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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O TEU OLHAR



Meu desatino...
Olhai por nós,
Olhar felino.
Me cala a voz,
Me faz menino...
Vem ver-me a sós,
Me dá prazer,
É teu destino,
Me faz ferver,
Me tira a paz...
Meu bem-querer
Me satisfaz.
Olhar de quero mais
Me traz amor,
O amor demais.

3 comentários:

leila disse...

Como não ouso "poesar", como não ouso "poemar", como não ouso "delicar", te entrego uma jóia que me encanta sempre.


O meu olhar
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caiero

LACERDA disse...

Já que você veio com Fernando Pessoa, eu vou com Gregório de Matos:

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

leila disse...

Lacerda,

Vou confessar que detesto Gregório de Matos!