Pedro II não tinha filho homem e a herdeira do trono seria sua filha mais velha, a princesa Isabel, casada com um francês, o Conde D´Eu. Este fato gerava o receio de que o país caísse no poder de um estrangeiro.
A defesa de um regime republicano era, então, manifestada em diferentes revoltas. A Revolução Farroupilha – que durou dez anos entre 1835 e 1845 - foi apenas a última a levantar-se contra a monarquia.
Após tantas lutas, a abolição da escravatura, em 1888, foi a pá de cal na monarquia brasileira porque afetou financeiramente o latifúndio e a sociedade escravista. Esta elite que justificava a presença de um imperador enérgico e autoritário retirou o seu apoio ao monarca.
A corrupção do governo monárquico era questionada pelos militares. A monarquia era também contestada pela Igreja Católica que sofria a interferência real em seus assuntos.
A crise econômica devido à guerra do Paraguai também influenciou na Proclamação da República, regime já adotado por muitos países importantes que possibilitava maior participação política dos cidadãos.
O marechal Deodoro da Fonseca, que assumiu o poder republicano, deixou de ser monarquista às vésperas do golpe. Doente, com dispnéia, foi forçado a sair de casa pelos conspiradores. Morava ali ao lado do Campo de Santana, também conhecido como Praça da República.
Após proclamar a república ali mesmo, juntinho de sua casa, o marechal voltou para a cama. Os militares, então, seguiram para o palácio do governo imperial, na Praça XV. Ali, convenceram o general Floriano Peixoto – outro monarquista, comandante do destacamento local e responsável pela segurança do Paço Imperial – a aderir ao movimento. Floriano foi o vice de Deodoro e, a seguir, presidente da república. Depois, Floriano virou praça e Deodoro estação de trem.
Assim, em linhas gerais, foi proclamada a república de Rui Barbosa, um monarquista que participou do primeiro governo republicano-militar.
Apenas 25 anos após a proclamação, em 1914, Rui Barbosa – que para alguns é considerado o maior brasileiro de todos dos tempos (esquecem de Lula, Pelé e Niemeyer) – proferiu um discurso no Senado cujo trecho a seguir, em preto, é sempre reproduzido nas redes sociais; entretanto, esquecem de reproduzir a parte que segue em vermelho:
“...De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.
Essa foi a obra da República nos últimos anos. No outro regime (na Monarquia), o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre, as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto (o Imperador, graças principalmente a deter o Poder Moderador), guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça.”
Um comentário:
O marechal Deodoro da Fonseca era grande amigo de Dom Pedro II, acabou mostrando-se um militar covarde, porque cedeu às forças políticas e sociais, que não perdoaram a abolição da escravatura pela regente princesa Isabel, e abandonou o amigo imperador, já velho e doente.
Deodoro era homem de convicções monarquistas que declarava ser amigo do imperador e lhe dever favores. A falsa notícia de que sua prisão havia sido decretada foi o argumento decisivo que convenceu Deodoro finalmente a levantar-se contra o governo imperial.
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