- Irmãos, Ele deu o Seu sangue e a Sua vida pela nossa redenção. Com o Seu sacrifício, Ele nos redimiu de todos os pecados. O que Ele nos pede agora é muito pouco diante do tanto Que nos concedeu. Ele pede uma pequena ajuda de vocês, irmãos, para mantermos o nosso ministério, o nosso templo. Amém?
A platéia se movimenta, grita amém. Alguns baixam a cabeça. Outros se ajeitam em seus lugares. Poucos apalpam os bolsos. As mulheres olham dentro das bolsas. E o pastor faz o apelo.
- Quem de vocês tem a condição de oferecer cem reais para se tornar um patrocinador de nosso templo?
Duas pessoas se levantam e se encaminham para o palco. Cada um coloca cem reais na caixa coletora. São dois comerciantes locais.
- Palmas, muitas palmas para estes abnegados colaboradores da obra de Deus - pede o pastor - Os irmãos hão de retribuir prestigiando sempre o comércio de vocês. Amém?
A platéia grita amém e irrompe em aplausos. Os dois comerciantes, cabeça erguida, sorriem.
- Vejam com que orgulho e satisfação eles deram a sua contribuição – continua o pastor – eles serão recompensados com a bênção do Senhor. Eu sei que poucos têm condição de oferecer cem reais, mas quem pode oferecer cinquenta reais?
Alguns poucos vêm ao palco e colocam suas notas na caixa coletora.
- E vinte reais, quem pode doar para a nossa grandiosa obra?
Agora são quase vinte que chegam ao palco. Outros tantos se aproximam quando o pastor pede dez reais. Mais adeptos chegam para atender ao pedido de cinco reais.
Entretanto, o pastor vê que a grande maioria permaneceu em seus lugares e não fez qualquer doação. Continua, então, com a ladainha.
- Eu sei que nosso templo recebe muitas pessoas carentes sem condição de oferecer doações. Mas, sei também que ninguém é tão pobre que não tenha algo a dar. Ele também era muito pobre e caminhava quilômetros pelo deserto pregando a palavra de Deus antes de ser crucificado para a nossa salvação. Eu sei que vocês moram longe e cada um tem guardado no bolso ou na bolsa aquelas moedinhas para pagar a passagem de ônibus na volta p´ra casa. Se você contribuir com essa pequena quantia e voltar para casa a pé, caminhando como Ele sempre fazia, será um sacrifício bem superior ao daqueles que puderam oferecer uma quantia maior. A bênção recebida também será maior. Amém?
Amém! Gritaram todos e se levantaram e vieram colocar no palco o dinheirinho da passagem de volta. E o pastor bradava emocionado com a voz comovida e trêmula:
- Glória! Aleluia! Ele está aqui e está vendo toda a sua abnegação. Vocês todos serão recompensados com a bênção de Deus. Amém!
Mentalmente, o pastor sentia algum remorso e raciocinava: (“Eu sinto pena daquelas duas velhinhas de muletas, mas o que fazer? Pô! Templo é dinheiro.”)
Um comentário:
Como sempre, vc é genial!
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