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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

A NOVA CUNHADA

Eram três amigas, bonitas, casadas e com filhos pequenos quase da mesma idade. Moravam no mesmo terreno em Jacarepaguá. Uma era casada com o irmão da primeira que era casada com o irmão do marido da terceira. Eram todos, portanto, cunhados ou concunhados.
À tarde, após mandar os filhos para a escola, reuniam-se para jogar conversa fora. Ainda não havia feissibuque, fato que as tornavam amigas muito íntimas, felizes e bem resolvidas.
Havia outra família no mesmo terreno: os pais e um terceiro irmão solteiro que começou namoro firme com uma morena de corpo muito bonito e rosto nem tanto. Chamava-se Carminha e foi muito bem recebida pelas outras três, entrando no grupo para aquele papo vespertino e descontraído.
Em pouco tempo, era outra amiga íntima. Foi quando o irmão solteiro perdeu o emprego e não conseguia trabalho. Pediu, então, ao irmão mais velho para conseguir uma colocação para a namorada.
Carminha não tinha qualquer experiência, seria seu primeiro emprego, mas o irmão – Aloísio - levou-a pra trabalhar com ele e sempre lhe dava carona.
Nas viagens de ida e volta, Carminha contava-lhe as fofocas que ouvira naquelas tardes de alegre bate-papo amigável e despretensioso. Contou-lhe que a sua esposa o considerava o melhor amante do mundo, que sabia fazer uma mulher feliz na cama.
Carminha gostaria de saber se era verdade. “Me leva para um motel”, pediu ela numa segunda-feira na volta para casa.
Aloísio recusou-se: “Mas, você vai casar, não vai? Não posso. De jeito nenhum, Não vou trair meu irmão”.
Na porta de casa, na despedida, Carminha abriu a blusa e mostrou-lhe os seios firmes, perfeitos, morenos, perversamente divinos, ornamentais, dignos de reverência e veneração.
Aloísio não se conteve, tocou-lhe os seios e, arrependido, ordenou-lhe: “Saia do carro, já”.
Em casa, durante o jantar, Celinha – a esposa de Aloísio – um tanto deprimida, fez um pedido que foi quase uma intimação: “Quero colocar silicone nos seios”.
- “O quê que é isso? Gosto de você assim. O que houve contigo? – espantou-se o marido.
Celinha explicou: “É que ontem decidimos comparar nossos seios. Saí perdendo na comparação. Quero ficar com os seios iguais aos da Carminha”.
- “Não tenho dinheiro pra isso. Silicone nem pensar” – opôs-se Aloísio.
Ingênua, Celinha argumentou: “A Carminha tem uma tia enfermeira que aplica silicone baratinho lá em Caxias”.
Discutiram e foram dormir. “Então é isso!”,pensava Aloísio.
Dia seguinte, na carona de ida, Aloísio e Carminha, além do bom-dia, não se falaram. Na volta, Aloísio tomou o caminho da Barra. Parou num local ermo de frente para o mar, no Recreio, e pediu:”Quero ver teus seios novamente”.
Carminha abriu a blusa e mostrou. “Não. Tira a blusa e o sutiã, tira”. Carminha, toda assanhada, tirou tudo. Ficou só de calcinha.
- “Agora, vai para a frente do carro que eu quero iluminar você todinha com o farol”.Carminha foi. Fez pose sensual. Aloísio acendeu o farol alto, iluminando aquele monumento de mulher.
Devagar, Aloísio deu marcha a ré no carro e partiu velozmente pra casa. Carminha ficou seminua na praia escura. Entrou no mar para se esconder.
Ninguém nunca mais soube dela.
Dias depois, desconfiaram que era de Carminha o corpo irreconhecível que surgiu em Grumari. 
Aloísio tinha certeza. Arrependeu-se, pagou o silicone de Celinha e não quis ver como ficaram os seios da mulher.
Suicidou-se.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

INTERVENÇÃO É PRENÚNCIO DE DITADURA


A diretora do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro – Joana Monteiro – afirmou que não houve uma onda de violência atípica no estado em 2018. Segundo ela, “foram registradas 5.865 ocorrências policiais, entre os dias 9 e 14 de fevereiro, enquanto no carnaval de 2017 foram 5.773 ocorrências. Em 2016, foram 9.016 ocorrências registradas e, em 2015, computaram-se no total 9.062 ocorrências policiais”.
A primeira declaração do general interventor – Braga Neto -  ao ser questionado, atribuiu o clima de fim de mundo aos excessos da mídia.
Como vemos, esse general é esperto e não foi manipulado pelo terrorismo televisivo. Portanto, bastará reunir-se com os manipuladores e ordenar: “chega de terrorismo”. E a mídia passará a exibir uma cidade pacificada.
Além disso, espalhará pela cidade seus soldadinhos, que são todos jovens e sem qualquer treinamento, para dar aos cidadãos uma sensação temporária de segurança.
Como disse, o general é esperto e não vai querer sair desmoralizado desta aventura como aconteceu com outro general na Maré. Lá, o Exército ocupou a favela por um ano e desgastou-se na relação com a comunidade, a um custo de 600 milhões de reais. E tão logo as tropas se retiraram, os problemas retornaram com mais força.
Desta vez, a inteligência militar – aquele oxímoro – deve funcionar. Vai ser um sucesso. O povo crente  que produz seus delinquentes e a criminalidade vai acreditar na farsa, vai dar graças a deus, a jesus, ao general, ao exército.  
A direita, sem candidato, vai vibrar com a possibilidade de uma intervenção em todo o país.
E aí, adeus eleição. É o prenúncio de volta da ditadura.

N.L.: o general Richard Fernandez Nunes que - como eu disse acima - saiu desmoralizado com seu fracasso no comando da intervenção na Maré, caiu pra cima: foi nomeado secretário de segurança pelo outro general.