Olhai por nós,
Olhar felino.
Me cala a voz,
Me faz menino...
Vem ver-me a sós,
Me dá prazer,Vem ver-me a sós,
É teu destino,
Me faz ferver,
Me tira a paz...
Meu bem-querer
Me satisfaz.
Olhar de quero mais
Me traz amor,
O amor demais.
Desde 2008, um blog de opinião. O autor é politicamente quase incorreto. É também um quase ateu, graças a Deus.
3 comentários:
Como não ouso "poesar", como não ouso "poemar", como não ouso "delicar", te entrego uma jóia que me encanta sempre.
O meu olhar
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Alberto Caiero
Já que você veio com Fernando Pessoa, eu vou com Gregório de Matos:
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Lacerda,
Vou confessar que detesto Gregório de Matos!
Postar um comentário