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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

MEMÓRIA

Quem é capaz de lembrar fatos acontecidos quando tinha menos de dois anos de idade?
Eu sou. Lembro perfeitamente quando minhas primas me pegavam no colo. Eu logo colocava a mão dentro do decote da blusa delas e, depois, a introduzia no sutiã. Elas riam e me trocavam do colo de uma para a outra. E me ninavam cantando "meu periquitinho verde".
Isso me veio a memória, entre outras lembranças, porque tenho acompanhado o documentário que passa toda quarta-feira no NatGeo, às 21 horas, intitulado "Redescobrindo a segunda guerra". Trata-se de um documentário espetacular com imagens nunca antes reveladas. Merece ser visto por todos.
Lembrei de meu pai chegando em casa e informando a minha mãe que a Alemanha havia invadido a Polônia. Foi em 1939 e eu tinha apenas dois anos. O diálogo ainda está gravado em minha memória.
Quando o Brasil entrou na guerra - devido aos ataques de navios mercantes na costa brasileira - passou a ocorrer, em todo o país, o que se chamava, na época, de blecaute. Lembro que primeiro tocava uma sirene e, depois, passavam agentes pelas ruas exigindo que todos apagassem as luzes e ficassem dentro de casa. Era o medo de bombardeios que nunca aconteceram. Assim como os ataques aos navios mercantes por submarinos alemães. Jamais acreditei nisso.
Eu tinha pouco mais de quatro anos, mas lembro perfeitamente que meu pai recusou-se a ficar dentro de casa, dizendo que fazia o blecaute no quintal e debaixo da mangueira.
Quando o Brasil entrou na guerra - em 1942 - o povo fazia, em certos locais, "pirâmides" de ferro velho  para contribuir com a indústria bélica. E eu catava lata velha, metais, alumínio, que fazia questão de levar até às "pirâmides".
No carnaval de 1943, saiu o bloco da cobra fumando - ainda o vejo e ouço - símbolo dos pracinhas do exército. Talvez pelo meu tamanho infantil ficou-me na memória uma cobra imensa, uma alegoria gigantesca. E eu, ainda com cinco anos, lembro bem, cantava: “olha a cobra fumando, olha a cobra fumando, olha a coooobra pessoal...”
Quando a guerra mundial terminou, em 8 de maio de 1945, eu já tinha sete anos. Ainda ouço a edição extraordinária do Repórter Esso com Eron Domingues informando que a Alemanha pediu o armistício. Eu nem sabia o que era isso, mas todos pulavam, se abraçavam e eu achei que era bom. Somente depois, soube que a guerra mundial terminara.
Eu tenho essas lembranças tão vivas na memória e fico pensando como algo assim pode ter afetado aquela criança que fui.
Esse documentário sobre a guerra mundial me fez lembrar também uma frase de Mahatma Gandhi : “A grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser julgados pelo modo como os seus animais são tratados.”
Se um dia você assistir ao documentário, veja como Hitler tratava tão carinhosamente os seus cães.

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