Saramago
– o único Nobel de Literatura da língua portuguesa – escreveu, em 1995, o livro
que virou filme dirigido por Fernando Meirelles, em 2008.
Não vi
o filme, mas li o livro em que uma epidemia de cegueira espalha-se por uma cidade, resultando
no colapso da sociedade. Tudo era permitido porque ninguém via o que o outro fazia. E, quando ele não é visto, o ser humano é capaz de tudo, das piores torpezas.
Lembrei de todo o enredo do livro ao ver agora o que vem
acontecendo no Espírito Santo. Logo no Espírito Santo, onde o deus dos
hipócritas deveria estar no comando e no controle de tudo como dizem alguns
oligofrênicos no facebook.
Assaltos, arrastões, saques e assassinatos sujam as ruas
de Vitória de medo, violência e sangue. Na explosão de violência no Espírito
Santo, mais de 120 já morreram de forma violenta em todo o estado.
Milhares de capixabas entram nas lojas
arrombadas e saem delas carregados de caixas e pacotes. Sapatos, roupas,
aparelhos eletrônicos, gêneros alimentícios, tudo ao alcance das mãos é levado num saque coletivo.
Quem saqueia as lojas? Ladrões, traficantes,
assaltantes?
Não. Com certeza, foram os seus familiares e
amigos. Os saques foram cometidos por pessoas do povo, por donas de casa, mães e avós dos criminosos, pais
de família, trabalhadores, estudantes e professoras. Até mesmo uma candidata tucana a vereadora. Enfim, "gente de bem" em um processo irreversível de degradação moral.
Por quê?
Foi como no Ensaio sobre a Cegueira, em que ninguém
via o que o outro fazia. A coisa virou bagunça e cada humano podia expressar
sua total desumanidade.
No caso do Espírito Santo, era a polícia que não podia ver porque estava em
greve.
Onde não há repressão, não há limites.
Há barbárie.
Onde não há repressão, não há limites.
Há barbárie.
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