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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

EDUCADORAS!?


“Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos” (Nelson Rodrigues)

 
Em postagem anterior, ao final de sua declaração a favor do Bolsa Família, Marina Silva se orgulha de ser professora.
Professora, sim. Não educadora como ouço e leio quando falam sobre as meritíssimas e mal remuneradas professoras de Mangaratíba.
Fui casado com uma professora formada no Instituto de Educação. Foi uma ótima professora primária. Formou-se em estatística e deu aulas de matemática no segundo grau. Logo depois era professora de estatística no terceiro grau. Tinha carisma, era querida e respeitada por todo o corpo discente e, também, pelo corpo docente. Aprendi muito com ela.
Como a Marina Silva, tinha orgulho de ser professora. Jamais se declarou educadora.
“Educadora eu sou do meu filho. E somente dele. Os pais que me mandem filhos educados para a escola” - ela dizia.
Será que o Paulo Freire – o padroeiro da educação brasileira - tem razão quando diz Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. Na verdade, somente quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a pensar certo. E uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiado certos de nossas certezas”.
Talvez, eu esteja errado em não aceitar o termo educadora que tem uma conotação de professora idosa. Mas, como ficariam os poetas se extinguíssemos um termo célebre, renomado e poético como professora.
“Que saudade da educadorinha que me ensinou o bê-a-bá” – teria escrito Ataulfo Alves. Coisa feia não é? Agora, veja como é lindo a Clara Nunes lembrando da professorinha.
 
E Jorge Faraj teria escrito assim para a melodia de Benedito Lacerda: “e no trem das educadoras, em que outras são sedutoras, eu não vejo mais ninguém”. Fico imaginando um trem repleto de senhoras idosas, todas de coque no cabelo, com buço e óculos de elevado grau, armação de tartaruga, algumas bem gordas, como aquelas professoras de antigamente que não mais se fabricam.
Educação não é somente uma atividade, é, acima de tudo, a construção de um saber que ultrapassa o sentido escolar e se torna uma construção permanente na vida do ser humano.
”Tem se criticado muito uma visão da educação que coloca muita ênfase no ensino e, conseqüentemente, no professor” - afirma Dermeval Saviani, um filósofo da educação.

“O que é ensinado em escolas e universidades não representa educação, mas são meios para obtê-la” - completa o filósofo Ralph Emerson.
E o gênio Einstein, olha só o que ele disse: "Educação é aquilo que permanece depois que esquecemos tudo o que aprendemos na escola."
Então, por que educadoras? Se o são, perdoem-me a franqueza, são péssimas e incompetentes.
Ou o Nelson não teria dito, com absoluta razão, aquela frase lá de cima.

2 comentários:

leila disse...

Lacerda,

Veja a incoerência desta questão.
Todos,inclusive as professoras, alegam que educação é recebida em casa e no entanto amam o termo educadoras...

Eu já penso que este termo é válido para os educadores, ou seja, todo profissional da área, envolvido diretamente com os alunos.

E justamente por isso, discordo que educação é uma tarefa somente da família. A família é a primeira célula social do indivíduo e é ali que se apresenta as primeiras regras de convívio em sociedade. a próxima etapa, e veja, ainda na primeira infância, a criança é apresentada ao mundo, quando são colocadas em uma escola. Ora, se ali não tivermos regras, novas ou as que já conhecemos, haverá um conflito muito grande para o "educando", pois é um caminho sem volta na medida em que novos horizontes são apresentados e eles podem ser excelentes ou não...

A tarefa do professor, além de apresentar o "conhecimento" em si, é também o de estimular ao questionamento e complementar os limites de convívio em sociedade... tarefa complexa que perdura por vários anos.

E considerando que a escola deve ter regras claras de convívio, e que todos os envolvidos são preparados para esta tarefa... então, estamos diantes de educadores.

Mas, isso só vale para os que se enquadrem nesta descrição, os que não aceitam esta tarefa, serão meros profissionais da educação...

Educação é uma parceria entre família e escola...ao menos para o ensino fundamental. Depois disso, é só informação e conhecimento!

Anônimo disse...

Leila Castro,gostei(também)da última frase,concordo plenamente.Mas onde está a família?Antes costumava-se usar termos como: mestra,educadora,professora.Há algum tempo,mudou para "tia",um jeitinho de transferir toda a
responsabilidade que deveria ser da família para a coitada da"educadora".
O governo estadual,que deveria assumir ,também,suas responsabilidades,inclusive com o ensino fundamental,resolveu
transferi-las para os municípios,alegando que seria muito
melhor a "descentralização" da educação(se estivéssemos na Suíça ou no Japão,tudo bem,apesar do governo federal,nos últimos dez anos,ter começado a olhar para ela).Atualmente, é isso aí,sem comentários...