Em uma de minhas primeiras postagens neste humilde blog, em 8/12/2008, escrevi sobre saúde. E dizia que a saúde é direito de todos e dever do Estado. E questionava: por que é dever apenas do Estado? O Art. 196 da Constituição Federal está por merecer uma emenda.
Saúde é algo muito importante para ser relegada apenas como incumbência dos profissionais da medicina. Esses abnegados servidores já possuem uma missão que lhes é atributo peculiar e da qual não podem se esquivar. É sua responsabilidade exclusiva tratar os doentes e curar as doenças.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a saúde é definida como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não consistindo somente na ausência de doença ou enfermidade.”
Por isso, afirmava que, como a educação, a saúde tem que ser, também, dever e responsabilidade de todos.
Quem quer uma saúde melhor tem que cuidar melhor de si próprio. Tem que ter hábitos saudáveis de higiene e de alimentação. Tem que saber cuidar de suas funções orgânicas, físicas e mentais. Tem que ajudar a preservar um serviço público de saúde que é somente nosso, cidadãos de Mangaratiba.
Naquela época, em nossa cidade, existiam 12.000 residências com 29.255 moradores (IBGE/2007).
E em 2008, até setembro, foram realizadas 68.000 consultas e 202.200 exames laboratoriais em apenas nove meses. Cerca de 24.500 exames mensais. Um A-B-S-U-R-D-O!
Esta estatística tinha sido apresentada pelo Superintendente de Saúde do Município na época - Dr. Luiz Vieira - em palestra na Conferência Municipal de Saúde, no dia 4 de dezembro.
Convenhamos, é demais para uma população tão saudável e escassa de um dos municípios com melhor índice de salubridade no país.
Acontece que Mangaratiba possuía então ainda 24.000 imóveis de veranistas. E até setembro, a Secretaria Municipal de Saúde já tinha cadastrado 38.000 assistidos pelo SUS. Enquanto o levantamento domiciliar realizado pela Prefeitura ainda não havia atingido 75% das residências. Faltavam, portanto, cerca de 10.000 habitantes para serem cadastrados. Eu e minha mulher, inclusive. Tudo indicava que iríamos atingir cerca de 50.000 assistidos ou mais pelo SUS em nosso município.
Isto pode significar que (1) muitos veranistas vêm de muito longe para se consultar em Mangaratiba – o que eu não acredito, pois quem tem casa de veraneio possui, também, um plano de saúde e pode se consultar perto de sua residência - ou (2) nós mesmos estamos facilitando a vinda de amigos e parentes de cidades vizinhas e de subúrbios cariocas mais próximos para se submeterem a consultas e exames clínicos aqui ou (3) estávamos todos muito doentes.
Como sei que sempre fomos quase todos muito saudáveis, restava somente a segunda hipótese.
Ou será que existe uma quarta hipótese que eu desconheço?
Se esta não existe, isto significa que estivemos causando um grave transtorno ao serviço de saúde pública que nos era disponibilizado, prejudicando o atendimento com a inclusão de muita gente de fora do município. E, se é assim, não temos o direito de culpar apenas os governantes pelos, muitas vezes, precários serviços de saúde disponíveis. A verdade é que fomos irresponsáveis em relação a nossa saúde coletiva.
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