Quero escrever e não consigo.
Quebro a cabeça em busca de um assunto com algum interesse para expor. Olho para
o teclado e vejo-o como um quebra-cabeças com cerca de 50 peças desordenadamente
embaralhadas que precisam ser combinadas para formar um texto.
Sei que com a minha mediana
inteligência sou capaz de resolver o problema e até formar um texto razoável.
Mas, primeiro, é preciso ter um tema para textualizar.
Poderia escrever contra o
prefeito e o governo de Mangaratiba. Seria muito fácil, mas já tem gente que só pensa nisso e vive sempre
escrevendo e reescrevendo sobre o prefeito. Eu não seria nada original.
Se eu lembrasse do sonho que
tive esta noite, poderia descrevê-lo. Mas, não lembro. Só lembro que no sonho
estava quase mijando, e, quando isto acontece, é melhor acordar ou vou mijar na
cama. Aliás, quando fui ao banheiro de madrugada, com aquela vontade louca e ainda de olhos fechados, lembrava de todo o sonho. Voltei a
dormir e a sonhar o mesmo sonho. De manhã, ao despertar, não lembrava de nada.
Resolvi ler Rubem Braga – o
príncipe da crônica – e vi que ele também passou por isto: tendo que escrever e
sem saber o quê.
Nas duas últimas postagens,
escrevi sobre o desamor com meus singelos e limitados poemas. Tenho outros, mas
os deixarei para depois. Quero agora escrever em linha reta na forma natural de
falar, sem métrica e sem rimar.
De repente, vejo que
consegui. Resolvi o quebra-cabeças ao qual fui apresentado na primeira máquina
de escrever que conheci e que nunca foi modificado: ASDFG espaço HJKLÇ espaço.
Sem ter olhos, meus dedos
conseguiram combinar as peças e formar um texto sem qualquer tema que, além de
sensato, é acessível e aceitável.
Pelo menos, pra mim.
Um comentário:
“Realidade é o pesadelo do mundo dos sonhos.”
Esaú Wendler
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