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domingo, 30 de junho de 2013

QUE BONITO É...

Escrevo antes do jogo pra não ser influenciado pelo resultado.
Aliás, o resultado não importa, o Brasil venceu. Organizou a melhor Copa das Confederações de todos os tempos, segundo afirmou Joseph Blatter, o presidente da FIFA.
Venceu os pessimistas que não acreditavam que o país fosse capaz disto. E que duvidavam que os estádios ficassem prontos a tempo.
Venceu os estúpidos que do lado de fora vandalizavam em protesto contra a realização da Copa e com o objetivo de desmoralizar o país no exterior.
Lá dentro: que bonito é!
Gente bonita e bem comportada, sentada lado a lado, confraternizando com quem torcia pelo time adversário. Um grande exemplo de educação para o mundo inteiro.
O povo brasileiro estava ali, dentro dos estádios, ou em casa torcendo pelo Brasil. Lá fora, apenas dementes arruaceiros amargando o sucesso brasileiro. A escória da sociedade que existe em qualquer país.
Lembro com saudade a Copa de 1950, eu com 13 aninhos. Brasil 6x1 Espanha. O Maracanã superlotado. A cada gol de Ademir, mais de 100 mil brasileiros cantando “Touradas em Madrid”, a marchinha de João de Barro. Será que verei isto novamente?
Não importa. Ninguém mais poderá duvidar que o Brasil será capaz de realizar a melhor Copa do Mundo de todos os tempos.
Quanto aos gastos com os estádios, isto será um trabalho para a Super CGU.
Por enquanto, todos podem ver AQUI o quadro geral da previsão de aplicação de recursos com a Copa do Mundo.
OBS.: clique oara ampliar a tabela, no total geral faltam cinco milhões porque eu só incluí os valores acima de um milhão. AQUI pode-se conferir a soma correta.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A ONDA

Um filme alemão para ser visto por todos os brasileiros que se consideram democratas.
Um filme para quem sabe que, por pior que possa ser, a democracia é, de fato, o melhor regime para se viver. Um regime de plena liberdade para protestar. Um filme para aqueles que não acreditam na infiltração fascista nos protestos de rua.
Um filme para aqueles que não querem voltar às trevas, ao holocausto de uma ditadura militar. Aquele tempo em que protestar era considerado crime e em que se torturavam e matavam estudantes que protestavam.
Vejam o filme completo e dublado em português.
Vejam como a massa de manobra é facilmente manipulada.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

QUILOMBO DA MARAMBAIA/MANGARATIBA

Reportagem publicada em 12/06/2013 pela Revista Caros Amigos (AQUI) mostra como sofrem os quilombolas com a indefinição do Poder Judiciário e a disputa com a Marinha. "Caros Amigos" é uma revista séria feita por jornalistas sérios. Muito diferente da Veja.
Já tinha abordado o tema AQUI antes quando critiquei as ações da senadora Kátia Abreu – principal nome do PSD – contra os quilombolas da Marambaia.

Situação indefinida agrava condições de vida de quilombolas da Ilha da Marambaia
Por Leandro Uchoas

Há ao menos um século e meio, o chão generoso de uma ilha fluminense é pisado por pés respeitosos de negros e mulatos. Nele floresceram algumas das mais belas paisagens do Rio de Janeiro, no litoral de Mangaratiba (RJ). Esse povo bonito e simples estabeleceu, com a natureza, uma inusitada relação de troca. Enquanto eles têm o privilégio de contemplar, dia após dia, as praias e matas incomparáveis da ilha de Marambaia, também a natureza pode admirar, cotidianamente, seus ritos, sua dança, seus costumes, sua beleza. Parece a receita perfeita de felicidade. Mas não é.
Estabelecida na região há muitos anos, a Marinha, em 1971 – época em que era protagonista do período mais negro da história nacional, a ditadura civil-militar (1964-1985) -, decide lutar contra o direito do Quilombo da Marambaia, como é conhecida a comunidade. Há 42 anos, portanto, os negros e negras que vivem neste paraíso costumam, com certa frequência, sentir-se em um inferno. Tanto no cotidiano, quanto no meio jurídico, a movimentação do setor é de ataque aos direitos quilombolas, embora tenha se tornado um pouco mais moderada nos últimos anos.
Momento Delicado
Na Justiça, porém, a comunidade vive um momento delicado. Em 2002, o Ministério Público Federal (MPF) propõe uma Ação Civil Pública pedindo que a Marinha tolere a permanência da comunidade na ilha até a finalização da titulação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e limita em um ano o prazo de análise deste processo. Os quilombolas vencem a ação em primeira instância, mas a Marinha recorre. O julgamento se transforma em uma novela, com muitos episódios. E agora, o processo pode ser incluído na pauta para julgamento a qualquer momento.
“A comunidade está bastante apreensiva. A gente não sabe o que pode acontecer. No sentido do que nós queremos, que é a posse do título da terra, não há mudança nenhuma”, diz Dionato de Lima Eugênio, o seu Naná, da Associação das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio de Janeiro (Acquilerj). Há sim, porém, uma mudança de postura da Marinha em relação aos quilombolas. Segundo as organizações que acompanham o processo, os militares têm agido no que seria uma estratégia de cooptação. Ajudam alguns moradores a reformar suas casas, por exemplo.
Evasão Escolar
No entanto, permanecem com o monopólio sobre os deslocamentos da ilha – para sair dela, é preciso usar as lanchas da Marinha. Também estrangula-se a possibilidade de acesso à educação – só há, na ilha, o nível básico. Isso obriga os jovens a estudar fora da Marambaia, sem horários de lancha para voltar a qualquer momento, o que termina por causar a evasão de muitos deles.
“Existe uma relação de subordinação que, do ponto de vista dos direitos, é inadmissível”, afirma Julianna Malerba, da ONG Fase, que acompanha o caso há mais de seis anos. Há quatro anos, a Marinha chegou a proibir a comemoração do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, alegando que “terras em litígio não podem ter uso comercial”. Segundo as entidades, a pressão mais agressiva contra os quilombolas é de caráter econômico.
O espaço onde o Quilombo da Marambaia se localiza foi, no passado, o local onde os navios negreiros chegavam com os escravos no Rio de Janeiro. Isso faz com que a luta dos negros seja emblemática. “A legislação permite hoje uma definição de quilombo mais ampla, onde questões como a memória são consideradas”, afirma Aline Carmo, do Centro de Assistência Jurídica Popular Mariana Criola. O conceito de quilombo, de fato, como sendo apenas o lugar para onde fugiam escravos, é considerado restrito hoje.
Retrocesso
Esta não é a única ameaça que repousa sobre os quilombolas. O partido Democratas quer tornar nulo o decreto 4887/2003, que regulariza os processos de titulação de quilombos no país. Caso o DEM consiga fazer avançar sua pauta, estas comunidades tradicionais sentirão o efeito como um tsunami. Para piorar, corre no Congresso Nacional o Projeto de Emenda Constitucional 215/2000, que visa submeter toda titulação destas comunidades à aprovação da casa.
Em 2009, diversas organizações de direitos humanos enviaram denúncias de violações à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA). As entidades têm farta documentação sobre os casos denunciados. A Comissão, no entanto, costuma ser bastante lenta em sua análise e até agora não se manifestou quanto ao caso.
Campo de Explosões
O poder público alega que a Ilha da Marambaia é área rica em biodiversidade e que tem um patrimônio histórico preservado graças à presença da Marinha. Na verdade, as Forças Armadas fazem testes de explosivos na ilha paradisíaca. Uma capela do século XIX, e a famosa residência do Comendador Breves, por exemplo, foram gravemente afetadas pelas explosões. As antigas senzalas, patrimônio histórico do local, tendem a ter destino semelhante.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

AGORA, É OU DÁ OU DESCE

Acuados pelos arrastões das minorias e, também, pela Dilma que soube aproveitar o momento político, 430 deputados derrubaram a PEC 37, tal como eu previ. Apenas nove votaram a favor, nenhum do Rio de Janeiro. Nem a minha amiga Jandira Feghali foi capaz de votar a favor. Muitos que antes eram a favor, acovardados, fizeram discursos inflamados contra uma redundância jurídica que apenas reafirmava o que consta da Constituição.
Mais de 130 ações questionam o poder de investigação do Ministério Público. É de gente que foi investigada e acusada pelo MP que nunca teve o poder para investigar e apela para esta filigrana jurídica para anular os processos que sofrem. A decisão final ficará para o STF que em pouco tempo julgará um recurso destes que valerá para todos os casos.
Em compensação, acuados pela Dilma, a Câmara acovardada aprovou de madrugada o PL do Poder Executivo sobre o destino dos recursos dos royalties do petróleo. Pra não dizer que não falaram de flores, destinaram 75% para a educação e 25% para a saúde. Tudo bem, nada mal, apesar de a Dilma querer 100% para a educação.
Agora, é ou dá ou desce, se correr o bicho pega. E vamos para a reforma política, algo que está tramitando na Câmara e há dez anos sofre resistências.
“De uma só tacada, Dilma deu razão aos manifestantes, colocou na roda os governantes de Estados e Municípios, deu um chega para lá nos radicais, e retomou a iniciativa do jogo, sem ter que brigar com ninguém. Sabemos todos que a maioria dos políticos do governo e da oposição não queria nem ouvir falar em reforma política para não perder os privilégios que o atual sistema político-partidário-eleitoral lhes dava para se perpetuarem no poder. Qual político agora terá coragem de se manifestar contra o plebiscito da reforma política?” – afirmou Ricardo Kotscho em seu blog.
Nos últimos seis anos, duas PECs sobre o assunto foram derrubadas. Nem o Lula conseguiu aprovar. Em 2009, o então presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), encaminhou a PEC 348/09 a pedido de Lula, mas a proposta foi arquivada após ser vetada pela Comissão de Constituição e Justiça.
Na época, a proposta caiu sob a acusação de favorecer a possibilidade de um “terceiro mandato” para Lula, já que um dos temas em discussão na época era uma revisão das regras sobre mandatos do Executivo.
Já falei aqui várias vezes sobre a necessidade de uma reforma política com financiamento público de campanhas, voto distrital, etc. Ontem, li no Blog do Provocador, sarcástico como eu – link aí ao lado – um texto que reafirma quase tudo o que eu disse antes sobre a reforma e sobre os corruptores, e por isso, o reproduzo a seguir:


Chegamos ao fim do túnel mal iluminado da nossa democracia. Xeque-mate. Por vias tortas, com pouca habilidade e muito ruído de comunicação, a presidente Dilma colocou na agenda da crise uma prioridade (entre tantas possíveis) da qual não há como discordar: o Brasil precisa de uma reforma política.
Seja por plebiscito, constituinte, PEC, medida provisória, par ou ímpar, tanto faz. Lascou. Todos sabem que nosso modelo de representação está esgotado em meio a tantas denúncias de corrupção, favorecimentos ilícitos, benefícios imorais, tráfico de influência, inércia, despreparo e, fundamentalmente, de uma relação promíscua e maléfica com os financiadores de campanha.
Por algum vício de nossa imprensa, os principais vilões quase nunca aparecem no noticiário. Mal sabemos identificá-los. Mas são os empreiteiros, os banqueiros, os latifundiários, a indústria automobilística, os empresários de transportes, os conglomerados e outros tantos especuladores que alimentam e emperram diariamente essa máquina gigantesca, cara e ineficiente chamada Brasil.
Normalmente, quando um desses poderosos agentes de corrupção aparece em público (sempre por meio de interlocutores, pois jamais mostram a cara), é para fazer papel de vítima e desqualificar os governos (municipais, estaduais e federal) que eles mesmos sustentam com propinas, maracutaias, falsas licitações e cartas marcadas.
Corrupção existe em qualquer país do mundo. Mesmo a China, que pune com a morte seus corruptos, admite que seus altos escalões estão comprometidos com falcatruas e enriquecimentos às custas do dinheiro público. É o ser humano, estúpido!
Portanto, sem demagogia. Não vamos zerar essa doença endêmica. Mas podemos diagnosticá-la como o maior mal que nos afeta. Torná-la crime hediondo é edificante, mas inútil se não forem tomadas medidas contra os mecanismos que as sustentam. E o principal deles, me corrija se estiver errado, é o financiamento de campanhas — ampla e gigantesca porta de entrada para esses bandidos de “colarinho branco”.
Acabo de ressuscitar um termo muito usado nos anos 1980, mas que caiu num estranho esquecimento. Parece que só existem corruptos, os políticos. E seus corruptores, ilhados nos 2% da população mais rica (em um País com uma das maiores concentrações de renda do sistema solar)? Sigam o dinheiro!
Espancar governantes é esporte nacional. Eles merecem. Mas ficar que nem idiota olhando só para um lado do campo, e vaiando o time que ajudou a escalar com o próprio voto, é coisa de torcedor fanático, cego, raivoso. E burro. A patota que só assiste a esse jogo de camarote, a cartolagem que nunca dá entrevista, como é que fica?

E depois, vamos para a reforma tributária.

terça-feira, 25 de junho de 2013

A PEC 37

Neste dia em que o blog completou 200.000 acessos, quero afirmar que sou a favor da PEC 37. E sei por que sou a favor. Direi mais adiante por quê. Por enquanto devo dizer que tenho a mesma opinião da OAB, dos mais renomados juristas do país, de todos aqueles seres inteligentes que não sofreram a manipulação da imprensa corrupta e corruptora,
Se perguntarmos aos anencefálicos do “feissibuque” por que são contra a PEC 37, porém, eles, ou elas, não saberão responder racionalmente. Repetindo os memes sórdidos que reproduzem como inocentes úteis, dirão que a tal PEC – da qual não sabem nem o que significam as três letras – é a favor da corrupção e da impunidade; que se aprovada vai tirar o poder de investigação do Ministério Público.
“A PEC 37 é contra a corrupção e a impunidade” – afirmou um estudante que perguntado sobre o que diz a PEC 37 respondeu “Não conheço os detalhes”.
“Só sei que é contra a corrupção e que devemos apoiar” – acrescentou um professor que carregava um cartaz onde se lia “Contra a PEC da impunidade”.
Quem é contra a PEC 37 não sabe o que é e, pior, nem procura saber.
Já vi uma anencefálica exigir da Dilma o veto à PEC se tal proposta for aprovada pelo Congresso.
Pô! E ainda pensa – pensa! - que um presidente da república, qualquer um, tem o poder de vetar uma PEC, seja ela qual for. Uma Proposta de Emenda Constitucional é da responsabilidade exclusiva do Congresso que a promulga, independente de sanção do Poder Executivo.

Na verdade, a PEC 37 é uma redundância jurídica que apenas reafirma o que já consta da Constituição.
Entre outras atribuições do MP, o art. 129 diz em seus incisos VII – exercer controle externo da atividade policial e VIII – requisitar diligências investigatórias e instauração de inquérito policial.
A PEC 37 não muda nem altera estes poderes do MP. Apenas acrescenta o § 10 ao art. 144 da Constituição Federal para definir a competência para a investigação criminal: "A apuração das infrações penais de que tratam os §§ 1º e 4º deste artigo, incumbem privativamente às polícias federal e civis dos Estados e do Distrito Federal, respectivamente".
O art. 144 trata da Segurança Pública e seus parágrafos citados na PEC 37 dizem o seguinte:

§ 1º - A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a
I – apurar infrações penais contra a ordem pública e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme;
II – prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgão públicos nas respectivas áreas de competência;
III – exercer funções de polícia marítima, aeroportuárias e de fronteiras;
IV - exercer com exclusividade as funções de polícia judiciária da União.

Portanto, a PEC 37 não faz qualquer menção à retirada do poder investigatório do Ministério Público, um poder que não consta da Constituição. A PEC 37 apenas define de forma clara a exclusividade na investigação criminal que também será realizada pelas polícias civis dos estados e do Distrito Federal. São as polícias judiciárias, assim chamadas porque auxiliam o judiciário no procedimento preparatório do processo penal, coletando provas, ou seja, na realização da investigação.
Ao MP jamais foi nem será privado o direito de participar das investigações da polícia. A PEC 37 define expressamente a responsabilidade na investigação criminal, e não exclui o MP como órgão controlador das polícias judiciárias e requisitante de investigações policiais.
Qualquer criatura medianamente inteligente há de convir que somente as polícias possuem as condições para realizar as investigações como têm provado ultimamente.
E tudo continua como dantes no quartel de Abrantes: a polícia investiga, o MP denuncia, o juiz julga.
É verdade que nem sempre acontece assim. Às vezes, a polícia investiga, prova o crime e prende o criminoso, como ocorreu no início da Operação Sathiagraha, o judiciário, porém, manda soltar o Daniel Dantas, o MP cruza os braços e se cala.
Mas, deveria ser sempre assim: um órgão é responsável pela investigação, sob controle do MP que pode participar da mesma. Constatado o crime, o MP acusa dando início ao processo penal, no qual o réu será defendido por advogado ou defensor público. Um juiz ou o júri popular - nos casos de crimes contra a vida - julgam.
É um processo que reflete o aspecto democrático da nossa Constituição.
O MP, que jamais teve a função constitucional para a investigação criminal, através de seu conselho nacional, por meio de uma resolução, se concedeu o direito de promover a investigação criminal. Legislou em causa própria, usando uma interpretação absurda de que a Constituição autorizou implicitamente ao não impedir a investigação pelo MP. Este teria o poder absoluto e ninguém controlaria a investigação. Se o MP investiga e não acusa por interesses escusos, quem cobra? Quem garante que não levantará provas somente para a acusação?
A PEC 37 tem o objetivo de deixar claro que o MP não tem nem nunca teve esse poder, e não retira nenhum poder do MP.
Veja AQUI  o parecer de Luiz Roberto Barroso, um dos mais renomados constitucionalistas brasileiros e futuro membro do STF.
Leia AQUI as dez mentiras que contam sobre a PEC 37.
E AQUI o que diz um membro do Ministério Público.
Apesar de tudo isso, o Congresso, encostado à parede pelas manifestações e pela Dilma, não deverá aprovar a PEC 37.
Encerro com as palavras de Ives Gandra da Silva Martins Filho:

“Num debate de nível, como o que se coloca a respeito da matéria, não me parece que agiu bem o MP quando intitulou a PEC 37 de “PEC da corrupção e da impunidade”, como se todos os membros do MP fossem incorruptíveis e todos os delegados, corruptos. Argumento desta natureza não engrandece a Instituição, visto que a Constituição lhe outorgou função essencial, particularmente necessária ao equilíbrio dos poderes, como o tem a Advocacia e o Poder Judiciário, em cujo tripé se fundamenta o ideal de justiça, na república brasileira".


N.L.: esqueci de dizer que quem primeiro tachou a PEC 37 de PEC da impunidade foi um mau elemento do MP de Goiás, o senador cassado por corrupção Demóstenes Torres. Outra coisa: um idiota deslumbrado do MP de Minas Gerais quer cancelar o jogo do Brasil amanhã, no Mineirão, para evitar violência nas manifestações contra a Copa.







segunda-feira, 24 de junho de 2013

O ARRASTÃO DAS MINORIAS

Como já disse, passei uma semana longe do computador tentando ser manipulado pelo noticiário das TVs. Não consegui o meu intento, mas nunca ouvi falar tanto em minorias. Minorias infiltradas foram inúmeras, formando um verdadeiro arrastão de minorias.
Um representante delas que vandalizou a sede da prefeitura de São Paulo foi identificado e teve que prestar declarações na delegacia. Era um branco azedo, alto, bem apessoado e bem vestido, 20 anos, estudante de arquitetura e filho de empresário. Hipócrita, disse que estava arrependido: “Errei e me arrependo, quem nunca errou que atire a primeira pedra, vou pagar o prejuízo que causei”. Dito isto, foi liberado, pegou o seu carrão e partiu.
Um autêntico representante daquelas "minorias" tão sublimadas pelo noticiário. Verdadeiros arruaceiros que os “datenas” afirmavam ser vândalos infiltrados na manifestação.
As TVs catavam – como quem cata uma agulha no palheiro – um idoso ou um trabalhador para entrevistar, tentando induzir que era o povo que estava ali naquele arrastão. Não era, o povo trabalhador queria apenas voltar para casa e muitos tinham que passar por ali.
Algo, porém, me chamou ainda mais a atenção. A TV Globo que nunca deixou de transmitir uma novela – nem no carnaval, nem no futebol – usou o horário de duas delas para promover o arrastão. Ela que escondeu aqueles milhões que se manifestaram - estes sim, pacificamente - pelas “Diretas já” no Rio e em São Paulo.
Logo depois, a Globo arrependeu-se, pois O Globo publicou um editorial – leia AQUI – intitulado “Ultrapassou os limites” condenando o arrastão.
Ah! Tinha bandidos e ladrões infiltrados? Claro! Depois do mau exemplo que  lhes foi dado pelos jovens estudantes delinqüentes e manipulados pela imprensa e pelos memes sórdidos do “feissibuque”, os facínoras se aproveitaram. A manifestação serviu como pano de fundo para que fascistas e facínoras atacassem os poderes político e econômico e mostrassem a que vieram.
Pra mim foi apenas um teste, como a Copa das Confederações, para o que vai ocorrer na Copa do Mundo.
Como poderia o Brasil viver em paz, com ordem e progresso, com incontestável melhoria no padrão de vida do povo, enquanto o mundo estava em agitação permanente contra seus governos?
E ainda realizar dois eventos grandiosos com todo o mundo de olhos voltados para nós? Por isso, a coincidência das datas – 15 de junho – para começar a Copa e o arrastão.
“DEUTSCHLAND IST ERWHACHT” (A Alemanha Acordou) dizia o slogan nazista em volta daquele símbolo nefasto que Deus há de me perdoar por reproduzi-lo aqui.
“O Brasil Acordou” é o slogan do arrastão das minorias.
O símbolo é aquela máscara fascista do grupo que enche de memes sórdidos as mentes vazias do “feissibuque”.
Claro que não foi pelos 20 centavos. Começou pelo passe livre promovido por jovens conscientes de suas responsabilidades. Mas, a manifestação foi seqüestrada por grupos fascistas que hostilizam a democracia e tornou-se um arrastão que precisa ser combatido politicamente.
A direita feliz assiste a tudo pacificamente. Militares saudosos da ditadura e temerosos com a “Comissão da Verdade” também. Ambos, porém, vibram com os arrastões e não estão de braços cruzados. Certamente, estão financiando estes eventos.
A criminalização da política e dos partidos é o combate à democracia por aqueles que querem a volta da ditadura. Mussolini governou sem partidos, Hitler tinha um partido único.
“O povo unido não precisa de partido”, dizia uma das faixas levadas pelos jovens principiantes.
Não! Protestos de rua não são para principiantes que não sabem o que há por trás das manifestações.
“É um equívoco chamar de vândalo, de vandalismo. Estamos assistindo à depredação da Prefeitura de São Paulo, do Palácio dos Bandeirantes, do Itamaraty, da Assembleia do Rio. Não é vandalismo, é uma ação política de extrema direita que quer promover o caos para que haja o retorno da ditadura militar, que é o sonho desses grupos. É algo fantasioso na cabeça dessas pessoas, mas é assim que elas pensam. Essas circunstâncias, de grupos que depredam espaços públicos, promovem saques e cantam o Hino Nacional são típicas de fascismo, é ação de política fascista. O Hitler chegou ao poder assim.”
Quem diz isso não sou eu, é o Professor da Fundação Getúlio Vargas, o cientista político Francisco César Pinto da Fonseca que ainda diz mais: “Queimar bandeira de partido político mostra intolerância típica de fascistas... São esses grupos que batem em homossexuais. O modo de ação política deles é a violência.”
O arrastão das minorias foi o resultado de a mídia tirar a legitimidade da política e dos partidos - inclusive com a ajuda do negão que batia na mulher - e estimular a descrença nos poderes constituídos. Sobrou pra ela também: o caminhão de externa da Record e carros da Band e do SBT foram incendiados.
Só não sobrou para a Globo. Ainda.

N.L.: Não pensem que sou contra qualquer manifestação popular por seus direitos. Prova disto é que estarei amanhã na manifestação contra a Expresso Mangaratiba. Apesar de não andar de ônibus, marcarei presença em apoio àqueles que necessitam deste transporte.

domingo, 23 de junho de 2013

ANONYMOUS BRAZIL, O FASCISMO MASCARADO

Li no “feissibuque” a seguinte estúpida acusação de quem julga o próximo por seu próprio caráter e tem o ódio como conselheiro. Ele acusa a liderança do MPL que decidiu abandonar as manifestações que foram degeneradas pelas "minorias".
“ESTE GRANDE TRAIDOR REPRESENTANTE DO MOVIMENTO PASSE LIVRE,DEVE TER LEVADO UM CALA BOCA MUITO GRANDE E PROMESSAS DE TER SUA CAMPANHA FINANCIADA EM 2014.”
Li também AQUI, com satisfação, a seguinte declaração de Paulo Motoryn, um dos líderes do Movimento Passe Livre:

“A GUINADA CONSERVADORA NOS ATOS DO MPL


No caminho para o quinto grande ato contra o aumento da tarifa, organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL-SP), encontrei quatro pessoas com aquela máscara que caracteriza o grupo Anonymous Brasil. Como já estava com medo da apropriação do movimento por grupos que não eram progressistas, resolvi prestar atenção no que diziam.
Como ainda estávamos no metrô, só um deles já vestia a máscara, uma referência a Guy Fawkes, um famoso conspirador inglês, e que foi popularizada no Brasil pelo filme V de Vingança.
Todos eram típicos jovens de classe média. Mas o problema está muito longe de morar aí. Um deles, o mais agitado e que falava mais alto, criticava o Bolsa Família:
“Não pode dar esmola. Tinha que obrigar o neguinho a tirar 10 na escola. Aí eu queria ver eles racharem de estudar para levar a grana para casa”, disse.
Certamente, não parou para refletir por qual motivo ele próprio teve a vida que qualquer beneficiário do Bolsa Família pediu a deus (com “d” minúsculo) e nunca foi obrigado a tirar 10 para usufruir do dinheiro de seus pais.
Desde o primeiro ato do Passe Livre, algumas máscaras do Anonymous já podiam ser vistas pelas ruas paulistanas. Mas o número de mascarados cresceu exponencialmente no desenrolar dos atos e eles passaram a ser um dos símbolos da revolta nacional.
Na última quarta-feira, após a revogação do aumento das passagens do transporte público, objetivo único e claro dos atos promovidos pelo MPL, o Anonymous lançou um vídeo com “as 5 causas” pelas quais o povo deveria continuar nas ruas: o arquivamento da PEC 37, a saída de Renan Calheiros do Congresso, investigação e punição por corrupção nas obras da Copa, criação de lei que trata corrupção como crime hediondo e fim do foro privilegiado.
É preciso dizer que absolutamente nenhuma dessas causas tem como principal objetivo reduzir as desigualdades sociais?
Pior. No vídeo, deixam claro que nenhuma das propostas tem caráter político-ideológico, mas sim moral. Ora, nem precisava dizer. A bandeira da corrupção, implícita nas cinco causas, é o moralismo descarado. Ou alguém realmente acha que só o fim da corrupção vai tornar o Brasil socialmente justo?
A luta contra a corrupção não altera as estruturas de poder vigentes e não combate, por exemplo, o oligopólio das concessões públicas, ineficientes e altamente lucrativas.
O Anonymous Brasil simboliza a guinada conservadora que os atos do MPL sofreram em São Paulo. O Passe Livre, que mira o acesso universal ao transporte público – bandeira fundamentalmente progressista e não moralista – foi fraudado pela mídia e por grupos que não tem como principal objetivo uma mudança estrutural na sociedade brasileira.
A luta e a ocupação das ruas deve continuar. Mas antes devemos discutir as bandeiras que queremos levantar, para não fortalecer interesses que não os dos mais pobres e das minorias.”

sábado, 22 de junho de 2013

HOMENAGEM À NINA DE MANGARATIBA

Desde domingo, estou distante do computador. Voltei agora à tarde, pouco antes do jogo e não tenho tempo para expor a minha opinião. Por isso, reproduzo abaixo, o que escreveu um dos maiores cientistas políticos brasileiros – Wanderley Guilherme dos Santos – o homem que previu o golpe contra Jango dois anos antes de 1964.
É, também, uma homenagem à Nina de Mangaratiba. Ela diz que respeita o que escrevo mas discordou da minha postagem anterior. Por que será que ela não expõe a sua crítica diretamente em meu blog?
Assim opinou, hoje, Wanderley Guilherme dos Santos que completa 78 anos em outubro.
“Não se cura tuberculose por decreto ao fim de passeatas.
Mas as gangues de ladrões e depredadores que desde terça-feira, dia 18 de junho, receberam de presente a mais legítima carona da sociedade – desfiles pacíficos em nome da democracia – estão pouco se lixando. Os articuladores anônimos dos grupos violentos de direita, neo-nazistas inclusive, e dos radicalóides sociopatas, conhecem muito bem o tempo das políticas, mas não é o que os interessa.
Para os atraídos de boa fé para a trapaça reivindicatória, enfim, o discurso da presidente Dilma não trouxe novidade.
Investimento em saúde e educação, ensino técnico como nunca visto, transparência na administração, através da lei de acesso à informação, apuração de desvios administrativos, com inédita demissão de ministros, são políticas já em vigor e rotineiras, isto é, não há mais discussão sobre se devem ou não devem ser executadas.
São políticas de Estado, compromisso do país. Isso para não enumerar sucessivas inovações na política social que, estupidez que o amanhã julgará, passou a ser impudico mencionar em meios de classe de renda mais elevada.
A mensagem da presidente arrisca ser ineficaz, do mesmo modo como são absolutamente vazias as reivindicações marchadeiras: saúde, educação, transparência, ética na política – sem que se indiquem os acusados de objetá-las.
Por isso, as provocações tendem a perdurar enquanto os de boa fé não se derem conta de que são equivocadas as manifestações com tanta virulência contra o que de fato já está em execução, obtendo variados graus de sucesso.
O cerne da contestação não está nas demandas fragmentadas. Está no ataque à democracia como sistema capaz de prover e operar uma sociedade justa. Em outras palavras: segundo os mentores e comentaristas convertidos os grandes feitos dos últimos governos não seriam tão significativos, antes revelando ser a democracia, pelo menos em sua forma atual, um desastre governativo. Recusa enfática a esse niilismo não constou, mas devia ser crucial, do discurso presidencial.
A mensagem subliminar dos arquitetos da desordem (com exceção do Movimento pelo Passe Livre fora) e dos aproveitadores de todas as idades tem consistido em insinuar que as instituições democráticas – governo representativo, parlamentos, movimentos sociais organizados, partidos políticos – são os obstáculos à construção de uma sociedade mais justa e livre.
Golpistas crônicos, anarquistas senis em busca de holofote, muitos jovens anencéfalos e assustados da classe média em geral, formam a retaguarda deste exército do obscurantismo e da violência. A essência desse arremedo intolerante de participação é uma reação à democracia e suas realizações. Faltou ao discurso de Dilma Roussef uma declaração de que reconhecia as manhas dos que se aproveitam das boas intenções para conduzi-las ao inferno. E de que não se submeterá a elas.
Enquanto a empulhação televisa continua a descrever as manifestações “cívicas até aqui pacíficas”, no meio das passeatas, como se as apresentadoras não soubessem o que viria ao fim da encenação, registro que, em minha opinião, se trata do maior cerco reacionário, nacional e internacional, que este país já sofreu nos últimos vinte anos.”
Se o Wanderley tivesse lido minha postagem anterior, naturalmente concordaria com o que escrevi. Ao contrário da Nina.

sábado, 15 de junho de 2013

PROTESTOS DE RUA

No meu tempo de estudante, ali na década de 50, durante a democracia de Juscelino Kubitschek, os protestos de rua eram contra o aumento da tarifa dos bondes.
Bonde que nunca pagávamos porque fugíamos do cobrador. Saltávamos do bonde andando e pegávamos o reboque ou o outro bonde que vinha atrás. Ou, então, viajávamos pelo outro lado do bonde apelidado de lado do avesso, onde o cobrador não podia alcançar.
Naquele tempo, o exército também participava da repressão e até impunha a ordem no carnaval. Certa vez, quando estudava à noite e servia ao exército, fui colocado junto com outros soldados num caminhão e partimos para o centro da cidade. Iríamos reprimir as manifestações. Os soldados demonstravam satisfação porque iriam encher de porrada aqueles filhinhos de papai. Eu que havia participado da manifestação na noite anterior, tive que convencê-los a não partirem para a ignorância e consegui catequizar alguns.
A violência da repressão sempre foi um estimulante para os protestos, tanto naquela época quanto agora. Assim como os filhinhos de papai são os mesmos. Pelo menos, aqueles andavam de bonde e os de agora possuem carro zero ou motocicleta.
O povo trabalhador não participava daquelas manifestações, assim como nem quer saber das atuais.
Pra quê? Todos possuem o vale-transporte e o gasto com passagens de ônibus, metrô, trem, não pode ultrapassar seis por cento do salário que recebem. Se o ônibus aumenta, é problema do empregador que vai ter que arcar com a diferença.
É por isso que, hoje, o figurino dos manifestantes não condiz com o povo trabalhador. São todos brancos azedos e bem vestidos oriundos do “feissibuque”, como se pode ver pela grande participação feminina(vídeo abaixo). Eles e elas querem o impossível: o fim da catraca e o passe-livre, isto é, ônibus de graça para todos.
Influenciados por memes sórdidos, são também contra a Copa do Mundo e, talvez, pretendam incendiar os estádios que não ficariam prontos a tempo. Hipocrisia. Estarão todos, daqui a pouco, diante da TV torcendo pelo Brasil. Ou será que vão torcer contra?
O apoio dos militantes selvagens de pseudo-partidos políticos do contra – os pigmeus PSTU e PSOL – que promoveram a baderna e o vandalismo durante as manifestações sugere que sim.
Jovens residentes na França, Alemanha, Portugal e Canadá estão se organizando por meio do Facebook para uma manifestação chamada democracia não tem fronteiras.
“Mesmo que tenhamos um oceano de distância, nós, brasileiros no exterior, queremos demonstrar nossa recusa em aceitar a violência militar contra os protestos democráticos no Brasil. Contra a repressão policial contra a barbárie dos governantes”, postaram os organizadores do evento no Facebook
Também sou contra a repressão violenta, mas creio que estes manifestantes atuais conseguirão apenas colocar PT e PSDB do mesmo lado. O benefício maior que conseguiram foi se desligar do “feissibuque” por um tempo e descobrir algo mais saudável pra cheirar: o vinagre.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

RISCO DE MORTE

Aqui, diante do computador, bem alimentado e feliz da vida, imaginando o que vou escrever e buscando palavras para teclar neste meu amigo de tantos anos que me fez não mais saber escrever a mão, eu corro risco de morte.
Posso, a qualquer momento, ter uma parada cardíaca ou um AVC, assim como você que vai me dar a honra de ler estas mal traçadas linhas.
Neste momento, não estou colocando a minha vida em risco montado numa motocicleta, viajando de avião, entrando num hospital ou passeando pelo muriqui dos terroristas. E não sou policial, portanto, agora, não corro risco de vida.
Quem defende a expressão risco de morte diz que somente um morto pode correr o risco de vida, isto é, o risco de ressuscitar. Babaquice pura.
Estou escrevendo isto porque não engulo o tal modismo linguístico e não gosto de ouvir repórteres de TV falar que o acidentado não mais corre risco de morte. Claro que corre. Todos corremos risco de morte em todos os momentos.
Risco de vida corre quem coloca a vida em risco.
Até a ABL, a última palavra sobre questões da língua portuguesa, já se posicionou e acendeu uma vela a Deus e outra ao diabo: ficou a favor da expressão “risco de vida”, mas aceita também como correta a expressão “risco de morte”.
Então, por que preferem falar em risco de morte? Pra mim, dependendo do contexto, está errado na maioria dos casos.
Além do mais, risco de vida, uma expressão consagrada através dos tempos que parece plena de heroísmo, é muito mais bonito de escrever e falar.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

SEQUELAS DA POBREZA

Quem um dia foi tão pobre quanto eu fui, levará para o resto de sua vida algumas sequelas incuráveis. Não falo de sintomas de pobreza, aqueles apresentados pelo cara que quer parecer rico e que todos logo percebem. Falo das sequelas que nos perseguem mesmo depois que deixamos de ser pobres.
A pobreza, como qualquer doença grave, sempre deixa sequelas. A criatura melhora de vida, adquire novos hábitos, mas mantém aqueles adquiridos quando era pobre. São as sequelas da pobreza que somente o próprio e os mais íntimos têm conhecimento.
Por exemplo, quem nasceu em berço de ouro jamais sentirá a necessidade de se abaixar na rua pra pegar uma moeda de cinco centavos. Jamais utilizará o coador de café de papel por mais de uma vez. Não vai guardar para o jantar o guardanapo usado no almoço.
Quem nasceu rico nunca vai guardar o sabonete usado já fininho para juntar com o próximo e com o terceiro e o quarto para compor um novo sabonete.
Todas estas sequelas permaneceram comigo. Porém, há outras que não me perseguem como as seguintes.
Quem já foi pobre na vida – e não é mais - não sabe comer sem feijão. Almoça feijão até em restaurante de comida a quilo. Sai da festa de aniversário levando um pedaço de bolo e alguns docinhos. Está sempre com dinheiro no bolso. Acorda bem cedo e toma banho frio. Bebe água e cerveja em copo de requeijão. Põe fogo na ponta da esferográfica pra ver se ela volta a escrever. Põe água pra gelar em garrafa pet. Compra a prazo, pagando juros elevados, mesmo se puder pagar a vista. Está sempre estourando o cartão de crédito. É incapaz de pechinchar pois acha que pode parecer que é pobre, mas vive ligando a cobrar pelo celular.
Considero como a pior de todas as sequelas da pobreza o sujeito bem de vida convidar para a festa de seu aniversário e pedir aos amigos pra levar a cerveja.
Aqui em Muriqui, nunca fui convidado para uma festa sem que tivesse de levar a cerveja. E é por isso que nunca vou.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

BOAS NOVAS

Para compensar aqueles que têm um compromisso com as más notícias, decidi, em postagem anterior, manter um pacto com as boas notícias. É o que faço agora de novo.
Durante a sessão legislativa de anteontem, o vereador Pedro Capixaba comentou que, nos próximos meses, serão investidos 20 milhões em obras em Mangaratiba.
Entre as melhorias que a cidade receberá estão a reforma de cais turísticos, reforma e ampliação de postos de saúde, asfalto na porta, reforma de praças e escolas, construção de estação hidroviária e construção de creches. Os investimentos vêm do Programa Somando Forças, fruto da parceria entre prefeitura e governo estadual.
O cais de Conceição de Jacareí sofrerá uma transformação com a emenda parlamentar de um milhão de reais do meu amigo deputado Coronel Jairo que tem casa na praia do Saco.
Pedro Capixaba também ressaltou a parceria entre a Universidade Estácio de Sá e a prefeitura que levou mais de 300 moradores às salas de aula nos últimos dois sábados para a realização do primeiro vestibular de Mangaratiba. Com essa parceria, o vestibular foi gratuito e os preços das mensalidades se tornaram acessíveis.
Disse ele que serão cursos à distância reconhecidos pelo MEC, porém, entendimentos para que a cidade tenha um campus avançado da Universidade estão bem adiantados. E lembrou ainda que, para o próximo ano, a Faetec terá um pólo em Mangaratiba, graças ao bom relacionamento do prefeito com o governador Sérgio Cabral.

terça-feira, 11 de junho de 2013

AINDA O BOLSA FAMÍLIA

No feissibuque todo mundo é honesto, perfeito, religioso, temente a Deus, ama o próximo como a si mesmo, pensa nos outros, defende o meio ambiente, adora crianças e animais, combate a corrupção, aconselha, luta pela saúde e pela educação e, com apenas um clique, imaginam ajudar crianças com câncer. São todos igualzinhos àquela turma do horário eleitoral gratuito. Só não respeitam o segundo mandamento.
É também um colossal antro de babaquices onde solitários abestados postam os maiores absurdos contra o Bolsa Família.
Jurei que não escreveria novamente sobre isto, mas, hoje, li a entrevista da socióloga Walquíria Leão Rego, 67 anos, que escreveu o livro “Vozes do Bolsa Família" com o filósofo italiano Alessandro Pinzani.
Ela afirma que, dez anos após sua implantação, o Bolsa Família mudou a vida nos rincões mais pobres do país: o tradicional coronelismo perde força e a arraigada cultura da resignação está sendo abalada.
Durante cinco anos, entre 2006 e 2011, a dupla realizou entrevistas com os beneficiários do Bolsa Família e percorreu lugares como o Vale do Jequitinhonha (MG), o sertão alagoano, o interior do Maranhão, Piauí e Recife. Queriam investigar o "poder liberatório do dinheiro" provocado pelo programa. Professora de teoria da cidadania na Unicamp, Walquíria defende que o Bolsa Família "é o início de uma democratização real" do país.
Em entrevista à Folha de São Paulo (abaixo reproduzida ipsis litteris), ela fala dos boatos que sacudiram o programa recentemente e dos preconceitos que cercam a iniciativa: "Nossa elite é muito cruel", afirma.
Folha - Como explicar o pânico recente no Bolsa Família? Qual o impacto do programa nas regiões onde a sra. pesquisou?
Walquiria Leão Rego - Enorme. Basta ver que um boato fez correr um milhão de pessoas. Isso se espalha pelos radialistas de interior. Elas [as pessoas] são muito frágeis. Certamente entraram em absoluto desespero. Poderia ter gerado coisas até mais violentas. Foi de uma crueldade desmesurada. Foi espalhado o pânico entre pessoas que não têm defesa. Uma coisa foi a medida administrativa da CEF (Caixa Econômica Federal). Outra coisa é o que a policia tem que descobrir: onde começou o boato. Fiquei estupefata. Quem fez isso não tem nem compaixão. Nossa elite é muito cruel. Não estou dizendo que foi a elite, porque seria uma leviandade.

Como assim?
Tem uma crueldade no modo como as pessoas falam dos pobres. Daí aparecem os adolescentes que esfaqueiam mendigos e queimam índios. Há uma crueldade social, uma sociedade com desigualdades tão profundas e tão antigas. Não se olha o outro como um concidadão, mas como se fosse uma espécie de sub-humanidade. Certamente essa crueldade vem da escravidão. Nenhum país tem mais de três séculos de escravidão impunemente.

Qual o impacto do Bolsa Família nas relações familiares?
Ocorreram transformações nelas mesmas. De repente se ganha uma certa dignidade na vida, algo que nunca se teve, que é a regularidade de uma renda. Se ganha uma segurança maior e respeitabilidade. Houve também um impacto econômico e comercial muito grande. Elas são boas pagadoras e aprenderam a gerir o dinheiro após dez anos de experiência. Não acho que resolveu o problema. Mas é o início de uma democratização real, da democratização da democracia brasileira. É inaceitável uma pessoa se considerar um democrata e achar que não tenha nada a ver com um concidadão que esteja ali caído na rua. Essa é uma questão pública da maior importância.

O Bolsa Família deveria entrar na Constituição?
A constitucionalização do Bolsa Família precisava ser feita urgentemente. E a renda tem que ser maior. Esse é um programa barato, 0,5% do PIB. Acho, também, que as pessoas têm direito à renda básica. Tem que ser uma política de Estado, que nenhum governo possa dizer que não tem mais recurso. Mas qualquer política distributiva mexe com interesses poderosos.

A sra. poderia explicar melhor?
Isso é histórico. A elite brasileira acha que o Estado é para ela, que não pode ter esse negócio de dar dinheiro para pobre. Além de o Bolsa Família entrar na Constituição, é preciso ter outras políticas complementares, políticas culturais específicas. É preciso ter uma escola pensada para aquela população. É preciso ter outra televisão, pois essa é a pior possível, não ajuda a desfazer preconceitos. É preciso organizar um conjunto de políticas articuladas para formar cidadãos.

A sra. quer dizer que a ascensão é só de consumidores?
As pessoas quando saem desse nível de pobreza não se transformam só em consumidores. A gente se engana. Uma pesquisadora sobre o programa Luz para Todos, no Vale do Jequitinhonha, perguntou para um senhor o que mais o tinha impactado com a chegada da luz. A pesquisadora, com seu preconceito de classe média, já estava pronta para escrever: fui comprar uma televisão. Mas o senhor disse: 'A coisa que mais me impactou foi ver pela primeira vez o rosto dos meus filhos dormindo; eu nunca tinha visto'. Essa delicadeza... a gente se surpreende muito.

O que a surpreendeu na sua pesquisa?
Quando vi a alegria que sentiam de poder partilhar uma comida que era deles, que não tinha sido pedida. Não tinham passado pela humilhação de pedi-la; foram lá e compraram. Crianças que comeram macarrão com salsicha pela primeira vez. É muito preconceituoso dizer que só querem consumir. A distância entre nós é tão grande que a gente não pode imaginar. A carência lá é tão absurda. Aprendi que pode ser uma grande experiência tomar água gelada.

Li que a sra. teria apurado que o Bolsa Família, ao tornar as mulheres mais independentes, estava provocando separações, uma revolução feminina. Mas não encontrei isso no livro. O que é fato?
É só conhecer um pouco o país para saber que não poderia haver entre essas mulheres uma revolução feminista. É difícil para elas mudar as relações conjugais. Elas são mais autônomas com a Bolsa? São. Elas nunca tiveram dinheiro e passaram a ter, são titulares do cartão, têm a senha. Elas têm uma moralidade muito forte: compram primeiro a comida para as crianças. Depois, se sobrar, compram colchão, televisão. É ainda muito difícil falar da vida pessoal. Uma ou outra me disse que tinha vontade de se separar. Há o problema de alcoolismo. Esses processos no Brasil são muito longos. Em São Paulo é comum a separação; no sertão é incomum. A família em muitos lugares é ampliada, com sogra, mãe, cunhado vivendo muito próximos. Essa realidade não se desfaz.

Mas há indícios de mudança?
Indícios, sim. Certamente elas estão falando mais nesse assunto. Em 2006, não queriam falar de sentimentos privados. Em 2011, num povoado no sertão de Alagoas, me disseram que tinha havido cinco casos de separação. Perguntei as razões. Uma me disse: 'Aquela se apaixonou pelo marido da vizinha'. Perguntei para outra. Ela disse: 'Pensando bem, acho que a bolsa nos dá mais coragem'. Disso daí deduzir que há um movimento feminista, meu deus do céu, é quase cruel. Não sei se dá para fazer essa relação tão automática do Bolsa com a transformação delas em mulheres mais independentes. Certamente são mais independentes, como qualquer pessoa que não tinha nada e passa a ter uma renda. Um homem também. Mas há censuras internas, tem a religião. As coisas são muito mais espessas do que a gente imagina.

O machismo é muito forte?
Sim. E também dentro delas. Se o machismo é muito percebido em São Paulo, imagina quando no chamado Brasil profundo. Lá, os padrões familiares são muito rígidos. É comum se ouvir que a mulher saiu da escola porque o pai disse que ela não precisava aprender. Elas se casam muito cedo. Agora, como prevê a sociologia do dinheiro, elas estão muito contentes pela regularidade, pela estabilidade, pelo fato de poderem planejar minimamente a vida. Mas eu não avançaria numa hipótese de revolução sexual.

O Bolsa Família mexeu com o coronelismo?
Sim, enfraqueceu o coronelismo. O dinheiro vem no nome dela, com uma senha dela e é ela que vai ao banco; não tem que pedir para ninguém. É muito diferente se o governo entregasse o dinheiro ao prefeito. Num programa que envolve 54 milhões de pessoas, alguma coisa de vez em quando [acontece]. Mas a fraude é quase zero. O cadastro único é muito bem feito. Foi uma ação de Estado que enfraqueceu o coronelismo. Elas aprenderam a usar o 0800 e vão para o telefone público ligar para reclamar. Essa ideia de que é uma massa passiva de imbecis que não reagem é preconceito puro.

E a questão eleitoral?
O coronel perdeu peso porque ela adquiriu uma liberdade que não tinha. Não precisa ir ao prefeito. Pode pedir uma rua melhor, mas não comida, que era por ai que o coronelismo funcionava. Há resíduos culturais. Ela pode votar no prefeito da família tal, mas para presidente da República, não.

Esses votos são do Lula?
São. Até 2011, quando terminei a pesquisa, eram. Quando me perguntam por que Lula tem essa força, respondo: nunca paramos para estudar o peso da fala testemunhal. Todos sabem que ele passou fome, que é um homem do povo e que sabe o que é pobreza. A figura dele é muito forte. O lado ruim é que seja muito personalizado. Mas, também, existe uma identidade partidária, uma capilaridade do PT.

Há um argumento que diz que o Bolsa Família é como uma droga que torna o lulismo imbatível nas urnas. O que a sra. acha?
Isso é preconceito. A elite brasileira ignora o seu país e vai ficando dura, insensível. Sente aquele povo como sendo uma sub-humanidade. Imaginam que essas pessoas são idiotas. Por R$ 5 por mês eles compram uma parabólica usada. Cheguei uma vez numa casa e eles estavam vendo TV Senado. Perguntei o motivo. A resposta: 'A gente gosta porque tem alguma coisa para aprender'.

No livro a sra. cita muitos casos de mulheres que fizeram laqueadura. Como é isso?
O SUS (Sistema Único de Saúde) está fazendo a pedido delas. É o sonho maior. Aliás, outro preconceito é dizer que elas vão se encher de filhos para aumentar o Bolsa Família. É supor que sejam imbecis. O grande sonho é tomar a pílula ou fazer laqueadura.

A sra. afirma que é preconceito dizer que as pessoas vão para o Bolsa Família para não trabalhar. Por quê?
Nessas regiões não há emprego. Eles são chamados ocasionalmente para, por exemplo, colher feijão. É um trabalho sem nenhum direito e ganham menos que no Bolsa Família. Não há fábricas; só se vê terra cercada, com muitos eucaliptos. Os homens do Vale do Jequitinhonha vêm trabalhar aqui por salários aviltantes. Um fazendeiro disse para o meu marido que não conseguia mais homens para trabalhar por causa do Bolsa Família. Mas ele pagava R$ 20 por semana! O cara quer escravo. Paga uma miséria por um trabalho duro de 12, 16 horas, não assina carteira, é autoritário, e acha que as pessoas têm que se submeter a isso. E dizem que receber dinheiro do Estado é uma vergonha.

Há vontade de deixar o Bolsa Família?
Elas gostariam de ter emprego, salário, carteira assinada, férias, direitos. Há também uma pressão social. Ouvem dizer que estão acomodadas. Uma pesquisa feita em Itaboraí, no Rio de Janeiro, diz que lá elas têm vergonha de ter o cartão. São vistas como pobres coitadas que dependem do governo para viver, que são incapazes, vagabundas. Como em "Ralé", de Máximo Gorki, os pobres repetem a ideologia da elite. A miséria é muito dura.

A sra. escreve que o Bolsa Família é o inicio da superação da cultura de resignação? Será?
A cultura da resignação foi muito estudada e é tema da literatura: Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto, José Lins do Rego. Ela tem componente religioso: 'Deus quis assim'. E mescla elementos culturais: a espera da chuva, as promessas. Essa cultura da resignação foi rompida pelo Bolsa Família: a vida pode ser diferente, não é uma repetição. É a hipótese que eu levanto. Aparece uma coisa nova: é possível e é bom ter uma renda regular. É possível ter outra vida, não preciso ver meus filhos morrerem de fome, como minha mãe e minha vó viam. Esse sentimento de que o Brasil está vivendo uma coisa nova é muito real. Hoje se encontram negras médicas, dentistas, por causa do ProUni (Universidade para Todos). Depois de dez anos, o Bolsa Família tem mostrado que é possível melhorar de vida, aprender coisas novas. Não tem mais o 'Fabiano' [personagem de "Vidas Secas"], a vida não é tão seca mais.


Duvido que os inocentes úteis a lerão completamente. É muito extensa pra quem não gosta de ler além dos “memes” nefastos e preconceituosas que reproduzem. Eles, também, não pretendem mudar de opinião e preferem ressaltar os poucos (5.000 entre 14 milhões) que receberam indevidamente. 
Fica aqui registrada apenas para leitores como a Leila e o André Químico que sabem da importância e da necessidade desta distribuição de renda.

sábado, 8 de junho de 2013

DILMA, MULHER CORAGEM

Novinha, aos vinte aninhos, ela enfrentou a ditadura, a clausura, a tortura, e, agora, vovó, quase 66, com bravura, volta a enfrentar a linha-dura que permanece inquieta nos quartéis.
Mesmo sendo alvo de verdadeiro bombardeio de denúncias e ataques contra seu governo, exige mais da Comissão da Verdade que ela mesma criou e determina a apuração de abusos e violação de direitos humanos cometidos por militares contra integrantes das próprias forças armadas.
A resolução publicada no Diário Oficial da União prevê que as apurações ocorram em até dois anos. A determinação se baseia em estudo elaborado pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro  (GTNM). Leia AQUI o relatório completo que detalha os casos apontados como tortura.
Victoria Grabois – este sobrenome deve causar ânsias de vômito e danos ao fígado nos gorilas fardados - a presidente do GTNM, ressalta a importância da conquista, mas aponta as dificuldades que virão: “Não será um trabalho fácil. As Forças Armadas nunca admitiram casos de tortura. Apesar disso, vamos em frente para evitar situações muito parecidas com as que tínhamos na época da ditadura”.
Será formado um grupo de trabalho comandado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República para investigar 23 casos de tortura e morte, dos quais 19 ocorreram no Rio.
Dentre os 19, destaca-se a história do cadete Márcio Lapoente (foto), 18 anos, que morreu após ser agredido em treinamento militar. Para a mãe, Carmem Lapoente, a investigação será a oportunidade de buscar a verdade sobre a morte do filho. Ela acredita que o jovem foi torturado.

Veja este e outros casos no relatório do GTNM que informa:
"Episódios envolvendo maus tratos não são novidades nas Forças Armadas. Humilhações e coações são rotina. Até documentos em vídeos já registraram coações físicas e psicológicas durante treinamentos. Também há registros de casos de suicídios motivados por humilhações e coações psicológicas.
Um sargento da Aeronáutica, em depoimento dado ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro afirmou que no BINFA do IIIº COMAR, além dos presos serem “privados de água, às vezes por vários dias, por crueldade” que, na alimentação deles era comum misturar “urina, cuspe, esperma e até restos de animais”.
Além disso, este militar confirmou as denúncias anteriormente feitas pelo cabo Nazareno, pelo soldado Anderson Monteiro e pelo civil Anderson Hilário de que naquele local as torturas e maus tratos aos presos eram comuns, que os agressores normalmente usavam capuz e que não havia denúncias porque as pessoas têm medo."
Agora é que eles vão enlouquecer. Como esta mulher tem a coragem de se intrometer no que ocorre dentro dos quartéis? Ela não tem nada a ver com isso. É preciso destituí-la.
E para isto, os militares torturadores e saudosos da ditadura contarão como sempre com os barões da imprensa manipuladora e com os inocentes úteis do "feissibuque".

sexta-feira, 7 de junho de 2013

AH! ESSES POLÍTICOS...

Tão safados, tão cínicos, tão hipócritas. Esta semana colecionei algumas travessuras deles.
No Rio, uma vereadora matou a mãe, queimou o corpo, jogou num terreno baldio em Caxias e foi passear no shopping com o namorado. O crime bárbaro lembrou o Caso Richthofen, de 2002, em que uma jovem política e milionária paulista matou os pais. Desta vez, a vítima tinha apenas um seguro que pagaria R$ 15 mil à filha em caso de sua morte.
A revista “Forbes” fez uma estimativa da renda dos pastores evangélicos do país. A maior fortuna seria do governador Edir Macedo, que acumula 950 milhões de dólares. Em segundo lugar ficou o senador Valdemiro Santiago com 220 milhões de dólares. Em terceiro, o prefeito Silas Malafaia com 150 milhões. O deputado federal R.R. Soares ficou em quarto lugar com 125 milhões e, em quinto, o deputado estadual Estevam Hernandes Filho e sua esposa, a vereadora, Bispa Sônia, com 65 milhões.
Em 2011, os partidos protestantes comandados por estes políticos e, também, o partido católico, arrecadaram cerca de 20,6 bilhões  de reais. Um valor superior ao orçamento de 15 ministérios ou a 90% do disponível neste ano para o Bolsa Família. Será que esses políticos estão exigindo que os crentes repassem para Jesus o que recebem do governo? Além dos 10%, claro. Esta arrecadação tem imunidade tributária garantida pela Constituição, isto é, esses políticos não pagam nem um tostão de imposto.
O presidente Joaquim Barbosa, político do Supremo Tribunal Federal (STF), utilizou passagens aéreas pagas pela Corte em períodos nos quais estava licenciado do tribunal. Barbosa fez 19 viagens para quatro cidades nos anos de 2009 e 2010 em datas nas quais estava afastado de seus trabalhos na Corte.
O Estado de São Paulo solicitou dados sobre as passagens emitidas para os ministros em janeiro deste ano, com base na Lei de Acesso à Informação. A resposta enviada pela Corte omitiu as viagens de Barbosa, apesar de listar as realizadas por outros políticos do tribunal. Somente neste mês de maio o tribunal publicou na internet dados sobre as passagens usadas pelo político Barbosa.
O presidente da OAB, seccional Paraná, Juliano Breda, em ato político na defesa da criação dos Tribunais Regionais Federais (TRFs), afirmou que“O ministro Joaquim Barbosa é uma pessoa com a qual nenhum diálogo inteligente pode ser travado. Nós todos sabíamos que o ministro Joaquim Barbosa não sabia nada de Direito. Hoje nós descobrimos que ele não sabe nada de organização judiciária no país”.
Juliano Breda afirmou ainda que a grande mídia no país vem poupando Joaquim Barbosa, mas, terminado o julgamento do mensalão, será absolutamente destruído pela imprensa brasileira, e com muita razão.
O político Joaquim foi o único contra a PEC que criou quatro novos Tribunais Regionais Federais (TRFs) sediados no Paraná, Minas, Bahia e Amazonas e que foi promulgada ontem pela Câmara Federal. A PEC tinha o apoio da Associação dos Juízes Federais e da Ordem dos Advogados do Brasil.
Também no Rio, políticos estão estuprando mulheres em banheiros públicos na Lapa. De acordo com a prefeitura carioca, foram registrados 19 casos, entre janeiro e março, de um total de 132 casos de violência sexual no Rio. No ano passado, foram registrados nas unidades de saúde municipal 436 casos de violência sexual, sendo que 35% ocorreram em via pública. Em 2011, foram atendidos 270 casos de violência sexual.
A chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, disse que só este ano, de janeiro a abril, 70 políticos estupradores foram presos no estado. Os políticos judiciários os soltaram logo a seguir, é claro.
A oitava edição do “Dossiê Mulher” (2012) revela que as mulheres são as maiores vítimas destes crimes políticos: estupro (82,8%), tentativa de estupro (94,9%), calúnia, injúria e difamação (72,4%), ameaça (66,7%), lesão corporal dolosa (65,3%) e constrangimento ilegal (56,6%).
Grande parte desses delitos ocorreu no espaço doméstico e no ambiente familiar. Os políticos não mais respeitam nem a sacrossanta intimidade do lar das brasileiras.
Políticos de três tribunais superiores (STM, STJ e TST) receberam R$ 3,6 milhões como auxílio-refeição retroativo aos últimos nove anos. No STM (Superior Tribunal Militar), os políticos são quatro generais, três almirantes, três brigadeiros e, apenas cinco civis. Portanto, os políticos fardados também se aproveitam da verba pública.
Políticos dos TREs gastaram milhões para pagar a seus servidores um benefício (o quinto) extinto há mais de dez anos e que é motivo de uma batalha judicial que se arrasta há anos. Apesar de terem conhecimento de que a matéria está prestes a ser votada na suprema corte, os TREs aproveitaram os cofres cheios em ano eleitoral para fazer os pagamentos.
O Ministério do Planejamento estima que o passivo trabalhista da União referente a “quintos” some R$ 21,1 bilhões (R$15,2 bilhões do Executivo, R$ 800 milhões do Legislativo, R$ 5 bilhões do Judiciário e R$ 95 milhões do Ministério Público da União). Este é o tamanho da conta da União que está nas mãos do STF. Se a decisão dos preguiçosos políticos do STF demorar, possivelmente haverá um novo ataque aos cofres públicos no fim do ano nos demais tribunais e órgãos públicos que ainda não fizeram os pagamentos.
O “quinto” era um benefício pelo qual o servidor incorporava, a cada ano trabalhado, 20% do valor do cargo ou função gratificada exercida. Foi extinto no governo de Fernando Henrique Cardoso, mas deixou um passivo trabalhista que aguarda a palavra do STF.
Se a corte concluir que o benefício é inconstitucional, a União impedirá novos pagamentos e se livrará do passivo das ações que tramitam na Justiça. Mesmo ganhando, a União não vai reaver o dinheiro já pago.
A AGU diz que a devolução não é necessária quando o servidor agiu de boa-fé "em decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da administração pública".
Essa grana toda daria pra pagar a Olimpíada e fazer outra Copa do Mundo.