, socialista, absolutamente lúcido e crítico, um blogueiro vigoroso, combatendo a injustiça e metralhando opiniões sobre tudo e para todos os lados. E defendendo-as com os mais sólidos e consistentes argumentos.Saramago – o único Prêmio Nobel de Literatura da lingua portuguesa – virou blogueiro. Descobri agora que li mais um de seus livros – O Caderno – onde são reproduzidas as suas postagens no blog. Clique aqui, abra o link blogs e leia “O Caderno de Saramago”. É o blog dele, este senhor diante do computador que ilustra essa postagem.
É uma grande honra ter um Prêmio Nobel entre nós blogueiros que escrevem em português.
Concordo com quase todas as suas opiniões, mas não com seu ataque aos judeus e a defesa dos palestinos. Concordaria, talvez, se ele atacasse os israelenses e defendesse os palestinos. Nem todos em Israel são judeus como nem todos na Palestina são muçulmanos. E entre judeus e muçulmanos, fico com os primeiros que sabem tratar as mulheres com dignidade, enquanto aqueles escravizam-nas e as tratam como seres inferiores. Além disso, os judeus não vivem aterrorizando o mundo.
Por outro lado, também sou de esquerda mas não sou ateu como Saramago. Sou apenas um quase ateu, graças a Deus. Se, quando crescer, eu conseguir ser Saramago, eu o serei sem o seu ateísmo e sem ser anti-semita.
Acabei de comprar outro livro do Saramago (Pequenas Memórias). Antes de recebê-lo, porém, vou reler "Ensaio sobre a cegueira".
terça-feira, 9 de março de 2010
CARA E COROA
Tive a ideia e escrevi sobre ela no mês passado. Ver postagem "O Cara e a Coroa" de 21 de fevereiro. Achei que a idéia era boa e decidi criar uma imagem que resumisse todo o texto. Trabalhei duro uns três dias explorando ao máximo o pouco que sei do Corel Draw 12 e do Photoshop.
A muito custo, consegui criar essa imagem aí em cima à direita que tem como título "As duas faces da moeda". Se conhecesse melhor aqueles programas, teria feito algo melhor.
Postei-a há cerca de quinze dias e, hoje, vejo no Globo Online imagem parecida - acima à esquerda, é um leque feito pelo Sindicato dos Servidores da Saúde - que reproduz a mesma ideia.
Não sou tão presunçoso a ponto de dizer que fui copiado. Foi apenas uma coincidência de ideias.
Mas, fico feliz por ter feito primeiro. Senão, me acusariam de plágio.
A muito custo, consegui criar essa imagem aí em cima à direita que tem como título "As duas faces da moeda". Se conhecesse melhor aqueles programas, teria feito algo melhor.
Postei-a há cerca de quinze dias e, hoje, vejo no Globo Online imagem parecida - acima à esquerda, é um leque feito pelo Sindicato dos Servidores da Saúde - que reproduz a mesma ideia.
Não sou tão presunçoso a ponto de dizer que fui copiado. Foi apenas uma coincidência de ideias.
Mas, fico feliz por ter feito primeiro. Senão, me acusariam de plágio.
segunda-feira, 8 de março de 2010
BBB
No primeiro Big Brother – programa originário da TV holandesa que cobra royalties pelo seu formato – eu assisti a uns dois ou três capítulos. Achei algo tão monótono, tedioso, com diálogos fora de propósito entre indivíduos tatuados que passavam quase todo o tempo se exercitando. E as “indivíduas” mostrando o corpo na piscina ou no chuveiro. Fingiam ter relações sob as cobertas ou, mesmo, embaixo da cama.
Isso deve fazer dez anos ou mais. Nunca mais vi o tal Big Bosta.
Ontem, aguardando o Oscar fui obrigado a vê-lo de novo. Algo deprimente. Era uma festa com três mulheres e seis homens(?). Elas fazendo strip-tease ou levantando a saia e se esfregando em um e outro. Eles observando. Um deles arriou a calça e mostrou a bunda. Em close.
Eu trocava de canal e quando voltava, lá estavam eles de novo. Uma das meretrizes, bêbada, convidava um indivíduo a dormir com ela. Ele recusou. Ela convidou um outro que também se negou.
Ela, então, foi consolada por uma das duas bichas loucas que participam do programa.
(Abro, aqui, um parêntesis para dizer que não tenho nenhum preconceito contra a opção sexual de ninguém. Até aprovo o homosexualismo masculino. É mais mulher que sobra para quem gosta).
Posso até pagar para ir ao teatro e assistir à Gaiola das Loucas, mas receber na minha sala, sem ter convidado, aqueles dois exemplos descarados de comportamento pederástico é por demais desagradável.
Foi aí que apareceu o Pedro Bial. Com a boca bem cheia perguntou a um participante: “Que compulsão é essa que você tem de mostrar a BUNDA?
Desisti de ver o Oscar. Fui dormir. Hoje, cedo, Dia Internacional da Mulher, soube que, pela primeira vez na história, uma mulher ganhou o Oscar de melhor direção com o filme Guerra ao Terror. Melhor ainda, Kathryn Bigelow, a vencedora – foto acima – disputava o Oscar com o ex-marido James Cameron que dirigiu o filme Avatar. Nada a ver com o nosso futuro ex-prefeito, o Demiurgo.
Fico me perguntando: se uma mulher é capaz de voar tão alto por que outras aviltam-se no Big Bosta?
Isso deve fazer dez anos ou mais. Nunca mais vi o tal Big Bosta.
Ontem, aguardando o Oscar fui obrigado a vê-lo de novo. Algo deprimente. Era uma festa com três mulheres e seis homens(?). Elas fazendo strip-tease ou levantando a saia e se esfregando em um e outro. Eles observando. Um deles arriou a calça e mostrou a bunda. Em close.
Eu trocava de canal e quando voltava, lá estavam eles de novo. Uma das meretrizes, bêbada, convidava um indivíduo a dormir com ela. Ele recusou. Ela convidou um outro que também se negou.
Ela, então, foi consolada por uma das duas bichas loucas que participam do programa.
(Abro, aqui, um parêntesis para dizer que não tenho nenhum preconceito contra a opção sexual de ninguém. Até aprovo o homosexualismo masculino. É mais mulher que sobra para quem gosta).
Posso até pagar para ir ao teatro e assistir à Gaiola das Loucas, mas receber na minha sala, sem ter convidado, aqueles dois exemplos descarados de comportamento pederástico é por demais desagradável.
Foi aí que apareceu o Pedro Bial. Com a boca bem cheia perguntou a um participante: “Que compulsão é essa que você tem de mostrar a BUNDA?
Desisti de ver o Oscar. Fui dormir. Hoje, cedo, Dia Internacional da Mulher, soube que, pela primeira vez na história, uma mulher ganhou o Oscar de melhor direção com o filme Guerra ao Terror. Melhor ainda, Kathryn Bigelow, a vencedora – foto acima – disputava o Oscar com o ex-marido James Cameron que dirigiu o filme Avatar. Nada a ver com o nosso futuro ex-prefeito, o Demiurgo.
Fico me perguntando: se uma mulher é capaz de voar tão alto por que outras aviltam-se no Big Bosta?
MULHER
Deixo à poesia antiga (1925) de meu pai - apaixonado por tantas mulheres e que me ensinou a amá-las - esta exaltação à mais sublime Criação Divina.
FASCINAÇÃO
Filha dileta da beleza pura,
De cútis alvo-rósea acetinada...
Por entre flores, em manhã dourada,
Surgiu-me - diz-me porquê - tal criatura.
Por sua voz, minh´alma apaixonada
Vibra, palpita, em ânsias de loucura...
Ao seu olhar, p´ra mim doce ventura,
Se é noite, nasce o sol, faz-se a alvorada.
Olha-me... curva-se o meu ser contrito.
Fala-me... aos céus amargurado eu grito
A implorar o amor dessa mulher divina.
Nesta loucura, eu vou levando a vida,
A desejar essa maçã tão doce e proibida.
É a minha comovente e dolorosa sina.
INCERTEZA
Viver amando alguém que amar não sabe,
N´alma gravada a imagem que se adora,
Sem esperança que tal sina acabe,
Que finde a dor que meu viver devora.
Antes morrer! Que uma tal dor não cabe
Dentro do peito meu que o amor implora...
Antes o mundo sobre mim desabe
Que tal viver levar qual levo agora.
Antes ser cego, surdo, mudo ou mesmo
Viver no mundo como um pária a esmo
Ser ter no peito o mal que me trucida.
Que outro não existe mal assim tão fero
Do que sentir no peito amor sincero
E a alma não ser igual correspondida.
ESPERANÇA
De tez alabastrina, alva, impoluta,
É a donzela que o meu ser fascina.
Corpo talhado pela Mão Divina
E voz que encanta a quem, feliz, a escuta...
Eu que venero esta sutil menina,
Trago minh´alma em tormentosa luta,
Por muito amar essa lourinha astuta
Que não me quer, mas que meu ser domina.
Embora assim eu viva atormentado,
Não me abandona a mágica esperança
De vê-la um dia plácida ao meu lado...
Feliz no mundo, então, serei risonho
Ao lado da mais bela e meiga criança
Que há de viver comigo no meu sonho.
FASCINAÇÃO
Filha dileta da beleza pura,
De cútis alvo-rósea acetinada...
Por entre flores, em manhã dourada,
Surgiu-me - diz-me porquê - tal criatura.
Por sua voz, minh´alma apaixonada
Vibra, palpita, em ânsias de loucura...
Ao seu olhar, p´ra mim doce ventura,
Se é noite, nasce o sol, faz-se a alvorada.
Olha-me... curva-se o meu ser contrito.
Fala-me... aos céus amargurado eu grito
A implorar o amor dessa mulher divina.
Nesta loucura, eu vou levando a vida,
A desejar essa maçã tão doce e proibida.
É a minha comovente e dolorosa sina.
INCERTEZA
Viver amando alguém que amar não sabe,
N´alma gravada a imagem que se adora,
Sem esperança que tal sina acabe,
Que finde a dor que meu viver devora.
Antes morrer! Que uma tal dor não cabe
Dentro do peito meu que o amor implora...
Antes o mundo sobre mim desabe
Que tal viver levar qual levo agora.
Antes ser cego, surdo, mudo ou mesmo
Viver no mundo como um pária a esmo
Ser ter no peito o mal que me trucida.
Que outro não existe mal assim tão fero
Do que sentir no peito amor sincero
E a alma não ser igual correspondida.
ESPERANÇA
De tez alabastrina, alva, impoluta,
É a donzela que o meu ser fascina.
Corpo talhado pela Mão Divina
E voz que encanta a quem, feliz, a escuta...
Eu que venero esta sutil menina,
Trago minh´alma em tormentosa luta,
Por muito amar essa lourinha astuta
Que não me quer, mas que meu ser domina.
Embora assim eu viva atormentado,
Não me abandona a mágica esperança
De vê-la um dia plácida ao meu lado...
Feliz no mundo, então, serei risonho
Ao lado da mais bela e meiga criança
Que há de viver comigo no meu sonho.
sexta-feira, 5 de março de 2010
COPA DO MUNDO
O Brasil não foi campeão, mas tinha a melhor equipe do mundial de 1982. Tal como a Holanda, em 1974, e a Hungria, em 1954. Essas três equipes me maravilharam e somente foram superadas pelas seleções brasileiras de 1958 e de 1970 que tinham Pelé e foram campeãs.
A de 1982 tinha, porém, o melhor técnico de futebol de todos os tempos: Telê. Foi uma grande injustiça perder para a Itália.
Esse vídeo abaixo, uma homenagem ao Telê, mostra os onze mais belos gols daquela seleção.
Sinto saudade do Telê porque gosto do futebol bonito, bem jogado, não daquele futebol de resultados que se joga atualmente. Que importa se o Brasil não foi campeão em 1982?
Nos mais belos gols de Pelé, a bola não entrou. Como naquele drible da vaca no goleiro uruguaio e no chute do meio de campo contra o gol da Tchecoslováquia.
Que haja mais uma injustiça na próxima copa e que o Brasil seja campeão.
A de 1982 tinha, porém, o melhor técnico de futebol de todos os tempos: Telê. Foi uma grande injustiça perder para a Itália.
Esse vídeo abaixo, uma homenagem ao Telê, mostra os onze mais belos gols daquela seleção.
Sinto saudade do Telê porque gosto do futebol bonito, bem jogado, não daquele futebol de resultados que se joga atualmente. Que importa se o Brasil não foi campeão em 1982?
Nos mais belos gols de Pelé, a bola não entrou. Como naquele drible da vaca no goleiro uruguaio e no chute do meio de campo contra o gol da Tchecoslováquia.
Que haja mais uma injustiça na próxima copa e que o Brasil seja campeão.
segunda-feira, 1 de março de 2010
E AGORA, JOSÉ SERRA?
Caiu na pesquisa (a Coroa subiu), o povo sumiu, está sem discurso, já não pode fumar (você proibiu), o dia não veio, Minas não há mais (Aécio fugiu), sozinho no escuro...
Drummond foi um profeta? Será que eu também serei?
A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou,E agora, José Serra? Vai desistir ou perder p´ra mulher? Quem vai te substituir? FHC? Não existe outro.
e agora, José ?
e agora, você ? você que é sem nome, que zomba dos outros,
você que faz versos, que ama protesta,
e agora, José ?
Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho,
já não pode beber, já não pode fumar,
cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio,
o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia
e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José ?
E agora, José ?
Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum,
sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro,
sua incoerência, seu ódio - e agora ?
Com a chave na mão quer abrir a porta,
não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou;
quer ir para Minas, Minas não há mais.
José, e agora ?
Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense,
se você dormisse, se você cansasse, se você morresse…
Mas você não morre, você é duro, José !
Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia,
sem parede nua para se encostar,
sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José !
José, para onde ?
Drummond foi um profeta? Será que eu também serei?
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