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terça-feira, 25 de outubro de 2011

UM PARTIDO APOLÍTICO

Que não precisa de uma ideologia para existir é o PSD. Criado pela  cria do José Serra, o partido abriu as portas para todos, sejam governistas ou oposicionistas insatisfeitos e para aqueles nem tanto. Como disse o próprio fundador Gilberto Kassab – um cinquentão solteirão que a Martha Suplicy duvidou da masculinidade – o PSD é “Um partido que não é de direita, nem de esquerda, nem de centro”.
Muito pelo contrário, e talvez por esses motivos, o partido já nasce como a quarta maior força partidária na Câmara Federal, podendo ainda superar o PSDB e se tornar o terceiro maior partido.
“O partido ainda não tem programa. Vou lutar para que seja liberal na economia e com preocupação social” – afirma o prefeito de São Paulo.
Oposicionistas creem que o PSD nasceu com o apoio do governo federal para esvaziar ainda mais a moribunda oposição.
Especula-se que, devido às relações entre Kassab e Serra, este seria o verdadeiro articulador do PSD que viria a servir-lhe de linha auxiliar em 2014. Os dois negam, mas Geraldo Alckmin – atual governador de São Paulo – considera o PSD como um braço de Serra fora do PSDB.
O vice de Alckmin – Guilherme Afif Domingues – aderiu ao PSD e deixou o governador preso ao cargo. Se deixá-lo, em 2014, para disputar a presidência, perderá o controle da máquina para um adversário.
Em almoço com Sérgio Cabral, em São Paulo, Kassab afirmou ao governador: “Para mim, partido tem que ter chefe. E, no Rio, o chefe do PSD é você, Cabral. E os padrinhos são a Dilma e o Lula.”
Para Cabral, que se reuniu no Rio com o prefeito de São Paulo para ajudar na montagem do PSD fluminense, “Kassab é um animal político e acho que o PSD está mais próximo de Dilma do que de Serra”.
Lula, porém, afirma: “Não se iludam, esse Kassab é Serra”.
Para César Maia, “Um partido normalmente nasce homogêneo e, com o tempo, se torna heterogêneo... mas, esse aí já nasce heterogêneo e aideológico.”
Para mim, essas raposas políticas fluminenses têm como objetivo comum acabar com o Garotinho, suas pretensões políticas e seu partido.
Cabral dá todo o apoio ao PSD e conquista sua aliança em 2012 para a reeleição de Eduardo Paes. César Maia coloca no PSD seus asseclas Solange Amaral e Índio da Costa. Este como presidente do partido que já conquistou a maior bancada (12 deputados) na Assembléia Legislativa (ALERJ), deixando para trás PMDB e PDT com 11 deputados cada um.
O partido mais prejudicado foi o PR do Garotinho que perdeu quatro deputados para seu maior adversário político. Os quatro que deixam o PR são: os “evangélicos” Samuel Malafaia e Fábio Silva, Iranildo Campos e Roberto Henriques.
Atrapalhar o crescimento do Garotinho no estado é nossa estratégia. Desmontar os aliados de Garotinho faz parte da estratégia do PSD, sim” - admitiu Indio da Costa, o vice de Serra em 2010. O PSD está disposto a sufocar o PR nas alianças para as disputas municipais de 2012, porque poderá fazer coligações com todos os partidos, exceto com o partido de Garotinho e com o DEM. Fato que já ocorre em Mangaratiba.
O principal nome da legenda e que teve maior exposição na mídia nos últimos anos é a senadora Kátia Abreu, aquela que articulou junto aos deputados a emenda ao novo Código Florestal que anistia desmatamentos anteriores a 2008 em áreas de preservação permanente (APPs) e permite que os estados legislem sobre o tema.
Ambientalistas e o governo consideram que a emenda vai representar maior fragilidade na Lei, já que alguns estados são mais suscetíveis a pressões de ruralistas, reduzindo ainda mais as exigências de proteção ambiental. Marina Silva considera o texto um grande retrocesso na proteção dos recursos florestais e quer ampliar a discussão com a sociedade. Para Marina, a proposta rompe com o princípio fundamental do código em vigor, que reconhece as florestas brasileiras como de interesse comum a todos os habitantes do país.
Ruralista, presidente
da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil, Kátia Abreu, que combateu a demarcação de terras indígenas em Roraima, repudia também a demarcação de área de quilombolas na Ilha de Marambaia, em Mangaratiba.
Em discurso no Senado, ela criticou as ONGs que pressionam pela demarcação de áreas na Ilha de Marambaia como área de quilombolas, isto é, como sendo pertencente a habitantes remanescentes de antigos quilombos. De acordo com a senadora, nunca houve um quilombo no local, onde vivem famílias de pescadores e que é usado como área de treinamento da Marinha.
Segundo a senadora, durante o período colonial, a ilha teria sido usada por seu dono como local de seleção de escravos que eram trazidos da África, de modo que seria uma espécie de senzala, e não um povoado de escravos fugidos, como eram os demais quilombos.
Ela é líder dos parlamentares ruralistas, isto é, fazendeiros e empresários rurais, que foram financiados por grandes empresas da agricultura e colocaram seus mandatos a serviço do latifúndio e do agronegócio. Todos têm como característica o ódio aos movimentos populares e o combate à Reforma Agrária e às lutas sociais no nosso país. São acusados de roubo de terras, desvio de dinheiro público, rejeição à desapropriação de donos de terras com trabalho escravo, utilização de recursos ilícitos para campanha eleitoral, devastação ambiental e tráfico de influência.
No Google, se você pesquisar Kátia Abreu, encontrará:
KÁTIA ABREU / Senadora (PSD-TO)
• Formada em psicologia.
• Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), eleita em 2008 para três anos de mandato. Foi presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins (1995-2005).
• Dona de duas fazendas improdutivas que concentram 2.500 hectares de terras.
• Apresentou 23 projetos no Senado e apenas três foram aprovados, mas considerados sem relevância para o desenvolvimento do país.
• É alvo de ação civil do Ministério Público na Justiça de Tocantins por descumprir o Código Florestal, desrespeitar povos indígenas e violar a Constituição.
Integrante de quadrilha que tomou 105 mil hectares de 80 famílias de camponeses no município de Campos Lindos (TO). Ela e o irmão receberam 2,4 mil hectares com o golpe contra camponeses, em que pagaram menos de R$ 8 por hectare.
Documentos internos da CNA apontam que a entidade bancou ilegalmente despesas da sua campanha ao Senado. A confederação pagou R$ 650 mil à agência de publicidade da campanha de Kátia Abreu.

N.L.: As declarações em itálico foram reproduzidas da Revista Piauí, nº 58, edição de julho de 2011, e do jornal O Globo. Sobre a senadora, as informações são da internet.


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