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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

CANDIDATOS-EMPRESA

O UOL publica, hoje, em sua página sobre as eleições, matéria que parece ter sido copiada desse nosso blog. Abaixo transcrevemos um resumo do texto que você pode comparar com a nossa postagem de 31/8 intitulada "PROPAGANDA POLÍTICA OU CAMPANHA PUBLICITÁRIA?.

26/09/2008 - 06h00
"Candidato-empresa" aproveita eleição e promove sua firma
UOL Notícias
Muitas pessoas acabam conhecidas por seu local de trabalho. E, de tão populares, adotam de vez o nome profissional quando se lançam na carreira política. João da Farmácia (PMDB), Zeca do Táxi (PTN), Betão do Lava-Rápido (PMDB), Carlão da Padaria (PSL) e Della do Ferro Velho (PTN) são alguns dos nomes de urna dos candidatos a vereador de São Paulo.
Outros vão até mais longe e colocaram a marca de suas empresas em plena urna eletrônica. É o caso de Ana Lúcia Gonçalves, cujo nome de urna é Ana da Imobiliária Trevo (PRP). Ela já foi conhecida como Ana do Ovo, afinal, vendia dúzias deles até o Plano Real, em 1994, quando as pessoas pararam de estocar o produto para driblar a inflação.
Agora, Ana quer virar política, mas já vê vantagem para a empresa com sua campanha eleitoral. "Toda a propaganda vai bem. O cliente vira eleitor, o eleitor pode virar cliente", sintetiza a comerciante, que está otimista.
Outro que se vê eleito e sua empresa ganhando fama é Gil da Ultra-Som (PSC), que leva o nome de sua loja de som automotivo na Penha. "Quando terminar a apuração e eu for um dos vereadores, todo mundo vai querer saber o que é a Ultra-Som", se entusiasma.
Outro candidato do ramo é Paulo Roberto Varotti. Seu nome de urna é Paquera (PMN), em referência ao comércio de som e acessórios. "Quando abri a loja, pensei em uma marca diferente. Paquera pegou. Espero que dê sorte na política também", afirma Varotti.
Outro com a palavra "som" no nome de urna é Antonio Delbucio. Ele, porém, parece mais empolgado com sua casa de baile no Tatuapé que com sua candidatura. Tonhão da Som de Cristal (PDT) ficou desgostoso quando seu partido desistiu de lançar Paulinho da Força para prefeito e apoiou Marta Suplicy (PT).
Wander da Lig Moto (PV) é mais um exemplo de candidato-empresa. Ele diz que foi um dos primeiros motoboys de São Paulo e montou uma das empresas pioneiras do setor.
Ele crê que será eleito. "Naturalmente vai ser uma promoção para a empresa", diz o candidato.
Também célebre em seu ramo é Zezinho da Kirei (PV), dono de um salão de beleza, escola de cabeleireiro e de loja de móveis especializados. "É um nome japonês forte, ajudou no meu ramo. Vai ajudar na política", acredita.
A lista inclui ainda Beto do Mercado Legal (PSC) e Chiquinho Automóveis (PTB). Mas nenhum dos candidatos paulistanos chega ao inusitado de José Barreto Tomaz, que se apresentou em Belo Horizonte pelo PHS. Seu nome de urna é Tomaz da Desentupidora Rola Bosta, empresa que fundou há sete anos na cidade. Ele diz ter mais de 2.000 fregueses, mas nas eleições de 2004 recebeu apenas 302 votos.

http://eleicoes.uol.com.br/2008/ultnot/2008/09/26/ult6120u49.jhtm

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

EU APÓIO XIKINHO DA RÁDIO E CAPIXABA


Recebi, ontem, um panfleto - impresso em computador e assinado por Lacerda - que foi distribuído em Muriqui.
Nesse panfleto, o Lacerda, que se diz velho conhecido de todos - de todos, quanta pretensão, heim! - diz que apóia e pede o voto para um candidato que não é o meu.
Alguns amigos me questionaram, pois o único Lacerda que eles conhecem sou eu. Esse que aparece aí em cima junto com um macaco Muriqui.
Respondi-lhes que não sou velho nem conhecido de todos e que meus candidatos são: Xikinho da Rádio para vereador e Capixaba para prefeito.
Eu apelo para os meus poucos conhecidos e escassos leitores que me informem quem é esse Lacerda que se afirma velho conhecido de todos.
Gostaria de conhecê-lo.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O CABELEIREIRO E O HELICÓPTERO

Achei muito curiosa a informação abaixo e como tem a ver com Mangaratiba, decidi reproduzi-la do seguinte site:
http://www.abril.com.br/noticia/comportamento/no_305951.shtml
“O gaúcho Rudi Werner, de 49 anos, tem uma clientela forte. Seus dois mais conhecidos clientes valem pela freguesia inteira de muitos concorrentes: o governador Sérgio Cabral e a mulher, a advogada Adriana Ancelmo.
Em uma ocasião, Cabral e Adriana mandaram um helicóptero, às 5 da manhã, ao heliponto da Lagoa para levá-lo a Mangaratiba, na Costa Verde do Rio, onde passam os fins de semana com a família.
Foi a primeira e, até agora, única vez em que a primeira-dama não ficou totalmente satisfeita com seu trabalho. "Fiz o corte lá, com ela sentada numa cadeira comum", relembra. "No dia seguinte ela me ligou dizendo que um lado tinha ficado maior do que o outro."
Para sentar na cadeira de Werner, é preciso desembolsar R$ 300. O governador e a primeira-dama fazem questão de pagar pelo serviço. São uma exceção. Sabe-se que entre muitas celebridades e seus cabeleireiros existe um acordo: o corte é grátis, mas elas citam o nome dos profissionais em entrevistas.”

Ficamos sem saber se, como a primeira-dama não gostou do corte, o governador mandou buscar o cabeleireiro novamente de helicóptero no dia seguinte. Como diz a nota, o governador faz questão de pagar pelo serviço do cabeleireiro.
Agora, quem pagou as idas e vindas de helicóptero?
Advinhem...

LITERATURA PRESTA DESSERVIÇO À LEITURA

Aí embaixo, há uma postagem em que falo - e falo mal - de Machado de Assis, o ícone da literatura brasileira.
Afirmei que “o texto e o estilo de Machado de Assis estão completamente ultrapassados. E ninguém tem a coragem de dizer. Atualmente, após cem anos de sua morte, colégios e professores ainda indicam Machado de Assis como leitura obrigatória. Talvez, por isso, os estudantes, em sua maioria, não adquirem o salutar hábito da leitura.”
Vejo que não estou só nessa campanha iconoclasta.
Li, hoje, no Globo.online, que o professor de pós-graduação da UFF e ex-sub-reitor da Estácio de Sá, o jornalista Feipe Pena - ele está lançando o livro “O analfabeto que passou no vestibular” – afirma que “Não tenho pretensões literárias com este livro nem com o próximo, que está quase pronto. Não faço literatura, faço ficção. A literatura brasileira contemporânea presta um desserviço à leitura. Os autores não estão preocupados com os leitores, mas apenas com a satisfação da vaidade intelectual. Escrevem para si mesmos e para um ínfimo público letrado, baseando as narrativas em jogos de linguagem que têm como único objetivo demonstrar uma suposta genialidade literária. Acreditam que são a reencarnação de James Joyce e fazem parte de uma estirpe iluminada. Por isso, consideram um desrespeito ao próprio currículo elaborar enredos ágeis, escritos com simplicidade e fluência. E depois reclamam que não são lidos. Não são lidos porque são chatos, herméticos e bestas.”
O Aurélio afirma que Machado de Assis é contemporâneo.
Portanto, o professor está de acordo com a minha opinião.

domingo, 14 de setembro de 2008

PLÁGIO OU APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Há cerca de vinte anos, a cantora Georgete da Mocidade pediu-me para terminar um samba que ela própria teria começado. O samba começava assim: “A gente se ama, se xinga e se beija, a gente se ofende e, depois, volta o amor...” Era somente a cabeça, nem rima tinha.
Terminei o samba com o meu parceiro China. Todo compositor sabe que quando entra a cabeça o resto é fácil. Ela gostou muito e disse que o incluiria em seu próximo LP.
De fato, incluiu, mas sem o meu nome, sem o nome do meu parceiro. Ela e o produtor do disco foram identificados como os autores do samba.
Fiquei revoltado. Roguei-lhe uma praga e disse-lhe: você jamais gravará coisa alguma novamente. Minha praga pega, é pior que praga de mãe. Ela nunca mais gravou.
Este foi um caso de apropriação indébita.
Não foi o plágio descarado que vejo agora nesta nossa campanha eleitoral. Ou será que também são casos de apropriação indébita? De qualquer forma, me revolta o uso indevido da criatividade alheia nos jingles da campanha política.
O Charles da vídeo-locadora se apropriou de música e letra – Êh! Meu amigo Charles – de uma composição de Benito Di Paula que fez grande sucesso.
O terceiro candidato usa a melodia de “Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci”. Um funk gravado por Cidinho e Doca no tempo em que havia melodia neste nocivo gênero musical.
E o prefeito candidato à reeleição – que mau exemplo, heim! – diz que é da terra, mas teve que ir à Tijuca buscar o “trá-lá-lá-lá-lá-lá, trá-lá-lá-lá-lá-lá” do hino do América para colocar como introdução de seu jingle.
A Resolução 22.718 do TSE, em seu Art. 68 e Parágrafo Único, trata da violação do direito autoral, mas coíbe apenas no horário eleitoral gratuito do rádio e TV a propaganda que se utiliza da criação intelectual sem autorização do autor.
Vou rogar uma praga: em 2010, o TSE há de coibi-la também na produção de jingles.

sábado, 13 de setembro de 2008

O TERCEIRO CANDIDATO

Fui questionado por um amigo sobre a enquete eleitoral no final desta página. Reclamou que somente incluí nas respostas os nomes de Aarão e Capixaba, quando existe um terceiro candidato a prefeito em Mangaratiba.
Disse-lhe que, quando iniciei a enquete, havia um quarto candidato que desistiu logo no início da campanha, pois viu que a eleição ficaria polarizada entre dois candidatos apenas.
De fato, a eleição está polarizada. É Aarão ou é Capixaba.
O outro é candidato de si mesmo.
Ou será candidato da situação para dividir o eleitorado de Muriqui onde Capixaba é muito mais forte?

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

ICONOCLASTIA

O São Bento sempre foi um ótimo colégio. Meus dois filhos saíram de lá diretamente para a universidade pública. Um para a UERJ e outro para a UFRJ, sem fazer cursinho pré-vestibular.
Aliás, passaram em todos os vestibulares da época e escolheram onde estudar.
Porém, o São Bento tinha um defeito – e ainda deve ter - obrigava as crianças a lerem Machado de Assis, um grande chato de galochas, sempre deificado como o maior ícone da literatura brasileira.
Quando meus filhos leram Dom Casmurro, tive que me empenhar para justificar certas frases do livro.

“Era um coqueiro velho, e eu cria nos coqueiros velhos, mais ainda que nos velhos livros.”
“Cheguei a pegar em livros velhos, livros mortos, livros enterrados, a abri-los, a compará-los...”
“E em pé, quando era mais pequeno, metia a cara no vidro, e via o cocheiro...”
“Estava em pé, dava alguns passos, sorria ou tamborilava na tampa da boceta.”


Consegui convencê-los de que não existiam livros velhos, mortos ou enterrados. Existiam livros.
Se bons ou maus livros dependia exclusivamente da opinião do leitor. E os obriguei a ler também os autores modernos. Quem não lê, mal sabe, mal vê e não consegue falar nem escrever.
Foi difícil convencê-los que, embora não seja errado dizer mais pequeno – em Portugal se usa comumente - no português brasileiro, o mais correto e sonoramente agradável é usar o superlativo menor. Manuel Bandeira – seguindo o exemplo de Fernando Pessoa - também usou a expressão, mas é preciso considerar que em poesia quase tudo é permitido.
Desde muito pequenos, como qualquer criança, eles falavam mais pequeno, mais grande. E sempre foram repreendidos. Quando leram aquele chato, pensaram que pai e mãe estavam errados.
Agora, imaginem o que se passou pela cabeça deles quando leram que o Protonotário Apostólico Padre Cabral tamborilava na tampa da boceta. Teria sido ainda pior se eles tivessem lido "Bocetas atochadas de pastilhas e docinhos perfumados." (em Lisboa Galante, de Fialho de Almeida).
A verdade é que o texto e o estilo de Machado de Assis estão completamente ultrapassados. E ninguém tem a coragem de dizer.
Atualmente, após cem anos de sua morte, colégios e professores ainda indicam Machado de Assis como leitura obrigatória.
Talvez, por isso, os estudantes, em sua maioria, não adquirem o salutar hábito da leitura. Como diz o brasileiro em geral: não tenho tempo pra ler, não tenho saco.
De fato, é preciso ter saco pra ler Machado de Assis. Como ele próprio escreveu em Dom Casmurro: “Chegue a deitar fora este livro se o tédio já o não obrigou a isso antes....”

CONTO QUASE PORNOGRÁFICO II

Agora, em seu leito de morte, quando ainda lhe resta apenas um sopro de vida, ele decidiu confessar-se a si próprio: eu fui um canalha, sempre fui, através dos tempos. Não tenho perdão, o inferno me espera.
Lembrou que havia traçado a mãe, as irmãs, a esposa, a amante, a noiva e as namoradas de seus melhores amigos e vizinhos.
Os vizinhos foram perdidos nas mudanças, mas os amigos permaneceram amigos.
Em suas visitas, tudo lhe vem à memória. Tem o ímpeto de dizer-lhes: eu sou um canalha, um crápula, um pulha, tracei a senhora sua mãe.
Porém, faltava-lhe a coragem que somente os covardes têm nos momentos de perigo extremo.
Vou passar a eternidade no infermo, pensava. Se não me confessar como poderei entrar no paraíso?
Pediu um padre. Disseram-lhe que o sacerdote somente poderia vir para a extrema-unção.
De que adiantaria? Nesse momento, a morte cerebral não lhe permitiria qualquer atitude.
Tentou refugiar-se nos textos bíblicos. O Novo Testamento apenas lhe trouxe maior remorso.
A consciência daqueles e de outros pecados cometidos.
Desesperou-se, queria pedir perdão a todos. Mas, como? Seria pior. É bem melhor para aqueles amigos continuar a viver na ignorância. O conhecimento quase sempre é um desgosto profundo e traz decepções incontornáveis.
Foi quando recebeu a visita de um amigo tão patife quanto ele. Converteu-se, está lendo a Bíblia? perguntou o amigo. Quero me redimir dos meus pecados, mas a Bíblia me faz sentir ainda mais culpado, respondeu.
Você está lendo a Bíblia errada, leia o Antigo Testamento, aconselhou o amigo.
Quando o amigo se despediu e estava saindo, tomou coragem e gritou: transei com a sua mulher.
Aquela cínica desavergonhada? Pensa que foi só você? Comentou o amigo antes de fechar a porta atrás de si.
Seguiu o conselho daquele amigo tão canalha quanto ele. Apelou para o Antigo Testamento e sentiu-se recompensado.
Logo no Gênesis, com as estórias de Sara e Abraão, Isaac e Rebecca, de Esaú e Jacob, de Lia e Raquel, com Abimalec e outros atores coadjuvantes, ficou aliviado de todos os pecados..
Sentiu a alma lavada e leve como a pluma.
Deu um último suspiro.
E partiu feliz.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

CONTO QUASE PORNOGRÁFICO

Em sua juventude, Márcia foi aquilo que se dizia antigamente: uma beldade. Era a jovem mais bela, invejada e desejada do bairro. As amigas queriam andar a seu lado. Sempre sobrava um dos rapazes que lhe davam em cima.
Casou-se bem nova com um empresário riquíssimo. Era um homem bom que atendia todos os seus caprichos. Amante dedicado, Anselmo montou-lhe um apartamento de cobertura na Barra. Dava-lhe as jóias mais caras e um carro de luxo novo todo ano. Márcia não poderia ser mais feliz. Correspondia aos anseios do marido. Era ardente, elétrica, tinha uma grande energia sexual. Vestia-se de forma sensualíssima. Sempre o esperava de camisola transparente e uma minúscula calcinha. Assim viveram quase vinte anos.
Tiveram um filho - Leonardo - agora com dezessete anos. Márcia continuava linda, esbelta, sensual. Aos 38 anos ainda era uma beldade. Quem a visse de biquini ficava maravilhado. Custava a tirar aquela imagem da lembrança.
Ela amava aquele filho. Era louca por ele. Fazia-lhe todas as vontades. Dizia sempre ao marido: pelo meu filho, sou capaz de tudo, de morrer e de matar.
Mas, o filho, desde os quinze anos, começou a causar preocupação. Emagreceu. Deprimido, não se alimentava. Parecia dominado por uma paixão incontida, avassaladora e não correspondida. Entregou-se às drogas. Quase sempre, agia como um pitbull enlouquecido. Xingava, quebrava tudo em casa, agredia a todos. Abandonou a escola. Decepcionou pai e mãe. O pai já não o suportava. A mãe, porém, a beldade, tudo fazia por ele e tudo aturava daquele filho atormentado.
Por ele faço qualquer coisa, eu mato, eu morro, repetia ela.
Márcia não mais se cuidava, esqueceu-se de si própria. Vivia, agora, somente para aquele filho querido.
Os medicamentos receitados de nada adiantavam. Não havia mais esperança. O pai quis interná-lo em uma clínica para dependentes químicos. Não havia mais nada a fazer. Ela não permitiu.
Foi quando todos notaram que o rapaz estava mudando, vivia mais calmo. Voltou a estudar e a conversar com o pai que passou a orgulhar-se dele novamente. Leonardo demonstrava uma alegria contagiante. Tudo voltou à normalidade.
A beldade voltou a enfeitar-se novamente. A vestir-se bem. Cuidava dos cabelos. As amigas vibravam, ela estava de novo radiante. Parabéns, diziam os amigos ao marido, você voltou a ter uma mulher.
Um dia, na cama, ela vira para o lado e diz: hoje não, querido. Aquele ardor sexual deixara de existir.
Hoje não. Já tinha ouvido isso tantas outras vezes naquela época, mas não acompanhado daquele querido. O querido tinha um quê de remorso, de culpa. Foi aquele querido, dito daquela forma, que o fez desconfiar da fidelidade da mulher.
Passou a vigiá-la. Contratou detetive que não descobriu qualquer evidência de traição.
Após mais de um mês de investigação, o detetive deu o veredicto: sua esposa é uma mulher honrada, uma santa, só sai de casa para ir às compras, só recebe visita da mãe e das amigas.
Anselmo logo pensou em homossexualismo: será que ela se transformou em uma lésbica?
A vida conjugal seguia monótona, quase fria. Raras vezes Márcia atendia aos anseios sexuais de Anselmo. Mas, permanecia sensual, cuidando sempre de sua beleza. E continuava uma perfeita dona de casa. Leonardo ia muito bem na faculdade. Dedicado aos estudos, não queria mais saber de farra, de amigos. E nem de namoradas.
Foi aí que Anselmo teve um estalo: os dois, a mulher e o filho, haviam mudado completamente o seu modo de ser.
Certo dia, ele saiu bem cedo para o trabalho. Como sempre, deixou o filho e a mulher dormindo. Voltou de surpresa, duas horas depois. Entrou em silêncio.
Em silêncio, Anselmo foi até o seu quarto e viu: a mulher e seu filho na cama. Nus.
Leonardo deu um salto e correu. Márcia, calma, serena e sem culpa, apenas disse:
eu falei p´ra você, por meu filho, sou capaz de tudo.
Anselmo os perdoou.
E viveram felizes para sempre.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

TOM JOBIM QUE ME PERDOE

É pau... é pedra...
É buraco na estrada,
Tanta gente que medra,
Quanta barra pesada.

É assalto, é porrada, é sequestro, arrastão,
É trombada de carro, é escarro no chão...
É o medo da morte, é o calo na mão,
É a falta de sorte, a discriminação...
Ainda há quem suporte o errado, o mal feito,
Entre o fraco e o forte, é tanto preconceito...
É mentira, é intriga, é falta de respeito,
É a ira, é a briga e essa dor no meu peito.

É pau... é pedra...
É buraco na estrada,
Tanta gente que medra,
Quanta barra pesada.

É o bolso e a barriga em um vazio obsceno,
O aluguel que obriga a invasão de terreno.
É a mãe que mendiga e a criança que chora,
Você passa, nem liga, não olha, vai embora.
Raspadinha, Esportiva, é a Loto, é a Sena,
O bicho que motiva o milhar e a centena...
É o pobre que aposta e o banqueiro que aplica,
É o auge da bosta, o apogeu da titica.

É pau... é pedra...
É buraco na estrada,
Tanta gente que medra,
Quanta barra pesada.

Simulados milagres em qualquer esquina
Que um cabeça de bagre tem como doutrina...
É o falso profeta prevendo o passado
E fazendo a coleta, fica endinheirado.
O devoto que paga foi abençoado,
"Curou" sua chaga e expulsou o “danado”...
E onde está a polícia? Qual é a solução?
Apelar p´ra milícia? Chamar o ladrão?

É pau... é pedra...
É buraco na estrada,
Tanta gente que medra,
Quanta barra pesada.

É a corrupção, é o Dantas que apela...
É investigação que o Supremo cancela.
Nossa imprensa se vende a uma elite arrogante
E ainda me ofende, diz que é vigilante.
Fariseus e traíras jurando que sim
Nessa imprensa que vira um Abel em Caim
E faz qualquer vampira virar manequim...
Vou correr outra gira, me perdoa Jobim.

domingo, 7 de setembro de 2008

INDEPENDÊNCIA OU SORTE!

A dependência é morte, em vida. Se você não teve a sorte de nascer em berço de ouro, tem que lutar por sua independência.
Eu nasci pobre e lutei muito para hoje poder viver com independência.
Lembro-me do tempo em que usava tamanco. A roupa era costurada pela minha mãe. Feita com retalhos da Fábrica Bangu. Bebia água da moringa, não tinha geladeira. O fogão lá de casa era a carvão, e, também, o ferro de passar roupa. Dormia na esteira feita de junco. Comia em prato de alumínio. Bebia na caneca. Tomava banho com sabão português.
Colhia cará (vai lá no Aurélio) nas cercas vivas para ensopar com bofe. Catava caruru (vai lá de novo) no mato para variar o cardápio de sempre: arroz e feijão com bucho ou carne-seca. Sim, carne-seca era comida de pobre. Feijão com bucho eu como até hoje. Se me sinto muito pretensioso, peço a minha mulher para cozinhar o bucho no feijão e só como isso a semana inteira. E lembro daquele tempo. É um prazeroso castigo.
Fruta era jamelão. Meu Deus! Como eu comi jamelão. Em frente a minha casa havia um enorme pé de jamelão. Comia trepado lá em cima. Era cada cacho imponente que eu imaginava ser de uva. Achava lindo, depois, a língua, os dentes e a saliva de um roxo admirável.
Brinquedo era pião e bola de gude. Papai Noel não passava lá em casa.
Cresci e fui trabalhar. Estudando sempre. Só andávamos de trem, eu e minha marmita. Gostava do que fazia e tentava fazer sempre o melhor. Seja lá o que fosse. Esse negócio de se fazer o que gosta é pura leviandade, coisa de quem não quer nada com o trabalho. Topava qualquer parada e nunca parei em qualquer topada. Caía, dava a volta por cima. Assim, fui vivendo, lutando pela minha independência.
Consegui à custa de muita luta, pois, como disse, não tive a sorte de nascer em berço de ouro. E, hoje, não preciso agradar a ninguém para sobreviver com dignidade.
Agradeço a meu pai que dizia sempre: "Você tem que estudar para ser melhor que eu". Tive que estudar e trabalhar para atingir esse objetivo. Exigi o mesmo dos meus filhos: "Vocês têm que ser melhores que eu." Coitados, tiveram que estudar muito mais.
Estou sendo pretensioso? Vou passar uma semana comendo feijão com bucho.

DEU EM "O GLOBO"

"Prefeitos do estado do Rio candidatos à reeleição jogam pesado para garantir a vitória: há uma proliferação de placas de publicidade enaltecendo obras realizadas, em flagrante desrespeito à legislação eleitoral e aos cofres públicos. Levantamento feito pelo 'Globo' e publicado sob reportagem de Cássio Bruno e Elenilce Bottarina edição deste sábado, mostra que, dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e do Tribunal de Contas do Estado, indicam que, desde 2005, 30 municípios do Rio gastaram mais de R$ 125 milhões com propaganda institucional.
Desde 5 de julho, a fiscalização do TRE-RJ apreendeu mais de 600 placas e 300 kombis em sete municípios fluminenses e já determinou a outros tantos a retirada de propaganda.

Contrariando as normas para a publicidade institucional, as placas - muitas vezes distantes das obras que deveriam detalhar - apresentam slogans, cores e promessas, numa espécie de autopromoção do prefeito. Para o TRE-RJ, é o mais flagrante uso da máquina pública em campanha eleitoral.
- A reeleição permite a quem é detentor da máquina fazer sua propaganda. Isto já aconteceu em outras eleições, mas está ocorrendo de forma acentuada nesta. O que estamos vendo são exageros inadmissíveis - diz o vice-presidente do TRE-RJ, desembargador Alberto Motta Moraes.
Para tentar coibir a prática, ele determinou aos juízes de fiscalização que oficiassem os prefeitos dos 92 municípios fluminenses, para que enviassem ao TRE os gastos com publicidade nos últimos três anos e a previsão de gastos para este ano:
O inciso 7º, do artigo 73 da Lei 9.504, estabelece que é crime realizar, em ano de eleição, despesas com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, que excedam a média dos gastos nos três últimos anos que antecedem o pleito ou do último ano imediatamente anterior à eleição.
A fiscalização flagrou propaganda até em uniformes escolares, que tinham o slogan da administração (em Mangaratiba e Rio das Ostras)."

O PODER DO VOTO

Em 5 de outubro, teremos uma nova eleição. Dessa vez, vamos votar, primeiro, para vereador, e, depois, para prefeito.
Nesse dia, o voto do cidadão mais humilde valerá tanto quanto o voto do eleitor mais poderoso. Ninguém será melhor que ninguém. Todos nós, sem distinção, seremos verdadeiramente iguais perante a urna eletrônica.
É no voto que todos têm o mesmo poder. O poder de mudar.
Esse poder não tem preço, tem consequências. É um poder que não pode ser anulado. Nem desperdiçado.
O voto não pode servir como moeda de troca. O voto é a nossa própria consciência.
A eleição é a hora da mudança que o sistema democrático - e somente ele - nos proporciona. É nessa hora que podemos confirmar com o voto aqueles que, eleitos anteriormente, trabalharam de fato pelo povo, por toda a nossa comunidade.
É, também, a hora de dar cartão vermelho àqueles que, em quatro anos, nada fizeram, esconderam-se, usaram e abusaram do mandato em proveito próprio, e, somente agora, reaparecem, cheios de amor para dar, com as mesmas promessas vãs e não cumpridas, oferecendo vantagens ilusórias que jamais serão concretizadas. Esses, agora lhe pedem o voto. Amanhã, se eleitos, vão lhe exigir distância.
Quatro anos é muito tempo e dá p´ra fazer muita coisa. Se o vereador que você ajudou a eleger satisfez as suas expectativas, reeleja-o. Dê-lhe novamente o seu voto. Se ele não correspondeu a sua confiança, substitua-o. Você tem o poder para isso.
Dê o seu voto a quem você conhece e sabe ser dedicado a sua comunidade. Alguém que jamais se escondeu e que esteve sempre presente no cotidiano do nosso Município.
Alguém que seja gente como você. Alguém a quem você sabe que pode chegar perto e com quem pode falar de igual para igual, exigindo-lhe o cumprimento de suas obrigações.
Alguém que venha prestando um serviço ininterrupto e essencial à toda comunidade. Alguém que tem como objetivo lutar pela melhoria da qualidade de vida de todo o povo.
E lembre-se, para acabar com os maus políticos, só há um único jeito: seja um bom eleitor.