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quarta-feira, 15 de julho de 2009

DIPLOMA DE JORNALISTA

P´ra quê? Perguntariam Carlos Lacerda, Irineu Marinho, Mário Rodrigues, Assis Chateaubriand... E também perguntariam seus filhos Roberto Marinho, Mário Filho, Nelson Rodrigues. David Nasser e tantos outros importantes jornalistas perguntariam: p´ra quê?
Esses e milhares de outros grandes jornalistas jamais cursaram uma faculdade de comunicação. Apesar de não ter diploma de jornalista, o ministro da comunicação – Hélio Costa - exerceu a profissão: foi repórter dos jornais Estado de Minas e Diário da Tarde, em Minas Gerais, e implantou a sucursal da Rede Globo nos Estados Unidos onde foi seu correspondente internacional.
E, também, pergunto eu que não sou jornalista, sou publicitário: diploma p´ra quê?
Eu cursei uma faculdade de comunicação. E, como nunca suportei a mediocridade, abandonei-a no meio do curso. Os professores dessas faculdades são aqueles jornalistas e publicitários que jamais podem abandoná-las porque não conseguem emprego em outro lugar. Falta-lhes talento para exercer a profissão na qual foram graduados.
É preciso talento, não de diploma para exercer muitas profissões. A de vendedor, por exemplo.
Já viram alguma faculdade de vendas para diplomar vendedores? E corretores de imóveis, músicos, escritores, pintores?
Além de talento, é preciso saber escrever para ser jornalista. Além de talento, uma voz bonita para ser radialista. E na TV, é preciso talento, voz bonita e muito boa aparência. Talento vem do berço, p´ra que diploma?
A melhor escola de jornalismo é o próprio jornal, a revista, o rádio ou a televisão. E quantas outras profissões se aprende exclusivamente na prática? Por acaso é preciso ser formado em administração para dirigir uma empresa? Nunca me exigiram diploma para exercer a profissão de publicitário em um agência de publicidade.
A obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista tem origem na ditadura. Mais exatamente no famigerado AI-5, de 13 de dezembro de 1968, que também exigiu diploma para os professores de jornalismo. Tratava-se, portanto, de uma herança dos generais, uma aberração como a Lei de Imprensa que acaba de ser banida pelo STF junto com a exigência do diploma de jornalista.
Então por que a discussão em torno de algo tão inútil e dispensável? Por que estudantes de comunicação, professores e sindicalistas realizaram ato público em favor da obrigatoriedade do diploma de jornalista no Centro da cidade do Rio de Janeiro?
Logo após o AI-5, proliferaram as faculdades de comunicação. Hoje, existem cerca de 470 escolas de jornalismo que formam quase 12.000 jornalistas anualmente. Quantidade absolutamente desnecessária que desvaloriza o salário do profissional. Existem, também, inúmeros sindicatos da categoria, além da Federação Nacional de Jornalistas.
Imaginem a grana que rola para esses donos de faculdades e diretores de sindicatos.
Para Suzana Blass, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, “o diploma profissionalizou o jornalismo que, hoje, é bem mais ético e comprometido com a responsabilidade social". Bem mais ético e comprometido? Tá de brincadeira, só pode ser. O compromisso é com a opinião do dono do jornal. Isso é ética?
O jornalista atualmente é a voz do dono. Se for convocado para escrever sobre Jesus Cristo na véspera do Natal, o redator vai perguntar ao editor: “escrevo contra ou a favor?”
Para Carmen Pereira – diretora do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo – a exigência do diploma serve como garantia de qualidade das informações transmitidas. Tá, de brincadeira, também. Ela disse, ainda, que a profissão subiu um patamar quando surgiu a exigência do diploma. Só se foi o patamar da censura do AI-5.
Fica claro que elas não têm argumentos para defender o diploma. O deputado Paulo Pimenta, defendendo a exigência do diploma, foi mais sincero na tribuna da Câmara Federal: “Isso significará um desastre para as faculdades de jornalismo de todo o Brasil”. Acrescentaria eu que será um desastre também para os inúmeros sindicatos.
Mas, para o estudante das boas faculdades, não. Esse pode ficar tranquilo, pois, essas faculdades continuarão a existir, ajudando em sua formação e expedindo diplomas. E um diploma é sempre uma vantagem sobre quem não o possui,
O que acabou foi apenas a exigência do diploma para exercer a profissão de jornalista. E isso é absolutamente correto.

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