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terça-feira, 22 de maio de 2012

DIA DO ABRAÇO

Faz muito tempo, mas confesso que já fui um adolescente. Hoje, estou curado. Naquela época eu ia dormir lendo um livro até o sono me pegar de jeito e os olhos não conseguirem mais ficar atentos àquelas letrinhas miúdas. E sempre dormia abraçado ao livro. Ou, quem sabe, era o livro que me abraçava.
Lembrei desse tempo vendo esta imagem de uma longa carta de amor abraçando uma adolescente. E ela, lânguida e sensual, entregando-se ao abraço. Porém, o que eu prefiro ver é a página de um livro abraçando a garota.
Neste dia do abraço, além de abraçar os amigos, abrace também um livro quando for dormir e deixe que ele abrace você. O livro é um grande amigo. Pra mim tem sido um dos melhores.
Porém, se levar pra cama um livro chato do ultrapassado Machado de Assis, você vai dormir antes de terminar o primeiro capítulo. O pedantismo de Dom Casmurro é ótimo pra quem sofre de insônia. Só não é melhor do que assistir ao filme Limite.

2 comentários:

Fábio Ribeiro Corrêa disse...

Caramba, a postagem não foi ruim, o argumento é muito bom, mas discordei:
1) a garota não está sensual nem aqui nem em Bangkok. Lânguida sim, sensual nunca;
2) Machado de Assis é muito chato, insuportável, mas não dá pra escolher outro livro pra falar mal? Dom Casmurro é uma obra que se destaca, muito bem construída e que por sua riqueza inspira diversas outras obras até hoje (embora haja gente boa que defenda que é plágio);
3) Limite dá sono, muito sono, mas é muito bom!!! É uma aula de fotografia, além de provocar uma nostalgia maravilhosa. Já vi três vezes, sou louco?

LACERDA disse...

Meu filho, em primeiro lugar, devo dizer que tu não imaginas como eu gosto de te ver por aqui.
Vamos por partes:
1. lânguida também é sinônimo de sensual; é o meu estilo, abusar dos adjetivos como o Nelson Rodrigues;
2. tu sabes que eu gosto de livros grossos que eu leio em, no máximo, três dias; esse livrinho pedante de poucas páginas levei quase três meses para ler; de fato, é preciso ter saco pra ler Machado de Assis, como ele próprio escreveu em Dom Casmurro: “Chegue a deitar fora este livro se o tédio já o não obrigou a isso antes....”; agora, imagine o que pode pensar um adolescente iniciante na leitura quando se deparar com este texto: “o Protonotário Apostólico Padre Cabral tamborilava na tampa da boceta”; Hemetério dos Santos, contista, poeta, gramático, professor de literatura e negro como Machado – com a sua autoridade cultural escreveu que “O segredo da arte de Machado de Assis é primário e rudimentar: está num vocabulário minguado e pobre, repetido tão amiúde, indo e tornando, passando incessantemente sobre uma mesma tônica, que o leitor acaba por adormecer. Quem ler duas ou três páginas de Dom Casmurro, de Brás Cubas e de Memorial de Aires, tem lida toda a sua obra”; Frota Pessoa, outro crítico literário, assim escreveu sobre Dom Casmurro: “É um livro de concepção inferior. Expurgando-o das pequeninas observações que o recheiam, pedacinhos de vida e pedacinhos de alma, vistos como através de um buraco de fechadura, resume-se em mostrar como uma criança licenciosa por educação e talvez por atavismo dará uma mulher adúltera... Parece exagerado 400 páginas para tão pouco.”
Como vês, estou bem acompanhado na minha crítica.
3. já vi Limite duas vezes. Tentei me sensibilizar com o filme e não consegui. Perdoe a minha falta de sensibilidade. Mas, deixando a minha iconoclastia de lado, quero ver Limite pela terceira vez. Quero vê-lo com outros olhos. Olhos de autista. A definição de Mário Peixoto para ele próprio há de me ajudar: "A realidade para mim não tem importância, não me modifica, não adianta, o que hei de fazer? A imaginação sim, substitui tudo e convence. É só o que existe para mim... É questão de sentir ou não sentir... Eu sofro uma dor física, mas isso não impede que eu viva fora da realidade..."
Com isso em mente, tentarei ver o espectro autista de Limite. Tentarei imaginar o que ele imaginou naquele roteiro incompreensível. Talvez o filme deixe de ser para mim difícil de entender, assimilar e assistir por mais de dez minutos. E aquele barco balançando no mar durante tanto tempo ou aquela prolongada cena inútil mostrando os pés da atriz principal não me faça mais pegar no sono.
4. Então, concordas que o filme dá sono, muito sono? Sei que não és louco. Tu somente achas o filme bom pela fotografia. Tu és um fotógrafo.
Tens até um blog somente de fotografias:
http://fabio85mm.blogspot.com.br/